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Cartas

Mãe Aflita Com a Maconha do Filho!

Mãe Aflita Com a Maconha do Filho!

-----Original Message----- From: Mãe Aflita Com a Maconha do Filho. Sent: quarta-feira, 20 de agosto de 2003 To: contato@caiofabio.com Subject: Meu filho tem uma plantinha de maconha! Mensagem: Querido Rev. Caio Fábio: Graça e Paz! Já lhe escrevi outras vezes, mas não custa mais uma vez registrar meu carinho e admiração por você. Também faço parte deste número infinito de fãs! Sinceramente já cheguei a achar que era sua fã nº 0000000001, mas depois que comecei a compartilhar deste site, não tenho a menor dúvida que sou "mais uma"...e isto é realmente maravilhoso! Estou ansiosa pela loja virtual. Tenho uma coleção de seus livros, e não vejo a hora de ler "Confissões Dois: a história continua..." É claro que você vai escrever, né?! E não vejo a hora de poder conhecer o "Café". Tenho planos de ir ao Rio em novembro. Caio "delirei" com a mensagem do taxista, é já passei por experiência semelhante; e fiquei impressionada como você descreveu exatamente o que sinto e penso em relação a "Igreja" e aos "crentes" nessas questões. É... realmente, "hoje", o motivo desta é um pedido de socorro. Por favor preciso de sua ajuda. É o seguinte: tenho três filhos. O mais novo é um menino de 18 anos. Graças a Deus temos um relacionamento muito franco, honesto e "aberto ". Eu sempre procurei compreendê-los e respeitá-los, para que a recíproca fosse igual...e tem dado certo. Principalmente porque ensinei-os "no caminho do Senhor”; foram consagrados ainda bebes (assim como eu), e sempre foram alunos da escola bíblica. Quero dizer... conhecem o caminho e sabem que o" temor do Senhor é o princípio da sabedoria". Acontece que meu filho conseguiu me tirar esta "segurança". Como diz minha filha mais velha, tudo por que ele é um adolescente "normal", com todos os "direitos e deveres". Tem três tatuagens,"piercing" na língua, na orelha, etc... Até então tudo isto não me incomodava, mas do que o suficiente; pois sei (espero) que seja uma fase; e certamente vai passar; e ele vai amadurecerá; e vai ver que tudo isto não passou de bobagens e perdas de tempo... O que ele gosta mesmo é de "contrariar". Como já disse, conversamos muito e sobre todos os assuntos; não existem tabus; nem assuntos proibidos entre nós; inclusive sobre uso de drogas; e ele me garante que está "fora"; e eu sei que se fosse usuário já, teríamos percebido, pois, não somos tão inocente assim... Acontece que o engraçadinho me apareceu há alguns dias com uma "mudinha" de maconha, num vasinho; inclusive a "maldita" cresce e fica bonitinha muito rápido. Já fiz de tudo para convencê-lo a destruir a plantinha; mas não consigo!!! Segundo ele, só está fazendo uma apologia contra a "repressão". Às vezes eu penso em enfrentá-lo e jogar fora; ou "obrigá-lo" a tal; mas como o negocio dele é realmente "contrariar", acho que uma atitude assim ia piorar. Por isso, estou pedindo sua ajuda, por favor como devo proceder? Confesso que estou me sentindo "perdida"; confio no seu bom senso e principalmente na sua unção de sabedoria. Beijos, carinhosa e sinceramente. Nele, em quem temos crido e a quem temos amado, **************************** Resposta: Minha querida amiga: Realmente não devo ter chegado ao seu e-mail anterior. Pode ser que esteja aqui, numa pilha virtual imensa. Obrigado pelo carinho e por toda força que você deu. Sobre sua cria amada, acho que você não tem que se impressionar. Você não falou no pai deles. Como ele é? Vocês vivem juntos? Como é a relação dele com o pai? Esse houver uma relação, é claro. Tenho um filho de 22—o caçula—, que só não botou piercing nas regiões “inferiores da terra”; no resto, colocou em toda parte. No início, há uns sete anos, eu me chateei muito. Depois vi que era tudo o que ele queria: me chatear. Então, não toquei mais no assunto. Ele falava, eu dizia: Legal. Devagar ele foi tirando tudo. Hoje tem um brinquinho desses que até eu usaria: leve e charmoso. Tudo passa! Eles cansam! Nós cansamos, um dia... Lembra? Um dia você mesma cansou de muita coisa. Sobre a “planta” diga pra ele que ela é muito bonitinha, que você gostou dela, e que você mesma vai “regar”. Diga a ele que foi Deus quem fez todas as plantas—e que a planta é só uma planta—; e diga que você gostou muito da carinha dela! Isso vai “secando o protesto”. E é verdade: foi Deus quem fez; e a danadinha é bonitinha mesmo! Se ele está usando apenas maconha, agradeça a Deus. E não existe essa relação linear, evolutiva e incontrolável entre maconha e as demais drogas. É mentira. Quem começa com maconha e vai pro pó; se ficar no pó, é porque nunca gostou de maconha. Nesse caso, a maconha foi só um primeiro fruto do qual ele comeu, mas já estava de olho nas demais árvores do jardim. O problema horrível vem de cocaína pra lá. Essas drogas químicas são profundamente malignas. A maconha, obviamente, se ele não usou, ótimo; se usou, e deixar de usar, será para o bem dele. Se ele usa apenas maconha—e se já o faz a algum tempo—, e não partiu para outros alteradores de consciência; boa coisa é. Quem não partiu para a cocaína e C&a logo depois da maconha, provavelmente, não parta nunca mais. Graça a Deus! Mas nem fale no assunto com ele. Se o negócio dele é um protesto—e pelo visto bem caseiro; afinal, a plantinha está em casa!—, não deixe que ele a veja preocupada, aflita e perturbada. Pode ser a reação que ele almeja. Então, seque-a na fonte. Maconha pode fazer muito mal a um adolescente que passe a usá-la muito; tipo: mais de três baseados durante o dia. Isto porque em adultos formados, que a usam antes de dormir ou somente em casa e a noite, eu observo que é bem mais fraco e leve que tomar uma dose de uísque ou umas duas cervejas. Trata-se de um alterador de consciência que abre o apetite e que dá uma “onda” reflexiva, meditativa, e que não pode ser responsabilizada por violência. Sempre que eu ouço dizer que alguém que estava “maconhado” fez uma grande violência, eu não acredito. De fato, o cara deveria estar bêbado, cheirado ou sob o efeito de drogas químicas; dificilmente maconha. Estou defendo a maconha? Deus me livre! Estou apenas dimensionando-a, e pondo-a em seu próprio lugar; e mais: estou dizendo que se o “barato” dele for maconha; fique agradecida—você não tem idéia do que a cocaína, o esctasy, os ácidos, e um monte de outras porcarias podem fazer num garoto—e, nesse caso, em qualquer pessoa! Quanto ao mais, repressão gera mais rebeldia. Se você fizer isso, estará oferecendo “platéia”—que é o que ele quer. Como você já leu aqui neste site—e aconselho que você releia uma carta intitulada “Que negócio é esse de mal menor?”--muitas vezes a gente tem que fazer gestão de um mal menor. O nome disso é sabedoria! E veja que neste mundo caído, na maior parte das vezes, nossas decisões não são entre o bom e o ótimo, mas sim entre o ruim e o péssimo. Nesse caso, enquanto o bom não chega; segure as coisas no nível do ruim; e não deixe que as coisas caminhem para o nível do horrível. Faça isso com sabedoria e prudência. Daqui a um tempo, o bom virá; e terá menos dificuldade de se instalar como bem, caso o caminho esteja aberto. O que estou dizendo a você é o que digo aos meus amigos, e o que digo a qualquer um; digo isso até na televisão. Aliás, digo isto há pelo menos uns 25 anos. Não mudei. Portanto, é apenas uma opinião baseada em mim mesmo—desse negócio todo eu acho que sei um pouquinho—, e também falo fundado na observação de milhares de casos; tanto de usuários, quanto de pais de usuários; sem falar que já freqüentei algumas classes do N.A.—e aprendi muito lá! No mais, é nunca perder a calma, e nem entrar no “jogo”. Seu filho, ainda que inconscientemente, quer brincar. O uso de droga quase sempre revela uma certa imaturidade emocional e alguma necessidade de evasão do mundo real. O que pode estar por trás disso não pode ser reduzido a uma equações simples como a que expressei acima. Mas o melhor remédio é a paz que aplica a sabedoria sem neurose. E, lembre: sobretudo não se pode mostrar cara de desespero. O desespero apenas “fortalece” o comportamento rebelde. Além disso, se você entra no “jogo”, dá inicio ao processo psicológico de dependência e co-dependência. Portanto, muita paz nessa hora! Confie e viva como você tem vivido. Não seja platéia pro show dele. Seja apenas mãe; e exerça o seu papel sem desespero. Sei que logo tudo voltará ao normal. Quanto a você: confie! Nele, Caio
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