Português | English

Cartas

MEU MARIDO É UM POSTE DEITADO NO SOFÁ

MEU MARIDO É UM POSTE DEITADO NO SOFÁ

-----Original Message----- From: MEU MARIDO É UM POSTE DEITADO NO SOFÁ Sent: terça-feira, 14 de outubro de 2003 17:40 To: contato@caiofabio.com Subject: Contato do Site Mensagem: "Que o Senhor nos dê Graça para que não poupemos a ninguém da verdade e também não esmaguemos as pessoas com a verdade." Caio Fábio. Querido irmão: Fui extremamente abençoada através de tudo que você viveu, vive e tem tido a Graça de superar; pois através da sua vida, Deus tem aberto meus olhos, mente e coração para ver o quanto temos vivido em uma sociedade cristã ausente de Deus e sem GRAÇA. Tenho procurado a ser mais graciosa possível com meu próximo, seja ele cristão ou não. Estou tentando sair do meu mundinho cristão que muitas vezes me oprime e afasta do real propósito de Deus, que é viver sendo sal e luz nesse mundo caído. Seu livro ENÍGMA DA GRAÇA me trouxe uma nova visão sobre a Graça de Deus. Sei que estou longe de ter um entendimento real e completo, mas o pouco que recebi tem feito uma diferença enorme, e a cada dia me sinto mais consciente de quem eu sou e quem Deus quer que eu seja. Caio, hoje ao visitar seu site, li algumas cartas e respostas, e me senti encorajada a lhe escrever, pois vivo algumas questões que tem me assustado e que sei que preciso me posicionar acerca delas, para que eu possa viver melhor, e não tenha conseqüências futuras. Bem! Vou fazer um breve relato. Aos meus 13 anos de idade comecei a pedir a Deus um companheiro, amigo; alguém que compartilhasse uma vida comigo; namorei pouco, pois, era muito tímida. Vivi uma adolescência reprimida, filha de presbítero no interior...você sabe como é. Aos 20 anos vim para esta cidade grande onde vivo, morar com umas amigas e tentar construir algo. Você pode imaginar uma interiorana em uma cidade como esta minha? ( me disse qual é a cidade) Conheci meu marido aos 20 anos; acho que queria mais que nunca um companheiro. Ele não era lá grandes coisas... ele era muito individualista, mas mesmo assim, aos 26 anos me casei com ele. Ele não conhecia ao Senhor. Tivemos um início péssimo; ele não era nem de longe parecido com o companheiro que eu achava que teria e que precisava. Dois anos depois estávamos nós à beira de uma separação. Ele me agrediu, quase me matou com um cinto no meu pescoço. Clamei por misericórdia e socorro, e o Senhor me ouviu. Sabe, agradeço a Deus por tudo isso o que vivi, pois foi a partir daí que comecei a conhecer a Deus; busquei como nunca tinha buscado; orei como nunca tinha orado... Nessa mesma época pude ler alguns livros seus sobre cura interior. Tive um verdadeiro encontro com o Senhor; pude ouvir a Sua voz em alto e bom som; Ele me chamou a ter um compromisso verdadeiro com Ele, e que Ele faria algo. Um mês depois meu marido se converteu; foi uma mudança radical... Queria entrar em detalhes mas acho que não é preciso. Hoje já 10 anos se passaram de casamento. Continuo firme com o Senhor e não quero de forma alguma desfazer o compromisso que fiz com Ele. Meu marido é um homem de Deus, mas infelizmente continua sendo um péssimo companheiro; tenho uma vida social solitária; pois ele não me acompanha em nada, alegando sempre que não gosta de desse tipo de coisa. Faço a maioria das coisas só, inclusive festas de aniversário de minha filha, que tem 5 aninhos. É muito ruim! Ultimamente tenho sofrido muito, estou com 36 anos e tenho visto aquela menina de 13 anos de volta, pedindo um companheiro, e, infelizmente, já perdi as esperanças de que tal homem seja meu marido. Tenho muito medo, mas não posso negar desejo muito que apareça um homem que me ame de verdade, e que seja o companheiro que esteja presente; e que tenhamos amigos em comum. Meu marido não se abre pra diálogos; já tentei de todas as formas; ele sempre foge; nunca é boa hora; e ele é sempre grosseiro. Espero ter conseguido passar a essência do que estou sentindo e vivendo. Sei que tudo que escrevi é pouco para se ter uma visão ampla, mas conto com o Deus de Graça que você tem conhecido e experimentado; o Deus que tem te revelado tanto sobre o efeito desse mundo caído nas nossas vidas, e o quanto Ele nos quer apenas sendo verdadeiros; isso mesmo: conto com o Espírito Santo, para lhe dar discernimento para que você possa me trazer algumas verdades. Não me poupe meu irmão, com certeza elas não me esmagarão, pois estou colocando tudo isso diante de Deus em oração. Em Cristo, ____________________________________________________________________ Resposta: Minha amiga: Graça e Paz! Que brabeza! Nada é pior do que isto. O cara nem é ruim o suficiente para ser despachado, nem é bom o suficiente para ser acolhido; não é irresponsável, nem é amigo; não está ausente, mas nunca está presente; não se está só, mas nunca se está acompanhado... É um limbo! Sinceramente eu não sei o que lhe dizer. Para mim esses são os piores casos. Trata-se dessa Síndrome de Laudicéia: não é quente e nem frio, e a gente fica com vontade vomitar... O que posso dizer a você é apenas o que você sabe: não há garantias de nada. Quem o saberá? Paulo disse: como sabes se...? Nem ele achou que poderia haver garantias! Os cenários são simples e abertos: 1. Ficar como está. Esse cenário você já conhece. E parece que nela não há mais surpresas, apenas frustrações. 2. Separar-se e ficar só. Sozinha você já está mesmo. Mas experimentará a solidão como desamparo. É outra coisa, e trás outras inseguranças. 3. Separar-se, ficar só, e esperar, sem angustias e nem correrias, que apareça um homem de verdade—que ame você e tenha prazer na sua vidinha. 4. Separar-se, ficar só, e conhecer um safado da pesada, que fará você sentir saudade desse “poste” que fica deitado no sofá assistindo infindáveis partidas de futebol. Pessoalmente eu jogaria algumas cartadas. Ele me parece acomodado e certo de que a esposinha que orou tanto pela conversão dele já está satisfeita de não correr mais o risco de morrer enforcada e de não levar umas surras de vez em quando. Certos homens, quando se convertem nas circunstancias em que seu marido se “converteu”, acham que parar de fumar, beber, bater na mulher, e ter uns casos pela rua, já a conversão. Poucos sabem que conversão não é apenas o que se deixa de fazer, mas, sobretudo, o que se passa a ser. Você disse: Meu marido é um homem de Deus! Depois descreveu um poste gelado e inerte. O que significa ser um homem de Deus? É ser um freqüentador de cultos e que já não bate na mulher embora seja extremamente grosseiro? Acho que ele está mal acostumado, e que acha que você tem que ficar grata por mil anos por ele não está lhe dando uns catiripapos. Tem homem que é assim! E se você for se queixar, ele pode até perguntar: Ta se queixando de quê, hien? Quando você apanhava era mais gostoso? Ele precisa de um susto. Ele tem que ser forçado a se enxergar. Mulheres crentes se acomodam muito fácil. Acham que uma graça que aquele marmanjo indiferente esteja prestigiando com mau-humor a família. Dê um susto nele, minha irmã! Deixe esse cara ver se de fato é importante para ele ser um homem, ou se o sonho de consumo dele é apenas ser um “mamífero evangélico”, um “bicho crente”, um ser batizado... Sugiro que você o chame para conversar e diga: Olhe, eu e você não precisamos viver assim. Podemos ser felizes e viver bem. Mas cada um tem que participar da vida do outro. Do contrário, você pode sentar em algum sofá, pagar as contas uma vez por mês, e a gente se vê de vez em quando! Talvez ele precise de um “impacto”. Tem gente que só acorda com petardo. Sinto estar lhe escrevendo isto, mas Deus sabe que não estou sendo leviano, mas apenas sincero. Até porque eu sou homem, e sei como a categoria “funciona”, infelizmente! É só até aqui que posso responsavelmente ir. Lamento muito, mas sei quais são minhas responsabilidades em qualquer conselho que dou. Sei, no entanto, que se você decidir se separar, melhor que seja logo, enquanto sua filha é pequena. Na adolescência, por pior e mais ausente que seja o pai, a criança sofre, até porque as inseguranças se tornam mais concretas. Estarei orando por você. Que Deus a ilumine. Nele, que sabe por nós, Caio Escrita em 2003
Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
OK