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Cartas

VOCÊ NÃO TEME TANTA RESPONSABILIDADE?

VOCÊ NÃO TEME TANTA RESPONSABILIDADE?



 

 


----- Original Message -----
From: VOCÊ NÃO TEME TANTA RESPONSABILIDADE?
To: contato@caiofabio.com
Sent: Thursday, March 30, 2006 1:47 PM
Subject: Angústia velada


Graça e paz, pr Caio,


Pastor, eu acho que o sr é um livro texto, e sagrado, porque a sua fala flui naturalmente, simples, aberta, sincera, doce e despenseira do amor de Deus!

Seus textos possuem uma profundidade de entendimento a partir da "chave hermenêutica Jesus Cristo"; que o sr diz, que não há como argumentar o contrário. A menos que a pessoa não queira mesmo saber de nada, a não ser especular.

O sr disse do "sistema igreja" contaminado: O que não acho justo é que cada vez mais pessoas (porque a igreja está inchando a cada domingo) se tornem vítimas de um sistema que desconhecem (por ignorância desculpável ou in-desculpável?).

Ou será que isto não importa, o que importa mesmo é que Cristo esteja sendo pregado e crido?

Pr Caio, o sr não acha que com a "dádiva do Caminho da Graça", com a sua fala alta e em bom som que denuncia a igreja com todas as letras, e veiculada no mais moderno e eficiente meio de comunicação do mundo, a internet, vai chegar um momento que algo muito louco vai acontecer?

O sr está preparado para isso?

Desculpe-me minha intromissão; pois, o sr não passa em nenhum momento alguma sombra de irresponsabilidade no que faz; pelo contrário, é justamente sua intrepidez e sabedoria que denotam sua sinceridade e sua fidelidade a Deus.

O sr deve estar se perguntando: Por que será que essa "irmãzinha" tá tão preocupada e in-conformada?

Pastor, sinceramente, não sei. O que sei é que tenho certeza que foi Deus que me mostrou o seu site e pude indicá-lo para outras pessoas num momento de falta de identificação com a igreja.

O que o sr diria de uma situação de um jovem músico ter colocado um brinquinho de argola numa orelha e o pastor, além de ter-lhe proibido de tocar usando o brinco, ter dito de púlpito que quem usa brincos era mulher..., e  mais uns absurdos, sem se fundamentar em nenhum texto bíblico? Como o sr acha que reagiria um jovem nessa circunstância? 

Pastor Caio, a mãe quer ver os filhos na Igreja, e assim, os conduz à igreja como garantia disso. De repente as paredes começam a desmoronar. Dá uma angústia! Creio que a promessa de Deus se cumpre na vida dos filhos apesar desses embaraços!

Já cheguei a sentir-me como o J.K..., que disse que morto ele seria mais útil para o Brasil do que vivo, tamanha a perseguição. Às vezes, parece que seríamos mais úteis à igreja fora dela do que dentro dela (ativos na E.D, no trabalho com crianças, jovens e outros). Mas sabe aquela coisa de "amor à causa", e responsabilidade do testemunho para com aqueles que esperam da gente, e também o dever para com a família, e por acreditar que Deus quer usar a gente ali?

Mas vai gerando um stress e uma doença emocional crônica que consome toda a energia e a alegria e vai matando a vida dentro da gente!?

Quando encontrei o seu site foi inacreditável!!!!! Foi como "um encontro marcado"! Certamente outras surpresas virão!

Preciso lhe falar mais uma coisa: Apesar de eu não conhecer toda a sua história, pois, simplesmente o perdi de vista e de longe soube dos fatos que o envolveram (muito mais agora sei pela sua própria boca), estou muito certa de que "aquele mal veio por parte do Senhor". Tudo, tudo, mesmo!

Que Deus confirme o Seu bem e o Seu amor a cada dia em sua vida, pastor. O sr melhor do que ninguém expressa e reconhece isso. O que os "outros", talvez, não saibam, é que "eles" fazem parte desse "mal" tanto quanto o sr. Por isso, a justiça só pode ser feita plenamente por Aquele que é perfeitamente Justo, Reto e Bom. E as consolações do Espírito Santo são como um bálsamo que alivia a ferida que por ninguém é vista e que por mais que seja exposta, não há quem meça a sua dor. Por isso a graça de Deus é suficiente, porque ela é particularmente Maravilhosa!!!
 
O melhor de tudo é que O Senhor é o meu, o nosso, Pastor e em nada nos falta!

Beijos à Adriana e ao sr. com muito amor e carinho,
____________________________________________

Minha querida amiga: Graça e Paz!


Obrigado por todo seu carinho, força, e amizade. Que o Senhor a encha da alegria do Espírito!

Comecemos de trás para frente.

Sobre o “mal da parte do Senhor”, creio o seguinte:

Deus não me fez para viver sob nenhum tipo de “script” religioso. Uma das minhas maiores agonias, por anos, era que boa parte do que eu julgava relevante como Palavra do Evangelho para as pessoas, era justamente aquilo que as etiquetas-doutrinárias da “igreja” proibiam de ser mencionada; ou, então, ouviam com ar de escândalo. E o que mais me chocava era ver que até os que me procuravam relatando aquelas dificuldades na vida, quando ouviam o tema como mensagem, escandalizavam-se.

O mal que me veio da parte do Senhor foi feito a mim e a mim mesmo; e, por extenção, à mãe de meus filhos; e a outras pessoas que, de modo pessoal, se relacionavam diretamente com a situação. Ninguém mais tinha ou tem razão para se meter em mais nada...; posto que NINGUÉM  neste país ou fora daqui tem o que dizer a meu respeito, senão que foi honesto e limpo com todos.

Portanto, se os “evangélicos-escandalizados” são parte disso, só o são pela sua própria maldade de juízo e pela sua grande hipocrisia. Além disso, são parte disso porque, tendo sido tão intrometidos e sem misericórdia (sem falar nos que se alegraram com a situação) —  sem o saberem, me puseram no melhor dos mundos: fora do sistema por completo; e isto não porque depois de tudo não tenham feito o que podiam para me “manter dentro”; mas, sobretudo, porque eu mesmo, que havia pedido a Deus tantas vezes que me libertasse da “igreja evangélica”, tendo sido tão perversamente oprimido e julgado, assumi que aquele mal era o bem de Deus para me colocar fora desse circo de perversos juízos e de muitas loucuras.

Assim, ao me fazeram mal, acabaram por me fazer muito bem; ainda que a intenção deles (com raras excessões) tenha sido maldosa e perversa mesmo; e eles sabem disso!

Com relação aos “casos eclesiásticos” (brinquinho e filhos sendo mal instruídos...) — tudo isto é bobagem. Além disso, filhos têm que ser educados pelos próprios pais, e não por “igreja” nenhuma. Jamais entregaria a educação espiritual de meus filhos a quem quer que fosse.

Base bíblica para se vestir, pintar, usar brinco, tatuar, etc..., é tudo besteira. Você viu em Jesus alguma observação sobre temas desse tipo? Ou não havia tais adereços em Seus dias? Claro que havia; e é também claro que Jesus não estava nem um pouco precupado com nada que não fosse o que se tem no coração.

Os únicos adereços dos quais Jesus falou foram aqueles usados pelos fariseus (suas franjas, falactérios, e maquiagem de funeral em dia de jejum...). Entretanto, fora o uso “religioso” de adereços, a fim de gerar uma “imagem de piedade”, Jesus de nada mais falou; exceto acerca das decorações e mobílias existenciais da “casa varrida” daquela geração perversa e corrupta.

Sobre as demais questões acerca do “sistema” pervertido da “igreja”, quero dizer o seguinte:

Quando Paulo disse que uns pregavam por inveja, outros por porfia, outros para suscitar angustias a ele (que estava preso), ao final da fala, ele diz: “... o que importa é que Cristo está sendo pregado...”

Entretanto, não se pode, hoje, nem mesmo ter essa esperança; visto que Cristo não está sendo pregado. Usa-se o nome de Jesus na “igreja”; mas o “Jesus da igreja” não é o Jesus do Evangelho.

Assim, confunde-se uma descrição que leva o “nome Jesus” no argumento, mas, cujo argumento, é, em si, uma negação do ensino de Jesus. Portanto, não é o Evangelho que está sendo pregado; mas apenas sofrendo um estelionato; e que é praticado por quem usa o nome de Jesus a fim de validar coisas que só ficam bem na boca do diabo.

Desse modo, quem me dera poder dizer como Paulo! Infelizmente, no entanto, são tão poucos os ousam pregar o Evangelho, que, na maioria esmagadora das vezes, o que se tem é apenas a “grife Jesus” sendo usada para ensinar algo que Jesus mesmo diria que é ensino do inferno.

É acerca desses que usam Seu nome, porém sem o conteúdo de Quem Ele é e do que Ele ensinou, que Ele mesmo diz que deles dirá: “Nunca vos conheci!”

Nós, hoje, ainda nem mesmo esse consolo temos; posto que os doentes não são curados, os demonios não são expulsos (mas invocados) e as profecias são todas falsas.

Concluindo: não dá para compactuar com eles. Não dá para agradecer a Deus pela existência do lobo enganador e de sua mensagem de morte e opressão. Não dá para ter a esperança que esses agentes religiosos do “Jesus da igreja” estejam sequer anunciando as coisas mais básicas do Evangelho; posto que o Evangelho, mesmo que uma gota dele, acabaria como negócio desses que usam o nome de Jesus, sem que Jesus tenha nada a ver com tal uso.

Sobre a “coisa muito louca” que pode acontecer, sinceramente, essa é minha esperança. Sim, espero que bata um agonia de Deus em milhões. Sim, uma santa loucura de Deus!

Se estou preparado?

Ora, não estou me oferecendo para nada, exceto pregando o Evangelho. No entanto, se prego o que prego é porque sei que o Evangelho é de Deus para os homens, e não dos homens para Deus. Assim, creio que Deus mesmo fará o que desejar fazer, e usará Quem Ele mesmo desejar.

Entretanto, pergunto a você: se a coisa toda está tão podre, e se essa podridão existe e é feita com “segurança” de continuidade pela “igreja”, então, por que se preocupar com a continuidade daquilo que você mesma chama de verdade?

A verdade cuida de si mesma. E quanto a nós, nada podemos contra ela, senão em favor dela!

Desse modo, cumpro meu ministério de anunciar as insondáveis riquezas de Cristo; e não assumo para mim coisas que não me concernem. Meu dia é Hoje. O que vem depois, Deus mesmo fará; e isso conforme Sua soberania se manifestar.

Não estou no mundo para “organizar a queda”, mas tão somente para pregar a Palavra da Vida. E minha responsabilidade é anunciar a Palavra como ela é.

Um dos maiores problemas da “igreja” foi justamente pensar que ela é que tem a responsabilidade por representar a Deus entre os homens. Na realidade a única responsabilidade que tenho não é a de governar nada, muito menos aquilo que leva o nome de Jesus, mas apenas a responsabilidade de, no que me concerne, fazê-Lo conhecido por todos os homens. Daí em diante acaba minha responsabilidade. E até mesmo esse papel que eu e você cumprimos não é algo que seja “nosso”; afinal, somos apenas coopertadores de Deus; e temos o privilégio de nos unirmos ao sentido do Espírito para pregarmos a Palavra da Reconcialiação. Entretanto, devemos fazer isto sem jactância; pois, de fato, tudo provém de Deus.

Assim, venha o que vier, estaremos aqui; e com nossa consciência cativa do Evangelho!

Sobre se sentir como JFK...— digo: sim, a melhor maneira de ajudar a “igreja” é morrer para ela; já que ela mesma mesma não quer “morrer” a fim de produzir muito fruto. Somente quem aceita morrer é que passa a viver; conforme Jesus. Ora, tal princípio vale para tudo nesta existência; pois esse é, paradoxalmente, o princípio operante da vida.


Receba todo meu carinho!

Darei seu recado à Adriana!

Cuide-se bem sempre. Você é lúcida, e pode ser ainda muito útil à causa verdadeira; e saiba: tal causa não é a da “igreja”.

 

Nele, que é a Causa de todo o nosso ser-efeito,

 


Caio

 

 

 

 


 
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