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Cartas

RÉQUIEN PARA O “MOSQUITINHOR”--Carlos Fernandes

RÉQUIEN PARA O “MOSQUITINHOR”--Carlos Fernandes

-----Original Message----- From: Carlos Fernandes [mailto:carlosf@bompastor.com.br] Sent: segunda-feira, 29 de março de 2004 16:08 To: contato@caiofabio.com Subject: RÉQUIEN PARA O “MOSQUITINHOR” ____________________________________________________________ "Estou com quase 50 anos—hoje faço 49—e tenho as emoções cansadas e quebradas de um homem de 90. Estou cansado, Carlinhos. Muito mesmo." Reverendo Nenhum de nós jamais poderia vislumbrar o alcance destas palavras, ditas a mim pelo senhor poucos dias antes da trágica morte de Lukas Fernandes D'Araújo. Dor de pai que perde um filho é inimaginável para quem ainda não passou por tal tragédia pessoal. Certamente, suas "emoções cansadas e quebradas", citadas na mensagem acima, e seu cansaço, aumentaram muito neste fatídico 27 de março. Dos seus filhos, Lukas foi aquele com que tive menos contato. Ciro e Davi eram dirigentes da revista, em diferentes épocas, e estavam sempre conosco. A Juliana era muito pequena, ainda. Lukas, como era mais novinho dos três rapazes, aparecia menos que os outros dois. Às vezes, com uniforme do colégio. Certa vez, deu um tom meio esverdeado aos cabelos. Ficou esquisito. Ainda brincamos com ele: "Que alface é esta na sua cabeça, rapaz?" Ele sorriu um sorriso meio acanhado, depois apareceu o Davi e ficou zoando o irmão, também. Como é bom ter 15 anos e permitir-se certas "experimentações", não é mesmo? Ele ficava lá, andando pelas dependências da Vinde, falando e brincando com todo mundo. Lembro que Renata Éboli, Edvaldo Grado, Jerry e Danielle Franco - companheiros da produção - tinham muito carinho por ele. Era uma espécie de "mascotinho" do pessoal do Pare&Pense/Vinde TV. É patético saber que uma pessoa que estava ali, esbanjando vida, saúde e perspectivas, pode estar morta, agora. O sol, diz a Bíblia, nasce sobre justos e injustos. E também os acidentes acontecem com justos e injustos. Esta é a ordem da vida, prescrita pelo próprio Criador. Portanto, irrevogável, ainda que desejássemos o contrário. Mas a mesma Bíblia enfatiza que, se é inevitável atravessar o vale da sombra da morte, podemos atravessá-lo segurando na mão de Deus. Nós, da revista Eclésia/Grupo Bompastor, desejamos que a travessia deste vale seja a mais breve possível. E que, chegando do outro lado, o senhor, d.Alda, Ciro, Davi, Juliana, o rev. Caio "pai" e D. Lacy, a Ana, a Suely, e a pequena Hellena possam olhar para trás um pouco menos abatidos, mas sim lembrando da alegria que a presença do filho, irmão, neto, sobrinho e tio lhes proporcionou nestes curtos 22 anos. Então, certamente darão graças aos céus por tê-lo tido entre vocês. Então, restará a saudade, que certamente durará até aquele dia em que Ele, o Senhor, lhes enxugará dos olhos toda lágrima. E a vida recomeçará noutra etapa, eterna. Em Cristo, cuja graça nos segura em todas as barras da vida Carlos Fernandes & equipe revista Eclésia ____________________________________________________________ Resposta: Carlinhos querido: Você teria ficado muito feliz de ver o que Deus fez no sepultamento do corpo do Kinhas. Você teria reencontrado a Vinde quase toda lá. Mas mesmo os que não estavam—até por hoje morarem em outros estados—, se fizeram representar. Foi um dia de Graça e Glória! Nunca assisti maior obra de Graça e Amor de Deus em toda a minha vida como a percebi naquele dia. Nossos corações—digo, de todos nós mesmos—estão consolados na Graça. Quando tive que dar a notícia a meus pais, fiquei muito apreensivo; afinal, eles são apaixonados pelos netos. Liguei pra papai e disse: “Tenho uma notícia a lhe dar, mas só a darei se você me prometer uma coisa.” Ele perguntou o que seria. Eu disse que precisava que ele tivesse toda paz. Pois somente tendo paz ele poderia me ajudar... A resposta dele: “Meu filho, paz é só o que tenho. Ela vem do Senhor. Pode me contar, seja o que for; eu estarei pacificado. Nosso Deus é bom, meu filho.” Então eu disse que naquele dia eu estava conhecendo a mesma dor que ele conhecera no dia 2 de novembro de 1975. Foi o dia da morte de meu mano, Luiz Fábio; então com 19 anos, envolvido na igreja, organista, e um apaixonado por carros e mecânica. Ele morreu num acidente de carro. “Qual deles, meu filho?”—ele perguntou em paz. “O Luk, paizinho”—e contei a história toda. Então ele me disse: “Você saiba que terá toda a consolação do Espírito, e todas as saudades que um pai como você não consegue não experimentar. Experimente toda a sua saudade. Pois, meu filho, é estranho. Quanto mais consolação, mais suaves e profundas saudades; e quanto mais saudades assim, mais profundas e serenas são as consolações. No fim, meu filho, fica uma doce dor...e que faz rica a alma”. É assim que estamos. Todos nós. E nossa família nunca foi tão unida como agora. Estamos todos juntos. E todos os que o amavam estão juntos. A partida dele apressou muitos reencontros. Diga ao Elias e a todo o pessoal da Revista Eclésia que fiquei muito acalentado pelo carinho de vocês; e, o seu, querido Carlinhos, nem se fala! Um beijo, Caio
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