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Cartas

ESTOU CHEIA DE INTOLERÂNCIA

ESTOU CHEIA DE INTOLERÂNCIA

 

 

 

 

----- Original Message -----

From: ESTOU CHEIA DE INTOLERÂNCIA

To: contato@caiofabio.com

Sent: Sunday, June 24, 2007 9:01 PM

Subject: Minha intolerância

 

Querido Caio!

 

Sempre tive vontade de lhe escrever na esperança de que você fosse me esclarecer algumas confusões de minha cabeça... Mas sempre achei você muito ocupado para minhas dúvidas fúteis.... Mas criei coragem e aqui estou.

 

Pra resumir: eu era espírita, conheci uma pessoa que me deu todo tempo que eu precisava para refletir se realmente eu estava certa em relação minhas condutas e teorias espíritas; aí me converti!

 

Bom, aí achei que estava no local certo, porque mesmo sendo espírita, não concordava com algumas coisas que via; e ali mesmo pedia a Deus que me desse discernimento para entender o que eu estava vendo e ouvindo. Não aceitava as explicações e os argumentos dados.....

 

Eu estava, segundo os espíritas, desenvolvendo minha espiritualidade... Mediunidade! Só que algo acontecia que nem eles sabiam explicar... Todos recebiam os mais diversos guias e cada um se aproximava das pessoas da roda no centro... E assim por diante. Todos ficavam amigos.... Íntimos! Eu, porém, era a rejeitada.... Ninguém chegava perto de mim. Quando se aproximavam das pessoas que estavam próximas a mim, as trocavam de lugar...

 

Confesso que me sentia rejeitada. Não entendia. A vontade de vomitar era muita... Na última vez que fui o dono do centro veio perto de mim... Todos pararam e começaram a chamar um guia para que eu pudesse ser incorporada...

 

Mas nada aconteceu e o homem saiu num suador danado... Saí dali decidida a não voltar mais...

 

Continuei em casa lendo livros. À igreja católica eu já tinha ido... Fazia parte de alguns grupos, mas não era o que eu procurava. Havia algo dentro de mim que me deixava inquieta... Questionava a vida.....

 

Bom, quando me converti foi uma experiência muito diferente de tudo aquilo que eu já tinha vivido. Comecei a freqüentar a Presbiteriana... Três meses; e eu comecei a ver coisas que não imaginava que existiam. Céus!

 

Aí meu esposo, que desde quando eu o conheci não parava de falar em Caio Fábio, começou a me falar em Caminho da Graça. Bem, eu que era espírita não tinha respostas para minhas perguntas..., e agora começo a aprender o que é o Caminho da Graça...

 

Minha cabeça deu nó! Comecei a me encher de perguntas; e a pedir a Deus que me ajudasse. Comecei a ouvir suas mensagens enquanto fazia minhas coisas... Comecei a entender... Não tive mais vontade de ir à Presbiteriana, porque já não tinha mais paciência de ouvir a ladainha do pastor...

 

Quando entendi o que é ser um caminhante descobri um problema: sou muito crítica; olhei pro lado de quem dorme comigo todas as noites e minha cabeça voltou a ter confusões....

 

Aí eu comecei a me perguntar se quem está comigo, quem me ensinou a caminhar com Jesus, sabe viver na Graça ou usa como argumento a liberdade que Jesus nos dá para fazer o que bem entende, sabendo que está se prejudicando e me prejudicando...

 

Fico horas e horas pensando... Questionando-me... Confesso que me dá raiva, pena; sinto tudo; mas não consigo entender como uma pessoa possa ser tão egoísta a ponto de fazer qualquer coisa sem pensar nas conseqüências para seu próximo; ser tão irresponsável...

 

Aí fico com raiva de mim... Porque concluo que estou com uma pessoa burra; e que eu escolhi... Quer dizer que sou mais burra ainda! Você tem noção de como está minha cabeça?

 

Oro dia e noite pra Deus tirar do meu coração essa raiva. Não consigo perdoar coisas erradas que ele faz... Ele erra e vem pedir perdão, mas se eu perdôo, como já aconteceu, eu não posso nem pensar na possibilidade dele cometer o mesmo erro outra vez, pois julgo que isso vá servir de experiência pra não errar mais...

 

Mas pra minha infelicidade ele comete o mesmo erro... Aí eu sou tomada por um ódio tão grande que eu me fecho, não consigo sequer olhar pra cara dele... Isso vai por semanas... Aquilo fica martelando na minha cabeça...

 

Isso me faz um mal porque vem junto com uns pensamentos na minha cabeça, de que eu não tenho que julgar, tenho que perdoar, pois eu também não sou perfeita (mas não faço essas palhaçadas várias vezes). Diante desses pensamentos eu respondo como se estivesse falando com Deus.

 

—Mas Senhor? Vou ter de perdoar a vida inteira? Vou ter que suportar a vida toda?

 

Ele me fala que perdoa sempre... Mas a segunda resposta eu não tenho... Fico angustiada... Parece que ficar ou não nesse relacionamento depende de mim, mas eu não consigo sair.

 

Não sei o que fazer! Estou numa intolerância terrível!

 

Acho que uma pessoa que nasceu conhecendo a Palavra não deveria agir de tal forma. Na vida crista, na caminhada com Jesus, eu ainda estou engatinhando, e não cometo tal erro. Sei que minha liberdade tem limite, até onde pode me fazer bem, nos fazer bem.

 

Quero ir embora, mas ele não aceita. Parece uma cruz na minha vida, pois, no mesmo momento que eu quero ir embora, eu quero que de certo. Fico pensando: se for eu a errada...

 

Mas eu mesmo me respondo que não sou eu a descontrolada, não sou eu que vivo com os pés nas nuvens, não sou eu a consumista (ele é o oposto).

 

Sou firme no que falo, ele se contradiz a todo o momento; gosto de beber, mas sei quando parar (ele bebe até ficar insuportável); não gosto do exagero de adjetivos que ele usa numa conversa, sou mais realista... Se é feio, é feio; se é bonito, é bonito...

 

Escrevi tanto, mas não sei se consegui mostrar através dessas palavras o que estou sentindo. Só sei lhe dizer que sou a intolerância em pessoa com ele. Olho pra ele e só consigo ver uma pessoa desprovida de inteligência diante de tantos atos idiotas. Falo pra ele que se ele colocasse em pratica 1% do que Caio Fábio prega, nós não brigaríamos tanto.

 

Como pode ouvir tanto e não conseguir colocar em prática...

 

 

Desculpe o desabafo!

 

Beijos, e fique com Deus!

 

______________________________________

 

Resposta:

 

 

Minha amada amiga: Graça e Paz!

 

 

O Perfeito, o Verdadeiro, o Fiel, o Justo, o Santo, o Puro, o Leal, é só Jesus; nós todos somos arremedos disso tudo; e isso quando a verdade começa a entrar em nós!

 

Além disso, verdadeira é a Palavra, mas eu, seu mensageiro, sou mentira, e, por isso, estou sendo curado pela verdade, pela realidade na verdade, e pela minha admissão de mim mesmo na verdade.

 

No Caminho da Graça a Verdade é só Jesus. Nós, os caminhantes, somos aqueles que amam a verdade e desejam se submeter a ela. E, assim, sermos libertos de nossas idiotices e burrices pela Verdade.

 

Entre os Caminhantes há gente de todo tipo: gente boa e gente nem tanto; gente convertida e em conversão; como também gente apenas convencida e em distração; gente de Deus e gente da religião, e que está apenas amargurada (com os maus tratos da religião), mas não enternecida pela Graça.

 

Sim! Há gente que ouviu e gostou, mas não internalizou; gente que gosta do que ouve, e crê que por dar razão estão com a razão; gente que gosta da catarse, mas que não leva nada daquilo para a vida; gente que na vida nem lembra do que diz crer e amar; gente de todo tipo; sem falar nos que vão por causa das meninas ou dos meninos... — e lá ficam como uns bobos, sem nada entender, e, pior: fazendo mal a si mesmos e a outros!

 

Entretanto, existe uma maioria, a qual não é perfeita, mas busca andar na Graça, não na Graxa.

 

Burrice humana tem-se em qualquer lugar. Leia os evangelhos e você verá como até Jesus suspirou de cansaço e perguntou: “Até quando vos sofrerei?”.

 

Todavia, uma coisa é freqüentar um grupo de discípulos, e perceber as ambivalências, as ambigüidades e as infantilidades das pessoas. Outra é você levar pra casa, pra cama, para o todo da vida.

 

No Caminho a gente lida com tudo e todos, mas no casamento é direito e dever nosso não fazer do vínculo um exercício interrupto de tolerância, enquanto a alma estrebucha de agonia em razão de que o marido é uma criança, e que não cresce, e que não se dá conta do quanto precisa crescer...

 

Casamento não é missão, não é creche, não é uma extensão da Pestallozi.

 

Casamento não é treino, não é discipulado, não é pastoreio, não é Escola Dominical.

 

Casamento também não é uma adoção materna por parte da mulher. Sim! Como se a pessoa tivesse que ficar com o marido-menino à semelhança do que faz uma mãe por seu filhinho.

 

Casamento também não é curso de domínio próprio com aulas ininterruptas. Nem tampouco é feito de um convívio que se tolera por gratidão (como no seu caso) ou por pena.

 

De outro lado, preciso dizer a você que não há necessidade de você julgar o seu companheiro, pondo-o diante do que ele ouve e não pratica. Não! Não faça isto. O Evangelho não deve ser nunca objeto de discussões familiares ou conjugais, do tipo em que um diz ao outro que o Evangelho em sua vida é fajuto. Sim! Pois isto além de acabar com o tesão do cônjuge na mulher, tira dele também a espontaneidade em tudo, até em cultuar.

 

Se você acha que ele é um imaturo contumaz, ou mesmo se julga que nunca gostou dele, mas apenas o teve como alguém que nas circunstancias lhe era bom, mas, com o passar do tempo, se revelou infantil e torturante para você; então, não tenha na incoerência dele para com o Evangelho a sua desculpa, pois, você sabe que se ele se convertesse de verdade ao Evangelho da Graça e não da Graxa, você mesma, possivelmente, viesse a dizer: “Meu Deus! E agora? O cara se converteu; mas continua criança em muitas coisas que não são ofensivas a nada, pois são apenas infantis; e eu tenho agora que admitir que meu problema é outro — de fato, eu não o amo para ser meu marido de qualquer jeito!”

 

Desse modo, sonde seu coração com verdade; e veja se as incoerências de seu companheiro para com o Evangelho também não são os álibis perfeitos para você desculpar sua falta de vontade de continuar com ele; e pelas razões de seu coração, e não em razão do comportamento dele apenas.

 

Claro que você quer que dê certo, na mesma medida em que você gostaria de sair...

 

Sim! Pois você é uma mulher séria e não deseja ficar trocando de companheiro, especialmente agora, quando você conheceu a Palavra. No entanto, seu coração sabe que nem só de comunhão fraterna, amizade, pena-gratidão se vive neste mundo — especialmente se a relação for conjugal. 

 

Portanto, veja se você o ama. Se não o ama como homem e companheiro, diga isso a ele; e, na verdade, deixe-o livre; enquanto você mesma cresce em verdade, sem transferir nada para ninguém.

 

E mais: a bem-aventurança de tudo isso é que vocês não têm filhos!

 

Seja grata a ele por tudo; peça a ele para não deixar de estar no Caminho; mas, se na verdade você descobrir que não o ama, mas apenas morre de pena, não faça a ele o mal de tê-lo apenas por comiseração, pois, tal coisa faria um mal imenso a ele em não muito tempo.

 

Gostaria muito de conhecer vocês dois. Por que não me procuram?

 

 

Receba meu beijo; e fique firme na Palavra e no Caminho!

 

 

Nele, em Quem cada relação se faz com um tipo de amor, conforme o vínculo,

 

 

 

Caio

 

24/06/07

Lago Norte

Brasília

 

 

 

  

 

 

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