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Cartas

MINHA MULHER É UMA BUDISTA MARAVILHOSA

MINHA MULHER É UMA BUDISTA MARAVILHOSA



Caro Caio, Acompanho sua trajetória (ainda que superficialmente) há algum tempo, e gostaria de lhe expressar meu apreço e respeito por sua pessoa. Moro em Brasília e espero ter a oportunidade de conhece-lo pessoalmente. Tenho um conhecimento limitado do evangelho, e, por isso, gostaria de pedir seu entendimento sobre o budismo à luz do evangelho. Minha esposa é budista (realmente praticante) e na minha opinião essa prática realmente vem tendo efeitos que considero muito benéficos tanto na vida dela, quanto no nosso casamento. Compreensão, perseverança, vontade de ajudar o próximo, calma, sensibilidade, são todas qualidades que vejo em minha esposa e acredito que o budismo as tem aumentado. Não tenho a menor intenção de me converter ao budismo, meu coração pertence a Cristo (apesar de não freqüentar formalmente igreja ou ser batizado), e acho que falta ao budismo a revelação do amor de Deus para com todas as pessoas. Mas de qualquer forma, gostaria de saber sua opinião. Obrigado e um abraço, Ricardo. _____________________________________________________________________________________ Resposta: Querido amigo: Graça e Paz! Sidarta, o primeiro Buda, foi um ser humano extraordinário. O que ele criou, de fato, não foi uma “religião”, mas uma psicologia do profundo, uma espécie de filosofia do ser. Na realidade Sidarta experimentou os pólos extremos da existência—riqueza, como príncipe; e pobreza extrema, mendicância, fome, e jejuns excruciantes, como religioso—; até que concluiu que o “desejo” é aquilo que gere sofrimento, pois, é dele que vêm todas as “frustrações e dores”. No entanto, após ter feito a viagem do “desejo”—como homem nascido num palácio e em meio à riqueza—, e também após ter tido as mais fortes experiências de mortificação pelo jejum e pela entrega a toda sorte de abstinência e privações—como andarilho e religioso—, ele entendeu que o caminho da paz não era nem o do desejo satisfeito e nem o do não-desejo radical, mas sim a via do meio, o caminho do equilíbrio e do desapego. Todavia, esse desapego, ele percebeu, não era indiferença e ausência de amor na vida, mas a liberdade de olhar a vida pelo amor e pela bondade, que é o que criaria a paz interior para amar sem possuir. Ora, o amor que ama sem possuir “tudo sofre” porque não sofre “tudo” o que as pessoas sofrem quando dizem amar. Esse amor que ama sem possuir é aquele descrito por Paulo em I Co 13. O mais... as questões de exercícios, disciplinas devocionais, psicológicas, etc... seriam apenas os instrumentos que serviriam ao propósito de ajudar o indivíduo a ir entrando nesse estado de leveza bondosa e harmoniosa. Ora, este é um resumo do ensino original de Sidarta. De lá para cá, todavia, muita coisa mudou. À semelhança do que acontece com todos os grupos humanos que originaram sua crença em algo simples, o processo de continuidade daquilo acaba por criar sobre o que antes era uma experiência possível e boa para o coração e a mente, uma religião, ou, se nem tanto, muitas e diferentes variações da mesma fonte original. O que temos hoje, portanto, em muitas formas de budismo, é uma espiritualidade já bem mudada em relação ao original. Na realidade a filosofia de Sidarta não queria ser uma religião e nem uma doutrina, mas um modo de vida. De fato, o budismo nada diz acerca de Deus, o que é um favor—favor que nem sempre temos a benção de ver acontecer à nossa volta, visto que é melhor não tentar falar de Deus do que criar um “Deus perverso”, como muitas vezes se faz. Quando você encontra um budista gente boa e tranqüila, e não fica tentando catequizar o sujeito, mas tão somente aproveitá-lo como ser humano, em geral, o que acontece, é que ele acaba por vir a amar muito a Jesus, posto que verá em Jesus aquilo que no budismo não existe, que é Deus revelado em amor pessoal. O budismo é, portanto, na minha maneira de ver, uma filosofia psicológica, e que, como tal, deveria ser entendida por todos. Quem encontrou a Jesus e conhece o amor de Deus deve ser amoroso, misericordioso e generoso. O budismo original diz que esses valores são os da via do meio, do equilíbrio. Desse modo, o que eu vejo, é que se não se chega com “religião”, mas com o Evangelho puro e simples, todo ser humano que se interessa pelo budismo, tende a se abrir para o Evangelho puro e simples. Mas se a abordagem é religiosa, ou é “cristã”, no sentido “evangelístico”, em geral os budistas nem param para ouvir, posto que, do ponto de vista deles, resultado humano por resultado humano, no budismo eles têm a certeza de encontrarem melhores resultados psicológicos para o ser do que no “cristianismo”. Em minha maneira de ver os cristãos estão sendo colocados contra a parede pelos fatos e pela verdade. Isto porque quem for honesto haverá de saber que a “religião cristã” não produz, em si e por si só, como ensino, entendimento e prática para a existência, nada que produza resultados existenciais melhores do que “coisa nenhuma”. Isto porque estatisticamente falando o “cristianismo” tem sido visto como algo tão real quanto um “placebo”. Ou seja: o resultado vai depender do “condicionamento” do sujeito em questão. Você pergunta sobre o que o Evangelho teria a dizer sobre o budismo. Ora, no Evangelho, todas essas sabedorias da Terra, vêm até Jesus e deitam aos Seus pés “ouro, incenso e mirra”, e o adoram. A vinda dos “magos” até Jesus a fim de adora-lo mostra que Deus está se revelando aos homens em todos os lugares, mas que a revelação de Deus é Cristo. Naqueles “magos” todas as “sabedorias” adoravam a Jesus! Jesus nunca mostrou preocupação com as religiões do mundo. Ele apenas se insurgiu contra a falsificação da fé simples, e que foi promovida, ao lado Dele, pela religião dos Judeus, e que se tornara algo tão distante do espírito hebreu original quanto nós, cristãos, estamos do Evangelho de Jesus. Se Jesus encontrasse Sidarta pelo caminho—se tivesse sido cronologicamente possível—, sei que Ele olharia para Sidarta, sorriria, o amaria, e o encantaria com a Luz; e de tal modo, que sem palavras, Sidarta apenas o seguiria em plena e realizada felicidade. Se o Buda original tivesse encontrado com Jesus, não tenho dúvida que diria aos seus seguidores: “Convém que Ele cresça, e que eu diminua”. Convide sua esposa para fazer uma visita ao “Caminho da Graça”, aí em Brasília, amanhã, ou em qualquer outro domingo que lhes seja possível. Ele é “o Salvador de todos os homens, mas especialmente dos fiéis...”—disse Paulo acerca de Jesus. Quem conhece a Jesus e ao Evangelho tem o privilégio de alcançar de Graça aquilo que com todo esforço Sidarta apenas vislumbrou. Receba meu carinho! Nele, em Quem Sidarta encontrou o que não alcançou na Terra, Caio
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