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Cartas

MEU FILHO TAMBÉM SE FOI NA FRENTE DA PADARIA

MEU FILHO TAMBÉM SE FOI NA FRENTE DA PADARIA

Jaboatão, abril de 2004 Estimado Rev. Caio Fábio, Graça e Paz Meu nome é Cléo e sou membro da Igreja Presbiteriana de Candeias, Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, cujo pastor titular é o Rev. Halley Franco, e o Rev. Geremias Linhares é o auxiliar. Recebi com tristeza e profundo pesar, a infausta notícia da morte do seu querido filho Lukas. Sei por experiência própria, o quanto está sofrendo o amado irmão, pois no dia 04.02.2004, perdi o meu filho Eduardo, de apenas 27 anos; e teve sua vida ceifada em um acidente de moto, quando saía de uma padaria, na esquina de minha residência, e foi abalroado por um carro Fiat, em excesso de velocidade. Ele, como o Lukas, nem sentiu que morreu; abriu os olhos na luz da glória. Deixou viúva minha nora com 24 anos e minha neta com um ano e seis meses...e uma grande saudade. A perda de um filho, é traumática, dolorosa, criando em nossos corações uma lacuna impreenchível. Tenho como indescritível a dor da perda de um filho. Em qualquer estudo sobre depressão, ela é tida como a maior carga de sofrimento que o ser humano pode sentir, acima, inclusive, da perda dos pais. O único conforto que te posso dar, amado irmão, é a solidariedade. A fé é a oração, é o único caminho para a conformação. Conte comigo! Um abraço fraterno a todos! “Preciosa é aos olhos do Senhor, a morte de seus santos” Salmo 116:15 ____________________________________________________________ Resposta: Amado Cléo, A primeira coisa que desejei para o futuro, quando menino de sete anos, não foi casar; foi ser pai. Confesso que quando jovem, com aquele muitE de meninas disponíveis... e eu perdido entre elas, não imaginava jamais o casamento; porém sempre me via pai, ainda que solteiro. Depois que encontrei e fui encontrado por Aquele a quem sempre pertenci, meu coração se abriu para um forte desejo de constituir família. Casei aos 19, fui pai aos 21, e com 22 já era pai de dois. Deus sabe como literalmente dancei de alegria nos corredores dos hospitais e maternidades, e como virei pião, dando voltas de gozo paterno enquanto andava sozinho. Sei que os primeiros 25 anos de minha vida adulta foram, sobretudo, de casamento com meus filhos, e com o ministério. Por eles, apesar da correria, dizia milhares de vezes mais “nãos” do “sims” para os milheres de convites que me chegavam; e deixei de atender a centenas de convites do mundo inteiro apenas porque tais viagens me tiravam mais tempo a chance de voltar para casa todos os dias. Os que viajaram comigo durante anos sabem que meu caminho era do aeroporto para a pregação, e da pregação para casa. Inúmeras vezes deixei eventos importantes rolando...com gente cobrando minha presença por mais tempo...apenas porque uma noite a mais fora de casa me era insuportável. Hoje, com todos eles adultos, descobri que prefiro ainda essa dor...do que a de um dia tê-los deixado sem mim...como muitas vezes poderia ter acontecido...afinal, não foram poucas as vezes em que escapei da morte. Hoje celebro a felicidade dele, do Kinhas, enquanto o faço com lagrimas serenas e doces. Há uma Graça que cresce doce na fraqueza! Obrigado pelo seu carinho, e pela certeza de me entender; pois eu também posso entender você. Estranhamente nossos filhos partiram em frente a padarias, e próximos ao lugar que sentiam ser “lar”. Nossos filhos foram do “Grão ao Pão”. Nele, que abrir a semente de trigo e dá vida ao mundo, Caio
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