Português | English

Cartas

SOU FILHA DE PASTOR, LÉSBICA

SOU FILHA DE PASTOR, LÉSBICA



----- Original Message ----- From: SOU FILHA DE PASTOR, LÉSBICA E DE BEM COM DEUS To: contato@caiofabio.com Sent: Wednesday, July 06, 2005 9:36 AM Subject: Esclarecimento e ajuda Olá, Caio! Sei que muitas cartas tem sido escritas sobre homossexualismo e uma delas me chamou muito a atenção: a de uma mulher que contava sobre a irmã "lésbica". Sou filha de pastor presbiteriano, bem parecido com o da carta do rapaz que também tinha trauma por ser filho de pastor gente boa. Bem, o fato é que tive que me afastar da "igreja". Precisei formatar todo o meu HD "religioso" para conseguir instalar programas não contaminados. Acho que tenho um longo caminho até conseguir eliminar todos os vírus da minha alma e achar um software adequado. Estou vivendo um relacionamento homossexual. Sempre senti muita culpa por tudo o que dizia respeito à minha sexualidade. Mesmo quando saía com homens! Mas, hoje estou vivendo um relacionamento gostoso que poderia ser melhor se não fosse pela culpa que ainda sinto. Não estou satisfeita com minha vida. Sinto que há algo que ainda está incompleto ou errado. Confesso que, por muitas vezes, gostaria de ter nascido homem. Quem sabe, fosse mais fácil viver. Como você mesmo já disse, em alguns casos não se trata de uma opção. É algo de que fugi a minha vida inteira. Comecei a fazer terapia e vi que precisava experimentar um contato com mulheres... e gostei! Honestamente, estou bem com Deus. Tem uma música que diz "eu adorarei ao Deus da minha vida que me compreendeu sem nenhuma explicação". Enquanto eu tentava culpar meus pais por meu homossexualismo, não chegava a lugar nenhum... só na raiva e frustração. Traumas todos nós temos. Como disse uma amiga evangélica, "os pais são bênção... e contradição!". Minha companheira diz que precisamos freqüentar uma "Igreja gay", pois, assim como eu, ela também sente falta de se reunir com pessoas que buscam a Deus em comunidade. Esta idéia não me soa muito bem... existe uma assim onde moro. No fundo, gostaria de me sentir bem em qualquer igreja. Estou prestes a contar para minha família sobre minha situação e sei que vai ser algo muito doloroso. Assim como li na primeira carta que mencionei... sei que meus pais, irmãos, tios... todos sofreriam e certamente, me julgariam. Eles já desconfiam e as reações não tem sido das melhores. Só aguardam minha confirmação. Não sei se vou ter uma resposta sua, pois imagino a quantidade de cartas que você tem pra ler e responder. Mas, que sirva então como um desabafo interior. Abraços da homossexual que se sente acolhida por Deus! ___________________________________________________________ Resposta: Minha amiga: Graça e Paz! Quero saudar você com um verso que acabo de receber de minha mana, Ana Lúcia: MESMO QUE A FONTE SEQUE E A INSPIRAÇÃO SE ESCONDA OU VÁ PASSEAR NA ESQUINA... QUERO O SOM DA MUSICA NA ALMA E A CANÇÃO NO CORAÇÃO. MESMO QUE O POEMA SEJA CURTO E SECO E O VERSO ALUDA A DOR... A ARIDEZ... QUERO TER NO PEITO A RIMA QUE REMETE PARA CIMA E RETORNA EM ENERGIA DE INSPIRAÇÃO. QUERO OLHAR O HORIZONTE E ENXERGAR DE NOVO A FONTE QUE ME FEZ DEITAR PRIMEIRO EM REDE DE PAIXÃO... DERRAMAR ALIVIO NOS ESCRITOS TANTOS QUE FAZEM DO POETA ILUSIONISTA, EM MÁGICAS DE UM MUNDO ENCANTADOR! QUERO AO VER O DECLINAR DO SOL DA VIDA, O DESPEJAR DE VERSOS EM EXPRESSÕES TÃO SURREAIS... QUE SEJA PARA MUITOS COLO CERTO, DESABAFO, SINTONIA, EXPRESSÃO, CANÇÃO E MUTAÇÃO. Ana D´Araújo 07/2005 Se nós fôssemos reunir um congresso de filhos de apóstolos, bispos, pastores, mestres, presbíteros, diáconos — sem falar em muitos dos próprios pais, muitos deles casados, porém gays também, matando um leão por dia para dar conta do recado —; nós, sem dúvida, teríamos que ir para um grande ginásio de esportes, ou até para um pequeno estádio, um “Maracanãzinho”, a fim de comportar apenas a moçada imediata. Aproximadamente 15% da população se confessa gay. Ora, está provado que os índices estatísticos da “igreja” (fenômeno humano e histórico), não são em nada diferentes dos do resto da sociedade, o que numa população de uns 30 milhões de evangélicos, faria com que uns 3 milhões e meio de evangélicos sejam gays, enrustidos, trancados no armário pastoral, ou, muitas vezes, se promiscuindo mais que qualquer promiscuo, pois, não podendo se abrir, a pessoa acaba “fugindo” para encontrar gays, e, nesse caso, acham apenas os gays-pra-consumo, nas boates ou na internet; e, assim, escondem quem são na “igreja”, enquanto, em razão disso, vão se tornando os gays mais descontrolados da praça. Tenho dito repetidas vezes neste site que conheço aqueles que nasceram gays (esses são gays de fato); os que foram feitos homossexuais (em geral são vítimas de sexo homossexual com gente mais velha na infância; e vicia, como qualquer outra coisas; posto que o primeiro estimulo erótico objetivo veio de uma relação homossexual, o que, muitas vezes, “fixa” o padrão das pulsões da pessoa naquela área); e os se fizeram gays (normalmente nem gays são, mas, por razões distintas, “optaram” por aquela inclinação ou desejo mesmo). Nesses três casos, o primeiro é de natureza imutável, tão imutável quanto as chances que eu teria de me tornar gay: nenhuma. Já na segunda perspectiva, a situação é reversível, não sem muito trabalho e esforço psico-terapêutico; tudo dependendo, é claro, da vontade que a pessoa tenha ou não de enfrentar a si mesma, na forma do vicio que se instalou. De fato, em geral, esses são os mais culpados, pois sabem que não nasceram gays, mas ficaram viciados no sexo por essa via. E, por último, há os que “optaram”, a maioria dos quais por escolha de prazer e por privilegiarem as sensações do sexo chamado “invertido”. Ora, as duas últimas categorias (desculpe chamar de “categoria”, não há nada além de terminologia aqui) são reversíveis, isso quando a pessoa deseja muito que tal aconteça, mas, como disse, nunca sem muita luta. Entretanto, esses dois últimos grupos, em geral, não querem “relacionamentos”, mas apenas sexo; posto que somente os gays-gays se apaixonam mesmo. Portanto, para mim, depois de anos de observação e milhares de conversas, concluí que no geral somente os que nasceram gays se apaixonam e querem ter uma relação única, estável e monogâmica com o seu parceiro (a). Os demais, também em geral, querem apenas a transa. Daí haver sempre muito mais promiscuidade relacionada a esses dois grupos. Isso porque os gays-gays, mais do que sexo, eles querem é afeto, só que o único tipo de afeto que os inspira é de natureza homossexual. Portanto, acredito na condição irreversível de gays-gays; e creio na reversibilidade dos gays-feitos-gay e na daqueles que gostam de transadas gays apenas por diversão, mas que foi ficando algo fixo. No primeiro caso, parar só se for por uma escolha de natureza celibatária, como muitos considerados “santos” o fizeram (embora Deus saiba suas lutas). Nesse caso, não há mais sexo, embora a sexualidade continue homossexual para sempre, mesmo que o cara se tornasse um “apóstolo Paulo”. Já nos dois últimos casos, somente um forte desejo de reversão, e que não deve ser motivado por culpa moral, mas por identificação da verdade interior como sendo outra, a qual a pessoa precisa reconhecer como tendo sido desfigurada pelas más esculturas que se fez na alma, ou que se permitiu que fossem feitas na matéria da alma. Você disse que eu disse que “alguns casos não se trata de uma opção”. E é verdade, conforme acabo de admitir mais uma vez acima. Porém, você também disse: “É algo de que fugi a minha vida inteira. Comecei a fazer terapia e vi que precisava experimentar um contato com mulheres... e gostei!” E disse mais: “Sempre senti muita culpa por tudo o que dizia respeito à minha sexualidade. Mesmo quando saía com homens!” Para mim teria sido muito importante saber como foram essas suas saídas com homens, as quais lhe fizeram sentir ainda mais inadequada, embora você nada tenha dito acerca do significado sensorial e emocional desses encontros sexuais com homens, relatando apenas a sua culpa, mesmo nesses casos, mostrando que sua culpa não advém da homossexualidade, mas da violência que você cometia a si mesma (tentando), e, de sua moral evangélica, de filha de pastor protestante. No entanto, devo dizer que não esqueci de sua frase essencial: "Gostaria de ter nscido homem". Ora, isto remete a pulsão para estágios muito primitivos, na infância. Mas eu pergunto: seu pai gostaria que você tivesse nascido homem? Apenas me responsa. Mas curiosidade do que qualquer outra coisa. Ora, há alguns quadros que desejaria descrever apenas por um pouco agora. Eles todos têm quase que inteiramente apenas a ver com mulheres, e não com homens. A saber: 1) Mulheres que foram iniciadas sexualmente por homens brutos e inafetivos, começam a pensar que “homem é ruim de chinfra assim mesmo”, até que, um dia, num momento de carência e carinho, são objeto dos toques sutis, leves, meigos, próprios, exatos, cirúrgicos na anatomia do prazer feminino, e que são feitos por uma outra mulher, abrindo, assim, pela primeira vez para a mulher insatisfeita, um mundo de sensações e prazeres desconhecidos; e, assim, a mulher se torna gay em razão de que todas as referencias anteriores foram tão ruins, que, pela via pragmática e sensorial, ela passa a crer que gostou tanto do que teve apenas porque é gay e não sabia. Nesse caso, já vi homens meigos, carinhosos, machos e sutis, trazerem para tais mulheres a certeza de que não são gays de alma, mas apenas capazes de sentir o gosto do prazer pelas mãos de outra mulher. 2) Também já vi mulheres traumatizadas com homens fazerem a escolha gay apenas em razão do desejo de viver em paz, e com uma companhia serena e tranqüila; posto que, em geral, as relações homossexuais entre mulheres tendem a ser fiéis e para a vida toda. Por isso, antes de prosseguir, gostaria muito que você me dissesse três coisas: 1) desde quando você sente que é gay? (com que idade sentiu a primeira vez). 2) Quantos homens você conheceu sexualmente, como você se sentia transando com eles? 3) Você já foi capaz de amar um homem? Pergunto isto porque se você nunca conseguiu sentir nada com homens e por homens, desde sempre, então, pouco dúvida resta de que você é gay mesmo. Porém, se algum dia, você já gostou de um homem, e até já teve algum prazer com ele, então, sua situação interior ainda não está tão definida assim; e, portanto, mereceria uma olhada verdadeira para o coração. Como você me acompanha aqui no site, já deve saber que minha questão é outra, visto que não fui chamado para fazer reversões sexuais impossíveis, e nem tampouco enganar as pessoas vendendo tal mentira e impossibilidade. No entanto, como meu interesse é em saúde humana e psicológica, sempre que ouço que alguém é gay, mas também gosta ou já gostou do oposto, então, minha consciência manda que tal pessoa busque mais fundo a verdade dentro de sua alma; e isso não por questões morais ou de danação eterna, mas sim em razão de que a vida abundante em Cristo só é possível quando a pessoa, em verdade, diante Dele, abraça quem ela própria é; deixando-se, daí para frente, conduzir pela Graça que põe tudo e todos em seus próprios lugares interiores. Mas quando as pulsões sexuais são da mesma natureza consistente a vida toda, não há dúvida que tal pessoa é quem sente ser; e nada há a fazer a esse respeito, a não ser abraçar a alma com respeito, dignidade, reverencia, e amor próprio; levando todo o ser à presença da Luz, para, então, aprender a crescer na paz. Nesse caso, para mim, mesmo reconhecendo que o padrão natural é que um homem e uma mulher se amem e vivam bem, também admito que quem é gay-gay não tem outra chance de pacificar o ser a não ser mediante a escolha simples e pura de não cair jamais na gandaia, e, ao invés disso, estabelecer uma relação única, limpa, estável e fiel. Nesse caso, faça o melhor de quem você é; e não tente falsificar seu ser, posto que a falsificação do ser é a própria morada do inferno. Quanto a ser gay e ser de Jesus, uma coisa nada tem a ver com a outra; e no dia da Luz, quando os segredos dos corações se abrirem, eu estarei lá, e verei o quão perversos os “irmãos” foram com quem não teve a ventura natural de nascer gostando do que todos nasceram para gostar, embora haja anomalias na constituição da alma de alguns. Não uso “anomalia” de modo pejorativo, mas apenas para caracterizar o ser que existe fora do padrão original de sexualidade. A Bíblia condena na Lei um homem deitar com outro homem, assim como condena deitar com a tia, a prima, a parenta chegada, o cachorro, a vaca, a cabritinha, etc... Bem como proíbe um monte de outras coisas, todas no mesmo contexto, variando apenas as “penas”, que poderiam ser de natureza apenas purificatória, passando pelo exílio, e podendo chagar ao apedrejamento. No Novo Testamento há algumas denuncias feitas aos efeminados e homossexuais, do mesmo modo que há contra os fofoqueiros, os facciosos, os inafetivos, os mentirosos, os feiticeiros, os falsos profetas, e os hipócritas. Ora, todas essas coisas, se absolutizadas como comportamentos e atitudes irredimíveis, colocam, virtualmente, todos sob condenação (até porque as listas são bem mais extensas, e vão de coisas comportamentais à realidades apenas interiores, como o espírito faccioso e inafetivo: “sem afeição natural pelos pais”, por exemplo). Portanto, duas coisas devem ser ditas: 1. Todos pecaram, e todos, igualmente, carecem da glória de Deus. E isto é absoluto. 2. As referencias que Paulo faz em Romanos 1 às praticas romanas, não podem e não devem ser aplicadas ao contexto do homossexual, mas apenas do homossexualismo, o qual, mais do que uma condição constitutiva (muitas vezes nem é), é uma escolha pela putaria, pela suruba, pela orgia, pelo bacanal (Baco), pela glutonoria, pelos swings, pela troca de casais, e por um estilo de existência no qual Sodoma e Gomorra haviam se tornado um “jardim da infância”. Acho uma perversidade fazer da analise “conjuntural” que Paulo fez de uma situação que se instalara como ideologia da perversão, e aplicarem isto a um indivíduo simples, que não deseja a corrupção, nem ama a promiscuidade, desejando apenas um lugar ao sol, para, com dignidade, viver sua vida modesta, podendo conhecer a afeição e o carinho, ainda que não da forma que a própria pessoa gostaria de ter o pode de experimentar, embora só o possua na direção do “igual”. Ora, tudo o que disse até aqui se baseia no espírito do Evangelho, posto que nunca vi Jesus tratar o tema-gay (se fosse fundamental Ele falaria, e não era por falta de gays em Seus dias que Ele não tocou no assunto), embora, pelo que vejo Nele, em Seu modo de ser, em Seu amor, em Sua capacidade de deixar a Lei de lado e olhar a Verdade no ser, e, sobretudo, considerando que Ele não esmaga a cana quebrada e nem apaga a torcida que fumega —, é que sei que posso defender na corte celestial o que aqui expus, sem medo e sem juízo. Sim, em Cristo, conhecendo-o como o conheço, não temo dizer o que digo. Quanto a “Igreja Gay”, sinceramente, acho uma furada. Até entendo que muitos gays genuinamente cristãos, tenham se rebelado contra a discriminação de suas presenças no lugar “evangelicamente santo”,e, pelo preconceito sofrido, acabaram por se reunir em grupo. Eu, todavia, creio que a Igreja tem que ser como uma Família cheia do Amor de Deus. Nesse caso, pessoalmente, levando em consideração que o Projeto do Principio (Gênesis) tem a ver com a união de macho e fêmea, homem e mulher, julgo que a liderança da comunidade deve manter tal referencia, embora, na igreja, deva haver lugar e espaço para todos, até porque não é papel da igreja se meter na vida de ninguém que não tenha pedido opinião, desejando apenas estar no lugar e ouvir a Palavra, como qualquer outro ser humano. A Igreja não é o Espírito Santo, não é o Pai, nem o Filho, e nem a representante do Juízo de Deus na Terra; sendo seu chamado apenas para ser a proclamadora da Boa Nova de que Deus já se reconciliou com o mundo, em Cristo. Se você morasse em Brasília em diria a você para freqüentar o Caminho, que não é lugar de ninguém para ser de todos, e onde apenas se prega a Palavra, e deixa-se o resto com o Espírito. No entanto, me diga onde você mora e terei prazer de indicar uma igreja-mãe, misericordiosa; e uma igreja-pai, protetora e responsável com os dramas de seus filhos. Quanto à sua família, não os reúna em grupo, mas antes, pegue de todos o mais esclarecido, sábio, misericordioso e manso, e conte o que lhe aconteceu no curso da vida. Depois sim, conte aos demais. Seja qual for o caminho de Deus para a sua vida, saiba: ele nunca acontecerá em nenhum chão que na seja verdade. Receba meu carinho e minha reverencia pela sua alma. Nele, em Quem todos são filhos quando o amam como Pai, Caio
Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
OK