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Cartas

ME APAIXONEI E ELA É

ME APAIXONEI E ELA É "CASADA PARA SEMPRE"

 

 

 

 

 

 

 

 

----- Original Message -----

From: ME APAIXONEI E ELA É "CASADA PARA SEMPRE"

To: contato@caiofabio.com

Sent: Sunday, May 13, 2007 7:40 PM

Subject: Casamentos de Cristal e casamentos de barro

 

 

Caro Amigo e Mentor, ainda que ausente,
Caio Fábio.

Dou graças a Deus por tua vida, antes de tudo, posto que ela mesma é uma carta escrita, a qual leio todos os dias

Vou procurar ser sucinto. Li o texto supra. Gostaria que o meu casamento fosse ao menos de cristal. Pelo menos assim eu teria um casamento. E uma mulher para chamar de minha. E uma amiga para compartilhar as alegrias e tristezas. E uma amante para cobiçar e desejar... Mas não tenho nada, apenas uma boa relação com uma mulher bonita, batalhadora e mãe dos meus filhos.

Bem, ela é meu 2º casamento. Casei sem gostar, mas a igreja e os amigos... Você sabe! Menina universitária, ótima carreira, etc...

 

Começamos a viver juntos e sempre tive a sensação de que faltava algo em meu coração. Beijos, cartas, homenagens, aniversários... — não tinham gosto de nada, pelo menos pra mim.

Mas a igreja e os amigos e eu... Você sabe! Poderia ser pecado não confessado... Ou eu não sabia perdoar... Ou não estava comprometido com a obra... Deus não estava no centro, etc.etc.etc. Você sabe!

De 1994 (quando casamos) até 2000 foi razoável, embora nos retiros de casais e palestras eu me sentisse oco, vendo meus amigos se  deliciando com suas esposas. Então naquele ano, conheci uma jovem mulher, casada... Certo alguém que mudou a direção...

 

Ficava impressionado com o prazer de estar perto dela, de contemplar seu rosto, de observar seu jeito simples, com o desejo imenso de tocar e sentir seus cabelos...

 

Fiz o curso Casados Para Sempre para estar perto dela, porque ela o marido eram os líderes. Aliás, os dois fizeram o curso para salvarem seu próprio casamento.

 

Em relação a ela, sim, foi recíproco. Mas tudo platônico. E nada declarado por causa da educação católico-evangélico-moralista dela.

Bem, com tantas "emoções", com sentimentos aflorando, eu precisava de respostas. Por que alguém que eu mal conhecia pode provocar um efeito tão "devastador”?

Bem, em 2005 descobri seu site e nele encontrei não uma, mas muitas respostas. Simples assim: eu nunca amei minha mulher e muito provavelmente estava apaixonado por outra.

 

De súbito compreendi que minha esposa não tinha absolutamente nada a ver comigo. Não temos um relacionamento ruim, mas é como viver sem alegria. E para piorar, ela é do tipo machista, e, para mim, a força da mulher é ser feminina. E mais, ele herdou do pai a mania de brigar com os filhos o dia todo, todos os dias. Ela me ama, embora eu, às vezes, imagine que seja apenas insegurança dela.

Enfim, ainda em 2005, eu disse a quem meu coração desejava, à mulher do Casados Para Sempre: “Gostaria que você fosse minha esposa”.

 

Minha ingenuidade provocou um Tsunami na igreja e na vida dela, posto que contou ao marido. Eu e a esposa saímos da igreja (ela nunca soube o porquê, embora desconfie); e o casal mudou para outra cidade.


É difícil passar um dia sem que eu sonhe com "dias melhores" ao lado dela. Também é angustiante pensar a vida sem a presença dos meus adorados filhos de 10 e 6 anos. Sou também um "pai canguru".

Sofro em dose tripla: Por ter uma vida familiar incompleta, por não poder dar o amor que a esposa gostaria de receber e por não  ter um amor para amar, apenas  para sofrer.

É infantil, mas oro pela  outra. Não para que haja amor, mas para que de alguma forma, Deus possa promover um encontro na vida entre nós.

Tenho pensamentos paralisantes e juvenis do tipo: "Tenho 44 e ela 32. Será que vai dar tempo? "Meu Deus, minha pele está ficando murcha!”- “Ai, meu Deus”! Não quero ficar careca e barrigudo ““... rsrsrsrsrsrsrsr!!!

 

Não é o retrato da insegurança??

Eu e a minha esposa temos uma vida sexual quinzenal, porque me é difícil fazer amor sem amor... E olha que ela tem sex appeal. Mas parece que tem uma parede invisível entre nós...

Pra finalizar eu trabalho em casa desde 1999, mas nunca ganhei o suficiente pra prover a família. Porque? Porque não temos com quem deixar as crianças... E dói-me imaginá-los o dia inteiro com estranhos.

Será que a insatisfação profissional está prejudicando mais ainda? Enterramo-nos em dívidas e sei que é resultado dos corações não amados.

E agora outros pensamentos:


- Eu não teria coragem de pegar o chapéu e ir embora, simplesmente.

- Eu não sei se conseguiria viver sem ouvir o riso e sentir o cheiro de minhas crianças.

- Eu não teria coragem pra dizer a ela que não a amo e nunca amei.

- Eu não sei se poderia dar uma vida digna a uma nova mulher e à família atual.

- Eu não sei se conseguirei viver mais tempo assim, porque a carência é imensa.

- tenho uma família linda, mas só falta uma esposa que eu ame.

Meu Deus há solução pra mim?

De um coração que quer apenas viver simples e feliz, para um verdadeiro amigo,
_____________________________________·.

 

Resposta:

 

 

Caro amigo no Senhor: Graça e Paz!

 

 

 

É a tal crise dos quarenta anos, e que muitas vezes chega com o poder de nos fazer certar. Digo isto porque eu mesmo sinto que a crise dos quarenta me afetou mais do que um homem que se considerava maduro como eu sempre considerei à época, poderia imaginar. Mas me aconteceu; e vi que o buraco da maturidade afetiva, em tal caso, é muito mais embaixo e sutil.

 

O que eu acho?

 

1.                  Acho que é loucura.

 

2.                  Acho que um homem que ama os filhos como você diz amar não nasceu para tais aventuras.

 

 

3.                  Acho que sustentar uma família hoje já é difícil, então, sustentar duas será como trabalhar no abismo.

 

4.                  Acho que o que desgasta você em relação à sua mulher hoje o desgastará em relação a qualquer outra mulher, com o tempo.

 

 

5.                  Acho que sua mulher, cheia de sex appeal, só não trás seu appeal para o sexo por falta se apelo seu.

 

6.                  Acho que mulher, se a gente não ama como mulher, não amará mesmo jamais como mulher. Mas acho que se um dia ela nos provocou, nem que tenha sido apenas sexualmente, sempre existe uma base para recomeçar.

 

 

7.                  Acho que você vive uma fantasia, e que se porventura a moça dos Casados Para Sempre resolvesse não mais ficar casada para sempre com o marido dela (o que seria loucura), logo saberia que a vida com você seria um desastre. O verdadeiro Tsunami nem começou ainda...

 

8.                  Acho que Deus não tem nenhuma oração a responder a você que lhe seja benção, não do jeito que você pede e sonha.

 

 

9.                  Acho que esse seu processo mental é a receita para que tudo o que você faça não dê certo.

 

10.             Acho que você só saberá quem sua mulher poderia ser para você no dia em que você vir um outro se esbaldando no sex appeal dela.

   

Assim, eis o que penso:

 

Penso que você casou para resolver um problema moral (casar para transar, pois você é pastor...). Penso que você jogou sobre ela o peso de fazer tudo ficar bom, conforme o seu sonho. Penso que ela também está muito infeliz ao seu lado, não porque não o ame, mas por ver e sentir a sua infantilidade. Penso que ela deve estar muito magoada com você. Essa história do “tsunami” em relação à outra, ao marido dela, à igreja, à mudança de cidade deles, etc. — deixou um forte resíduo de amargura em sua mulher. Seu eu fosse ela, não ficaria com você. Faria esse favor a mim mesmo, se eu fosse ela. Penso que você está cavando sua infelicidade com avidez.

 

Assim, também penso:

 

1.                  Que você deveria investir em sua mulher. Bloqueios sexuais e afetivos são comuns quando o casamento inicia com essa carga moral e social que o casamento de vocês carrega desde o início. Ora, tais bloqueios podem ser quebrados. Mas a tarefa de casa tem que ser feita. E que tarefa é essa? É a tarefa do despudor. É tarefa do esquecimento que ali está a mulher que seus filhos chamam de “mãe”. Sim! Você tem que esquecer isso tudo e apenas olhar para ela como o mulherão que ela é. Então, pergunte-se: “Se ela não fosse minha esposa, e me desse esse mole, eu não ficaria louco?” É claro que sim! Então, sem alma de mulher, mas a plenitude do instinto do macho inicie o processo sexual... Um processo de busca de intimidade física, de nudez livre e aberta, de todo tipo de exposição, sem reservas e sem censuras... É assim que o gelo vai se quebrando... Mas você tem que ser o agente intenso e sedutor. Se essa membrana de timidez e bloqueio cair, de súbito você descobrirá a mulher que seu vizinho conheceria se ela não fosse fiel a você. Entendeu?

 

2.                  Você deve buscar sair de casa para trabalhar apenas no caso de que sua estada direta no ambiente da casa esteja envelhecendo... ou papaimamãezificando a relação de vocês.  

 

 

3.                  Molde sua mulher para você. Mulher “masculina” só o é quando ela de fato é (e não deve ser o caso da sua); ou quando os olhos do marido estão contaminados e desejosos de criar uma desculpa para a fuga sexual... Assim, dê um trato de homem macho e meigo na sua mulher; devore-a com alegria; tire da mente essa fantasia que empurra você para o leito do nada e da irrealidade; e, devagar..., vá fazendo Eva sair de sua costela... Eu creio que quando um homem realmente quer e a mulher o ama, ele a molda conforme gosta de tê-la; pois, é prazer da mulher, em tais circunstâncias, deixar-se moldar pelo desejo do macho.  

 

O mais, meu mano, é devaneio sexual e erótico de um escoteiro de igreja, crente que a vida pode ser mudada como quem muda de “igreja”.

 

Respondendo às suas questões do final da carta, digo: você não iria segurar nenhuma das “barras” e se sentiria o mais infeliz dos homens, perguntando-se todos os dias por que fez tolice tão grande. Mas aí a mulher sex appeal já pode estar noutra (o); e você olhando da esquina, chupando o dedo, e dizendo: “Infeliz para sempre sou eu!

 

Meu mano, a vida é difícil. Guarda o que tu tens para que não te suceda coisa pior!

 

Eu gostaria mesmo era ouvir a versão de sua mulher sobre o que está acontecendo. Em geral elas são mais realistas e mais maduras.

 

Você disse que gostaria que seu casamento fosse pelo menos de “cristal”, fazendo alusão ao um texto que escrevi. Pois bem, o seu casamento já é de barro, pois, caso não fosse, já teria se estilhaçado tudo. E, se não o fez, é porque a sua mulher é o barro que tem dado liga a isso, posto que sua atitude é a do comprador de cristal que pensa que se o vaso quebrar dar pra ficar com alguma coisa... E não dá.

 

Ora, quando você disse que gostaria que pelo menos seu casamento fosse de cristal, pois, assim, você teria uma mulher, uma amante, etc. — eu fiquei pensando: Meu Deus! Ele não entendeu nada!

 

Casamentos de cristal são apenas para consumo externo, para festas, para mostrar, para constar, para festejar o que nada tem a ver com alegria!

 

Veja o que eu disse:

 

“Casamento é uma obra de tapeceiro. É manufatura diária. É obra de artesão.

 

Sim! É como a casa do oleiro.

 

Assim, o vaso quebra, muitas vezes, ou vai perdendo a forma, mas se há quem pedale para manter a roda girando (e quando são dois é melhor), e se não faltar água para manter o barro úmido, então, todo desmantelamento pode voltar ao lugar, e toda quebra no acabamento pode ser refeita.

 

Afinal, não se diz que somos como o “cristal nas mãos do oleiro”, mas sim que devemos ser como o barro, posto que assim é natural, visto que barro é o que todos somos.

 

Ora, o cristal não conhece a humildade de refazimento que existe na natureza do barro mantido em umidade em movimento.

 

Umidade vem de humos. Humor e Humildade também.

 

Humildade é para a alma assim como o barro mantido em movimento pelo amor. Esse é o humor do amor. 

 

Casamentos de cristal são tão lindos quanto frágeis e sem a graça da cura para as quebras, e para as cicatrizes dos tombos e dos acidentes.

 

Casamentos de barro são sempre tão simples e limpos como o milagre da vida. Se houver a energia do amor que mantém o barro em movimento na roda da vida, e se houver umidade para mantê-lo em seu estado mais forte, que é o de quebramento, então o casamento barro sempre se renovará em fraqueza se estiver na roda do amor-vida.

 

Assim, calma!

 

Uma estranha com quem não se paga contas domésticas, não se divide tarefas cotidianas, não se discute os filhos, e que não nos conta tristezas, não nos embala ao som de preocupações, e com quem só se pode transar às escondidas — obviamente tem em si a força de atração da gravidade de Vênus endiabrada.

 

Mas a pergunta é: essa mulher existe? E se houver maturidade honesta, a resposta será: Só existe enquanto não for ninguém para mim. Só existe enquanto for minha idealização romântica e minha projeção fantasiosa e infantil.”

 

 

 

Pense no que lhe disse e me escreva!

 

Ah! Leia no site um texto (procure em Busca) sobre sexo no casamento; e que deve ser algo como: “O que posso fazer com minha mulher na cama?

 

 

Nele, que não é o gênio da lâmpada maravilhosa,

 

 

 

Caio

13/05/07

Lago Norte

Brasília

 

 

 

 

 

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