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Cartas

SOU A MÃE DO GAROTO DA “PLANTINHA”...AGORA É MEU MARIDO...

SOU A MÃE DO GAROTO DA “PLANTINHA”...AGORA É MEU MARIDO...

-----Original Message----- From: SOU A MÃE DO GAROTO DA “PLANTINHA”...AGORA É MEU MARIDO... Sent: segunda-feira, 12 de janeiro de 2004 13:09 To: contato@caiofabio.com Subject: NÃO AGUENTEI TANTO DESRESPEITO... Querido Rev. Caio, Graça e paz! Sente que lá vem história!.... Para te lembrar quem sou eu ( sei que são muitas as cartas) te escrevi pedindo p/ que me ajudasse a convencer meu filho que tinha uma plantinha de maconha em casa, lembra-se?! pois é...para nossa alegria ele "cansou", e assim como a plantou um belo dia decidiu que deveria "acabar com a brincadeira" de cultivar polemicas e a destruiu.... aleluias!!!! menos um problema em minha vida!!! Mas há alguns dias senti vontade de te fazer mais um "desabafo" e receber também suas palavras de sabedoria e unção... Já havia lhe dito em outras ocasiões o quanto estava difícil meu relacionamento conjugal com meu marido, que há dez anos começou a beber e se transformou em outra pessoa (lembra-se?)...escrevi na mesma ocasião da "plantinha"...pois é...vou tentar resumir... Há uns seis meses, não satisfeito de todas as besteiras que dizia e fazia, começou a me tratar...ou melhor...a me chamar de "vagabunda", ... entre outras coisas do mesmo nível... Dizia que nossas filhas eram "piranhas" porque filha de piranha não pode ser outra coisa...etc. Sabe , Caio, não é fácil ficar ouvindo este tipo de coisa depois de trabalhar o dia todo e querer chegar em casa e ter um mínimo de paz!.... e isto fez com que eu tomasse uma decisão e atitude que já vinha adiando há anos... porque enquanto fui apenas desprezada e humilhada, suportava em nome "dos bons costumes", dos filhos, e até por pena dele mesmo; mas quando "a coisa" partiu para a falta de respeito...realmente não pude suportar!!! E com o apoio dos meus filhos (já que ele não quis sair de casa), aluguei um apartamento, e me mudei com meus filhos... Hoje está fazendo um mês que me mudei... Você sabe como me sinto, pois já sentiu esta dor!!! sinceramente eu não pensei que doesse tanto!!!!!as vezes tenho impressão que não vou agüentar!!!! mas por outro lado também não suportava mais fingir que estava casada... e manter um relacionamento que estava fazendo mal a mim e a meus filhos... Sei que tomei a decisão certa, mas apesar disso quando ele me liga chorando (como ontem a noite), dizendo que não suporta mais ficar olhando para as paredes da casa e se sentir tão só e abandonado, eu fico em "pânico", e aí penso... "será que tinha este direito"?! Mas eu acho que nem devo vê-lo neste momento, pois estou muito ferida ainda; e com esta ferida aberta se encontrá-lo...? acho que em vez de "sarar" pode dar uma "gangrena". Caio", querido, por tudo que já li no seu site a respeito "disso" acho que você vai concordar com minha atitude, mas assim mesmo gostaria muito que você me respondesse diretamente... Eu errei? será que tomei alguma atitude precipitada? e agora, será que ele vai dar a "volta por cima"? Sinceramente tenho mais medo por ele... pois sei que tem menos estrutura emocional e espiritual que eu...me ajude por favor!!! Tenho muita esperança de um dia poder sentar e conversar contigo, sem pressa com mais detalhes, mas enquanto isto não é possível, por favor, me ajude desta forma, que já me ajudou tantas vezes... mesmo sem você saber, através de suas mensagens, de seus livros e com esse carinho que você passa com sua sabedoria, que não tenho dúvidas vem do Trono da Graça. Espero que tenha conseguido fazê-lo entender esta "salada de palavras". Um grande abraço e beijos! Nele, que é e será para sempre autor e consumador de nossa fé. *************************************************** Resposta: Querida amiga: Graça e Paz sobre você e os seus! Infelizmente, muitas vezes, algumas pessoas têm que perder para aprender a valorizar o que possuem... Desrespeito, agressões físicas e verbais, e manipulação psicológica...são inaceitáveis. Nenhuma Lei, nem a conjugal, dá a ninguém o direito de tratar a outra pessoa assim, e nem cria a obrigação para que o agredido tenha que ficar sendo agredido... ”Deus vos tem chamado à paz”—disse Paulo. No meio cristão instalou-se a desumanidade que entende que dentro dos vínculos do casamento todos os abusos estão cobertos pela legitimidade da Lei Conjugal. Há papel. Há certidão. Há registro civil. Então, vale tudo... Também há quem pense que se o cara não adulterar, a mulher tem que agüentar tudo. O marido não adultera...mas espanca, agride, humilha, tortura, degrada a alma do outro...mas faz parte do “pacote”...é como entendem e ensinam. As compreensões sobre a conjugalidade parecem ser as mesmas das leis dos feitores numa senzala. A qual homem que apanhasse e fosse humilhado pela esposa, se diria: Agüente firme, meu amado. Espero no Senhor. Tenha paciência. Não a deixe. Se a deixar você irá entristecer a Deus? Homem nenhum toleraria tal comportamento. Minha questão é: por que as mulheres têm que agüentar tudo isso? Chegou a hora da consciência. Em Cristo não há homem e nem mulher. Todos são um. E estão todos sob a Lei da Graça, a qual nos diz: “...se ele (a) consente em viver contigo, não procures separação...mas se quiser apartar-se, que se aparte...Deus vos tem chamado à paz”. A questão é mais do que alguém querer ficar. Paulo diz que a questão é como é que tal pessoa quer ficar. Tem que ser na paz. Não sendo, mesmo que diga que deseja ficar, terá de ir; pois quem quer ficar trata bem, e demonstra isso com obras. Terá alguém direito de ficar se todos os dias expressa ódio e desrespeito pelo convívio? A questão é que mesmo as cartas de Paulo são lidas de modo legalista e anti-graça. Ele diz que a mulher seja submissa ao marido, e os cristão entendem isso como sendo uma lei de masmorra e escravidão, onde o “Feitor” ordena e a “escrava” obedece. A questão é que o “mandamento da submissão” é antecedido pela “lei da graça”; pois se diz: “Maridos, amai as vossas mulheres...como Cristo amou a igreja e si mesmo se entregou por ela...quem ama a sua esposa ama a si mesmo...a alimenta e dela cuida...e a apresenta a si mesmo...santa, imaculada e gloriosa...sem ruga e sem defeito...” Qualquer marido que assim trate a sua esposa, jamais terá que se preocupar com submissão. Qualquer mulher sadia deseja ardentemente encontrar tal homem para ser seu companheiro, e a ele se entregará em respeito, carinho, amor e devoção. Portanto, não são mandamentos que ali estão postos, mas qualidades de relacionamento...e tudo é provocado pelo amor do homem. Tudo foi invertido. Hoje são as mulheres que têm que ser as mantenedoras de seus casamentos... Os homens assistem, sempre grossos e indelicados, acomodados, barrigudos, mal-humorados, descontentes, chatos, encervejados, com hálito de mastodonte, e atitude de primata das cavernas...sim, assistem o esforço indômito das mulheres quanto a preservar o casamento. Na minha maneira de ver você fez a coisa certa até se for para voltar com ele. Deixe o homem sentir sua própria estupidez. Veja se o arrependimento dele é sincero, ou se ele está apenas com saudades dos “serviços” e das “comodidades”. Eu posso avaliar a sua dor. Toda separação é um inferno, e só se justifica para salvar a gente de um inferno maior...especialmente quando há filhos envolvidos. Muita gente sempre põe a culpa de qualquer coisa ruim que aconteça a filhos de casais divorciados, no próprio divorcio. Algumas vezes é assim...outras vezes já é também conseqüência de se ter demorado tanto a tomar a decisão...outras vezes não tem nada a ver com nada...os filhos estão aprontando por conta própria. Não é preciso que se tenha uma “justificativa” de disfunção familiar a fim de explicar comportamentos estranhos dos filhos. No entanto, há vezes sem conta em que se não fosse a coragem da separação, os filhos ficariam marcados de modo mais perverso, patológico, e adoecedor ainda... Portanto, fique firme...observe...veja se o arrependimento dele dá fruto digno de si mesmo. Se der, e você achar por bem voltar, faça isso. Mas deixe as condições de respeito e dignidade bem estabelecidas antes. Se não desejar voltar, é seu direito também. Não se obrigue a nenhuma das duas coisas. Todas as coisas lhe são lícitas. Veja o que lhe convém e o que lhe edifica...à você e aos seus filhos. Que Deus a abençoe muito, e lhe dê paz e sabedoria. Nele, em quem estamos casados com o Eterno Amor, Caio *************************************************** A PRIMEIRA CARTA SEGUE AGORA... -----Original Message----- From: Mãe Aflita Com a Maconha do Filho. Sent: quarta-feira, 20 de agosto de 2003 To: contato@caiofabio.com Subject: Meu filho tem uma plantinha de maconha! Mensagem: Querido Rev. Caio Fábio: Graça e Paz! Já lhe escrevi outras vezes, mas não custa mais uma vez registrar meu carinho e admiração por você. Também faço parte deste número infinito de fãs! Sinceramente já cheguei a achar que era sua fã nº 0000000001, mas depois que comecei a compartilhar deste site, não tenho a menor dúvida que sou "mais uma"...e isto é realmente maravilhoso! Estou ansiosa pela loja virtual. Tenho uma coleção de seus livros, e não vejo a hora de ler "Confissões Dois: a história continua..." É claro que você vai escrever, né?! E não vejo a hora de poder conhecer o "Café". Tenho planos de ir ao Rio em novembro. Caio "delirei" com a mensagem do taxista, é já passei por experiência semelhante; e fiquei impressionada como você descreveu exatamente o que sinto e penso em relação a "Igreja" e aos "crentes" nessas questões. É... realmente, "hoje", o motivo desta é um pedido de socorro. Por favor preciso de sua ajuda. É o seguinte: tenho três filhos. O mais novo é um menino de 18 anos. Graças a Deus temos um relacionamento muito franco, honesto e "aberto ". Eu sempre procurei compreendê-los e respeitá-los, para que a recíproca fosse igual...e tem dado certo. Principalmente porque ensinei-os "no caminho do Senhor”; foram consagrados ainda bebes (assim como eu), e sempre foram alunos da escola bíblica. Quero dizer... conhecem o caminho e sabem que o" temor do Senhor é o princípio da sabedoria". Acontece que meu filho conseguiu me tirar esta "segurança". Como diz minha filha mais velha, tudo por que ele é um adolescente "normal", com todos os "direitos e deveres". Tem três tatuagens,"piercing" na língua, na orelha, etc... Até então tudo isto não me incomodava, mas do que o suficiente; pois sei (espero) que seja uma fase; e certamente vai passar; e ele vai amadurecerá; e vai ver que tudo isto não passou de bobagens e perdas de tempo... O que ele gosta mesmo é de "contrariar". Como já disse, conversamos muito e sobre todos os assuntos; não existem tabus; nem assuntos proibidos entre nós; inclusive sobre uso de drogas; e ele me garante que está "fora"; e eu sei que se fosse usuário já, teríamos percebido, pois, não somos tão inocente assim... Acontece que o engraçadinho me apareceu há alguns dias com uma "mudinha" de maconha, num vasinho; inclusive a "maldita" cresce e fica bonitinha muito rápido. Já fiz de tudo para convencê-lo a destruir a plantinha; mas não consigo!!! Segundo ele, só está fazendo uma apologia contra a "repressão". Às vezes eu penso em enfrentá-lo e jogar fora; ou "obrigá-lo" a tal; mas como o negocio dele é realmente "contrariar", acho que uma atitude assim ia piorar. Por isso, estou pedindo sua ajuda, por favor como devo proceder? Confesso que estou me sentindo "perdida"; confio no seu bom senso e principalmente na sua unção de sabedoria. Beijos, carinhosa e sinceramente. Nele, em quem temos crido e a quem temos amado, **************************** Resposta: Minha querida amiga: Realmente não devo ter chegado ao seu e-mail anterior. Pode ser que esteja aqui, numa pilha virtual imensa. Obrigado pelo carinho e por toda força que você deu. Sobre sua cria amada, acho que você não tem que se impressionar. Você não falou no pai deles. Como ele é? Vocês vivem juntos? Como é a relação dele com o pai? Isso se houver uma relação, é claro. Tenho um filho de 22—o caçula—, que só não botou piercing nas regiões “inferiores da terra”; no resto, colocou em toda parte. No início, há uns sete anos, eu me chateei muito. Depois vi que era tudo o que ele queria: me chatear. Então, não toquei mais no assunto. Ele falava, eu dizia: Legal. Devagar ele foi tirando tudo. Depois ficou só com um brinquinho desses que até eu usaria: leve e charmoso. Hoje, nem o brinquinho tem mais... Tudo passa! Eles cansam! Nós cansamos, um dia... Lembra? Um dia você mesma cansou de muita coisa. Sobre a “planta” diga pra ele que ela é muito bonitinha, que você gostou dela, e que você mesma vai “regar”. Diga a ele que foi Deus quem fez todas as plantas—e que a planta é só uma planta—; e diga que você gostou muito da carinha dela! Isso vai “secando o protesto”. E é verdade: foi Deus quem fez; e a danadinha é bonitinha mesmo! Se ele está usando apenas maconha, agradeça a Deus. E não existe essa relação linear, evolutiva e incontrolável entre maconha e as demais drogas. É mentira. Quem começa com maconha e vai pro pó; se ficar no pó, é porque nunca gostou de maconha. Nesse caso, a maconha foi só um primeiro fruto do qual ele comeu, mas já estava de olho nas demais árvores do jardim. O problema horrível vem de cocaína pra lá. Essas drogas químicas são profundamente malignas. A maconha, obviamente, se ele não usou, ótimo; se usou, e deixar de usar, será para o bem dele. Se ele usa apenas maconha—e se já o faz a algum tempo—, e não partiu para outros alteradores de consciência; boa coisa é. Quem não partiu para a cocaína e C&a logo depois da maconha, provavelmente, não parta nunca mais. Graça a Deus! Mas nem fale no assunto com ele. Se o negócio dele é um protesto—e pelo visto bem caseiro; afinal, a plantinha está em casa!—, não deixe que ele a veja preocupada, aflita e perturbada. Pode ser a reação que ele almeja. Então, seque-a na fonte. Maconha pode fazer muito mal a um adolescente que passe a usá-la muito; tipo: mais de três baseados durante o dia. Isto porque em adultos formados, que a usam antes de dormir ou somente em casa e a noite, eu observo que é bem mais fraco e leve que tomar uma dose de uísque ou umas duas cervejas. Trata-se de um alterador de consciência que abre o apetite e que dá uma “onda” reflexiva, meditativa, e que não pode ser responsabilizada por violência. Sempre que eu ouço dizer que alguém que estava “maconhado” fez uma grande violência, eu não acredito. De fato, o cara deveria estar bêbado, cheirado ou sob o efeito de drogas químicas; dificilmente maconha. Estou defendo a maconha? Deus me livre! Estou apenas dimensionando-a, e pondo-a em seu próprio lugar; e mais: estou dizendo que se o “barato” dele for maconha; fique agradecida—você não tem idéia do que a cocaína, o esctasy, os ácidos, e um monte de outras porcarias podem fazer num garoto—e, nesse caso, em qualquer pessoa! Quanto ao mais, repressão gera mais rebeldia. Se você fizer isso, estará oferecendo “platéia”—que é o que ele quer. Como você já leu aqui neste site—e aconselho que você releia uma carta intitulada “Que negócio é esse de mal menor?”--muitas vezes a gente tem que fazer gestão de um mal menor. O nome disso é sabedoria! E veja que neste mundo caído, na maior parte das vezes, nossas decisões não são entre o bom e o ótimo, mas sim entre o ruim e o péssimo. Nesse caso, enquanto o bom não chega; segure as coisas no nível do ruim; e não deixe que as coisas caminhem para o nível do horrível. Faça isso com sabedoria e prudência. Daqui a um tempo, o bom virá; e terá menos dificuldade de se instalar como bem, caso o caminho esteja aberto. O que estou dizendo a você é o que digo aos meus amigos, e o que digo a qualquer um; digo isso até na televisão. Aliás, digo isto há pelo menos uns 25 anos. Não mudei. Portanto, é apenas uma opinião baseada em mim mesmo—desse negócio todo eu acho que sei um pouquinho—, e também falo fundado na observação de milhares de casos; tanto de usuários, quanto de pais de usuários; sem falar que já freqüentei algumas classes do N.A.—e aprendi muito lá! No mais, é nunca perder a calma, e nem entrar no “jogo”. Seu filho, ainda que inconscientemente, quer brincar. O uso de droga quase sempre revela uma certa imaturidade emocional e alguma necessidade de evasão do mundo real. O que pode estar por trás disso não pode ser reduzido a uma equações simples como a que expressei acima. Mas o melhor remédio é a paz que aplica a sabedoria sem neurose. E, lembre: sobretudo não se pode mostrar cara de desespero. O desespero apenas “fortalece” o comportamento rebelde. Além disso, se você entra no “jogo”, dá inicio ao processo psicológico de dependência e co-dependência. Portanto, muita paz nessa hora! Confie e viva como você tem vivido. Não seja platéia pro show dele. Seja apenas mãe; e exerça o seu papel sem desespero. Sei que logo tudo voltará ao normal. Quanto a você: confie! Nele, Caio
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