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Cartas

CHEIO DA CERTEZA DAS PRÓPRIAS DÚVIDAS

CHEIO DA CERTEZA DAS PRÓPRIAS DÚVIDAS

-----Original Message-----

From: Irmão cheio de certezas acerca de suas próprias dúvidas

Sent: sexta-feira, 29 de agosto de 2003 15:49

To: contato@caiofabio.com

Subject: Sei tudo o que acho que não posso, mas não agüento

 

Mensagem:

 

Pr Caio Fabio,

 

Amo o Senhor Deus e por amor aos meus irmãos procuro compartilhar do que tenho vivido. Creio que a graça e a misericórdia do Senhor guiam os meus caminhos.

Fui casado por 10 anos. Eu sou Cristão, minha ex-esposa é católica afastada.

Nos casamos na Igreja Católica. Hoje sou convertido.

Nos últimos 2 anos procurei resgatar o casamento. Temos uma filha, hoje com 10 anos.

Minha esposa disse que não me amava mais e disse que seria melhor que eu saísse de casa. Assim foi por mais de 2 anos, repetidas vezes.

Quando uma relação acaba ambos tem sua parcela de responsabilidade pelo que aconteceu.

No fim já não éramos um casal.

Decidi seguir meu caminho sozinho.

Dois dias antes de minha saída minha ex-esposa “procurou-me”, nada disse, apenas “procurou-me”.

Tentei argumentar sobre a vida, sobre o respeito e sobre o compromisso.

Pedi a Deus, supliquei durante todo o tempo, não entendia o por quê de tamanho sofrimento. E agora ela me “procurava”.

Mas fui obediente, e a acolhi no meu leito como manda a Palavra do meu Senhor; por 2 dias seguidos.

Mas no terceiro dia fui agredido novamente; justamente no dia em que pernoitaria com minha mãe em uma unidade de terapia intensiva coronariana.

Tudo ficou bem, mas eu saí de casa.

Cuidei de tudo, troquei os eletrodomésticos avariados por novos, e saí.

Moro em um imóvel alugado.

E senti-me fracassado, meu casamento estava desfeito, apesar de minhas tentativas, apesar de ter suplicado ao Pai, apesar de tudo. Acabou.

Em tudo dai graças e eu dei Graças ao Senhor.

Minha convicção é que O Casamento é Permanente !

Eu não poderia ter permitido o término do meu, mas não dependia apenas de mim.

Vivo e tenho entregado minha vida nas mãos de Deus e aguardo a misericórdia do Senhor.

 

Pr Caio Fabio, pondere comigo.

 

Poderei casar-me novamente?

Terei que tornar-me eunuco?

 

Quanto Tempo Deveria Durar Um Casamento?

"Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive" (Romanos 7:2).

"A mulher está ligada enquanto vive o marido" (1 Coríntios 7:39).

 

O ensinamento de Deus é para que um esposo e uma esposa permaneçam casados até que a morte os separe.

Deus une esposo e esposa num só ser, e esta união é para ser permanente. Não há, certamente, ligação possível entre as pessoas em casamentos que sejam entendidos como adultério.

 

O Divórcio é Pecaminoso

 

Posso Divorciar-me?

Há razões básicas porque o divórcio é pecaminoso: Primeiro, Deus disse: “Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem”. (Marcos 10:9).

Segundo, é pecaminoso por causa do que o homem faz à sua companheira, quando ele se divorcia dela.

Jesus disse que “ ele a expõe cometer adultério (Mateus 5:32).

Fazer com que outro tropece e se perca é um pecado tremendamente horrível (Mateus 18:6).

Terceiro, o divórcio é pecaminoso, porque eu prometi ficar com minha esposa até que a morte nos separasse.

Deus detesta a mentira e a quebra da promessa (Apocalipse 21:8; Romanos 1:31).

 

Casamento de Divorciado é Adultério

 

Poderei, um dia, casar-me novamente?

Eu entendo que a pessoa divorciada não tem a opção de se casar novamente.

Em 1 Coríntios 7:10-11, Paulo deu duas escolhas àqueles que haviam se divorciado: “permanecer descasado ou então se reconciliar com o seu par”. Entendo também que novo casamento de divorciados é adultério.

É adultério para aquele que se divorcia de seu par (Marcos 10:11-12), para aquele que está divorciado (Mateus 5:32) e para aqueles que se casam com pessoas divorciadas (Lucas 16:18).

De acordo com Romanos 7:2-3 o adultério continua enquanto se está casado com um segundo par e o primeiro ainda vive.

E para quem estiver casado novamente?

Já que nenhum adúltero pode ir para o céu (1 Coríntios 6:9-11) e sabendo que Deus julgará os adúlteros (Hebreus 13:4), aqueles divorciados que estão cometendo adultério por haverem se casado novamente necessitam urgentemente arrepender-se para que sejam perdoados.

Mas o que têm eles que fazer para receber perdão?

Têm que se arrepender (Atos 2:38). O arrependimento envolve o abandono das práticas pecaminosas; neste caso, a desistência do adultério.

Os Coríntios foram limpos depois que eles deixaram suas práticas pecaminosas ("Tais foram alguns de vós"- 1 Coríntios 6:9-11).

O Evangelho sempre exige a separação do pecado.

O beberrão deve separar-se de sua garrafa, o idólatra de seus ídolos, o homossexual de seu amante, o adúltero de seu par ilegal.

 

Exceto Por Traição

 

E eu desconfio que ela tenha me traído, realmente. Mas como provar uma coisa dessas?

E se ela não tiver traído, como reparar o dano?

 

 

Toda a pessoa divorciada de um companheiro vivo comete adultério quando se casa novamente, exceto aquele que se divorciou de seu par por traição conjugal (Mateus 19:9). Nenhuma exceção é dada àquelas pessoas cujos divórcios não envolveram traição. Assim como nenhuma exceção é dada àqueles que receberam o divórcio. A exceção é dada somente àqueles que se divorciaram por motivo de traição do outro cônjuge.

 

Há muita confusão no mundo sobre a necessidade do batismo do cônjuge e falam do "jugo desigual". Mas não é porque Jesus não possa ser entendido (Marcos 16:16). Por causa das teorias dos homens e dos esforços para evitar o que Jesus disse tem havido muita confusão no mundo sobre as conseqüências do divórcio e novo casamento.

Como estudar a palavra de Deus, particularmente, passagens como Mateus 5:32, 19:9; Marcos 10:11-12; Lucas 16:18; Romanos 7:2-3; 1 Coríntios 7:10-11?

Na Bíblia, o homem simples, com fé e devoção, tem entendido a vontade de Deus. Nessa esperança e nessa qualidade de pecador e miserável suplico ao Senhor Deus abençoar-nos para ouvirmos sua Palavra e compreendê-la para buscar uma vida reta.

Fique na graça do Senhor

do amigo

 

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Meu amado irmão: Paz!

 

Primeiramente obrigado pelo "estudo bíblico".

Em segundo lugar, pela declaração de suas certezas. Se eu tivesse as certezas que você tem não teria nenhuma dúvida.

 

Quanto ao término de seu casamento, eu sinto muito.

 

Sinto muito pelo que lhe aconteceu!

Sinto ainda mais pelo que está lhe acontecendo Agora!

 

Mas, infelizmente, sendo honesto com suas certezas, tenho que informá-lo que não tenho como ajudá-lo.

 

Você me escreveu com tantas certezas, que se transgredidas colocariam você em "pecado".

 

Eu não sou ministro do pecado. Por isto, jamais colocaria você em pecado. Não estou aqui para ajudar ninguém a transgredir.

 

A fé que tu tens, tem-na para ti mesmo.

 

Eu vejo, conheço, sinto, entendo e pratico um outro modo de entender o “espírito” da Escritura.

 

Você me citou a Escritura.

 

Se eu usar a Escritura como Lei não lhe sobrará nem ar para respirar.

 

E Deus fez assim de propósito, para que toda boca se calasse e constatasse sua própria perdição.

 

Se seu desejo é viver a Escritura toda, sugiro-lhe botar em prática muitos outros decretos.

 

Há milhares de outros mandamentos, e que nunca foram do agrado dos cristãos, e que estão fora das listas malignas das doutrinas da “igreja”.

 

Leia em Gálatas 5 aquela lista onde os sentimentos como ira, inveja, jactância, separatismo, cobiça, etc...também impedem que alguém “herde o reino de Deus”.

 

Depois, me explique como você conseguirá se salvar!

 

Apenas uma questão para você “ponderar”.

 

Por que os males subjetivos são passíveis de perdão—embora continuem presentes no ser da maioria—, e os males pontuais, que muitas vezes acontecem como “ato” uma única vez, são irredimíveis para os cristãos?

 

O que você está me dizendo é que além do pecado para o qual não há “perdão”—o pecado contra o Espírito Santo—, há outros relacionados ao sexo que não têm perdão também?

 

Ou será que você está me dizendo que a Cruz só vale até antes do sujeito dizer “eu creio”, e que daí para frente ele está por conta própria?

 

Eu creio no Deus de toda Graça e toda Misericórdia. Para mim isso não é “doutrina”, é fato!

 

 

Se você deseja saber o que eu penso sobre as questões que você colocou como um pobre ser “encurralado” pelas suas próprias “certezas”, então navegue aqui neste site; pois, com certeza, questões como as suas são as mais recorrentes.

 

E já há tanta coisa escrita, que os leitores assíduos já nem agüentam mais de tantas respostas relacionadas ao tema em questão: casamento, divórcio, novo casamento, sexo, etc...

 

Note, eu nunca “puxo esse assunto”. Quem ler Reflexões, Artigos, Devocionais, Opinião, Histórias, etc...que são “áreas” aqui do site, raramente alguém me verá “puxando o assunto”.

 

Mas se você ler Cartas verá que 60% das questões que me são propostas, são como as que você quase disse possuir.

 

Questões freudianas!

 

Nada de errado com isso. Tenho prazer em responder com toda sinceridade. Sei que milhões precisam de ajuda. E têm sido ajudados.

 

Afinal, a “igreja” trata do assunto conforme você foi catequizado.

 

Então, quando a “letra” não gera vida, a pessoa fica assim como você está: cheia de "certezas doutrinárias" que não combinam com a própria consciência, e muito menos com o testemunho da verdade no coração e na realidade da vida!

 

Se você desejar minha ajuda, pode me perguntar com toda liberdade.

 

Mas sobre esses “esquemas doutrinários” que você mencionou—e especialmente sobre suas “interpretações”—, sem falsa modéstia lhe digo que não há em nenhum deles nada que me seja novidade.

 

Portanto, se você tiver uma dúvida verdadeira, me escreva acerca dela. Mas para "ponderar", sinceramente, não dá.

 

Não faço outra coisa há trinta anos a não ser "ponderar" sobre esse e sobre milhares de outros temas!

 

Mas se você decidir me perguntar alguma coisa, não precisa me dar “razões doutrinárias” para justificar seu medo de simplesmente perguntar algo como: Meu irmão, fui ensinado assim e assim. Minha vida ficou de outro jeito. Estou todo quebrado. Estou cheio de medo e dúvidas. O que eu faço?

 

Se você tratar ao seu próprio coração com verdade, já será o primeiro passo.

 

Mas não precisa escrever um “tratado” para explicar—sem confessar—que o tratado não se aplica ao momento da existência que você experimenta como dor, agora.

 

Digo isto a você com todo carinho e amor.

 

E o faço com franqueza porque é somente assim que dá para nos ajudarmos uns aos outros.

 

Se você tiver alguma dúvida, pode perguntar.

 

Mas eu jamais irei tentar dissuadi-lo de suas “certezas”.

 

Especialmente porque você não me perguntou nada, mas apenas me declarou a sua fé.

 

Receba meu carinho e meu beijo irmão.

 

No Senhor da Vida,

 

 

Caio

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-----Original Message-----

From: "Sei tudo o que acho que não posso, mas não agüento"—II

Sent: domingo, 5 de outubro de 2003

To: contato@caiofabio.com

Subject: Obrigado pela resposta franca

 

Mensagem:

 

Pr Caio Fabio,

Meu querido irmão, sou o autor de "Sei tudo o que acho que não posso, mas não agüento".

Entendi a profundidade de suas palavras na resposta que me enviaste, muito obrigado.

Escrevi na esperança de ler ou compartilhar algo que tantas outras pessoas passam, e, por misericórdia do Senhor, superam.

Sinceramente, não gostei de certas partes, mas sei que as palavras não comportam tudo o que sentimos.

Fui catequizado pela minha avó e sinto que seu testemunho foi de tamanha força que me evangeliza até hoje.

Não tenho problemas quanto a minha origem e sou evangélico por amor ao Senhor e pela misericórdia.

Minha avó sempre disse que nós somente poderíamos ser "Bem-aventurados" se confessássemos e acreditássemos ser Cristo o Senhor de nossas vidas, e que Deus é o todo-poderoso.

Eu acreditei nisso e venho buscando por isso e pedindo isso, caindo e levantando e caindo de novo.

 

Irmão, não tenho certezas. Há a lei, mas o justo viverá da fé. Cristo nos salvou, não?

 

Mas eu quero ser um bom filho para o Senhor, quero guardar Suas coisas.

 

Sabe, eu acho que "pecado" é tudo aquilo que nos faz ficar longe do Pai.

Quando nós permitimos que o prazer, a necessidade de relevância ou a nossa vontade nos afaste das coisas do Pai, pecamos.

 

Pr Caio, é assim? O Teólogo é o irmão, não eu!

 

Quer saber, se perguntarem sobre a Palavra de Deus, eu direi que não sei o que deveria saber.

Se perguntarem sobre guardar as Escrituras direi que não sei, meu Pai o sabe, ele me sonda.

Mas se alguém quiser saber das coisas difíceis desse mundo, da tentação da luxúria, da tentação da avareza, da mentira, da inveja, do ódio, da mágoa e de tantas outras coisas eu poderei dizer que tenho sido esse "sepulcro fedido", e que eu tenho vivido com fé, esperança e amor em Cristo Jesus.

 

Fique em Paz.

Teu irmão.

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Resposta:

 

Meu amado amigo: Paz e Bem!

 

Obrigado pelo retorno.

O que tenho a lhe dizer é simples.

Nenhum de nós guarda a lei.

A salvação pela lei implica em guardá-la toda.

A tese de Paulo é esta: se alguém quer ser salvo pela Lei, que não transgrida a nenhum de seus preceitos, nem externos e nem externos.

Cristo levou a Lei sobre si.

Daí Romanos 7 dizer que em Cristo nós ficamos viúvos desse marido tirânico que era o Senhor Lei, que morreu em Cristo, a fim de que agora possamos contrair Novas Núpcias na Graça de Deus.

Ora, o mesmo argumento que ilustra a nossa viuvez para o antigo casamento na Lei, serve também para mostrar que toda a Lei, incluindo a do matrimonio, morreu a mesma morte.

A morte de Cristo—levando consigo a lei para a sepultura—não foi seletiva, foi total e completa.

Isto não significa dizer que estamos entregues aos nossos prazeres e aos caprichos de nossa carne.

De fato, agora estamos livres da Lei da Morte e estamos sujeitos a Lei da Graça.

O que isto significa?

Ora, significa que devemos andar no Espírito e no fruto que Dele procede, pois, no amor não há transgressão da lei.

Mas nenhum de nós consegue isto também.

Somente os profundamente desonestos afirmam diferente.

Então, onde ficamos?

Ficamos salvos pela Graça de Deus, mediante a fé, não pelas obras da lei, mas pelo Espírito da Graça que já nos justificou e santificou para Cristo e Nele mesmo, a fim de que frutifiquemos para Deus em Justiça, Graça, Amor e Verdade.

Desse modo, você não tem que ficar preso ao seu casamento indigno.

Ande conforme foi chamado, disse Paulo.

Mas se seu casamento é uma escravidão, conforme você mesmo disse, então responsavelmente fique livre.

E, para isto, você não precisa do casuísmo de ter o pretexto de que sua esposa deve ter dado a você a “clausula que faltava”—a do adultério—, e nem tampouco, para cumprir a lei, você precisa ser induzido a ter desejos pela morte dela, para que, pela viuvez, você fique livre para casar.

É isto que as observâncias exteriores da lei fazem em nós: criam um pretexto de obediência, e nos põe no caminho da torcida pela queda do outro ou até pela morte da pessoa.

Isto sim é satânico.

É muito mais honesto e santo dizer: Tentei, queria, fiz minha parte, mais não deu!

No mais, seja bondoso e justo. E creia que Deus vai guiar os seus passos para o que é bom.

Receba meu amor e meu carinho.

Nele,

 

 

Caio