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REVERENDO, NÃO CONSIGO GOSTAR DE MULHER

REVERENDO, NÃO CONSIGO GOSTAR DE MULHER

-----Original Message----- From: REVERENDO, NÃO CONSIGO GOSTAR DE MULHER To: contato@caiofabio.com Subject: NÃO TENHO CONFIANÇA PARA ABRIR COM NINGUÉM Mensagem: Reverendo Caio Fábio, Para mim é um prazer escrever ao senhor, pois tenho visto que suas respostas tem sido baseadas na Palavra de Deus e ponderadas por bom senso e amor. Por isso, estou lhe escrevendo porque passo por um problema sério de identidade sexual. Eu não tenho mais práticas homossexuais há 7 meses. No entanto, tenho um problema sério de relacionamento com meus amigos, pois, muitas vezes, demonstro preferir ficar mais tempo perto de amigos do que perto de amigas. Na verdade, o que quero é ser amado, receber amor e carinho tanto dos amigos quanto de amigas; e amá-los também; porém, tenho sido incompreendido por eles neste aspecto, devido ao meu comportamento estranho: não sinto atração pelas mulheres da mesma forma que sinto por homens. Pelos homens é algo mais forte que sinto, mais intenso do que pelas mulheres. Não consigo me entender: parece que não consigo me apaixonar ou gostar das garotas, mas se um irmão for bonito (aos meus olhos), for simpático, e cheio da vida de Deus; me apaixono rápido, então, só quero ligar pra ele, passar o tempo todo com ele, etc. Reverendo, o que está acontecendo comigo? Por favor, peço a sua ajuda para que esclareça esta dúvida que está consumindo meus sentimentos e me impedindo de ser feliz em Deus. Uma pergunta a mais: concluindo sobre os textos que li a seu respeito, então, um pessoa que tenha praticado atos homossexuais durante a infância e adolescência, como foi o meu caso, nunca será livre de sua inclinação? ou seja, nunca se tornará um homem como todos os outros que nunca praticaram tais atos? PS: Não tenho coragem de falar isso pro meu líder, por isso, peço a sua ajuda. *************************************************** Resposta: MEU AMADO IRMÃO: Paz e Poder sobre sua alma! Vamos começar do final. Não! uma pessoa que foi abusada sexualmente na infância não se torna, necessariamente, um homossexual. Conheço muitos—alguns são meus amigos—que foram abusados ou usados sexualmente na infância, e cresceram sem essa inclinação. Aliás, esses casos de abuso na infância, quando se instalam como desejo homossexual, são os mais fáceis de serem revertidos. Na maioria das vezes o que existe é vício. E vícios são curáveis. O difícil mesmo é quando nunca houve abuso, mas sempre houve inclinação, desde a infância. Ouço pessoas que me dizem que só se lembram se de mesmas carregando essa “visão” diferente dos amigos e dos meninos—ou meninas, quando é o caso da mulher (apesar de que as mulheres são um pouco diferentes neste particular). Você iniciou dizendo que há 7 meses não pratica o homossexualismo como ato sexual. Significa dizer que você, de um modo ou de outro, com maior ou menor intensidade, já praticou,ou, mesmo que eventualmente, até 7 meses o fazia. Certo? A sua discrição de seu mundo afetivo expressa bem sua inclinação. Veja bem, na infância e até mesmo na adolescência os meninos desejam as meninas, mas são muito mais amigos dos homens. E podem amar ardentemente os amigos, sem que isto signifique nada. Eu, por exemplo, sou filho de uma geração na qual menino não era amigo de menina. Nem homem de mulher. Foi apenas depois de minha conversão que tive minhas primeiras amigas-somente-amigas. Antes, toda amiga era uma amizade-colorida, no mínimo. Creio que sua alma carrega essa tendência ao afeto masculino como substituição pelo afeto feminino. Conheço pastores, presbíteros e líderes que sofrem essa dor. E por que dor? Ora, é que eles sentem que há um exagero no sentimento deles pelos amigos. Já vi homens casados se amarem tão ardentemente que suas mulheres não suportaram, e os deixaram. A dimensão mais profunda da homossexualidade é essa na qual o sexo em si pode ser deixado de lado, mas a afetividade de amizade-namoro não. Eu acho que os evangélicos não entenderam até hoje o que significa ser um homossexual. Os estereótipos são muitos, e as pessoas ficam perdidas no mundo das imagens e aparências. Confundem os transexuais com homossexuais. Confundem as bichinhas loucas com homossexuais. Confundem os bi-sexuais com homossexuais. Confundem o homossexual com o praticante do homossexualismo. É claro que em cada um dos casos acima há um homossexual em questão. Mas nem todo homossexual fez, fará ou conseguiria fazer qualquer daquelas opções. Você se auto-designou de Gay, e eu entendo o que você quer dizer. Ou seja: você é um homem, solteiro, e que não se sente atraído por mulheres, mas por homens. Sendo que seu maior problema não é sexual, mas afetivo. Isto porque você não consegue gostar do amor de mulheres, mas somente do amor e do afeto de homens—com ou sem sexo. Muitas vezes, preferencialmente, sem sexo. Conheço uma quantidade enorme de pessoas, incluindo também pastores, presbíteros e líderes cristãos, que vivem a mesma situação. Conheço, inclusive, alguns que para esconder sua própria inclinação, acabaram se tornando pessoas persecutórias contra aqueles que são como eles são, e odeiam ser. Um dos homens mais nobres e belos como ser humano cristão que eu conheço é um gay sublimado desde sempre. Um dia ele me contou como teve que ficar cara a cara com aquele fato. Depois de tentar namorar e noivar algumas vezes, ele viu que aquilo não era para ele, que seria uma violência. Então, como não podia negar seu amor pelo reino e sua paixão pela Palavra, decidiu viver como um eunuco por amor ao reino de Deus. E já faz mais de sessenta anos que ele vive nessa condição de renuncia. Apenas não pratique a luta contra isso de modo neurótico. A primeira opção evangélica na tentativa de enfrentar a questão é neurótica, por isso eu não a recomendaria. Sabe qual é? Seria entrar numa batalha espiritual contra seus impulsos. Mas ao final você estaria doente, como doentes estão quase que a totalidade dos que optaram por essa via: o caminho do chicote e da auto-punição. Eu creio que tais impulsos são idênticos a qualquer outro impulso de natureza sexual. Com um agravante: como não é algo que marque o padrão de normalidade, isso cria no indivíduo algo de tarado, faz nascer compulsões, gera erupções mortais, mergulha o indivíduo na falência da vontade, e, muitas vezes, conduz certas pessoas à beira do suicídio. Há heterossexuais que também fizeram o mesmo movimento de renuncia que homossexuais já fizeram. A diferença é que no caso do gay ele se sente em pecado pelo simples fato de ser gay—mesmo que não faça nada com isso. Já o heterossexual não se sente culpado de sentir atração, ver beleza, e apreciar a companhia feminina. Eu creio que o caminho para a pacificação de um gay não é diferente do caminho para a pacificação de nenhum outro ser humano. O problema é que ninguém deixa ser. Todos querem ver um “bum” milagroso, que nem sempre acontece. O melhor caminho é crescer na Graça, andando sem neurose na presença de Deus, e sabendo que aquele que começou essa boa obra de amor e salvação em você, vai completá-la. E isto, meu amado, ainda pode implicar em muitas baixas, e sofrimentos, mas que jamais implique em abandono da caminhada, pois quem chamou você é fiel, mesmo quando você é infiel. Portanto, não O negue, e Ele nunca negará você. Até mesmo quando somos infiéis Ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo! Essa é uma questão difícil, mas foi feita maior do que é no meio cristão. Jesus disse: Há aqueles que nasceram eunucos. Há os que os homens fizeram eunucos. E há os que a si mesmos fizeram-se eunucos por causa do reino de Deus. Ele, porém, concluiu dizendo: Nem todos estão aptos para este entendimento... O eunuco é alguém que nasceu com a supressão de sua sexualidade...ou que foi objeto de tal supressão...ou ainda alguém que não desejando usar sua sexualidade como ato sexual, suprimiu-a por conta própria. Nem todos estão aptos para isto... O que observo é que as igrejas estão cheias de homossexuais...os seminários e os ministérios pastorais também. Este site não me deixa mentir...e os muitos que me escrevem—incluindo pastores e muitos maridos—sabem que falo a verdade. Este mundo é caído...e todos experimentamos as deformidades da Queda...de um modo ou de outro. O sexo virou o pior pecado na lista cristã religiosa, mas aos olhos de Deus a inveja, a cobiça, as inimizades, as porfias, as facções, etc...figuram na mesma lista de defeitos essenciais: obras da carne. Pecado é o que Deus imputa...e, de fato, só Ele sabe o que imputa e a quem imputa. Nem todos estão aptos para este conceito também...apesar do salmo 32 afirmar que feliz é o homem a quem Deus não imputa pecado, e apesar de seu aplicativo em Romanos 3 e 4, ainda assim os homens é que pensam que eles têm o poder de imputar pecado ao seu próximo. Uzá não pôde tocar na Arca, nem para ajudar...caiu duro de morto. Morreu de culpa e medo. Davi dançava diante dela...e também comeu do pão que não era pela lei permitido que se comesse...e nada lhe aconteceu. O que quero dizer com isto? Primeiro digo que Deus é o Deus de todos os indivíduos e não há ninguém na terra para cumprir o papel de vice-Deus. Também digo que na camuflagem evangélica só cresce mais doença como perversão. Como o tema é Tabu...então nem se fala nele e nem se o abre...pois quem o faz vira leproso...filho do inferno, etc... O que acontece então? Os piores homossexuais que conheço são crentes. São os mais promíscuos e os mais tarados...são os que mais praticam o sexo casual e descomprometido...dissolvendo cada vez mais suas almas e estragando de maneira horrível o seu ser...sua alma! Acabam se tornando capazes de votar numa “sessão” de “disciplina” pela condenação de um “colega de inclinação”—apenas porque o seu próprio caso ainda não ficou conhecido...ou jamais ficará; afinal, há muitos camaleões nas igrejas, tanto nos bancos, quanto também nos púlpitos! No curso dos anos já encontrei todos os tipos de homossexuais na igreja...inclusive psicólogos que são “rápidos no diagnóstico da doença”...até porque os iguais se identificam logo...mas que têm “casos” com alguns de seus próprios clientes... Alguns psicólogos e psicólogas cristãos fazem assim. E quem já fez assim, sabe que eu sei. As pessoas acabam me procurando e me contando. Algumas chegam querendo “processar” o profissional. Eu nunca deixo; afinal, não são casos de pedofilia. São dois adultos. E adultos que fizeram coisas desse tipo em secreto, devem resolver suas coisas em secreto. Mas não fora isto pelos menos uns três ou quatro já teriam sido vítimas de processos resultantes de clientes raivosos, e que não aceitaram quando o psicólogo ou psicóloga disseram que não queriam mais. Eu acho covardia proceder assim: seja usar o cliente fragilizado; seja processar o profissional apenas porque ele (a) desistiu. O que creio é que tudo o que se manifesta é luz—conforme disse Paulo. Eu gostaria que todos os homens gostassem de mulher e que todas as mulheres gostassem de homem, conforme a ordem da criação. Infelizmente, neste mundo de doenças, anomalias e desconstruções interiores, nem sempre é assim. O que eu faço então? Bem, nunca encontrei um único homossexual que goste de sê-lo apenas por ser. A maioria “assumiu”... mas gostaria de não ter tido que assumir... De fato, gostariam mesmo era de nem ter sentido “a coisa” nas entranhas da alma. O que faço? Ajudo as pessoas a se enxergarem em Cristo. Mostro que Romanos 7 cabe tanto em “Paulo” como também em “Paula”. A dor é a mesma. Só os que não se enxergam é que pensam que as condições são diferentes aos olhos de Deus. Os homens fazem distinção entre pecado e pecado. Para Deus...todos pecaram... O que faço, então? Ajudo o individuo a chegar a Romanos 8. A livrar-se da condenação. Sem justificação não há paz e sem paz não cura ou apaziguamento psicológico para ninguém. A culpa apenas aumenta o agravo e aprofunda a doença...e esta...não é uma condição apenas de homossexuais...mas também de qualquer outra condição humana. Eu não sou pecador porque peco, eu peco porque sou pecador! O que tenho visto é que quando as pessoas são tratadas assim, na maioria das vezes, com o passar do tempo...elas acabam se fazendo eunucos por amor ao reino de Deus. Mas como Jesus disse, nem todos estão aptos... E maioria não está apta nem para ouvir esta verdade, e eu não temo dizer o que digo, pois, seja Deus verdadeiro e eu mentiroso, mas a Palavra da verdade não pode ser falsificada por conveniências. E como não creio que a salvação seja uma aptidão humana...prego a Cruz e ajudo o individuo a caminhar...pois creio no Espírito Santo...e creio que todo aquele que ouviu a Voz do Chamado para crer...deve crescer e se entender com Aquele que o chamou. Cada um ande conforme foi chamado, mas se tiver uma chance de libertação, que a abrace, conforme sugeriu Paulo em I Coríntios 7. Aquilo que o homem semear, isto também ceifará. Portanto, quanto mais culpa, mais pendor para a carne e para a morte; e quanto mais fé e confiança na Graça de Deus, mais haverá pendor para a Vida. Eu não advogo a homossexualidade como padrão sexual para ninguém. Sei que é dolorido e sofrido carregar esse conflito. Eu nasci sabendo que era heterossexual. Isto tornou as coisas mais fáceis para mim? É claro que não! A busca da saúde sexual é algo complicado em qualquer dos pólos da inclinação humana. Mas quando vejo alguém vivendo em conflito em qualquer área, mas especialmente na área em que você diz ser a sua, o que sinto é compaixão...e não julgo a alma de ninguém...e nem me afasto de ninguém que seja “diferente”, desde que eu enxergue em sua “essência” a semelhança de Deus...e, certamente, verei que ele não é diferente de mim...nem para o bem e nem para o mal. Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo! Haverá um limite para essa compaixão? Creio que não. Há um limite para a ação ministerial de alguém que viva tal angustia na carne? Creio que sim! Eu, por exemplo, não ordenaria ao ministério pastoral um homossexual, tanto quanto Paulo diz para não fazer de um bígamo, um bispo. E por que? Ora, no mundo de Paulo a bigamia era normal...como o é muitos lugares e culturas. E como o Evangelho é para todos—e cada um venha conforme foi chamado—então que seja para todos mesmo. Todavia, Deus não criou Adão, Eva e Evita...e nem tampouco Adão e Adamor. Portanto, indicar Adão e Eva como referencia relativa de saúde humana é o modelo do princípio. Adão e Eva pecaram, mas continuam a constituir o modelo humano de intimidade e vinculação. No mais...deixo Adão e Adamor ouvirem, crescerem, conviverem e se sentirem amados. E sabe o quê? Ninguém piora quando é tratado assim! A verdade dá testemunho disto a meu favor. E, com certeza, ninguém vai querer que eu diga nomes. Jamais o faria...e os hipócritas sabem disso. Confiam na minha sinceridade no ouvir as confissões. Daí, com a maior cara de pau, eu ver toda hora muita gente não dizer ou escrever certas coisas olhando nos meus olhos, mas ouço as bombásticas declarações que fazem para os outros...com a cara mais pedrada. Esses sim, estão doentes e adoecendo a muitos. A Graça de Deus não gera libertinagem nunca. E se alguém não se ajudar e não for ajudado na Graça do Espírito do Evangelho de Cristo...não o será por mais ninguém e por nenhum outro poder da Terra. Mas nem tudo acontece no “tempo e nos prazos” da igreja. Tem-se que ter amor, paciência e graça para andar com os irmãos...nisto incluo a mim e você. Com todo carinho e com todo o amor da Cruz é que digo tudo o que digo. E que ninguém ponha em minha boca o que eu não disse. Quem o fizer...entenda-se com o Juiz de Vivos e de Mortos, que também é o Senhor de todos os viventes. Ora, dito isto, sugiro que você considere uma das duas opções que lhe dei no início. No entanto, quero deixar claro que se seu desejo supremo é o ministério da Palavra, sua opção é uma só: pacificar seu coração na Graça de Deus, assumir sua eunucocidade por amor ao reino, e se tornar irmão de todos os seres humanos, servindo-os com uma boa consciência diante de Deus. Assim como o bispo precisa ser marido de uma só mulher, assim também o crente de sentimento gay precisa ser servo de todos, e irmão de todos os irmãos, mas sem ter nenhum tipo de relação sexual com quem quer que seja. E por que? Porque na igreja Deus está também indicando o ideal referencial perdido na queda: um homem e uma mulher, e os dois formando uma só carne! Mas como este é um mundo caído, os dons da Graça não escolhem currículos a fim de se manifestar. Pois se assim fosse, por uma razão ou outra, ninguém poderia servir a Deus, pois, em nós mesmos, ninguém está apto. Dessa forma, sua renuncia será diferente da minha, mas todos nós temos nossas próprias renuncias a fazer. Conte comigo, e, pelo amor de Deus, não conte para ninguém, pois há mais carrascos que irmãos! Minha sugestão a você é a seguinte: 1. Procure uma terapeuta—cristão ou não, mas se for cristão, que seja muito calmo para ouvir sem julgar—e inicie um processo de auto-conhecimento, de analise. Encontrar o fio da meada na alma é parte da ajuda libertadora ou pacificadora. 2. Leia aqui no site, em Cartas, alguns longos textos meus sobre Homossexualidade. Já faz tempo que os escrevi. Então, escave em Cartas, pois devem estar lá no fundo do site. Leia todos, e medite neles. 3. Não force nada. Se você forçar sua amizade com as meninas, você será um chato. Se forçar com os meninos, poderá ser entendido como chato-apaixonado. Tudo tem ser normal, com pulsões calmas, e sem “forçação de barra.” 4. Me escreva outra vez contando sua história de abuso, sua idade, como foi o seu caminho, e como você deu essa parada nas praticas há 7 meses. Fale-me também de como você sente que é visto e percebido na família, na igreja, pelos amigos e no trabalho. Isto tudo é um processo. Portanto, não assuma nada contra você mesmo. A Graça de Deus é paciente e benigna. Deus quer chamar você à paz de coração. Por hoje é isto. Fico aguardando suas respostas. Receba todo o meu carinho! Nele, que é amigo de pecadores e de sujeitos que têm vergonha se si mesmos, Caio ************************************************** -----Original Message----- (SEGUNDA CARTA) Paz com Deus, Reverendo, gostei muito da sua resposta, no entanto, fiquei com algumas dúvidas. O senhor disse: "A dimensão mais profunda da homossexualidade é essa na qual o sexo em si pode ser deixado de lado, mas a afetividade de amizade-namoro, nem sempre". Isto quer dizer que eu estou vivendo uma profunda homossexualidade? Caso afirmativo, isto tem cura, pode se dizer assim; ou terei que conviver com isso a vida toda? Com o maior prazer, contar-lhe-ei a minha história: Eu nasci de um lar problemático, porque meu pai tinha 15 anos e minha mãe tinha 17. Fui muito mimado, o que estragou a minha personalidade, me deixando acuado, egoísta, achando que não precisava fazer nada, porque sempre tinha gente para fazer as coisas. Meu pai era muito autoritário, o que gerou um ódio por ele; pois ele não sabia conversar comigo; só brigava comigo, e não fazia tudo que eu queria. Além disso, tinha nojo dele por ser fazendeiro, mas não rico; o que me distanciou dele até a minha conversão. A minha mãe sempre me apoiava; tipo: eu me inspirava nela...por sua dedicação e amabilidade. Ela sabia das minhas "transas", mas meu pai não. Aos 7 anos, eu fui molestado sexualmente por um primo. Ele me pedia pra fazer sexo oral e anal com ele, sendo eu passivo somente. A partir daí, durante as férias, ele fazia isso comigo: dezembro, janeiro e julho eram meses terríveis pra mim. Muitas vezes eu fugia da minha cidade natal no interior e ia para a capital passar férias com meus parentes, mas não mantinha relações com ninguém lá. O tempo foi passando e fui me relacionando sexualmente com várias pessoas. Outro primo por parte de mãe, vizinho, amigos... Durante o ensino fundamental, meus colegas me achavam estranho, e desconfiavam que eu tinha inclinação por homens porque eu não "namorava" com as meninas e não jogava bola (como se isso fosse símbolo de masculinidade). Além disso, eu me masturbava muito e meus colegas sabiam disso, pois quando eles iam na minha casa, a gente se masturbava junto. Fui muito humilhado na infância por eles. Eles me chamavam de "CDF" por eu me destacar na sala de aula como um bom aluno; e as professoras me adulavam, mas nunca me chamavam de boiola, bicha. Às vezes, me chamavam de gayzinho, mas era normal, comprimento de "amigo". Apesar disso, eu tentava me relacionar com as meninas, mas era visto com um chato. Com os meninos também, mas eles não falavam nada, e alguns acabaram me aceitando, e me relacionava bem com eles. Fiz boas amizades com os meninos, mas muito raro com as meninas. Aos 14 anos, eu conheci o evangelho. Minha mãe foi a primeira a se converter, depois foi minha irmã, em seguida eu, e por último, meu pai. Mas as práticas sexuais continuavam; então foram rareando, mas uma vez ou outra acontecia. Eu buscava de todas as formas me libertar dessas práticas e desses sentimentos homossexuais, mas sem sucesso. Conversei com muita gente, com um pastor auxiliar da igreja, principalmente; mas nada. Fiz um ano de seminário teológico para esquecer isso, e partir pra obra de Deus; mas o desejo continuava. Um dia, a minha igreja entrou para a visão G-12. Fui no Encontro, em 2000, com 16 anos, e fiquei até 2002 sem ter qualquer contato sexual. Fui líder de célula, líder de discipulado, foi uma bênção! Eu pensavam que tinha sido completamente liberto, mas no início de 2002, tudo veio abaixo: tive relações sexuais com um discípulo, e aos poucos, fui perdendo tudo: primeiro a célula, depois o discipulado. Decepcionado com a igreja evangélica e sem saída pra nada—porque eu cria que com a visão celular tudo ia se acertar, mas não foi o que aconteceu—, mudei pra capital pra fazer faculdade de ciências sociais, buscando uma fuga: ou para pecar mais ou me converter de verdade. Durante um tempo eu decidi pecar de verdade: procurava pessoas na internet para transar, até que encontrei um cara e transamos: fui ativo desta vez... Então, eu fiz uma oração pra Deus assim: Senhor, dá um jeito na minha vida de uma vez ou eu vou me desviar de vez; não dá mais para ser crente assim. Ele me escutou, e eu conheci meu líder de células no ônibus da faculdade há sete meses. Já na célula, ele me recebeu com muito amor e carinho. Foi uma descarga de amor que eu nunca tinha sentido antes; eu começava a ver que eu era amado por Deus e por pessoas que Ele tinha colocado no meu caminho. Deus foi tratando do meu caráter passo-a-passo. Meu líder e eu conversávamos muito, muito mesmo. Isso foi curando minha auto-estima e meu relacionamento com as pessoas. Meu líder está namorando, fato que me ajudou a me relacionar com as mulheres, porque eu via nele e na namorada um relacionamento de Deus, e desejava ser assim também com minha futura esposa (sei que Deus tem um casamento maravilhoso pra mim). Contudo, acho que me relacionei tão profundamente com ele que meu coração tá confundindo as bolas, e meu líder tá se sentindo muito incomodado com o meu comportamento; e dou razão pra ele. Tô agindo muito estranho com ele, mas não consigo evitar: gosto de ficar perto dele, de ganhar abraços e beijos no rosto dele. Aliás, ele se comportava assim comigo: me abraçava e me beijava no rosto; mas hoje não, porque ele tem se sentido incomodado ou não sei a razão. É um sentimento muito forte; preciso de ajuda, tanto do Deus que se move em mim, quanto de aconselhamento...mas não sei a quem recorrer. Ajude-me, por favor, a entender o que se passa comigo, hoje, com 19 anos!!! Eu sei que sou uma pessoa carente, mas acho que estou procurando em indivíduos errados. Um beijo especial de amor *************************************************** Resposta: Meu filho querido: Paz e Descanso no amor de Deus! Você leu a carta anterior, e sobre ela manifestou a seguinte dúvida: O senhor disse: "A dimensão mais profunda da homossexualidade é essa na qual o sexo em si pode ser deixado de lado, mas a afetividade de amizade-namoro, nem sempre". Meu amado filho, o que mais gostaria de poder dizer agora, sinceramente, era que isto é uma fase e que é fácil lidar com isso se a pessoa tiver força de vontade, ou mesmo se tiver uma profunda experiência com Deus. Infelizmente é difícil, e não conheço formulas fáceis, e nem mesmo qualquer coisa que seja humanamente administrável, dando à pessoa a certeza de sucesso total quanto ao problema. Como tenho dito exaustivamente neste site, que Deus é Deus, e Ele faz o que quer, a quem quer, e visando um fim proveitoso. É o máximo que posso lhe dizer! O mais, é o de sempre. E dentre essas coisas que digo sempre, há algumas coisas que quero, neste momento, repetir: 1. Você tem uma inclinação homossexual. Pelo seu histórico eu diria que essa inclinação foi psicologicamente “criada”. Essa é uma boa chance, e a melhor. Afinal, se não tivesse havido os perfis familiares descritos por você—com as projeções que você fez acerca das figuras parentais—, e também não tivesse havido as “molestações” sexuais na infância, eu teria que dizer que a inclinação seria de natureza essencial. Mas já não posso. Ou seja: seu histórico explica, no mínimo, seu desejo homossexual. 2. O que as pessoas parecem não entender é que a “iniciação sexual” é muito importante. Quando um menino é iniciado com uma mulher—no meu caso com seis anos e a menina tinha treze anos—é fácil a gente dizer: ele é normal. O que nem sempre percebem é que ficaram marcas: a preocidade, a freqüência, o gosto pela sexualidade mais amadurecida, etc...Quando a iniciação se dá de modo “trocado”; ou seja: mediante o uso sexual que um menino mais velho faz do anus de um mais novo, já não se pode dizer que é “normal”. Todavia, tem-se que dizer é passa a ser “normal” que esse “iniciado” desenvolva uma inclinação especial por “aquele tipo de prática sexual”. 3. Os primeiros estímulos eróticos num corpo humano são importância quase essencial. Na maioria das vezes instala-se uma referencia primitiva de associação entre o sentir erótico e aquele tipo de prática. Quando é o caso de um cara que gostava de mulher até a meia-idade, e, um dia, testou o inverso e gostou—abandonando a heterossexualidade—, fazendo, daí em diante, uma opção homossexual, pode-se dizer que se está diante de uma caso de escolha hedônica; ou seja: uma escolha de prazer. Acontece toda hora. Mas não é o seu caso. Você poderia ter tido outra inclinação—quem sabe?—se não tivesse “marcado” sua sexualidade com a instalação de um sentir que foi provocado pela memória de atos que se repetiram longamente. 4. O que estou dizendo? Estou dizendo que, no mínimo, você se viciou em sentir prazer sexual desse modo, e que não é fácil reverter o quadro. E tudo o que aqui lhe digo, o faço como seu irmão em Cristo, e sem bola de cristal na mão: não sou secretário de Deus, mas apenas um homem que já assistiu muito de perto a dor humana, e que sabe um pouco o que diz. 5. Outra coisa que desejo lhe dizer é que um homem pode amar ardentemente a outro, sem que isto implique em homossexualismo. O que não pode é haver constrangimento. Ou seja: um homem tem que amar a outro homem como um homem ama a outro homem: como homem, e sem dependências, e nem disparos de coração. Portanto, o que parece estar acontecendo entre você e seu líder—digo: de você para ele—é algo que certamente não é sadio. Há excessos nesse “amor”. O texto de I Samuel 18 fala da possibilidade do amor genuíno entre sexos iguais. E fala acerca disso sem “constrangimento”. E por que? Ora, é que a Bíblia não é negativamente freudiana; a religião judaico-cristã, sim! “Freudianos” são os problemas acerca dos quais a Bíblia, muitas vezes, trata. Mas ela não coloca o amor como problema, mas como solução. O Amor, em sua forma sublime, não tem gênero; e é justamente por essa razão também que não tem no sexo um problema e nem uma questão. Essa é a razão do texto de Samuel ser tão liberto. Leia o texto de Samuel: Ora, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas ligou-se com a alma de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma. E desde aquele dia Saul o reteve, não lhe permitindo voltar para a casa de seu pai. Então Jônatas fez um pacto com Davi, porque o amava como à sua própria vida. E Jônatas se despojou da capa que vestia, e a deu a Davi, como também a sua armadura, e até mesmo a sua espada, o seu arco e o seu cinto. A palavra hebraica “ligou-se” corresponde a cicatrização de duas bandas de uma carne, que antes estavam rasgadas, mas que agora fizeram sua própria união pela “natureza”. De fato, a palavra original é “aglutinou-se”. Note, no entanto, que foi a alma de Jônatas que se ligou a de Davi. Davi o amou de modo “correspondente”, mas não se pode dizer que o que aconteceu a Davi foi exatamente a mesma coisa que aconteceu a Jônatas. Jônatas o amava como à sua própria alma—diz o texto. Ora, Jônatas via em Davi tudo o que ele, Jônatas, poderia esperar de bom num homem. Assim, Davi entra na alma de Jônatas como uma idealização dele, Jônatas, acerca da figura de um homem que, naquele caso, diferia da imagem que ele mesmo tinha do próprio pai, Saul. Davi e Jônatas tiveram um caso de amor. Mas não um caso de “homossexualismo”, como desejam alguns, violentando o texto bíblico. Foi um caso de amor. Amor entre dois machos. Entre dois homens. Ora, nesse sentido, eu tenho casos de amor com amigos que eu amo. E, muitos deles me amam como às suas próprias almas. Sou gay? Sinceramente nunca fui e nem tive o menor desejo de saber como é ser gay, nem nos meus dias de maior loucura e permissividade, na juventude. Ora, é justamente porque eu estou tão certo de quem sou e do que gosto e desejo, que posso amar e ser amado por outros homens sem susto e sem medo. O que rola é amor, é respeito, é afinidade, é dignidade, é confiança, é masculinidade elevada ao nível da alma e do espírito. Ora, quando você sabe quem você é, você não teme o outro. Não o teme como adversário, e muito menos como sedutor. Foi por esta razão que o texto diz: E Jônatas se despojou da capa que vestia, e a deu a Davi, como também a sua armadura, e até mesmo a sua espada, o seu arco e o seu cinto. Jonatas não desejava a Davi. Ele amava a Davi. E a prova disso é que ele se entrega como macho a outro macho. Toma de suas armas, vestimentas e proteções, e as dá a ele. Ele não se dá como homem a Davi. Ele dá aquilo que um homem usa contra outro homem àquele que ele sabe que jamais será uma ameaça a ele. Assim foi o caso de amor dele. Um amor entre homens, entre machos. E, justamente por isso, foi tão aberto e claro. Apenas mentes adoecidas pela neurose sexual é que vêem sexo naquele encontro. Eu só vejo alma, masculinidade, macheza, e coragem de ser—sem reservas e sem sombras! O amor de ambos sobreviveu a tudo. Distanciaram-se pelas circunstancias, mas nunca se separaram. Viveram vidas longe da vista um do outro, porém sob o olhar um do outro. Jônatas conseguiu amar a Davi sem trair o próprio pai, que o odiava. E tal foi sua sinceridade de amor para com Davi e de lealdade para com o pai, Saul, que viveu longe de seu amigo-amor, e morreu ao lado de seu pai-dissabor. Leia: Depois da morte de Saul, tendo Davi voltado da derrota dos amalequitas e estando há dois dias em Ziclague, ao terceiro dia veio um homem do arraial de Saul, com as vestes rasgadas e a cabeça coberta de terra; e, chegando ele a Davi, prostrou-se em terra e lhe fez reverência. Perguntou-lhe Davi: Donde vens? Ele lhe respondeu: Escapei do arraial de Israel. Davi ainda lhe indagou: Como foi lá isso? Dize-mo. Ao que ele lhe respondeu: O povo fugiu da batalha, e muitos do povo caíram, e morreram; também Saul e Jônatas, seu filho, foram mortos. Perguntou Davi ao jovem que lhe trazia as novas: Como sabes que Saul e Jônatas, seu filho, são mortos? Então disse o moço que lhe dava a notícia: Achava-me por acaso no monte Gilboa, e eis que Saul se encostava sobre a sua lança; os carros e os cavaleiros apertavam com ele. Nisso, olhando ele para trás, viu-me
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