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Cartas

QUE CAFÉ E QUE GRAÇA!

QUE CAFÉ E QUE GRAÇA!

Como vai Pr. Caio Fábio? Sou Wallace, aquele que queria participar de suas conversas com Abelardo. Agora já estou de volta em Manaus, onde atualmente moro e trabalho. E com o coração mais tranqüilo. Escrevo-lhe para agradecer, e muito, pela oportunidade de conhecê-lo, e ser conhecido, pessoalmente. E para falar sobre o Café com Graça. O pouco tempo que tive de férias em minha terra natal serviu para rever minha família, conversar com muitas pessoas, e estar no Café. Na primeira vez que fui o senhor não estava. Mas já me senti em casa. Um lugar aconchegante. Retornei na quarta, dia 11, para receber um pouco de Palavra. Estava precisando. É difícil às vezes ouvir uma mensagem na qual não se prevê o que será dito e na qual se prenda a atenção por atingir coração e mente juntos. Terminado o meu seminário, e vindo de uma seqüência de pregações, precisava ouvir (não falar) de algo diferente. E precisava de algumas respostas. O senhor chegou. Bom vê-lo. Diferente do que conhecia (cabelos, barba), mas inconfundível. O louvor já havia inundado meu coração com músicas conhecidas, não apelativas nem repetitivas. E aquele ambiente de “escuridade” me fez bem. Afinal, não conhecia ninguém. Somente o senhor, de longe. Na oração, o salmo 139. Com sentimento e verdade. Mesmo na dificuldade de sentir palavras duras como os versículos 19 a 22. Verdades de um tempo real no coração de Davi. Mas remoldadas no amor de Jesus. A mensagem, salmos 14 e 15. Salmos de perdição. Só Jesus justifica. O que eu precisava ouvir. Sobre a graça. Graça de saber que não preciso me preocupar em ser, pois já sou em Jesus. Graça de viver com meus defeitos e dúvidas, lutando em melhorar, mas sem precisar viver uma neurose de perfeição. Sem precisar manter aparências, fingir santidade excessiva. Mostrar ser tão humano quanto qualquer um sem precisar preocupar-se com os outros, mas com o que Jesus faz em mim. Deixar de querer ser e buscar viver, e viver em Cristo. E tudo foi se completando ao ler Enigma da Graça, que comprei neste mesmo dia. E entendendo a Teologia Moral de Causa e Efeito, percebi o que muitos cristãos e muitas igrejas vivem hoje. E o que é estipulado a um líder, missionário, pastor como padrão de serviço no Reino. Estamos nos tornando medievais. Só faltam os açoites às escondidas. Quando perguntei sobre a teologia ao senhor, tive confirmações do que já estava pensando. Não desvalorizo a teologia como ciência, como aprofundamento, conhecimento, ferramentas. Mas já tinha percebido que não é uma escola de confirmação de nossas vocações. E muito menos define grau de comunhão com Deus. Não me arrependo de haver feito. Deus usará de muitas formas. Mas hoje é melhor servir, como o senhor disse, “apenas sirva a Deus”. A vocação está a cargo dEle, e a comunhão em minha busca. Graça é viver em Cristo sem preocupações que cabem a Deus. Cantamos naquele dia “É meu somente meu todo trabalho, e o seu trabalho é descansar em mim”. No dia 14 voltei, como pediu. Tinha que aproveitar a oportunidade, pois estaria viajando no dia seguinte para Manaus. E a mensagem foi mais impactante ainda. Algumas coisas que gostaria de conversar com o senhor eu ouvi nela. Principalmente sobre o script. Colocaram em mim o script de bom moço. Melhor exemplo, aluno brilhante, justo, honesto, promissor. E foi o que busquei ser, mas em muitos momentos em me sentia como se estivesse vivendo uma vida que não era minha. O conflito entre o que devo ser e o que quero ser. Caminhei por muitas faculdades, Engenharia, Física, Teologia, Filosofia, Direito, Computação... Uma dúvida obstinada por saber o que Deus queria, por descobrir uma vocação, por ouvir de Deus uma resposta. Em tudo eu caminhava bem. O tempo foi passando, a resposta não veio, ou não ouvi, e a pressão foi aumentando. O peso cresceu quando vim para Manaus, quando me casei,... Até ouvir que não preciso seguir nenhum script. Incrível como algo simples de entender, fácil de enxergar, palavras que eu talvez diria, com outras palavras, ao aconselhar alguém com tais dúvidas, tocam tão profundamente. Mas eu precisava ouvir e tirar essa responsabilidade dos ombros. Deus efetua o querer e o realizar. Não eu. O Senhor e o senhor me disse isso. Hoje, ainda tenho dúvidas. Ainda busco servir no que Deus quer. Ainda quero decidir um caminho. Mas não preciso “ser” mais do que viver. E o script, Deus vai montando conforme eu vou vivendo Nele. Uma preocupação ainda resta. E uma dúvida. Fazer o que gosto pode não sustentar minha família(pai e mãe) que no futuro precisará e muito? Por isso o futuro é incerto. E agora? Mas fé não é a certeza do que se espera? Convicção do que não se vê? Perdoe-me se falo como quem o conhece dia a dia. Mas faz tempo que percebi que eu também precisava ser pastoreado, mesmo estando a pastorear. E deus sempre o coloca na minha história, em momentos cruciais. Seja com livros, mensagens, acontecimentos,...E agora deu-me a graça de ser pessoalmente. Faz anos que o senhor me acompanha, sem saber. É graça de Deus, de um ser humano para outro ser humano. E Deus abençoe a nossa humanidade, em Cristo. Obrigado por tudo. Talvez no ano que vem eu seja transferido para o Rio, e se estiver no Café, estarei sempre lá. Se tiver outra oportunidade de ir ao Rio este ano, passo lá. Se vier a Manaus e puder conversar, estarei aqui. Permita-me escrever-lhe de vez em quando. E pode esclarecer quando eu estiver sendo inoportuno. Afinal o senhor nem me conhece. Mas como dito em “o Pequeno Príncipe”, cada um é responsável por aquilo que cativa (brincadeira). Um forte abraço, Wallace.
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