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Reflexões

O QUE É SER NORMAL?

O QUE É SER NORMAL?



Existe alguém normal? Ou, o que é ser normal? Ora, quando a questão se volta para a perspectiva da “normalidade” que significa um padrão social e moral de ser, algo como uma “clonagem do normal”, a resposta é não. Sim, porque cada indivíduo deve ter a chance de ser ele mesmo, sem cuja possibilidade ele pode se esquizofrenizar. No entanto, se a questão se volta para o significado não moral, porém ético e psicológico do ser, então, a resposta é: Sim, existe um padrão de normalidade humana. Ora, o individuo pode ser extrovertido ou introvertido; seguro e ousado ou tímido e discreto; melancólico ou aparentemente imperturbável; culto ou inculto; sábio ou ignorante — porém, ainda assim, certas marcas da normalidade podem e devem existir nele. E que marcas de normalidade são essas? Primeiro, todo ser humano precisa ser humano. Ora, por humano eu quero dizer aquilo que é o fator diferencial entre o humano e o não-humano, que é a gentileza e a compaixão. Segundo, todo ser humano precisa e deve perceber a existência de todos os demais humanos. Um ser humano para quem somente ele mesmo existe, está perdendo humanidade, posto que a verdadeira humanidade se faz, também, a partir do reconhecimento do semelhante. Assim, o normal é amar e ser misericordioso, não egoísta e inafetivo. Quanto ao mais, se o indivíduo ama e expressa afetividade, mesmo que esteja na guerra, tudo o mais se torna circunstancialidade. Para Jesus o amor é a qualidade que dá saúde e normalidade a todo ser humano. Não amar é perder-se. É dissolver lentamente a própria humanidade pessoal. É como abrir mão do coração a fim de viver gelado. É por esta razão que Jesus manda amar sempre, até o inimigo, posto que sucumbir ao ódio e ao rancor é aquilo que justamente tira de nós a qualidade da saúde interior, único lugar onde a normalidade pode existir. Assim, ninguém é normal quanto a sua singularidade individual e irrepartível. Porém, no que diz respeito à manifestação desse ser-único, espera-se que ele apareça sempre em amor, mesmo que ele, em seu modo de ser, seja completamente diferente dos padrões da maioria. Desse modo, o ensino de Jesus é simples: ame de verdade, e, assim, seja você mesmo! Sem amor ninguém é normal. Com amor, todavia, até o louco é mais normal do que o Catedrático inafetivo. O problema é que para a maioria, amar se tornou a exceção, aquela coisa de monge, aquela virtude dos fracos. E, assim, o que seria saúde virou uma opção dos espíritos que não têm como se virar no braço, ou na língua, ou na esperteza. Por esta razão eu digo: quanto menos amor, menos normalidade, e mais doença e inafetividade! Pare e pense nisto! Caio
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