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Cartas

DEUS, O HOMEM E O TEMPO...(I-II)

DEUS, O HOMEM E O TEMPO...(I-II)



-----Original Message----- From: Bento Souto Sent: quarta-feira, 26 de maio de 2004 14:01 To: contato@caiofabio.com Subject: O Tempo Querido Caio, Creio que Deus criou o Tempo. Portanto, Ele não está sujeito ao mesmo. Creio que essa linearidade do Tempo só se aplica aos seres criados. No entanto, acho que há um "agora" em todo o Universo sujeito ao tempo. Isso é dito porque se usa o exemplo de estarmos olhando para luminosidade de estrelas que já nem mais existem para se afirmar que passado e presente dependem do observador. Explicando melhor. Não é porque o Sol se encontra a oito minutos-luz de distância da Terra e a constelação Ursa Maior a oitenta anos-luz, que não possamos considerar isso apenas como "fuso-horário". Ou seja, Lula e a comitiva presidencial estão, nesse momento, indo dormir, na China, pois lá já são onze da noite de hoje. Em suma, Lula está no futuro em relação a nós, brasileiros, mas há um “agora”. Esse “agora” só é conhecido por causa dos sinais de áudio e vídeo enviados da China para o Brasil. Esses sinais, via satélite, demoram cerca de 1/4 de segundo para chegarem aqui. Isso se dá devido ao satélite usado na comunicação encontrar-se a 40.000 km de distância da Terra. Por essa razão, quando assistimos uma transmissão ao vivo, por satélite, notamos um "hiato" de meio segundo entre a pergunta do pessoal do Brasil e a resposta do pessoal que está transmitindo o evento no outro país. Colocando em termos práticos, seria mais ou menos assim. Alguém no Brasil diz: "bom dia"... o "bom dia" sai do Brasil para o satélite...40.000 km... o "bom dia" vai do satélite para alguém, na China... + 40.000 km... alguém, na China, ouve o "bom dia" e responde: "boa noite"... o "boa noite" sai da China para o satélite...+ 40.000 km... depois, vai do satélite para o Brasil...+ 40.000 km. O total de kms percorridos pelos sinais é igual a 40.000 x 4 = 160.000 kms. A velocidade da luz é cerca de 300.000 kms/s. Sendo assim, temos uma prova prática dessa velocidade em ação. Ou seja, o que vemos na TV é o que aconteceu há 1/4 de segundo atrás. Vemos o passado! Espero que tenha ficado claro que apesar de "vermos o passado", por não dispormos de meios de transmissão mais velozes, há um "agora" no Universo. Há algo acontecendo no Sol, agora, que nós só saberemos daqui a oito minutos. Há algo acontecendo em Ursa Maior, agora, que nós só saberemos daqui a oitenta anos. No entanto, alguém que disponha dos recursos necessários pode saber "agora" o que se passa em todos os locais do Universo. Isso tudo é dito para afirmar um problema (meu, diga-se de passagem) de entendimento para aceitar que alguém possa "viajar para o passado" e alterá-lo. Quando eu falo "viajar para o passado", tenho em mente viajar para o passado do "agora" do Universo. Ficções como "De Volta Para o Futuro", "O Exterminador", etc., são situações improváveis, em minha opinião. Digo isto porque aceitar que o passado possa mudar é aceitar que possam existir universos paralelos. Imaginemos que alguém vá ao passado e impeça que os atentados de 11 de setembro de 2001 ocorram. Ora, se isso for possível, teremos um 12 de setembro de 2001 diferente do que tivemos. Aquelas pessoas que morreram nos atentados do World Trade Center e no Pentágono estariam vivas. As pessoas que morreram nos aviões também estariam vivas. Não teria havido as Guerras do Afeganistão e do Iraque. Enfim, admitir qualquer mudança no passado do “agora” do Universo, obriga-nos a aceitar que uma pessoa possa morrer em várias datas diferentes e de diferentes maneiras. Pela ótica cristã, a coisa pode ficar mais complicada ainda, pois seremos obrigados a admitir, se aceitarmos essa possibilidade de mudar o passado, que uma mesma pessoa possa ir para o Céu e para o Inferno. Ouço dizer que a Física Quântica tem desafiado alguns desses conceitos sobre o Tempo. Contudo, eu não estou convencido que se possa "alterar" o passado do "agora" do Universo. Essa possibilidade de alterar o passado do "agora" do Universo, me parece com alguém, hoje, assistindo o final da Copa de 1998 e querendo alterar o resultado da partida em favor do Brasil. Creio, apesar de que posso estar enganado, que se pode alterar o futuro, ou melhor dizendo, o "provável" futuro. Está muito frio, hoje, em São Paulo. Imagino que se alguém cortar essa grande árvore que vejo daqui, o sol incidirá mais fortemente na janela. No entanto, no futuro, quando fizer calor, o sol, sem a sombra da árvore, irá tornar esse ambiente, em torno da janela, insuportável. Ou seja, posso imaginar diversos futuros, mas a única coisa que eu não consigo imaginar é alguém decidir não cortar a árvore, depois de havê-la cortado. Se isso for possível, vivemos numa Matrix e não na realidade, não é? Essa alteração de provável futuro é o que vejo em diversos relatos da Bíblia. Nunca vi sequer uma alteração do passado. Assim termino sendo obrigado a concluir que talvez se possa “ver” o passado do “agora” do Universo, mas não alterá-lo. Creio que tudo, passado, presente e futuro, está exposto perante Deus. Portanto, sou obrigado a aceitar que também existe um outro “agora”, o “agora” de Deus. Esse “agora” de Deus, é diferente do “agora” dos humanos? Sim e não! Sim, porque Ele não está preso a linearidade do tempo para saber o futuro, como nós, Suas criaturas. Ou seja, por estar “fora do tempo”, Deus, além de conhecer todos os prováveis futuros, sabe, vê e conhece o Futuro Real – aquele futuro que, realmente, irá acontecer. Ou seja, Deus não é como um experiente jogador de xadrez que consegue ver vários movimentos à frente. Pelo contrário, Ele sabe como vai terminar a partida antes que ela comece. Não, o “agora” de Deus não é tão diferente dos humanos, em relação ao passado. Não consigo imaginar Deus mudando algo que de fato já aconteceu. Lázaro morreu e depois Jesus o trouxe de volta a vida. Jesus não fez com que Lázaro morresse e não morresse. Lázaro morreu...Jesus o trouxe de volta à vida... Lázaro morreu...Jesus o ressuscitará. Não é possível morrer e não morrer ao mesmo tempo. É? Se for, isso destruirá a Lei mais fundamental da Lógica, a Lei da não contradição. Ou seja, A não pode: ser A e não ser A, ao mesmo tempo e no mesmo relacionamento. A mente não consegue entender isso! Quando falta a Lógica, também falta entendimento para nossas mentes. Isso seria um suicídio total para nossas faculdades mentais. Seria como admitir que Deus criou a Si mesmo. Nem Deus pode criar a Si mesmo, pois isso seria admitir que quando Deus não existia, Ele criou ... Ora, o que não existe não pode fazer coisa alguma! Por isso que os evolucionistas estão começando a afirmar que o Universo é eterno! Qualquer ateu é obrigado afirmar que o Universo sempre existiu, para ser lógico! E então, o que você me diz, estou enganado? Abraço Bento ____________________________________________________________ Resposta: Amado amigo e companheiro de prazeres da mente: Nele tudo é! No meu livro Nephilim fiz o personagem Abellardo Ramez voltar no Tempo até os dias pré-diluvianos. E sua maior tentação e desejo no processo todo, era tentar mudar o passado e alterar, assim, o futuro. Logo Abellardo aprendeu que isso não seria possível. Ele mesmo concluiu, no Passado, pela total impossibilidade de alterá-lo. Lá, no máximo, ele podia aprender, porem não tinha como mudar as coisas, por mais que tentasse. Em Romanos 8 a única dimensão não mencionada na lista das coisas que não podem nos separar do amor de Deus, é o Passado. Não é mencionado porque não pode nos separar do amor de Deus, mas pode nos afastar da EXPERIÊNCIA do amor de Deus, pela via de qualquer mágoa ou ressentimento ou qualquer outra coisa. Mas também NÃO é mencionado porque não existe como possibilidade. Em qualquer tempo, dimensão ou realidade, só existe Agora para Deus. Assim como existe o “retorno” do satélite—com todas as acumulações de frames de segundos que se transformam em atraso em razão da viagem do sinal, no tempo e no espaço—também existe o “retorno” entre o Momento e a Realização de qualquer Agora como percepção, mesmo que eu próprio seja o receptor mais intimo da informação. Explicando. Pensemos no “momento” de um pensamento, e que acontece em mim antes mesmo de ser pensado como pensamento. É assim porque a palavra também faz sua viagem até a língua, tendo antes que viajar numa malha inconcebível de ramificações, e que somadas em extensão, em muito nos separariam de nós mesmos se tivéssemos que nos comunicar em-nós-mesmos via satélite. Isto porque se nossos “cabeamentos de fiações cerebrais” fossem postos em extensão contínua, nos colocariam numa distancia que medida em sinais de transmissão de satélite—se o pensar viajasse na mesma velocidade dos sinais de satélite—, demoraria ainda mais do que acontece numa transmissão de futebol; visto que a distancia da soma dessas conexões cerebrais, fariam o caminho mais longo que aquele que o sinal de satélite percorre. Assim, mesmo que haja em mim uma velocidade que exceda a de transmissões de satélite, ainda assim, HÁ UM TEMPO EM MIM. Daí, até para “realizar” a Realidade, o Absolutamente agora—ainda que seja em mim mesmo—, haja uma perda de tempo em mim; pois há uma viagem a ser feita, até que o espírito vire um pensamento...e se transforme em algo que seja comunicável de nós para nós mesmos. A Matemática e a Física do Agora por você explanada é mais que real. Porém, este Agora só é conhecido como Agora por Deus; visto que o fato de haver um Agora-Agora não me faz parte absoluta dele, nem quando ele acontece em mim mesmo. Há hoje uma certa contradição sendo percebida como Realidade pela própria Física. Por exemplo, as leis que determinam a fixidez de Macro Universo—esse que a gente vê com os olhos e sente com os sentidos—não são coerentes com as leis que existem como total falta de lei no interior de um elétron; e quanto mais profundamente se mergulha nesse Micro Universo—do qual o Macro Universo é constituído—, mais o oposto em relação à fixidez é encontrado, visto que no ambiente quântico a lei é a da probabilidade total. Assim, pelo menos até agora, o Universo existe em “contradição”, visto que aquilo que lhe dá Fixidez, em si mesmo, não se constitui das mesmas “leis”...sendo em si mesmas “contraditórias” com as Leis de nossa Lógica macro física. Parece que na base de todas as coisas, as coisas que não são, existem para embasbacar as que são! A Física Quântica, entretanto, não postula viagens para o passado. São as ficções que fazem uso dos enunciados teóricos da Física Quântica, e que trabalham fictíciamente essa possibilidade; e, diferentemente de mim no meu livro Nephilim—também uma ficção—, eles “conseguem” alterar o Passado. Mas é somente ficção que brinca com a teoria. O que eu acho maravilhoso nisto tudo é que a Física está caminhando para uma outra teoria, que é a da Consciência. A própria Física hoje sabe que o Ato de Observar com Consciência altera o objeto que está sendo observado. A Consciência altera a Realidade. Assim, mais uma vez, a afirmação da realidade da consciência humana nega a possibilidade de que a própria consciência alcance qualquer Agora-Agora; visto que o próprio olhar que observa, muda o fenômeno em alguns aspectos; isto no ambiente quântico. Ora, se a consciência realiza isso no ambiente quântico, é de se esperar que ela mesma altere muito mais coisas. Desse modo, há profunda coerência entre os chamados efeitos da Queda e as alterações no Universo. O fato é que se a consciência do observador tem esse poder é porque ela é constituída da mesma essência Criadora em escala finita; sendo, portanto, a consciência, um fragmento da Consciência; esta, sim, a Única consciente-de-si-mesma..e onde o Tempo não é Nada. Pois assim como o SENDO nasce do que É, assim também o Tempo—que sempre é um SENDO—deriva-se do que É fora do Tempo, pois É. Já o Tempo é sempre um Sendo que vem do que É sem ter que ser um Sendo para Ser. Eu Sou é o Seu Nome! O mundo quântico é muito parecido com aquilo que é sem ser sendo. O mundo quântico é o menor SENDO que se conhece. E minha intuição é que a consciência, como fenômeno, é feita de coisa muito semelhante: o espírito. Assim, a Física está sendo empurrada para o espírito pela evidencia quântica. No entanto, como eu disse, isso apenas levou o conhecimento à certeza de duas coisas: a primeira é que o que chamamos de “contradição” e “ilogicidade” existe como Realidade para a consciência—pois ninguém pode negar as existências, ainda que antitéticas, das constituições dos fenômenos em “contradição”—, visto que suas percepções são inegáveis pela freqüência com a qual se repetem. A segunda coisa é que a ciência jamais revelará à própria ciência o fim do processo, pois a mente simplesmente não tem como passar de certos limites. Pode até chamar de real os fenômenos, mas não pode retirar deles a contradição. Contradição é até onde a Lógica nos leva. A contradição existe. Mas só existe como contradição para mim, visto que sou escravo do Tempo. Visto do Tempo o Universo é cheio de Contradição. E é honesto que seja assim. Visto que por meios próprios o homem só pode mesmo chegar à Lógica da Contradição. Estamos falando de Física, mas ela é apenas uma extensão da revelação. E quem crê no Evangelho não estranha isto, visto que na base de tudo o que existe é Loucura. Mas a Loucura dos homens é a sabedoria de Deus. E todas as nossas contradições Nele subsistem como o que É. Nele, em quem todos vivem sem se atropelarem no espírito, porém com muitos atropelos no Tempo, Caio ___________________________________________________________ -----Original Message----- From: Bento Souto Sent: quinta-feira, 27 de maio de 2004 17:13 To: contato Subject: DEUS, O HOMEM E O TEMPO...(II) Amado amigo Caio, Alegro-me em saber que você também pensa que o Passado do Universo não pode ser alterado. Confesso que lembrei de Abelardo Ramez... contudo, àquela época, eu observei e me prendi mais à capa "fálica" do Nephilim do que ao detalhe do Passado não poder ser alterado. Perdoe o seu amigo por isso, por favor. Confesso também que Física Quântica ainda é "Grego" para mim. Outro dia, enquanto lia "Creation and Time" (Hugh Ross - Nav Press), constatei que é preciso uma mente mais preparada do que a minha para entender certas coisas. Ross, um cristão astrofísico americano, descrevia como o corpo físico de Jesus ressureto podia atravessar paredes. Ele demonstrava o movimento de um corpo de mais de seis dimensões... Seis dimensões? Meu Deus! É muito para minha cabecinha! Ora, se Física Quântica não é minha praia -- e você tem milhares de e-mail de pessoas com sofrimentos reais pedindo uma palavra sua --, por que eu volto a falar de um tema tão abstrato? Porque algo me chamou a atenção em sua resposta tão carinhosa e precisa. Caio Fábio escreveu: "No entanto, como eu disse, isso apenas levou o conhecimento à certeza de duas coisas: a primeira é que o que chamamos de “contradição” e ilogicidade existe como Realidade—pois ninguém pode negar as antíteses das constituições dos fenômenos em “contradição”—visto que suas percepções são inegáveis pela freqüência com a qual se repetem. A segunda coisa é que a ciência jamais revelará à própria ciência o fim do processo, pois a mente simplesmente não tem como passar de certos limites. Pode até chamar de real os fenômenos, mas não pode retirar deles a contradição". Querido amigo, sei que você é um mestre no uso das palavras. Poucos possuem o dom de dominar as palavras como você. Por isso mesmo que eu preciso saber se você usou "contradição", propositalmente? Explico, Contradição é a marca da falsidade, segundo os preceitos da Lógica; e, eu concordo totalmente com essa definição. Logo, não consigo entender que "fenômenos sejam reais e contraditórios". Encorajado pela sua amizade e pelos imensos benefícios que tivemos em virtude das perguntas "tolas" de alguns discípulos de Jesus, eu te peço que expliques melhor o que quisestes dizer com "fenômenos reais e contraditórios"? Está na minha mente a divisão entre Paradoxo, Mistério e Contradição. Será por isso que eu não consigo entender algo "real e contraditório"? Paradoxo, segundo meu entendimento, é algo que parece Contraditório, apenas na aparência, mas quando analisado, minuciosamente, se percebe não haver Contradição. Um exemplo disso seria o seguinte: a) tudo que é mais pesado que ar não se mantém em suspensão na atmosfera. b) o helicóptero é mais pesado que o ar e se mantém em suspensão na atmosfera. Essas duas afirmações parecem contraditórias. No entanto, sob análise minuciosa, veremos que o helicóptero, apesar de ser mais pesado que o ar, pode permanecer suspenso no ar porque suas pás, ao girarem, produzem sustentação. Ou seja, ao analisarmos, pormenorizadamente, o fenômeno da suspensão do helicóptero no ar, encontramos uma força, até então desconhecida, a sustentação. Assim, a aparente Contradição não passa de um Paradoxo. Mistério, segundo o que eu entendo, é tudo aquilo que inteligência humana é incapaz de explicar ou compreender por si só. A Bíblia está cheia de Mistérios. A Trindade. Deus encarnado. O Evangelho. Etc. Todavia, os Mistérios podem ser explicados por aqueles que os conhecem. Paulo queria que os homens considerassem os cristãos "dispenseiros dos mistérios de Deus" (1 Cor 4:1). Jesus disse aos discípulos que a eles era "dado conhecer os mistérios do Reino de Deus" (Lucas 8:10). Assim, Mistério é ininteligível apenas até ser revelado. Contradição, também em minha opinião, é a marca da falsidade. A única semelhança entre Contradição e Mistério é que ambos são ininteligíveis à mente humana. No entanto, Contradição é a aceitação de duas proposições excludentes. Um exemplo claro disso seria: a) O Universo foi criado b) O Universo sempre existiu Uma das duas afirmações anteriores tem que ser falsa. Impossível aceitar que as duas correspondam a Realidade. Quando disse, no e-mail anterior, que aceitar a Contradição seria cometer suicídio intelectual, tinha em mente vários exemplos de Contradição em relação à Deus. Seria aceitar que proposições, como as abaixo possam ser verdadeiras: a) Jesus Cristo é a Verdade, logo, Ele pode mentir. b) Deus é Eterno, logo, Ele pode ter sido criado. c) Deus não é tentado pelo Mal, logo, Ele é autor do pecado. d) Deus é Justo, logo, Ele pode cometer Injustiça. e) Deus é Bom, logo, Ele pode cometer maldades. f) Deus me ama, logo, Ele pode ser o Diabo. Nossas mentes não aceitam Contradição como Realidade. Mesmo o mentiroso mais doente deve saber que sua mentira não é a Realidade. Assim, penso que a Contradição que existe entre o Micro e o Macro Cosmos, segundo a Física Quântica, deve ser entendida como Mistério e não como Contradição! Acho que isso é coerente, pois só chamamos de Contradição porque não a entendemos e nem sabemos explicá-la. O que você me diz disso? Nele, em quem não há qualquer contradição e que há revelado o Mistério do Seu Amor por nós, na Cruz e na Ressurreição! Um beijo, Bento Souto ____________________________________________________________ Resposta: Meu amado amigo Bento: Paz Nele! De fato, a Física é uma ciência de crianças. Nela tudo é mais mistério que revelação, mais incerteza que certeza, e mais contradição que uniformidade. E é de Física que estamos falando, não de Deus. Quando falei de “contradição” de fato eu quis dizer isto mesmo. Contradição, pelo menos até que haja a revelação da síntese convergente, que, para nós, é Cristo, em quem tudo subsiste. Mas a Física não conta com esse “vértice unificador”, e o caminho dela é diferente do caminho da Fé, ainda que não se faça nada nem na Física nem em qualquer outro campo, se não houver fé. Alguém diria que é a dúvida que faz a ciência a ser ciência. Todavia, eu creio que se é a dúvida que levanta a questão, é a fé que impele o duvidoso a buscar uma resposta. Sem fé também é impossível fazer ciência. Sobre a contradição falada entre o Macro Cosmo e o Micro Cosmo, apresentarei uma ilustração. De fato, trata-se de uma ilustração criada por Heisenberg. Nela ele ilustra o princípio da Incerteza criando um Cartoon que tem como personagens alguns dos principais proponentes de teorias Físicas. Desse modo, Heisenberg aparece apontando para baixo com sua mão direita para indicar a posição de um elétron, e apontando para cima, com a outra mão, para a onda da energia oriunda do elétron. Isto porque, num dado momento, quanto mais certeza temos sobre o “momentum de um quantum”, menos certeza podemos ter de sua exata posição. Então aparece Bohr, outro grande nome, e que gesticula para cima com dois dedos para enfatizar a natureza dual e complementaria da realidade. O quantum não observado é ambos, partícula e onda; mas qualquer experimento só pode mostrar uma forma ou outra, não ambas; visto que a indicação da realidade de um das realidades—partícula ou onda—remete a outra para a inobservabilidade. Bohr argumentava que as teorias sobre o universo necessariamente devem levar em conta os efeitos do observador em qualquer medição de quanta. O observador pode alterar a coisa observada pela simples observação do ambiente que observa. Bohr e Heisenberg chegaram à conclusão que qualquer previsão na mecânica quântica pode, no máximo, ser limitada a uma descrição estatística de um comportamento de grupo, mas nunca em relação ao ente-individual na dimensão sub-atômica, visto que a certeza sobre um, remete o outro para a não observabilidade, conforme já disse antes. Ora, na ilustração—no cartoon—Einstein aparece revoltado contra a revolução quântica e diz que ele não podia crer que Deus brincava de dados com o universo. Assim, Einstein protesta a fim de indicar que ele acreditava que o universo poderia ser descrito com uma única equação de campo unificada. Einstein descobriu a relatividade do tempo, a relação matemática entre a energia e a matéria. O restante de sua vida ele passou tentando formular uma teoria de campo unificada. Muito embora nós agora precisemos utilizar a probablidade para descrever os eventos quânticos, Einstein esperava que no futuro se pudesse encontrar uma ordem escondida na mecânica quântica. Na ilustração de que falei é Feynman, todavia, quem “toca os tambores”, com os diagramas de partículas virtuais se levantando como notas musicais. Ele inventou a Eletro-Dinâmica-Quântica, o sistema mais prático de resolver problemas em mecânica quântica. Feynman renormalizou os infinitos que impediam soluções exatas de equações quânticas. Na ilustração desse Dilema Físico há um gato, que é Schrodinger. Ele está sorrindo e se esfregando em Bohr. Há também uma mulher em azul, que é Nut, a deusa egípcia do Céu. Ela lança dados nas costas de Einstein, e está dando à luz uma chuva de partículas elementares—isto tudo no cartoon do qual falei, e que me foi enviado, via Internet, por meu filho Ciro. Einstein diz: - Deus não joga dados com o universo! Bohr responde: - Quem é você para dizer o que Deus faz! Hawkings complementa: - Deus não só joga dados, como também, às vezes, resolve esconder os dados que ele joga. Assim, no Macro Universo, Energia é igual a Massa, vezes a velocidade da Luz ao quadrado. Esta é a equação de Einstein. Ora, esta é a Lei da Relatividade, mas que carrega em-si um absoluto: a velocidade da luz é uma constante. No mundo quântico, todavia, as interações entre as partículas ocorrem de um modo mais rápido que a velocidade da luz, e independente de distancia, tempo, ou mesmo da realidade da partícula com a qual se interage; podendo haver até interação com uma “possibilidade” de partícula, mas que não existe como tal para o observador; ou seja: pode haver interação com uma partícula não identificável, que nesse caso, para quem observa, é uma interação com uma “probabilidade de existência”. Nesse caso, a suposição é que a interação seria com algo que existe para a partícula que com essa realidade interage, mas que não está disponível para o observador como algo detectável. O que é um elétron? Ele é uma partícula e ao mesmo tempo uma função de onda. Ora, isto é o que cria o Paradoxo da Incerta, que é até agora uma Contradição, visto que é sobre certezas que vivemos. Todavia, nosso Macro Universo de muitas certezas—afinal, os fenômenos dele se repetem em obediência a Leis Constantes—é alimentado por realidades que existem em total incerteza—no mundo quântico—, e que dão à Luz uma constante, embora a matéria constitutiva da Luz seja feita de algo que é mais veloz que a Luz, e que pode viajar independentemente de tempo-espaço. Ora, isto é Contradição, pelo menos por hora; e, mesmo sendo contraditório, ainda assim é inegável como fato. Afinal, eu estou usando, enquanto escrevo este texto, ambas as coisas: a certeza que me vem do elétron, e a mecânica das incertezas, e que habita o “interior de uma Certeza Maior”. Assim, as certezas que temos no Macro Universo são constituídas das Incertezas Reais existentes no Micro Universo. Desse modo, quanto mais certo você está da posição do elétron, mas incerto da energia, e vice versa. A Física ainda está a procura de uma variável de unificação, conforme o sonho de Einstein; mas até agora nada. O paradoxo é que a Luz é constante; mas o elétron tanto é partícula quanto onda, assim como também viaja em velocidade mais rápida que a Luz; sendo que todas as coisas das quais nos utilizamos para produzir equipamentos tecnológicos baseiam-se em eletricidade—elétron—, enquanto se sabe que o próprio elétron é, em si, ou melhor, em suas próprias vísceras, pura incerteza. Assim se poderia dizer que nossas Macro Certezas se baseiam em realidades nas quais o que prevalece é o Princípio da Incerteza, visto que no Micro Universo—do quantum—, se se tem certeza sobre a posição da partícula, não se terá nenhuma certeza sobre sua velocidade, e vice versa. Isto apenas para começar com a “contradição”. Quanto ao mais, eu diria o seguinte: As três definições que você fez—Paradoxo, Mistério e Contradição—são realidades em suas definições filosóficas, etimológicas a até teológicas. Todavia, na Física elas não carregam toda essa fixidez. É obvio que aquilo que hoje é contradição poderá a vir a ser redefinido como paradoxo, já que a Física não trabalha com a categoria do Mistério, pois, nesse caso, pararia a sua busca de compreensão do que existe. É claro que contradição só existe para nós, e nós temos que aprender a lidar com elas, visto que muitas delas, embora contraditórias entre si, são inegáveis como fato real e utilizável por nós, tecnologicamente falando. A equação unificadora de todas as teorias é Cristo, em quem habitam todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento; mas isto eu sei pela Fé, não pela Física. Afinal, Nele tudo subsiste. Um beijo de seu amigo e irmão, Caio 3/6/04
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