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Cartas

VIVO ABRASADO E NÃO ME SEGURO

VIVO ABRASADO E NÃO ME SEGURO

-----Original Message----- From: Vivo abrasado e não me seguro To: contato@caiofabio.com Subject: Será que estou pecando? Mensagem: Graça e paz da parte de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo! Querido Caio! Há muito tenho me apropriado de suas palavras como pregador, e também vivido na confiança plena da graça de Cristo. No entanto, há algum tempo não consigo ter paz comigo mesmo pelo fato de ser pregador também, ex seminarista, e não conseguir plena santificação em minha vida sexual. Não digo sentimental, pois a esta área não podemos imputar pecado.Mas em minha vida sexual há fraquezas das quais não consigo me libertar. Em todos os meus relacionamentos tenho pecado contra Deus justamente na área sexual. Arrependo-me sempre, porém, não consigo me libertar. Toda esta situação nunca atrapalhou meu ministério, mas sim minha vida pessoal com Deus. Muitas das vezes eu me envolvi sexualmente com uma namorada por amor e não apenas por prazer, mas até mesmo isto me deixa com sentimento terrível de culpa e me sinto morto por dentro. Tudo que eu gostaria é saber se todas as vezes que transei por AMOR eu pequei, e se estou fadado a viver dia após dia lutando arduamente contra minha natureza. Espero sua resposta, em Cristo. Preciso muito!!! Beijo. *********************** Resposta: Meu amado irmão: Paz! Sobre imputar o não pecado, não é meu departamento. Somente Deus pode imputar pecado, conforme o Salmo 32 e Paulo em Romanos 3. Portanto, me deterei apenas a uma questão “prática”: você é adulto, solteiro, não é casado, e não se segura. Certo? Paulo tem sido muito mal compreendido quando disse que é “melhor casar do que viver abrasado”. Soa como se ele tivesse dito: dos males o menor. Ou ainda: resolva seu problema de desejo sexual contratando uma esposa. De fato, no meio cristão, como o assunto é tabu e a “coceira” é inegável—e o peso da culpa pelo ato é imposta como gravíssima—, a maioria casa mal, apenas a fim de resolver um “problema”. Nesse caso o sexo é visto como problema. Então, para se resolver tal problema, muitas vezes contrai-se um problema maior: um casamento-fraterno, com uma irmã amada, de cujo casamento nascem filhos considerados “santos”, enquanto o casal, muitas vezes, não sabe porque mesmo sendo ambos cristãos e se amando fraternalmente, não conseguem ter real prazer no casamento. Aí, então, no dia que ele ou ela “provam” outro fruto, enlouquecem; pois descobrem que a “alegria” de fato era muito maior e incomparável. O que Paulo está dizendo é simples: o ser humano, a menos que tenha uma vocação celibatária, sente, naturalmente, necessidades não só afetivas, mas de sexo mesmo. E quem inventou isso não foi o diabo. A natureza toda é assim. Chega uma hora em que o macho quer procriar, possuir, dominar; e a fêmea quer parir. Entre os humanos—que também são animais; negar isto é loucura!—, a complexidade é muito maior. Além de todo os estímulos hormonais, há ainda as necessidades de natureza emocional e afetiva—sem falar na “propaganda”, que é poderosa. Ora, quando um homem passa de uma certa idade—se ele não tiver a dita “vocação”, ou alguma disfunção sexual—, ele terá “fome”. E mais: a necessidade se instala como quem precisa comer. Passa a ser algo de demanda essencial. Portanto, o que Paulo estava fazendo era ser absolutamente “realista”. Ele não conseguia maquiar a realidade. Sabia o que era a natureza humana. E julgava-a pela dele próprio, conforme Romanos 7. Há um lado de toda essa história que pode virar doença pelo excesso. E há um outro lado que se não se manifestar como natural, virará doença também, só que pela via da supressão. Ou seja: a sexualidade tem que se expressar, e modo mais natural em seres adultos é pelo sexo, não pela comida, pela bebida, pela vigília de oração, nem pela pregação, nem pelo amor aos pais. Assim, constatando a “realidade” Paulo diz o seguinte: 1. A realidade é inegável, e não se pode fazer de conta que ela não existe. 2. Não tratar a realidade como realidade, e os fatos intrínsecos, e naturais como eles de fato são; levará o indivíduo ou à supressão danosa para a alma—à menos que esse seja o “chamado”—, ou o conduzirá para a dissolução, pelo excesso. 3. Daí, o equilíbrio, para Paulo, ser o casamento; onde desejo, afeto, amizade e fraternidade devem se encontrar a fim de realizar a conjugalidade em plenitude. Não há plena conjugalidade sem que todas essas dimensões estejam envolvidas. Um casamento que seja só desejo, virará “lua de fel”, pura doença. Se for só amizade, não produzirá as alegrias do desejo. Se for só fraternidade, gerará um vinculo sacerdotal, solidário, porém sem os elementos lúdicos e sem a animalidade que é pertinente à também a realidade, e à condição dos humanos. Enfim, tem que haver tudo isto para poder ser bom. E o que amarra isso tudo é o amor. Ora, quanto às formas de casamento, não falarei aqui. Já falei. Você pode ler em Cartas, na resposta “O que você pensa sobre sexo antes do casamento?” Leia lá, assim, eu não serei repetitivo com os demais. O casamento, portanto, deve ter tais conteúdos. Em havendo, então, fica valendo para sempre o que Paulo disse: É melhor casar—ter um vínculo dessa qualidade—, que viver abrasado. O abrasamento não é algo contra o que se deva estabelecer uma “competição”, do tipo: deixa ver até onde suporto essa barra. Ninguém consegue sair ganhando. Isso mesmo quando “evita” o ato; pois, de qualquer modo, ainda assim está “perdendo”. Na resposta que lhe sugeri ler estão as respostas para as suas outras questões. Um beijão, Caio ************************************************** A fim de facilitar a sua vida estou transcrevendo o texto que mencionei acima. ************************************************** -----Original Message----- From: Ednaldo Sent: segunda-feira, 6 de outubro de 2003 To: contato@caiofabio.com Subject: Sexo antes do casamento, o que o senhor acha? Mensagem: Em meu grupo de discussões existe uma grande polemica com relação a sabermos se é ou não pecado o sexo antes do casamento. Até hoje, o que ouvimos na verdade são apenas conjecturas sobre a Bíblia, mas nós não conseguimos ainda alguma base bíblica para afirmarmos que é pecado. Não estamos com esta pergunta querendo contrariar os princípios que nos foram ensinados, mas gostaríamos de saber se o senhor poderia nos esclarecer esta duvida. Já antecipadamente estamos gratos pela sua atenção e generosidade em responder-nos. Fique na paz do Senhor!! ******************************Resposta: Amados irmãos do Grupo: Se formos olhar na Bíblia esse “assunto”—conforme estudado por vocês—descobriremos que ele não tem nenhuma relevância. Na Bíblia o casamento era algo simples, familiar, singelo, e não carregava regulamentações além da do pacto entre as partes. Houve uma “evolução sociológica” na instituição do casamento na Bíblia. Mas os “valores agregados” sempre foram tratados como “humanos”. Adão e Eva não estavam menos casados por não terem tido “testemunhas humanas” para a cerimônia, que naquele caso foi apenas um belo e surpreso: “Uau! Essa Sim!” Isaque e Rebeca nem esperaram o jantar. Quando Isaque a viu no campo, sendo trazida pelo servo de seu pai, correu ao encontro de ambos, tomou a Rebeca sobre sua montaria, e a levou direto para a “tenda de sua mãe” e a “possuiu”. Esse casamento que a gente tem hoje—com todos esses ritos, pompas, etc...—, é uma projeção dos plebeus acerca do casamento dos nobres. É uma festa de príncipe e princesa, com trombeta, véu, grinalda, entrada triunfal, testemunhas, pagens, corais, e a “corte” assistindo. Nos dias de Jesus o casamento era algo familiar. E o “documento” de casamento não era dado para que se casasse—isso era feito pelo testemunho dos pares na presença dos familiares. Só havia “documento escrito” para a Carta de Repúdio—no caso do marido não querer mais a mulher—, ou no Divórcio—no caso de que alguém, quase sempre a mulher, ser “expulso” da relação como adúltero. Assim, a documentação documentava apenas a separação, não a união. A união tinha o testemunho da vida, do amor e dos parentes, que consentiam com o casamento, que era solenemente informal. Quanto ao sexo, tenho a dizer o seguinte: Sexo sempre é pecado e nunca é pecado. Sexo não é nada e é tudo. O que faz do sexo pecado ou algo santificado, são os seus praticantes. Desse modo, quando há amor, nunca há sexo antes do casamento. Quando há amor o sexo é o casamento. Se há “casamento” mas não há amor, o sexo é pecado. Portanto, sexo “antes” do casamento é sexo onde dois transam sem amor. Mas sexo sem amor durante o “casamento” é pecado também. O pecado é sexo sem casamento. E casamento não é algo que aconteça de fora para dentro. Só acontece de dentro para fora. É como tudo mais que tem valor para Deus: procede do coração. O “casamento” é como o “batismo”—um símbolo visível de uma realidade invisível, e que o precede como símbolo a fim de que seja verdadeiro. “Batizar-se” sem que já se tenha sido antes batizado pela “fé em Cristo”, é um rito sem sentido—pura e boba religião! “Casar-se” sem casamento é a mesma coisa. Diante de Deus é tudo igual. Para os homens é que não é pecado alguém se batizar na “igreja” sem ter sido batizado no Espírito, num ato invisível e particular. O casamento, todavia, recebeu esse estigma da religião. Eu, todavia, creio sempre naquilo que é. E acho que o valor do que se faz como simbolização exterior, sempre tem que ser precedido por uma verdade interior. Assim, sexo não é nada, e é tudo. Depende de quem o faz, de como o faz e de com que atitude o faz. Sem amor nada disso me aproveitará. Inclusive transar! A impureza à qual a Bíblia se refere não é apenas a promiscuidade sexual. Pode ser também o “uso” sexual sem amor, ou por interesse, mesmo entre “casais-casados”, e que praticam sexo sem amor. Nesse caso, o homem “comparece com a patroa” e a mulher dá ao homem “o que lhe é de direito”. Em razão disso é que há muita prostituição dentro de “casamentos”. Mulheres que não amam, que sentem até nojo de seus “maridos”, mas que “dão” pra eles por causa da grana, da estabilidade, etc... E maridos que “comparecem” ou apenas “usam” a mulher, apenas para ter onde “aliviar” a pressão. E o “preço” é a estabilidade que um dá ao outro. Sem falar que em muitos casos ambos tem seus “casos paralelos”. É por isso que muitas meretrizes nos precedem no Reino de Deus. Elas, pelo menos, não chamam de “casamento” o negócio da esquina, e vão logo dizendo quanto custa e que tempo vai durar. A Bíblia fala muito da dissolução. Ora, a dissolução sexual não faz mal a Deus. Deus não cresce e nem diminui com nada do que eu faço ou deixo de fazer com minha vida, muito menos com meus órgãos genitais. A dissolução é pecado apenas porque faz mal ao homem. Dilui o ser. Tira a essência, a solução interior. Daí ser dis-solução. E esse mal acomete a quem o pratica. Deus não fica menor. E que mal é esse que a dissolução produz? Ora, ela deixa o seu diluído, pastoso, impossibilitado de experimentar qualquer forma de amor denso. Daí o dissoluto não conseguir amar e nem tampouco ser fiel a ninguém. Sem falar que a proliferação de experiências sexuais não deixa ninguém experiente para a vida, para o vínculo, para o relacionamento. Apenas deixa o individuo com “mil memórias” para comparar; e, assim, aumenta sua insatisfação com um único parceiro, visto que ele está sempre sendo remetido para as fantasias de outros tempos. Sei que pra uns sou avançado demais. Pra outros sou careta demais. E eu, o que penso? Bem, eu não estou nem aí! Sei que o que digo é verdade, conforme o Espírito da Palavra e de acordo com o que Jesus ensinou como sendo verdadeiro diante de Deus. Nele, Caio ************************************************* -----Original Message----- From: Sexo antes do casamento, pode ou não? Sent: quarta-feira, 8 de outubro de 2003 20:16 To: contato@caiofabio.com Subject: Contato do Site Mensagem: oi, pastor! li a mensagem em que o sr fala a respeito de sexo antes do casamento, e confesso, era quase tudo o que eu já desconfiava... se amo o meu noivo e não consigo ficar longe por que dói demais... se não temos condições de nos casarmos agora... se não somos infiéis e procuramos ter vidas saudáveis e próximas de Deus... acabamos com um espinho na carne, um martírio que parece não ter fim... já pensamos em nos casar mesmo sem possibilidades, em viver de forma desconfortável demais só para não estar mais em pecado, mas pensei que se a graça me basta, de nada vai resolver criar problemas que podem ser maiores que o atual... se o Senhor pode me perdoar, mas às vezes entristece saber que estou pedindo perdão de um pecado que não passa, como os pecados daqueles que têm uma vida nova em Cristo. Em minha vida muita coisa melhorou depois da conversão, mas a relação com o sexo só trás martírio porque é uma necessidade que não passa e nem quero que passe, pois quero um casamento feliz, ativo. Mas e até lá, como vou viver, sempre sofrendo? há tempos procuro o que esse grupo procura, algo que prove que realmente preciso sofrer a dor do pecado constante ou a dor terrível da abstinência(desisti de tentar resistir, peço que Deus me dê forças, mas às vezes as coisas apertam e não consigo nem clamar por socorro, e aí, acontece de novo...) mas na Bíblia não encontrei referências, nos livros, não encontrei algo que me convencesse... sua explanação foi a melhor, mas confesso que fiquei com uma confusão renovada... E afinal de contas, o sexo é tudo ou é nada? Eu preciso do casamento secular para ter liberdade com o homem que amo? Tenho tantas dúvidas que nem consigo formular, mas no resumo, só quero ter paz e liberdade com Deus, quero adorá-lo todos os dias, sem vergonha dos impulsos do meu corpo e da minha mente, sabendo que de fato nada vai me separar do amor de Deus. Sei que seu tempo é curto e minha ânsia é real, se puder me responder daí do alto de sua sabedoria, ficarei muito grata! Que Deus te abençôe sempre! *********************************************************************************************** Resposta: O sexo é tudo, quando há amor. E nada sem amor. O resto, quando duas pessoas se amam, e vão se casar, é questão de consciência. Cada um tem a sua. Eu não vou dizer: Vão lá e transem. Tudo o que não provém de fé, é pecado. Não pela coisa em si, mas pela pratica sem o endosso da consciência, que é a paz da fé. Eu não teria problemas. Mas eu só falo de mim. Tem gente que faz distinção entre dia e dia, entre comida e comida. Pra mim todos os dias são iguais, e pela ação de Graça todos os alimentos são santificados. Desculpe, é só o que posso lhe dizer. O que passar disso, depois da resposta tão clara que eu dei, é não querer assumir a responsabilidade mínima de decidir. Aí seria um triangulo pouco sadio. Pecado é o que Deus imputa. E sem fé nada agrada a Deus. E a fé tem que ser sua, não a minha. Alguém já me viu fazendo perguntas de dúvidas pessoais? Eu creio, e vivo com as conseqüências, e nunca peço a cumplicidade de ninguém. Gente grande assume o que faz. E só faz se for na fé. Nele, Caio
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