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Cartas

SOU UMA DESTRUIDORA DE PASTORES...(I e II)

SOU UMA DESTRUIDORA DE PASTORES...(I e II)

-----Original Message----- From: SOU UMA DESTRUIDORA DE PASTORES...(I e II) Sent: quarta-feira, 10 de dezembro de 2003 17:06 To: contato@caiofabio.com Subject: ATORMENTADA POR LEMBRANÇAS, CULPULSÕES, DEMÔNIOS E DESEJOS Mensagem: Reverendo, A paz de Cristo permaneça em Ti! Já enviei lhe enviei outro e-mail, onde contava que tinha 21 anos e que era ministra de música e tinha tido problemas com o meu pastor. Fui muito abençoada pela sua resposta, por isso resolvi contar-lhe um pouquinho da minha história; e espero que Deus me socorra, através da sua vida. Bom, agora já tenho 22 anos, fui criada pela minha avó paterna, juntamente com o meu irmão, que é um ano mais novo que eu. Isto aconteceu pois meus pais se divorciaram quando eu tinha 7 anos. Nasci e cresci dentro de uma Igreja Tradicional. Com 9 anos, comecei a estudar música, e logo depois fui para o conservatório. Apesar de amar música, hoje vejo que isso não foi lá tão importante para influenciar a atual conjuntura... Foi também aos 7 anos de idade que fui por várias vezes abusada sexualmente pelo meu tio (casado com a minha tia, a irmã do meu pai). Também, logo depois, fui estuprada por ele, só que esse fato ficou encoberto, pois eu tinha medo de contar, pois mesmo sendo muito nova tinha na consciência que meu pai o mataria. Ah! esqueci de mencionar que minha mãe engravidou do meu tio que havia me estuprado. Hoje meu irmãozinho mora comigo e já está com 14 anos. Sei isto acabaria destruindo a vida dele, caso ele soubesse. Não quero que meu pai e ele sofram por causa de alguém tão horrível como o meu “tio”! Sempre fui muito dedicada e participante na liderança das programações da igreja. Aos 13 anos já liderava o Ministério de Louvor de minha igreja, aonde existiam músicos profissionais e experientes, com média de 30 anos, cada um. Só que desde muito cedo tive problemas em relação a sexualidade pelos fatos já descritos. Prosseguindo, aos 15 anos, me envolvi com o baterista de minha igreja, que estava noivo. Engravidei dele, e a noiva dele também engravidou. No entanto, perdi o bebê entre o 3º e 4º mês de gravidez. Todos ficaram sabendo da nossa queda, pois eu me arrependi amargamente e pedi perdão, contando o fato ao meu pastor e sua esposa, que na época me ajudaram muito. Na verdade foram os únicos que ficaram do meu lado; mas a gravidez eu escondi, fiquei em disciplina 8 meses, só não fui excluída porque o pastor interferiu... No entanto, a igreja não falava comigo, os pais começaram a impedir seus filhos e principalmente filhas de andarem comigo, pois me julgavam um péssimo exemplo. Durante esse período em que fiquei em disciplina, todos os meses, o pastor pedia ao "conselho da igreja" que me perdoasse, no entanto, era um esforço em vão. No final desses oito meses, o pastor foi surpreendido com uma proposta assustadora do "conselho da igreja": - Entregue o pastorado, vá embora! e nós aceitaremos a reconciliação dela. Depois de muito orar e chorar, ele resolveu aceitar a proposta, e foi dessa maneira que fui aceita de volta no seio da igreja. Me culpei durante muito anos por isso, só consegui me perdoar depois que esse amado pastor e sua esposa terem conseguido se levantar, pastoreando outra igreja. Nesse mesmo período o bebê do rapaz nasceu deformado, faltando parte do esôfago. Ficou meses na incubadora e depois faleceu. Também me culpei por isso durante muito tempo, pois a noiva do rapaz não teve uma gestação tranqüila sabendo que seu noivo havia sido infiel comigo. Só consegui me perdoar quando fiquei sabendo que eles tiveram outro filho. No entanto, nesses anos, poucas e raras vezes nos vemos, e eles não falam comigo (como já era esperado!). Depois desses fatos só consegui permanecer na igreja onde nasci e cresci durante três meses. Voltei a ministrar o louvor e a assumir os cargos de antes, mas estava completamente ferida, destruída... Tenho certeza que nesse período Deus não recebeu o meu louvor, pois eu estava tão amargurada que só queria provar para as pessoas que eu havia conseguido voltar, mesmo com tudo de mal que me fizeram e com todo o desprezo que me proporcionaram. Então fui para uma Comunidade, que por sua prática doutrinária pregava o que eu cria, já que a igreja onde eu nasci e cresci não admitia os dons do Espirito Santo, seguíamos uma liturgia que era "quase" sagrada. Nessa Comunidade para onde fui já conhecia várias pessoas, pois a grande maioria havia saído da mesma igreja que eu, inclusive o irmão e a cunhada do rapaz com quem me envolvi; sempre os considerei como amigos íntimos, como pai e mãe. Chegando nessa comunidade comecei a ter algumas reações muito estranhas. A opressão começou a tomar conta de mim. Comecei a ver demônios que me ofereciam muitas coisas de valor para eu destruir o pastorado do meu atual pastor. Por muitíssimas vezes estávamos no culto, e eu desmaiava e acordava com as costas toda marcada de chicotes; e, por outras vezes, ficava sem fôlego e passava horas desacordada... O casal amigo meu, que mencionei acima, cuidava de mim. Fiquei completamente dependente deles, pois cuidavam com todo amor e muitas madrugadas em claro. Diziam que eu me perdoasse e liberasse perdão para que as feridas fossem cicatrizadas. Nessa Comunidade também poucos meses depois que estava lá, comecei a ministrar na igreja, e de forma mais abençoada ainda. Parecia que quanto mais eu sofria com a perseguição dos demônios, mais ainda eu tinha unção para lidar com as pessoas. O Espírito Santo parecia mais e mais me guiar; as pessoas eram tocadas e salvas; Deus me usava como Seu instrumento; éramos um ministério fortíssimo, músicos profissionais e cheios da unção do Pai. O pastor ministrava conosco. Belíssima voz por sinal. E Deus também o usava poderosamente. Parecia tudo perfeito...mas eu continuava a desmaiar, e a ver coisas que não deveria. Até que a situação foi piorando.... Quando eu estava na minha casa, sabia com certeza absoluta onde meu pastor estava, fazendo o quê, a cor da roupa que estava vestindo, e até mesmo o que estava falando... Tive plena certeza disso depois que disfarçadamente, algumas vezes, ao vê-lo, o interrogava; e ele acabava inocentemente confirmando tudo que o que eu já havia visto. Nesse período namorei o filho de um outro pastor, uma pessoa muito querida por todos. No entanto, o pai dele também nunca gostou de mim. Foi assim até que num determinado dia, depois de muitas discussões com o meu pastor—pois a situação foi piorando, piorando e nós que éramos amigos, começamos a nos estranhar—, fui surpreendida por uma acusação de um rapaz da igreja que dizia que eu havia transado com ele. Isso caiu como uma bomba. Eu, veemente, disse a todos que era mentira, mas ele insistiu na acusação... Foram alguns meses de investigação, e a conclusão foi a seguinte: Você não saiu só com ele. Você saiu com vários outros homens. Mas todos eles disseram que você parecia fora de si quando isso aconteceu, bom... Nesse período discuti com o meu pastor de forma terrível; ele então pediu para sair de férias, e ao voltar entregou o pastorado; e até hoje permanece sem igreja, nem pastoreando, nem freqüentando... Nesse mesmo período eu e meu namorado, depois de muitas idas e vindas, terminamos mais uma vez... Aí eu que estava me sentindo um lixo... Comecei a namorar com uma outra pessoa, um pastor tradicional, solteiro, muito conhecido. Namoramos 6 meses, e quando percebi que só o estava usando para tapar uma carência de atenção...terminei o namoro. Ele entrou em depressão profunda, quase abandonou o pastorado. Ele me queria de qualquer jeito. Fui obrigada a me afastar dele de forma trágica, pois ele fez de tudo para voltar comigo. Meses e mais meses após essa situação todas as pessoas da Comunidade me desprezaram, inclusive o casal que tratava comigo parou de me dar atenção...quase morri com essa situação, pois estava muito dependente deles. Assim, quando os ouvi falar que estavam decepcionados e que não poderiam me considerar como filha—pois tinham uma aliança com Deus e comigo nesse sentido—me senti suja, quis morrer, fiquei durante meses obcecada pela idéia de me reconciliar com o meu pastor, o pastor da minha Comunidade; respirava o nome dele 24 horas por dia; entrei em depressão; fiz terapia com uma psicóloga cristã; mas não adiantou muita coisa, pois eu queria resolver a situação de qualquer jeito... Acabou que nada foi resolvido e eu me afastei de todos... Saí da igreja, e fiquei leprosa em meus sentimentos. Não consegui mais sentir vontade de fazer parte de nenhuma igreja. Na verdade me sinto mal. Tenho certeza que fui liberta dos demônios que me possuíam; sinto saudades da Comunidade; dos momentos tremendos que passei lá. Estou visitando várias igrejas, mas não consigo querer ficar em nenhuma. Sinto-me amargurada ainda, tenho me dedicado somente ao meu trabalho; inclusive saí com um dos donos da empresa. Ele é casado. Fiquei encantada por ele, mas logo percebi o erro; pedi perdão a Deus e me afastei dele... Voltei a me encontrar com meu ex-namorado, o que é filho de um pastor. Sinto que o amo, mas ele têm muito resistência em ficar comigo, pois sofreu muito por minha causa; sabe que todos os nossos amigos não falam comigo; além do pai dele, que não me suporta... Enfim, esqueci de mencionar que sempre tive uma queda por bebidas alcoólicas, apesar de resistir a essa queda, a esse desejo... Pois é, amado Reverendo, não sei se consegui expressar tudo que deveria, mas se formos parar para contar, já foram vários pastores que eu direta ou indiretamente prejudiquei; sempre são pastores, e eu estou acabando com a minha vida... Sinto-me roubada por Satanás, pois sou tão jovem...e olha só a minha história... Gostaria de voltar ao primeiro amor, de fazer parte de outra igreja, de manter relacionamentos sólidos e amizades que resistissem ao tempo; no entanto, não consigo; e meu histórico de prostituição é enorme, sem contar que tenho o hábito de me masturbar, pois sinto um desejo incontrolável de me relacionar sexualmente... Sabe, parece que estou passando da hora de me casar, de ter filhos, me sinto envelhecida... Sinto que a música me chama, e creio que o Pai tem um abençoado ministério para que eu venha a realizar. Mas por que tive que passar por tudo isso? e pior: por que continuo passando? Reverendo, por favor me aconselhe, me esclareça, me ajude em Nome de Cristo, Um forte abraço, Que o Pai te fortaleça, ********************************************* Resposta: Minha amada irmã: saúde e paz sobre sua alma! Minha querida amiga, considerando também a primeira carta que trocamos, na qual você falava de seu envolvimento com o pastor; e, além disso, olhando o presente histórico que você acabou de me enviar, tenho a dizer a você o seguinte: 1. Desordens variadas de instalaram em sua alma. O histórico é o próprio diagnóstico. Não há o que tentar discernir, visto que nada está oculto. Sua existência revela sua desestrutura emocional e afetiva. 2. Você iniciou falando de como é “evangélica” desde sempre. E afirmou sua paixão pela música, pela igreja, pelos pastores, etc... O que me chamou atenção foi sua fixação dupla: em ficar em igrejas, mesmo que seja às custas da destruição de pastores e pessoas—como você mesma constatou—; e sua manifestação de conciliação entre sua demônia-sexual e seu anjo-ministerial: quanto mais obcecada sexualmente—a ponto de “manifestar demônios”—, mas “ungida” você diz que ficava. Ora, de fato, você não estava possessa de demônios—os demônios são um detalhe nessa história—, mas sim possessa de suas próprias compulsões sexuais. A tal da “pomba-gira” leva a culpa de todas as compulsões sexuais não tratadas e não assumidas. 3. O fato de você dizer que quanto mais “possessa”, mais “ungida” ficava, demonstra uma só coisa: tudo isto—os dois extremos dessas manifestações—, são uma coisa só: expressão de uma alma intensamente atingida por uma desordem sexual que se manifesta também como relação de sedução religiosa. Ambas as coisas se parecem muito. Unção e sedução se assemelham—só que a primeira move o espírito, e a segunda impressiona a alma. Quem não sabe fazer a diferença fica pensando que uma coisa é a outra. Já vi grandes sedutores serem confundidos com pessoas ungidas. 4. Seria perda de tempo falar de seu histórico de abusos sexuais e estupros. Digo perda de tempo no âmbito desta Carta. No entanto, o nó da história toda começa aí. O que decorre daí é apenas o que daí de-corre...e escorre daí para o resto da vida...pois daí decorre...e você corre disso e escorre isso...e escorrega nisso. 5. A história de saber “onde o pastor estava e o que ele fazia”, combinada com a história de que você saiu “com muitos outros homens da igreja” enquanto dizia que não sabia disso (ficar publicamente fora de si foi um ótimo álibi), revela que ou você sofre de um profundo mecanismo dissociativo—não sabendo realmente o que fez, ficando apenas com lembranças, e que você interpreta como “conhecimento sobrenatural dos fatos—; ou então coloca você na categoria das grandes e perigosas manipuladoras, o que, de fato, espero que não seja o caso. 6. Eu arriscaria dizer que você fez tudo o que fez, lembra de tudo o que fez, mas prefere se esconder atrás do véu do mistério—tomando a inconsciência e as possessões como álibis para justificar ou diminuir suas próprias responsabilidades. E mais: como você já se envolveu com pelo menos um pastor antes, não deveria haver surpresa em que você tenha se envolvido com os outros; afinal, em nenhuma circunstancia desse mundo pastores ficariam reféns de você—a ponto de deixarem a igreja—, à menos que estivessem em “suas mãos”. 7. Sei que o que digo parece duro, mas é que se for o caso, está longe de ser o primeiro que já vi acontecer. Portanto, aqui, não exerço juízo ou discernimento, apenas atualizo meu banco de dados; e vejo que seu histórico se parece demais com os de outras pessoas que já aconselhei nos últimos 30 nos. 8. É apenas porque eu creio na existência de demônios que eu posso também com tranqüilidade deixar de vê-los onde elas não estão. E, no seu caso, eles são apenas as “damas de honra”, mas não são nem a noiva e nem o noivo; pois, os personagens centrais desse horrendo espetáculo, foram construídos dentro de você, e são o resultado de sua própria história. 9. Portanto, eis o que lhe sugiro, e espero que você busque realizar imediatamente: 9.1. Procure um terapeuta não cristão. Alguém que não corra o risco de confundir “sedução com unção”; alguém que não se impressione com “demônios”, mas que seja capaz de enxergar a doença psicológica de “seus demônios”—pois que seus demônios, sua alma mesma os criou. Procure uma pessoa assim, completamente de fora da “comunidade” e de suas “interpretações”; e conte tudo, sem omitir e sem romantizar nada. Abre seu coração. Diga, inclusive, qual foi o prazer que você obteve “abusando” das pessoas, e como você se sentiu tendo poder de desinstalar pastores pela via da sedução. 9.2. Esqueça toda e qualquer pretensão de casar, namorar, etc...Sua prioridade é tratar de sua alma. E, também, deixe de lado essa tara em dirigir louvor de igreja. Ambas as coisas—sexo e igreja—na sua vida são uma coisa só. 9.3. Espero que você faça o que estou sugerindo, e que me escreva contando o desenvolvimento da história. Quero acompanhar você. E saiba: você tem cura, especialmente se parar de se esconder atrás das devoções, e encarar de fato as sombras de seu próprio ser. Tão logo tudo isto se manifeste, então, você vai começar a ficar livre das compulsões; e descobrirá que tudo o que se manifesta é luz, especialmente se a gente tiver a coragem de assumir o “direito autoral” de nossas próprias produções, e crer que na Cruz de Cristo todas as nossas “enfermidades” já foram levadas. Quando a paz que vem da Cruz entrar em você sua culpa desaparecerá! Hoje você vive um mecanismo de permanente retro-alimentação da doença: 1. A menina abusada, abusa. 2. A menina que abusada, carrega segredos e culpas—incluisive de saber que a mãe tem um filho de uma relação oculta e incestuosa, com o tio que também estuprou você—, e seu pai não pode saber de nada, pois mataria a seu tio. 3. A menina que guarda segredos quer ter segredos, mesmo que seja às custas de uma “possessão”. 4. A menina abusada, abusa de outros no ambiente mais familiar que ela mesma conhece: a igreja. 5. A menina abusada precisa cometer incestos, daí, os “irmãos” e o “paistor” serem figuras tão importantes na compulsão sexual. 6. A menina abusada e que abusa, não é um monstro; razão pela qual ela tem dons extraordinários, e que mostram que ela não é anormal. 7. A menina que tem dons, não tem paz para tê-los; afinal, seus dons são instrumentos de poder e de sedução, pois ela não teria como ficar na “família” sem seduzir e abusar, e sem ter “segredos”, que podem até ser contados como “revelações sobrenaturais”, mas que são apenas as recordações não admitidas de seus encontros com os “irmãos e tios” dessa família espiritual—a única que existe para você. 8. E como na família dessa menina aquelas que deveriam ser de total confiança são capazes de estuprar, a menina cresceu a fim de se vingar; só que faz isto no lugar errado (não que haja um lugar certo para se vingar), destruindo vidas—a começar de sua própria. 9. Então, menina abusada, está na hora de você parar de fugir, e de ser liberta pela verdade, e de encontrar o fato de que “pelas Suas pisaduras nós fomos sarados”, pois “o castigo que nos trás a paz, estava sobre Ele”. Estou orando por você! Que o Senhor abra o seu entendimento! Nele, que nos liberta na Verdade, Caio ****************************** -----Original Message----- Mensagem: A Graça e a Paz, querido Reverendo!!! Recebi a sua resposta ao e-mail que lhe enviei. As palavras foram duríssimas. No momento em que eu estava lendo sentia como se estivesse levando uma surra. Mas logo depois, estranhamente, me senti aliviada. Aliviada por saber que alguém ainda fala comigo, mesmo que seja de forma dura comigo. Glória a Deus!!! Sabe, Reverendo, eu não sou uma má pessoa, e mesmo que seja horrendo todo o meu histórico de vida, eu sei que amo ao Senhor Deus. Realmente o senhor tem toda a razão em dizer que "a menina abusada, abusa". Infelizmente isso se tornou muito natural pra mim. Praticamente decorei todas as palavras que o senhor mandou no e-mail, estou me policiando, quero ser sarada na minha alma. Também vou seguir seu conselho e procurar um terapeuta não cristão. Sábado dia 13/12 trabalhei até as 12H, então só pude ir ao 1º Encontro da Irmandade Virtual, durante a tarde. Quando cheguei fiquei em pé na porta durante uns 20 minutos, pois não tinha coragem de entrar... Depois, como num esforço sobre-humano, resolvi entrar... Suas palavras foram esclarecedoras. Nunca tinha visto alguém pregar com tanta unção, inteligência, e de modo tão sereno. Confesso-lhe também que quando terminou o encontro, que as pessoas foram até à frente para cumprimentá-lo, e eu levantei para fazer o mesmo, senti que o meu coração iria sair pela boca... Era como se eu fosse mostrar-me a uma pessoa que conhece toda a minha vida, mais que todo mundo. Foi o que pensei. Acredito que alguma das pessoas ali presente sentiram a mesma coisa. Bom, Reverendo, só para finalizar, não sei o por quê mas preciso dizer-lhe que estou muito triste, afundada em mim mesma. Sei que com tudo que o senhor me escreveu é a chave em Cristo para eu ter uma nova vida. Mas ninguém disse que seria fácil... Sabe, o Natal está chegando, bem como o Ano Novo, e todos os anos nessa época eu estava empenhada em ensaiar cantatas com o coral, e peças teatrais com a mocidade de minha igreja; ou seja: sempre, desde que me entendo por gente, passei com a igreja. Este ano, no entanto, estarei completamente sozinha, minha família irá para a igreja, e meus amigos já não existem mais, assim como a igreja (Comunidade) pra mim. Não quero cansá-lo... Bom, Reverendo, por favor continue respondendo aos meus e-mails; creio que o próprio Deus o recompensará em glória. Um forte abraço **************************** Resposta: Minha querida amiga e irmã em Cristo: Paz e Bem sobre a sua alma! Seu histórico de vida, como eu disse, é o diagnóstico, mas não é você! Aquilo é a doença, a disfunção psicológica, o vício, a droga emocional que anestesia a alma, mas não é você. Você está aí, dentro dessa desconstrução—e você é de Deus. É isto que as pessoas precisam entender, e você também: gente de Deus, é gente; e como tal, mesmo que criados cercados pelo nome Jesus, ainda assim podem padecer das mesmas coisas que acometem outras pessoas. A alma não canta no coral, mas canta conforme a música... Eu poderia ter falado muito de seus traumas infantis—você lembra que eu disse que tudo vinha de lá, mas que não era o caso fazer aquela viagem ainda?—, mas julguei que seria improdutivo. E por que? Bem, é que os dramas do momento são tão destrutivos e têm trazido conseqüências tão devastadoras sobre você e outros, que, sinceramente, em minha maneira de ver, o melhor era chamar você à constatação. Muitas vezes a cura começa do gênesis do problema até que se chegue ao Hoje da Aflição. Outras vezes, quando o Hoje da Aflição já gerou muita desconstrução, o caminho é inverso: tem-se que ir dos fatos do Agora a fim de chegar às suas fontes, todas nascidas no longínquo chão de Ontem. Quando vi seus olhos, vi que você é uma boa menina, e que ficará completamente tranqüila e equilibrada. Lembra do paralítico de Betesda? Aquele de João 5? O homem estava naquele estado há 38 anos, mas mesmo assim Jesus perguntou: Queres ser curado? A primeira vez que prestei atenção naquela pergunta deve fazer uns 25 anos. Desde então preguei inúmeras vezes sobre o texto, e, de vez em quando, sobre a pergunta. Há até mesmo um livreto de minha autoria sobre aquela pergunta. Isto porque, desde então, ficou mais que claro para mim que mortos ressuscitam sem prévio consentimento, mas doentes precisam desejar ser curados. Quem não desejar ficar sarado jamais ficará curado! E sei que você quer, daí ter me escrito de modo tão claro e aberto. Você ficará curada! Entendo sua dor existencial, e também sua nostalgia natalina. Minha vida também mudou muito, e meus natais já não contam com as mesmas companhias de tantas décadas. Dói! Dói muito! Há certas coisas que acontecem que inviabilizam a continuidade de outras... Daí ser tão delicado viver, e mais delicado ainda o tratar as pessoas. Certas confianças podem ser restauradas, outras jamais. Infelizmente, entre os cristãos, o processo de restauração de confiança demora infinitamente mais do que Jesus ordenou no Evangelho que fosse. Mas não se infelicite com isto. O importante agora é que você está no caminho da sobriedade e da cura. E, a você, minha querida irmã, tenho somente uma coisa a dizer: “Quem sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo trazendo os seus feixes”. Não se canse e nem se deixe tomar pelas nostalgias de nenhuma estação. Levante a cabeça e ande. Toda disciplina, no momento de sua aplicação, produz tristeza, mas depois gera fruto de paz em nós. Me alegro e me regozijo em sua sensibilidade e vontade de encarar a verdade. Ela vai libertar você! Fique firme e não retroceda. Você é jovem, o mundo inteiro ainda está aberto pra você. Portanto, saiba que este é apenas um Natal diferente, porém será o primeiro de muitos natais de vida e de bons nascimentos. Você está para dar a luz—digo:em sua alma. E a mulher quando está para dar a luz, sente dores... Depois já nem se lembra mais das dores ante a alegria de ter trazido ao mundo um homem. Você vive hoje as contrações desse nascimento espiritual e psicológico que está em processo em sua vida. Porém, logo essas dores cessarão, e você se alegrará, e essa alegria ninguém poderá tirar de você. Muitas vezes a gente perde certas coisas que nos são queridas, apenas a fim de que possamos recuperá-las para sempre. Receba meu carinho e minhas orações; e muito grato pela confiança e pela coragem. Deus é com você! Nele, que conheceu a nossa alma e não nos desprezou, Caio
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