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Cartas

CARÊNCIA EMOCIONAL FORA DE SÉRIE - I e II

CARÊNCIA EMOCIONAL FORA DE SÉRIE - I e II



--- Original Message -----
From: O QUE VEIO PRIMEIRO: a Constelação Familiar ou a Quebra de maldições?
To: contato@caiofabio.com
Sent: Sunday, March 05, 2006 11:00 PM
Subject: Constelação Familiar



Querido irmão Caio Fábio,


Que o nosso Deus e amado Pai continue abençoando você. À você, Graça e Paz!

Ultimamente tenho ouvido falar muito de "uma tal" Constelação familiar, que a mim parece ser mais um entre tantos outros modismos psico-terapêuticos tão ao gosto da pós-modernidade, ávida por novidades que possam lhe preencher a alma vazia e sem direção!!

Gostaria muito de ouvi-lo sobre isto.

Tenho pessoas muito próximas envolvidas com isto e tenho buscado conhecimento e direção do Pai para examinar o assunto, razão pela qual envio esta mensagem.

Retirei de um site a seguinte explicação:

"As Constelações Familiares são uma inovadora abordagem psicoterapêutica que promove a identificação das Ordens do Amor, pondo em evidência os profundos laços que unem uma pessoa à sua família, inclusive às gerações mais longínquas. Estes laços são de tal maneira poderosos que quando membros de uma dada geração deixam situações por resolver, membros das gerações posteriores sentir-se-ão irresistivelmente empurrados para a sua resolução permanecendo prisioneiros de factos pelos quais não são minimamente responsáveis. Existe uma transmissão transgeracional dos problemas familiares que cria uma cadeia de destinos trágicos. No entanto, este amor capaz de criar sofrimento é o mesmo que traz consigo a sabedoria da solução logo que se torna consciente ao emergir no decurso da configuração de uma Constelação Familiar."


Seria a versão secular das quebras de maldição ou estas últimas é que são a versão evangélica para as constelações familiares? Ou, melhor, são farinhas do mesmo saco "cármico"?

Um grande abraço.


Agradeço muito a Deus pela tua vida!



Renata

PS: "...transmissão transgeracional dos problemas familiares", "...identificação das Ordens do Amor", "....decurso da configuração de uma Constelação Familiar." : Pegaram pesado!!!

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Resposta:



Querida Renata: Graça e Paz!



O que é maldição? — é, para mim, a questão.

Os cristãos pensam em maldição como uma de duas possibilidades; ou as duas juntas; dependendo da doença do crente em questão: a) a maldição como manifestação de Deus mostrando Sua ira contra aquilo que Ele abomina, e nós, muitas vezes, amamos; b) a maldição como permissão de Deus ao diabo; ou como direito do diabo, de esmagar alguém, que, pela transgressão da Lei de Deus, entrou na zona da maldição.

Assim, a maldição, conforme entendida pela maioria dos cristãos, é ou punição direta de Deus; ou indireta, via Diabo; porém, sempre um castigo; e, na maioria das vezes com duração de três a quatro gerações.

Eu, todavia, lendo a Palavra, observando a vida, e estudando fenômenos correlatos, creio o seguinte:


1. A Lei determinava a presença de maldições em razão de sua não vivencia humana e comunitária.

2. A Lei é boa, santa e justa; assim como é bom não trair; não mentir contra a alma do próximo; não cobiçar o que é de outro; não fazer e não adorar ídolos; e ter tempo para olhar para a consciência e para Deus com culto de amor sincero. Sim, porque a proposta da Lei é esta. E acerca de tudo isto, somente o diabo pode dizer que é ruim.


3. O problema da Lei não é ela, mas o seu condutor; que é o homem caído. Ou seja: se comparássemos a Lei uma energia, e o homem ao condutor de tal energia; teríamos que dizer que o problema não está na energia, mas no seu condutor, o qual existe em estado de curto circuito; ou então está todo escalpelado, de tal modo, que a energia vaza e se perde nele e dele; pois ele não tem como carregar toda a carga de energia que por ele deve passar.

A maldição existe como criação do homem em razão de sua culpa. Não é Deus quem fica perseguindo o individuo e sua casa. Com ou sem consciência da Lei, a quebra dela, sempre gera desarmonia humana, tanto individual quanto comunitária. Não há como haver vida digna e construtiva fora do padrão de harmonia humana proposta pela Lei. De outro lado, a mesma proposta da Lei, uma vez feita conhecida como Lei de Deus, aumenta ainda mais a incapacidade humana de a ela se sujeitar, pois suscita a mais primitiva forma de desobediência essencial em nossa natureza, que é a desobediência consciente e deliberada, conforme no Éden, e que se auto-justifica no narcisismo humano de “conhecer como Deus”.

Ora, aquele que vive contra ou em flagrante e continua desobediência à Lei, porém não sabe dela como tal, e nem como mandamento de Deus, esse sofrerá as conseqüências de quebrá-la, porém, sofrerá muito menos do que aquele que conhece a sua própria transgressão como algo consciente contra a Lei de Deus.

As gravidades cirúrgicas que a quebra da Lei propunha, conforme o Antigo Testamento, eram manifestações dramáticas de como o “mal” deve ser logo “eliminado”, do contrário, ele vira cultura generacional. Daí as punições preverem, na maioria das vezes, a morte do individuo. O que sugere que a continuidade daquele modo de ser era algo que tinha o potencial de desconstruir a harmonia individual e comunitária. Desse modo o individuo ou era banido ou era morto.

Ora, o Novo Testamento nos diz que Jesus levou em si mesmo todas as maldições da Lei que eram contra nós; e afirma que em Sua ação Vicária, fazendo-se pecado por nós, Ele destronou os poderes espirituais que trabalhavam com muita liberdade sobre a culpa humana; gerando em nós toda sorte de fobias e de compromissos suicidas com a cultura da morte.

Desse modo, o que se tem é o seguinte:

1. A Lei é boa;

2. O homem é que não tem capacidade de praticá-la em razão de seu compromisso essencial com a morte uma vez que se dê a ele algum “comando de vida”;


3. As conseqüências da quebra da Lei são as maldiçoes; não porque Deus se ocupe de perseguir o culpado; mas sim porque a culpa o persegue; viciando-o nela. É isto o que produz a generacionalidade e a transmissão dessa energia-de-ser; a qual, com extrema facilidade, se transforma em padrão vicioso, ainda que, na maioria das vezes, de modo inconsciente; sendo, entretanto, este fato, aquilo que deve ser chamado de maldição; pois ela, a maldição, é a construção da culpa, a qual põe o ser num caminho de auto-punição; caminho esse que se torna um padrão, que começa com um individuo, mas que, com muita rapidez, pode virar um modo de ser comunitário; especialmente no nível de troca genética, psicológica, espiritual e transgeneracional, que ocorre em tudo quanto signifique “família”.

4. Mesmo os que não sabem nada da Lei, ao quebrá-la, provam as dores decorrentes da produção das desarmonias que a Lei visa impedir que sejam “criadas”. E os que sabem dela; digo, da Lei; esses sofrem-na de um modo incomparavelmente mais profundo, pois provam a dor não como infelicidade (como é no caso do transgressor ignorante), mas também como dor-da-culpa; o que é incomparavelmente mais esmagador.

5. Toda quebra da Lei produz vícios individuais e ou sociais. Por isto, todo o mundo vive em estado de maldição; pois, o que prevalece, seja conscientemente ou inconscientemente, é a tentativa humana de ser feliz contra a Lei; que é o que tanto infelicita o homem, como também, no caso dele ser consciente ou religioso, aquilo mesmo que o faz sentir a infelicidade como dor e culpa.

6. A maldição é, portanto, criação da própria culpa, seja inconsciente ou seja consciente. No caso de ser consciente, ela acaba por produzir sujeitos “referentes” àquela culpa, em cada nova geração. Ou seja: a doença da maldição no ambiente da Lei tende a gerar o “bode expiatório generacional”; que é aquele “gadareno” que cada casa, família, tribo, clã, igreja, ou sociedade, possuem; e sem os quais não sabem viver. Já a maldição inconsciente tende a se tornar algo difuso, e mais cultural.

7. A relação entre maldição e justiça-própria é também estreita. Isto porque a tendência humana é se auto-justificar, fazendo assim de sua maldição, a sua própria natureza; fixando, desse modo, em si mesmo, o padrão e o vício como modos de ser; ou, então, fazendo com que a maldição seja uma “marca de família”. Desse modo, a maldição vira virtude, vira macheza, vira promiscuidade, vira traição, vira o mesmo tipo de doença, vira a mesma forma de ser... Afinal, até mesmo as mais horríveis misérias humanas podem ser transformadas em outra coisa: em direito de família, por exemplo. Assim se diz: “Os homens da minha família são todos assim...”— e, na maioria das vezes, trata-se de algo ruim, mas que foi assumido como uma marca de registro familiar no setor de marcas e patentes da humanidade.

A pergunta é: como esse processo é quebrado?


1. Vendo a “maldição” como uma conseqüência das ações humanas; e não como um desígnio divino de extremo mau-humor.

2. Sabendo que toda culpa decorrente da quebra da Lei já foi “paga” — para o bem de nossas consciências, e não para satisfação divina — por Jesus, na Cruz, onde todos os nossos pecados foram cancelados.


3. Tal certeza em fé, nos livra da culpa e nos tira de sob o poder maligno que se alimenta de nossa culpa. Assim, quebra-se o “carma psicológico”. Isto porque, caso não haja a intervenção da Graça na consciência, a tendência humana é fixar o padrão do medo e da culpa no ser. Mas quando intervém a consciência da Graça, pela fé se sabe que toda culpa foi cancelada, e assim o padrão da culpa não se fixa em nós; e, portanto, não viaja para dentro das novas gerações como padrão de família; posto que aquilo que seria um “pecado cultural”, agora é desmascarado, ao mesmo tempo em que é curado pelo perdão.

4. Quando há a permanência de alguns desses padrões na mesma família, eles só são curados com Consciência acerca do padrão cármico-psicológico que se está carregando como cultura comportamental e psicológica; ou como espírito e entendimento equivocados em seus valores; os quais regem a alma da família.


5. Na própria Lei está dito que sem intervenção tal padrão tende a durar até quatro gerações; e, na observação da existência, constato que, sem intervenção, em geral, é aí pela quarta geração que os paradigmas começam a mudar numa família. Porém, muitas famílias podem manter tais vícios e padrões por muito mais tempo. A intervenção da Graça, que é consciência do Evangelho, pode quebrar esse padrão. Inicialmente o quebra na vida do indivíduo que toma tal consciência e começa a se enfrentar, ao invés de se auto-justificar. Depois, quando a primeira pessoa consciente consegue expressar com sua vida, e com palavras, para o resto da família, o diagnóstico que fez a partir de si mesma, havendo adesão ao entendimento do Evangelho, qualquer padrão familiar pode ser re-arquitetado pela Graça de Deus em qualquer casa humana.

Quanto ao que você mencionou acerca da “Constelação Familiar”, o que creio é que eles até entenderam a coisa melhor do que o pessoal evangélico da quebra de maldições; porém, também o fizeram por uma via equivocada e esotérica. Ou seja: tira-se o diabo e Deus da história, mas cria-se uma rede, uma malha, psico-energética, que existe com vida própria, e que é uma espécie de espírito-ente familiar.

Quem veio primeiro? Se a Constelação ou a Quebra de maldição? Well, só Deus sabe!

Para mim, todavia, tudo aquilo que põe a solução na mão do homem, seja pelo “poder de quebrar”, conforme os evangélicos; ou seja pelo “poder de desconstruir”, conforme os esotéricos — ainda está declarando a mesma coisa: é o homem curando suas próprias feridas; e, portanto, não precisando do Médico.

Quando a consciência do Evangelho nos conduz ao auto-exame e ao exame de nossa genealogia, tanto mais quanto se aprofunde essa percepção, mais se terá a chance de se caminhar para discernir e quebrar certos padrões, os quais, por vezes, mesmo após sermos iluminados pela Palavra, ainda necessitam — pela via de um processo que é completamente pessoal, bem como do tamanho da avidez de cada um pela verdade e pela cura na luz — ser quebrados em nós, e, por extensão, em toda a nossa casa.

Isto, todavia, não é algo mágico. Ao contrario, como toda verdadeira libertação, isto também cresce com a consciência da verdade em nós.

Nele, que foi feito maldição em nosso lugar, e nos livrou para que fiquemos livres,





Caio
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