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Cartas

MINHA IRMÃ CASADA TEM UM AMANTE

MINHA IRMÃ CASADA TEM UM AMANTE

-----Original Message----- From: MINHA IRMÃ CASADA TEM UM AMANTE Sent: sábado, 17 de julho de 2004 14:12 To: contato@caiofabio.com Subject: NÃO SEI COMO AJUDÁ-LA! Olá Pastor Caio, Graça e muita paz em sua vida. Antes de qualquer coisa, quero te agradecer pelas incontáveis vezes que você me ajudou através de sua mente brilhante e do seu discernimento das coisas da vida. Em 1993, eu tive o imenso privilégio de poder te conhecer pessoalmente, ainda que muito rapidamente, e talvez você se lembre quando foi visitar um dos parceiros da Fábrica de Esperança, para conversar com o Diretor (falou o nome). Eu trabalho lá. Você estava junto com um diretor regional do jornal O Globo e vieram para discutir o patrocínio para a Fábrica de Esperança. Eu estava de férias e o meu diretor me ligou para avisar que você viria até ao escritório, e eu vim correndo para te conhecer. Bem, pastor, lendo seu site, jamais imaginei que um dia chegaria a viver um drama onde eu tivesse que compartilhar contigo. Mas, sinceramente, esse é o maior drama da minha vida, sem dúvida alguma, e não tenho o menor discernimento do que fazer, o que dizer e como me comportar. Peço a sua ajuda. Sou membro da 1ª Igreja XXX de minha cidade. Somos de uma família que se converteu ao evangelho em 1990. Meu pai faleceu no final de 1986. Todos rapidamente começamos a nos envolver com os trabalhos na igreja, e hoje meu irmão é pastor de uma igreja muito abençoada, e ele tem uma vida tranqüila com seu rebanho. Eu sou ministro de louvor em minha igreja e também trabalho com missões urbanas pelo meu estado. Minha mãe auxilia no trabalho com as mulheres em sua igreja. A questão a ser tratada é a minha irmã. Desde quando nós trocamos de igreja— eu saí de uma e fui para outra da mesma denominação, e minha mãe e meu irmão saíram e foram para outra denominação—que minha irmã não se encaixa em lugar nenhum, e acabou por contrair um casamento cheio de problemas com um rapaz que não é cristão. Ela se arrepende amargamente de haver se casado, acusando seu marido de não ter pulso para decidir nada. Diz que ele não é carinhoso e que também não assume seu papel de homem da casa. Tudo é ela que tem que decidir. Recentemente eles perderam o apartamento onde moravam e hoje seus móveis estão na casa da minha mãe, onde também estão morando, pois a casa é enorme e minha mãe não liga para isso, pois quer mesmo é ter os filhos bem por perto. Acontece, pastor, que ontem eu fiquei sabendo através dela mesma, que ela tem um amante. Fiquei sem saber o que fazer. De repente eu senti uma profunda tristeza pelo fato de que nunca consegui ser um verdadeiro amigo de minha irmã e, irresponsavelmente, acabei por permitir que isso viesse a acontecer. Outra questão, pastor, é que eu trabalho na mesma empresa que ela. E o rapaz com quem ela está se envolvendo é um colega de trabalho nosso. Eu não sei o que faço! Não sei que digo para ela e nem como devo me comportar com relação ao rapaz. Segundo ela, ele pensa que ela não está mais com o marido—e eu duvido disso— desde o dia em que ficaram juntos pela primeira vez em novembro do ano passado, onde o motivo da "ficada" foi retaliação ao meu cunhado, pelo fato de que ele a deixou sem dinheiro, sem o carro, "sem lenço e sem documentos", numa festa, e o rapaz a levou para casa. O ruim de tudo é que, de fato, esse rapaz é muito gente fina, todo gentil, galã e, comparativamente, ele sai ganhando em muitos quesitos de meu cunhado. Mas não é o marido dela! No meio disso tudo fica minha mãe que sofre muito com toda essa história. Pastor, amo minha irmã e quero muito ajudá-la, mas não sei como. Eu a convidei para sair e conversarmos, mas ela ainda não pôde. Mas quando formos conversar, acredito que eu não saberei o que dizer sobre o que ela deve fazer. Sei que pode haver restauração no casamento dela, mas ela me diz que "não tem mais solução. O negócio é ela se separar e ficar com o outro"; que "é tudo o que ela mais quer". Ela me contou tudo isso aos prantos e sentindo uma carga de culpa tremenda. Disse que sabia que Deus estava pesando sua mão sobre ela, trazendo condenação. Sinceramente, não acho que isso seja de todo verdade. Alguma coisa está faltando para interpretar o caso todo. O que eu digo para ela, pastor? Até porquê, coisas relacionadas a casamento são tão confusas para mim na Bíblia. Preciso de uma ajuda sua. Um grande abraço. ____________________________________________________________ Resposta: Meu amado amigo: Graça e muita Paz! Lembro de tudo e de todos, e sinto falta daqueles queridos! Se você os vir, abrace-os em meu nome! Olhe só, o problema de sua irmã é fácil de resolver se ninguém atrapalhar. O que ela tem que fazer é se separar do marido, visto que o casamento está acabado, ou melhor, nunca houve. Você disse: “...e acabou por contrair um casamento cheio de problemas...” Ou seja: Você reconhece que ela “contraiu um casamento”. A descrição é própria: é algo como um vírus, uma infecção, uma doença... Casamento só casa gente quem já se casou antes do “casamento”. E se não se casaram na alma, nenhum casamento os unirá, assim como nenhuma separação separa casamentos verdadeiros. Por isto é que há casamentos que não dão certo e também há separações que não dão certo. Ora, no primeiro caso a solução é a separação. Já no segundo caso, a solução é o casamento. Encontro de tudo. Há casais que se separaram no papel e depois descobrem que se amam, e vão ficando... Também há casais que formalizam uma separação, casam-se com outra pessoa, arrependem-se de terem casado, e ficam de caso com o amor, ex-marido ou esposa, para o resto da vida. Etc... Muito no passado já tentei separar muitos amantes, e nunca tive sucesso. Os únicos amantes que se separam são os que apenas transavam, mas não se amavam. Se se amam, saiba, ninguém conseguirá impedir...até que eles mesmos queiram. Se fosse minha mana, saiba, eu seria bem simples. Estaria com ela e "não abriria" e não disso e nem dela. Aconselharia a ela que terminasse esse casamento que nunca aconteceu. Não me meteria na história dela com o amante (é lugar muito intimo e sagrado). E não permitiria que ela se separasse dizendo a ninguém que já tinha um "outro alguém". Ao contrário, a preservaria como pudesse, e a ajudaria como irmão a não ter que "explicar a separação como um caso de 'adultério'". Ou seja: eu a ajudaria a se separar em paz, sem a intervenção de ninguém, e a aconselharia a dar um tempo, e jamais tornar nada público com o outro rapaz antes disso estar morto e sepultado. Além disso, pediria a ela que jamais dissesse que o caso já vinha de antes... Quanto ao mais, é respeitar o coração das pessoas. Casamento não é prisão. Se ela está infeliz, e diz que "não tem jeito", saiba, não terá jeito. Mesmo que ela quebre a cara outra vez, ela tem que ser respeitada. Ninguém cresce se não viver conforme a sua própria consciência e fé. Para os cristãos o casamento virou uma lei do carma. Se alguém errou na escolha, que carregue o equivoco como cruz para sempre! Para mim isto é pecado contra a Cruz, onde toda a Lei morreu e foi sepultada. Eu ressuscitei com Cristo para a Lei do Espírito e da Vida (Rm 8). Quando vivo, não penso na Lei, mas apenas penso no que é bom e justo. Ando não conforme a Lei, mas conforme aquilo que é fé em minha consciência, e que eu creio como justiça e verdade. Este é o Caminho. O resto é a estrada da religião da Lei, e que ainda não conheceu e nem creu no que Jesus pagou na Cruz pela nossa consciência e existência. O legalismo se disfarçaria de piedade e diria que "Deus pode mudar tudo". Ora, Deus pode mudar tudo a qualquer hora, eu só não devo é ficar esperando uma mudança na qual eu nem creio e nem quero. Pois se o fizer estarei tanto indo contra a minha própria consciência, quanto também estarei perdendo meu tempo numa esperança que não é minha. Paulo disse: "Cada um tenha opinião bem firmada em sua própria consciência". E também disse: "A fé que tu tens, tem-na para ti mesmo..." E completou: "Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova". E mais: "Bem-aventurado é o homem a quem o Senhor não atribui iniqüidade". Ora, este homem que é inimputável quanto à culpa é aquele que creu segundo a justiça da fé. O resto é o crescimento da fé, e que acontecerá como harmonização entre o entendimento e a prática da vida, conforme a consciência de cada um. Por último, voltando à sua irmã, eu lhe digo: Seja apenas amigo dela, e nunca pense que você tem o poder de resolver nada na vida dela. E mais: Tenha o privilégio de acompanhá-la no Caminho, não como juiz ou como um pequeno deus, mas apenas e, sobretudo, na grandeza da experiência de ser irmão dela tanto na cerne quanto no Senhor. Nele, em Quem temos o perdão de nossos pecados, Caio
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