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Cartas

A MINHA IGREJA TEME MEU CUIDADO COM OS HOMOSSEXUAIS (I e II)

A MINHA IGREJA TEME MEU CUIDADO COM OS HOMOSSEXUAIS (I e II)

 

-----Original Message-----

From: A MINHA IGREJA TEME MEU CUIDADO COM OS HOMOSSEXUAIS

To: contato@caiofabio.com

Sent: quinta-feira, 8 de abril de 2004 10:03

Subject: Conselho


 

 

Rev. Caio,



 

 

Gostaria primeiramente de expressar a dor do meu coração pelo que aconteceu; sei que não é possível mensurar a grandeza do que está acontecendo dentro de ti e de sua família. Peço ao Senhor Jesus em oração que todo o consolo que há no Espírito Santo domine sua alma e que o colo maravilhoso de Cristo seja seu descanso.



Pastor, não sei como está seu dia a dia, no sentido do site, mas tomei coragem para escrever e ficar na espera, se for possível, de uma resposta.


Sou professora da Escola Dominical, tenho 30 anos. Estou feliz, pois, nos últimos dias tenho sentido meu ministério prosperar. Isto porque há alguns anos eu tinha medo de fazer qualquer coisa na igreja; achava que me julgariam, e que em mim não havia capacidade.


Com o tempo, Deus me ensinou que é Ele quem me
capacita e que se o amor estiver na minha vida, eu iria crescer.


Estou radiante, pois ensinado cada vez melhor; e me sinto chamada para a área de aconselhamento.


O caso é que pessoas têm se achegado até mim; pessoas com profundas marcas; simplesmente acontece de se aproximarem; sinto que é Deus, pois sou muito na minha, calada, e a coisa se desenvolve...


Por causa desse meu prazer em ajudar, ando até pensando em fazer Psicologia. Talvez seja esse o meu caminho: entender e ajudar.


Há alguns meses atrás veio para a igreja uma jovem com problema de homossexualismo; ficou livre das práticas; ficamos amigas; e é muito bom, tanto com ela como outras jovens que me procuraram. Mas depois dela surgiu mais uma jovem, 15 anos; e por medo das adolescentes se aproximarem muito dela sem base ou descobrirem e ficarem com preconceito, tomei a frente e fui.


Foi uma rica experiência; ela é uma menina carente, doce e carinhosa. Me acheguei e ganhei sua confiança; sei de toda sua história, desejos, carências e pecados; suas questões de família e suas fraquezas.

 

No sexto mês de convivência olhei nos olhos dela e senti que algo estava errado; perguntei o que era, e ela disse que tinha medo de falar...


Eu disse a ela que Deus a conhecia, e que Ele já sabia o que era, e que ela era livre para compartilhar; e que eu não me decepcionaria, fosse o que fosse.


Ela me pediu perdão, pois, estava me desejando; desejava ter-me, e disse que havia criado certa expectativa.


Eu sempre soube que haveria essa possibilidade; mas decidi deixar todo preconceito de lado, e amá-la como alguém especial.


Orei com ela e falei que continuava a amá-la do mesmo jeito;
e que não a deixaria, e que confiaria nela ainda mais, pelo fato dela ter sido verdadeira com Deus, com ela mesma, e comigo.



Hoje, um ano depois, ela é uma nova menina; trabalha; estuda; está sempre ao meu lado; me trata como amiga e pastora.


O que me preocupa é que algumas pessoas da igreja vieram me pedir para eu me afastar dela. Disseram que não era mais para eu abraçá-la; e que deveria evitar muito contato. Até já houve quem dissesse uma vez que eu era uma “homossexual enrustida”; e que eu iria “cair com ela”.


Deus sabe o meu coração; estou segura do que gosto (como já li em uma carta em seu site); mas temo por ela; não quero deixá-la apenas porque alguns pensam e imaginam uma situação de pecado.


Amo cada uma das pessoas que me procuram; tenho um carinho muito especial por todas, mas tenho um cuidado especial com essas que vivem sob tal estigma. Até as mães delas confiam em mim; ligam para mim; não sabem de nada sobre as filhas, e não são da igreja.

 

 

As meninas ficam perto de mim; não apenas “essas”... Com este tipo de problema... São todas as adolescentes e jovens, os que me procuram... Mas o povo da igreja só vê “aquelas” outras meninas.


O que o senhor acha? Qual deve ser minha postura? Entrego para alguém pelo fato de estarem comigo? Por que me desejam inconscientemente e idealizam em mim a figura materna e de mulher? Ou será um ministério cuidar delas até elas saberem andar com as próprias pernas?


Um grande abraço!


Nele, que julga nossas intenções



Amiga

 

 

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Resposta:

 

 

 


Minha amada amiga:


 

 

O que os outros pensam e como vêem?


Ora, assim como a boca fala do que está cheio o coração, também os olhos vêem apenas as cenas que os habitam como desejo!


Se os olhos forem bons, todo o corpo será luminoso!


Acerca de tais preconceitos, Jesus disse algo que serve para tudo: “Entre vós não é assim... ao contrário, o menor será o maior!”


Paulo disse que no Corpo de Cristo, os membros menos “decorosos” devem ser “cobertos de especial honra”, como a gente faz com o próprio corpo.


Tenho dito há anos, sistematicamente, que a "igreja" só será Igreja quando não tiver medo de se contaminar, nem mesmo de se chamuscar com o fogo que procede das Portas do Inferno.


Jesus disse que a Sua Igreja venceria as Portas do Inferno. Para se vencerem as Portas do Inferno, tem-se que estar lá, na posição de invasão e saque; portanto, tem-se que viver nesse lugar perigoso, porém onde a vitória é certa.



Quando a Igreja não enfrenta as Portas do Inferno, é a própria "porta do inferno” que vem se localizar na porta da igreja; e, assim, ela se torna um inferno para os atormentados pelas labaredas das culpas; e que em tal “igreja” crescem como a força da lei, do pecado e de Satanás, o acusador dos irmãos.


Jesus curava porque tinha compaixão, não apenas poder!


Poder espiritual pode existir sem compaixão. Mas o poder de Deus é compaixão, é misericórdia, e é salvação.


Quando um leproso disse a Jesus "Senhor, se quiseres, podes purificar-me"; a resposta de Jesus foi: "Eu quero". Então, tocando-lhe as chagas o curou.


Esse "querer ver cura" implica em ter a coragem de "tocar", de lambuzar a mão nas chagas dos irmãos, sem medo de contágio.


Isto, sim, é o que cura!


Se eu fosse contar a quantidade de homossexuais que em sendo acolhidos e tratados por mim com amor vieram a apaixonar-se, perderia a conta...



Já tive situações difíceis como a sua.


Uma das mais constrangedoras delas — digo: "constrangedora", não para mim, mas para a pessoa em questão — foi numa das minhas muitas idas à Grécia.


Um jovem senhor, belo e inteligente, viajou comigo durante uns 20 dias. Éramos um grande grupo de turistas, vindos da "Terra Santa", e de passagem por Atenas. No dia em que todos iriam partir, e eu faria outra jornada, sozinho, o tal senhor me chamou ao quarto dele, se confessou gay, e disse estar perdida e ardentemente apaixonado por mim.


Abracei-o e chorei com ele!


Olhei fundo nos olhos dele com todo o carinho. Apenas disse a ele que o entendia, e que não gostaria que em razão daquele mecanismo natural — para ele — se estabelecesse qualquer tipo de ruptura entre nós.


Meses depois o batizei.


Não ouça os apelos da segregação sexista, e nem de qualquer outra natureza.


Se você sabe quem é; seja quem você é; e deixe que o seu ser seja em plenitude de Graça para o seu próximo.



O verdadeiro amor lança fora todo medo; especialmente o medo essencial, que é a fobia da liberdade.


Paz é fruto do amor que libertou a alma do medo, e a tornou livre. Angustia é medo da liberdade!


Fora de Cristo, toda busca por liberdade é ambígua, pois gera angústia. É a vertigem dos abismos, o medo do VÃO, do salto, do mergulho livre.

 

 

Somente em Cristo a liberdade não é angustiante, pois, Nele, tem-se a garantia de que a liberdade não é um lugar vazio; antes, é um chão sólido, cheio de Graça e Amor.


Quem quer que deseje ser instrumento de Deus para a verdadeira libertação humana, antes de tudo, precisa amar, e tocar, e não temer qualquer forma de contágio.


O amor contagia, e não se contagia pelo que não é amor.


Esta será a sua paz!

 

 

 

 


Nele, que toca nossas chagas, e nos manda tocar nas chagas uns dos outros,


Caio

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From: AMIGA DE CORAÇÃO

To: contato@caiofabio.com

Sent: quinta-feira, 8 de abril de 2004 16:46

Subject: UM CONSELHO ORAÇÃO


 

 

Meu Deus e Senhor da minha vida, Cristo,

Que este homem, Caio Fábio, receba do Senhor as muitas e preciosas riquezas celestiais. Não porque mereça como homem, mas como servo, muito mais, como amigo que crê em Sua Graça.


Que ele sempre seja despertado pelo Espírito Santo frente às máscaras que o tentarem cegar.


Que na frente da batalha travada contra o inferno, na busca de ser luz às mentes perdidas e desorientadas, ele sempre veja e sinta a SUA PRESENÇA abrindo um caminho em meio às tormentas.


DEUS, segure-o nas Suas mãos e leva-o ao Seu peito; dê-lhe um forte e caloroso abraço e fale ao seu ouvido que Você está com ele.


Que o vaso de barro Caio permaneça sendo moldado pelo Senhor.


Obrigada por ele existir e por estar na brecha pelo evangelho.


Obrigada, Senhor, por ter um olhar de misericórdia, por acreditar em nós e investir em nossas vidas.


Obrigada por ser Aquele que não nos dispensa em meio ao fogo, ao mar, ao deserto.


Obrigada por ser o NOSSO PAI, SALVADOR, AMIGO.

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Segunda Carta:

 

Querido pastor

de ovelhas Caio Fábio,


 

 

Agradeço pela maravilhosa resposta e conforto ao meu coração.


Deus já estava falando há algum tempo sobre o amor, quando pesquisei em seu site mais sobre o assunto.


Descobri que é o amor quem nos ensina a ser maduros na fé, deixar as coisas de menino e experimentar a misericórdia.

 

 

Minha oração é que esse amor genuíno que Deus tem colocado na minha alma seja crescente para com meus irmãos, rejeitados, desprezados e esquecidos. Que em nossa alma o amor de Deus seja sempre abundante e transbordante.


Obrigada por ser luz na minha vida. Espero poder contar com sua ajuda em tantas outras questões. Mas tudo tem seu tempo. Obrigada!


 

 

 

 

Nele, que nos amou primeiro, desde a eternidade,


Amiga

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