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Cartas

NÃO CONSIGO GOSTAR DE IGREJA

NÃO CONSIGO GOSTAR DE IGREJA

-----Original Message----- From: NÃO CONSIGO GOSTAR DE IGREJA Sent: quarta-feira, 5 de novembro de 2003 14:08 To: contato@caiofabio.com Subject: ENTENDA, TÁ NA HORA DA FESTA... Mensagem: Caio Fábio, tenho acompanhado o que diz este site e isso tem ido de encontro ao que eu penso hoje. Na verdade não penso que Deus, em sua Grandeza e Sabedoria possa realmente se ocupar com questões tão pequenas. Estou afastada da igreja, não sou como eu era antes; e muitas vezes chorei me sentindo culpada, me sentindo mal por estar fora e não querer voltar. Não sei se o senhor me entende, não sinto falta da igreja, sinto falta de Jesus; de estar com Jesus na sua presença. Neste ínterim fiz muitas "coisas erradas"; na verdade experimentei muitas coisas que outrora não sabia o que eram. Aliás eu aprendi muitas coisas, eu amadureci em muitas coisas... Já perguntei para Deus se isso é parte do Plano Dele para minha vida. Encontrei um amigo e ele disse que a minha chance pode acabar; que se eu não voltar logo pra igreja, mesmo em vida eu não poderei mais ser salva, e irei para o inferno. Pastor, eu sou uma jovem de 20 anos, e permaneci na igreja dos 13 aos 18. Pense: foi minha adolescência inteira! Chegou um momento que eu me senti mal, oprimida e etc...larguei o cargo que tinha e joguei tudo para o alto. Caio, é verdade que Deus vai chegar um ponto que Deus não vai mais querer me salvar? Às vezes tenho medo dos castigos, punições. Não me arrependo do que fiz, mas quero ter Jesus na minha vida. *************************************************** Resposta: Minha querida amiguinha: Graça e Paz sobre você! O grande problema da religião é este: Deus só é Deus dentro de suas estreitas paredes! Desse modo, quem foi “viciado” pela religião, e um dia creu que as visitas a um determinado lugar ou endereço equivaliam a usufruir a “presença de Jesus”, quando se afasta daquela “congregação”, sempre se sente desviado de Deus. Que horror! Trata-se de um poder tão grande—esse da religião!—que muita gente de fato deixa de orar, de ler a Palavra, de testemunhar a fé, de dizer o que pensa e crê, de ser sal da terra e luz do mundo, de enfrentar o mal, de repreender o diabo, de celebrar o amor de Deus, etc...apenas porque não gosta de um lugar e decidiu que ali não dá. Assim nascem os “desviados”. Algumas vezes a pessoa deixa o Caminho mesmo. Perde a exultação na esperança e não crê na Graça de Deus. Ora, quando isto acontece é apenas porque tal pessoa JAMAIS experimentou o amor de Cristo. Quem conheceu a Graça de Deus em Cristo se torna indesviável. Pode até não gostar da “cultura de igreja”. Pode até, circunstancialmente, não desejar nenhum envolvimento. Pode até estar vivendo uma estação de desapontamento e falta de alegria no convívio cristão—razões jamais faltarão! Outro problema é que a religião—a “igreja”—não só se auto-estabelece como “sede” de Deus na terra—é a dona da marca e da franquia—, mas também determina que a ausência de seus cultos e a transgressão aos seus códigos de conduta colocam o indivíduo, automaticamente, ir-reconciliado com Deus. Assim, a “mediadora” entre Cristo e os homens é a “igreja”! E ainda há evangélico que reclama da igreja Católica! Lá, a “Igreja” é a mãe de todos os homens. E Maria é a Mãe da Igreja, no mínimo—afinal, reza-se: Santa Maria, mãe de Deus... No meio evangélico Maria é detratada, mas a “igreja” cumpre o papel medianeiro entre Cristo e os homens, conforme a igreja Católica. Ou seja: é tudo igual. Com uma diferença: na igreja Católica a cobrança é muito menor; e, na pratica, o papel medianeiro da “igreja” é menos importante que no meio evangélico, visto que, na igreja Católica, a “igreja” administra os sacramentos, mas não cobra mais um pedágio muito alto nem em dinheiro e nem em freqüência. Então você pergunta: Para o que serve a igreja como ajuntamento humano? Bem, para mim ela é Fundamental, embora não seja Essencial. Cristo é Essencial. Sem Ele não há salvação! A Igreja é Fundamental. Sem ela não se cresce em maturidade e comunhão! Sem Jesus não há nada. Sem a Igreja não há muitas coisas boas. Mas quando falo de Igreja, entenda, não falo de “igreja”. Esta, com aspas, muitas vezes faz mal. E deve ser total a liberdade de todo ser humano poder dizer se aquilo ali é Igreja ou é apenas “igreja”. A Carta aos Hebreus diz que não devemos deixar de nos congregar com os irmãos. A saúde humana demanda convívio. Eu, pessoalmente, não sinto falta de reuniões apenas pelas reuniões. Eu gosto mesmo é de cultuar a Deus sozinho, em minha alma, enquanto ando, deito, durmo, acordo, viro, mexo, clamo, peço, agradeço, intercedo, penso, leio, e tudo o mais... Cultos coletivos—honestamente—se eu não estiver pregando, na maioria das vezes, me irritam por várias razões: 1. Falta de objetividade e naturalidade no cultuar. 2. Falta de racionalidade e bom senso. 3. Falta de conteúdo e coerência no que é dito. 4. Excesso de avisos. 5. Muita impostação de voz. 6. Pouca alegria natural. 7. Falta de intrepidez, paixão e sinceridade nas falas e nas atenções. 8. Pregações mais que rasas; quase secas; por vezes completamente vazias. 9. Muita observação e invasão de privacidade. 10. Fofocas piedosas e observação julgadora de quem foi, não foi, com quem foi; se deu, se não deu; e de como estava na hora do culto... Gosto de um culto coletivo onde haja as coisas que eu disse que na maioria das vezes não encontro. Mas ainda é possível encontrá-las em alguns lugares. E todo pastor ou dirigente de culto sábio deveria prestar atenção nessas coisas. Ora, aqui não estou falando das “igrejas-mercado”. Essas são inomináveis. Bem, dizendo isto não estou desencorajando você a deixar de ir a uma igreja. Ao contrário: penso que você precisa muito se congregar. O que estou dizendo é que é um direito seu achar o feio, feio; o chato, chato; o obsoleto, obsoleto; o dispensável; dispensável, etc... A “igreja” acha que se puser medo nas pessoas e se estabelecer a freqüência ao culto como “cartão de ponto” na presença de Deus, ela prenderá as pessoas para sempre. Ou seja: ela pensa que se transformar a freqüência ao seu endereço numa questão de fidelidade para com Deus ela estará segura e firme. Ora, pra muita gente é assim que funciona. Mas quando se trata de alguém que tem liberdade para dizer a si mesmo se concorda ou não com o que acontece—especialmente se o que acontece não acrescenta—, então, na maioria das vezes, a “igreja” recorre à designação de “desviado” para definir o desistente da “programação”; ao invés de se auto-definir como “desinteressante” ou “inadequada”. Com tudo o que estou dizendo a você não estou dando nenhum pouquinho de força para você ficar onde está—ou seja: lugar nenhum—, e tampouco dando força para o jeito como você está como pessoa. Vejo em você a imaturidade de uma garota que confundiu Deus com “igreja”, e como quer viver a juventude de modo diferente daquele apregoado pela “igreja”—não para ser praticado, mas apenas confessado como tal; afinal, todos sabemos que os moços da “igreja”, em geral, não são diferentes de nenhum outro moço da terra—e assumiu que está também desviada de Deus. O pior é que quanto mais esse pensamento se instala, mais a pessoa se “sente” longe de Deus mesmo. Trata-se, portanto, de um afastamento psicológico de Deus, e baseado na culpa de não gostar da representante de Deus na terra: a “igreja”. Assim, quanto MENOS o cara gosta da “igreja”, MAIS ele julga que está longe de Deus. Ora, o caminho é justamente o inverso: eu tenho que ter uma relação muito forte e firme na Graça de Deus—com Deus—, a fim de suportar a “igreja”. Ou seja: eu tenho que ser Igreja a fim de poder conviver com a “igreja”. Do contrário, aconteceria comigo o que acontece com milhares: quando não agüentam mais a “igreja”, deixam a fé; e assumem seu desvio de Deus, indo de mal a pior. Portanto, minha amiguinha, pegue sua Bíblia e vá lê-la. Reinicie sua vidinha oração. Saiba que Deus é seu Pai. Creia em Jesus e saiba que se você é Dele ninguém e nem nada a tirarão de Suas mãos. E, por último, procure um lugar leve, maneiro, legal de estar—e freqüente sem neurose. A Palavra faz o resto do trabalho. Mas não chegue em nenhum lugar numa de “aqui é meu lugar para sempre”. A gente nunca sabe. Mas apenas diga: “esse é meu lugar hoje”. No mais você é livre para ficar onde for bom. E quanto a sua juventude, tenho apenas a dizer que você não precisa ficar longe de Deus para ser normal. Simplesmente acabe com essas desculpinhas e abrace o seu chamado em Cristo. Deus não está impedindo você de ser jovem e sadio. Mas de fato Ele não é seu sócio em nenhuma satanagem. E olhe: satanagem é sempre satanagem. E acontece em qualquer idade. Portanto, busque normalidade e equilíbrio. Deus gosta do que é bom e faz bem. Seu problema é falta de equilíbrio. Se você se equilibrar verá como os mandamentos de Deus não são penosos, e como também não arrancam pedaços de ninguém. Ao contrário, eles fazem a pessoa ficar maior e mais plena. E Seu mandamento é este: que nos amemos uns aos outros! Receba meu abração. Nele, Caio
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