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Cartas

SOU CASADO, MAS SOU VICIADO EM SEXO CASUAL

SOU CASADO, MAS SOU VICIADO EM SEXO CASUAL

-----Mensagem original----- De: SOU CASADO, MAS SOU VICIADO EM SEXO CASUAL Enviada em: quarta-feira, 2 de junho de 2004 04:16 Para: cafecomgraca@caiofabio.com Assunto: O QUE DEVO FAZER? Mensagem: Reverendo Caio Fábio, Estou a muito tempo querendo escrever, criando coragem, pois tenho medo de expor o que está escondido dentro de mim. Sou convertido a cerca de cinco anos, sou casado e tenho um filho. Quando ainda não era convertido exibia aos amigos troféus...mulheres belas...com as quais eu saía mesmo sendo casado. Eu tratava sexo como passatempo e motivo de idolatria. Hoje sofro demais, pois tento me libertar do desejo que parece me dominar, mas não consigo; e, assim, traio minha esposa com freqüência. Já chorei diversas vezes aos pés de Cristo pedindo perdão e misericórdia. Porém, passados alguns dias, faço tudo de novo. Quem olha de fora, vendo uma situação desta diz: "Este cara é safado e pilantra"; e eu não tiraria a razão de quem assim disser, pois também acho safadeza vendo isto nos outros. Reverendo, pareço estar possesso. Quando me vejo, estou com uma mulher na cama, e que não é minha esposa. Às vezes parece estar tudo bem, sigo orando, fervorosamente, na igreja; espiritualmente parece estar tudo bem, e eu em real comunhão... Mas de repente... BOOMM! Desabo!!!! Gostaria de seguir sem cair, mas parece impossível. Me sinto sujo e indigno. Já pedi para Deus me libertar disso desde meu encontro com Ele, mas parece que não adianta, parece uma doença que a cada dia se agrava... Tenho vergonha de Deus e de mim mesmo. Tenho pensamentos pesados sobre sexo, de todo tipo; prefiro não manifestá-los aqui; contudo são dos piores. Preciso de ajuda. O que faço? Já falei com um irmão da igreja que é a única pessoa que sabe. Não quero isso para mim. Amo minha esposa, e apesar também dos desejos escusos, sou homem, e meu sofrimento é gigante, e este gigante não sei como derrubar... O que devo fazer???? Que o Senhor te dê Graça e Paz!!! ____________________________________________________________ Resposta: Meu amado irmão: A Lei do Espírito e da Vida em Cristo nos libertou da Lei do pecado e da morte! O que vou lhe dizer a princípio poderá parecer estranho, mas confie que não sou louco, e muito menos um estimulador de pecados. Ao contrário, Deus sabe que meu desejo é ver você livre desse vício. Sexo é algo profundamente viciante quando é praticado de modo indiscriminado e compulsivo. Quando se torna um vício, talvez seja o mais poderoso de todos, visto que ele se aproveita de pulsões naturais, e as exacerba. Ou seja: a fábrica de refino dessa “cocaína” existe em nós, não fora de nós. Portanto, trata-se de um vício que encontra no próprio corpo o fornecedor da droga. Assim, o viciado em sexo é, ao mesmo tempo, o plantador da matéria prima, o refinador, o distribuidor, o traficante, e é também o próprio consumidor. A saúde humana, em geral, demanda sexo. Exceto quando a constituição do ser se orienta para outras formas relacionais—que não necessariamente são sexuais, mas que nem por isto deixam de carregar sexualidade—como, por exemplo, a vocação de um celibatário, em cuja vida não há sexo, mas há sexualidade expressa de outras formas. Ora, além de recomendar a leitura deste site, onde tais questões existem em abundancia, e também onde há inúmeras respostas, gostaria que você soubesse o seguinte: 1. O vício sexual se manifesta como impulso que faz a suspensão de todas as censuras na hora em que “o momento do desejo” se instala. Nesse “momento” a mente suspende todas as censuras; daí a reflexão sobre o ato ser sempre tardia. O que você tem que fazer é saber que você não será capaz de dizer “não”, uma vez que você tenha iniciado o processo. Por isto, a primeira coisa é NÃO andar no caminho onde tais facilidades se apresentam. Ora, você dirá: “Então tenho que sair do mundo?” É claro que não. Eu sei que até as nossas ruas são locais de inúmeras oportunidades. Todavia, você mesmo sabe onde essas coisas acontecem mais em relação a você. Identifique essas situações e evite-as. 2. Você está “possesso” sim, mas não de demônios externos à você, mas do próprio "diabo" de sua vontade fragmentada e dividida. "Diabo" é aquele que divide, que fragmenta. Entenda o que digo. Não falo de espíritos possuindo você, mas de você possuído pelo "espírito do vício", que não vem de fora, e não é um alienígena do mundo espiritual, mas sim um “espírito auto-fabricado” nos ambientes de sua alma. Ou seja: é você possesso de você mesmo, visto que é o pecado que habita você o que faz com que o mal que você não quer fazer, esse mesmo mal você execute. Mas é você! 3. Não ore sobre o tema. Orar sobre o assunto apenas aumenta o desejo, na medida em que a oração-temática “fixa o tema” como obsessão na mente da pessoa. Portanto, não ore todas as horas e nem todos os dias pedindo a Deus para livrar você disso. Apenas diga: “Senhor, tu o sabes!” E, uma vez feito isto, não se sinta na necessidade de “relembrar a Deus”, pois, em fazendo assim, você apenas introjeta cada vez mais profundamente o desejo como compulsão, via a mais profunda de todas as mídias de fixação interior, que é a oração. Assim, não repita o assunto em oração, como fazem os pagãos, que pensam que pelas suas muitas repetições serão ouvidos; mas creia que o Pai celeste sabe, e que Ele vai ajudar você. 4. O sexo que vicia não é aquele que acontece com a esposa ou com a pessoa que se ama, por mais aberta e lúdica que seja a relação, e por maior que seja amplidão que ela tenha como encontro sexual. Não! Ninguém fica viciado em sexo porque faz amor, todos os dias, com quem ama. Amor não vicia. Essas tais “fixações” acontecem sempre fora do casamento ou do amor. E por que? Ora, porque não é de fato o sexo que está em questão, mas “o vício da conquista e do poder”; ou seja: o “vício do troféu”, como você mesmo disse. Portanto, a questão não está na musculatura do pênis—que se acostumou ao exercício—, e nem no habito da pratica cotidiana do sexo, mas na compulsão da “conquista”, e no desejo de se mostrar capaz para si mesmo e para os outros. Prova disso é que você quer, provavelmente, apenas ter encontros casuais, e que nada significam para você, e nem tampouco lhe dão tanto prazer. 5. O vício sexual—não havendo nenhuma causa de excesso hormonal—é fruto, sobretudo, de muita Insegurança Psicológica que, em geral, acontece na adolescência e na primeira juventude; e que, pela pratica excessiva, vira um desejo compulsivo. Portanto, trata-se de uma questão de alma, e requer uma boa ajuda de natureza psico-terapêutica. Daí eu sugerir a você que procure um profissional aí onde você mora. Sei que você tem um amigo com quem você fala. Um amigo discreto sempre ajuda, mas você precisa de mais do que fraternidade. De fato você precisa de ajuda especializada. 6. Por último, seja ávido pela sua esposa. Eu sei que vício não tem nada a ver com amor, e nem sempre tem a ver com desejo. O desejo é apenas o álibi que nós arranjamos para nós mesmos. Todavia, agora, mais do que nunca, você terá que praticar aquele princípio do Gênesis, e que é focado na mulher em relação ao marido, quando se diz: “O teu desejo será para o teu marido”. Na mulher que ama o marido isto acontece de modo instintual. Daí a gente raramente ver uma mulher que de fato ame um homem, traindo-o sexualmente. O mesmo, todavia, não se pode dizer dos homens, visto que há muitos homens que apesar de amarem as suas esposas, são capazes de ter outras parceiras sexuais. Agora, meu amigo, você terá que olhar a vida com o olhar feminino, e terá que buscar esse “foco” na sua esposa. O seu desejo será para a sua esposa. Portanto, comece a buscá-la sexualmente com toda avidez e intensidade, e concentre nela aquilo que você hoje chama de desejo, e que não passa de uma antiga e insistente Insegurança. Sua mulher deve ser sua cura e sua melhor terapia. Conheço inúmeros homens que se viciaram em sexo assim como você. E o que habita a base do problema é INSEGURANÇA. Enquanto você achar que o problema é excesso de tesão, não haverá cura; visto que o tesão já trás consigo uma espécie de auto-justificação para o “momento”. No entanto, se você admitir que o problema é de Insegurança, então, não haverá mais o álibi do tesão; e em não havendo tal desculpa, a verdade se instala em nós como libertação. Também leia tudo o que você puder aqui no site sobre a Graça de Deus, e veja como somente quando nós descansamos em Deus—e não em nossa própria força—, é que o poder se aperfeiçoa na fraqueza. Assim, ao invés de pensar que é a sua força e justiça própria que lhe trarão a vitória, você verá que é a ENTREGA o que lhe fará receber o que você por si mesmo não conseguiria. E mais: você aprenderá que é somente quando a gente JÁ SE SABE PERDOADO em Cristo, é que a gente começa a ter a força para vencer. Ou seja: você não vencerá enquanto a culpa estiver latejando em sua alma. É apenas o poder do perdão que nos fortalece para não praticarmos aquilo que em nós se mostrar como compulsão. Assim, enquanto você se vir como um culpado, a culpa o fará fazer tudo o que você faz; afinal, a culpa também carrega sua boa dose de auto-justificação, e que no caso dela, diz para nós o seguinte: “Você não conseguirá ficar livre, por isso, é melhor não lutar”. Assim, a culpa se transforma no álibi dos vencidos, e que por causa dela se entregam a um poder “incontrolável”. Portanto, saiba: a gente só vence o poder da culpa quando, pela fé, a gente já assume o perdão; visto que é o perdão-graça a força que desmobiliza o poder compulsivo que a culpa faz deflagrar em nós. Quando Jesus quis perdoar a mulher adultera, primeiro Ele a declarou perdoada, depois é que disse: “Vai e não peques mais”. Assim, o “nem eu tampouco de condeno” é o que faz a gente poder andar na direção da libertação. Infelizmente, no meio cristão, essa verdade do Evangelho não foi entendida até hoje. Assim, a pessoa tem que primeiro não mais pecar para então ouvir o “Jesus da igreja” dizer: “Nem eu tampouco te condeno”. Ora, se assim fosse, de que me serviria Jesus? Você está perdoado. E estará sempre perdoado. E é somente assim que você encontrará a libertação que busca. Espero que tenha entendido. Estarei orando por você. Fique calmo e não se desespere, pois isto vai passar, e você ainda terá a alegria de não se ver como um escravo do sexo casual. Nele, que conhece a nossa alma e não nos despreza, Caio
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