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Reflexões

QUEM AINDA QUER SER "ARREBATADO" AOS CÉUS, E FICAR?

QUEM AINDA QUER SER "ARREBATADO" AOS CÉUS, E FICAR?

Quando eu era menino, havia um disco chamado a “Última Trombeta”, qual apresentava em estilo de transmissão jornalística de rádio, o fenômeno do “Arrebatamento da Igreja”, conforme o entendimento de um certo irmão, com todas as catástrofes de decorrentes, como aviões caindo, trens descarrilando, acidentes marítimos, e caos em todas as partes — tudo em razão de que os crentes seriam “arrebatados”, ao “soar da última trombeta”, conforme Paulo aos Coríntios; só que conforme os contornos da imaginação de um crente europeu e pentecostal do século XX.

De fato, no caso de acontecer de súbito, o arrebatamento dos santos, sem dúvida que haveria um pandemônio sem precedentes na Terra.

A questão é que a “igreja” ficou “arrebatada” pelo seu surto de “ganhar profeticamente a terra”, de tal modo, que a idéia de “arrebatamento” é tão mal vinda aos crentes hoje, como o tema da Segunda Vinda de Cristo é mal vindo para uma noiva virgem ansiosa pela lua de mel.

Com tanta pregação de amor ao dinheiro, ao poder eclesiástico, ao poder político, à grandeza numérica, e ainda com “legitimidade” para surtar de modo nabucodonozoriano em nome da fé — quem vai se preocupar com o arrebatamento da igreja? A maioria diria: “Logo agora, que estou me dando tão bem?”

Além disso, o tema do arrebatamento, quando ainda é mencionado, especialmente em igreja pentecostais à antiga — as neopentecostais nem tocam no assunto —, é feito como algo que carrega o “espírito da supremacia moral da “igreja” sobre o resto do mundo perdido”.

Ou seja: para a “igreja” o arrebatamento não só é para ela, mas, sobretudo, para os que, nela, são os mais santos, os seres em superioridade espiritual, pela vida da santidade que se faz exteriorizada como demonstração de aparente piedade.

O que nos esquecemos é que não só o chamado “arrebatamento” vai acontecer, da maneira como foi descrito tanto por Jesus como por Paulo, mas não se circunscreverá à “igreja”, visto que ele é coisa do Filho do Homem; portanto, acima de qualquer ordem, visto que será feito conforme ordem Universal de Melquizedque.

É por tal razão que Jesus diz que esse “tomar de uns” e “deixar de outros”, é algo que acontece “aos eleitos”; os quais vêm de todos os cantos e nações da Terra, conforme o próprio Jesus. Portanto, num ambiente Universal.

Quando o bom senso e a humildade da “igreja” a fazem entender isso, em sendo praticado por ela, a torna Igreja de verdade, em sua compreensão da largueza do amor de Cristo sobre todos os homens, e que excede a todo o nosso entendimento; especialmente aos limites da religião cristã.

Sinto falta de ver esse sentir na alma dos discípulos. Afinal, que mais santa loucura pode haver do que esta, de, de repente, sermos transformados, num abrir e fechar de olhos, indo ao encontro do Senhor nos ares?

Poderia haver maluquice mais santa do que está a animar nosso sentido existencialmente hebreu de sermos levados pelo vento da eleição a qualquer momento?

Não creio que haja emoção e expectativa de fé mais desinstaladora e existencialmente hebréia do que esta!

Mas em tempos de prosperidade e ambições terrenas, quem almeja pelo “arrebatamento”para o Paraíso da Ressurreição?

Enquanto a existencialidade do arrebatamento não nos re-possuir, pouca mística de esperança haverá entre nós!

Nele,



Caio

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