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Histórias

E QUANDO TUDO VEM DE UMA VEZ SÓ?...

E QUANDO TUDO VEM DE UMA VEZ SÓ?...

 

 

 

 

 

 

 

E QUANDO TUDO VEM DE UMA VEZ SÓ?...

 

 

 

Ter dificuldades e problemas é tão normal na vida como “falta” em jogo de futebol.

 

No entanto, há estações da vida quando as concomitâncias e as co-incidências parecem vir num volume que, se a pessoa não estiver bem firmada, pergunta: Por que assim... -  tudo de uma vez?    

 

De fato nunca me fiz essa pergunta.

 

Mesmo de 1998 até 2001, quando tudo parecia ter vindo de uma vez... Mas eu não tinha perguntas. Eu sabia a causa. Eu era a causa.

 

Em outras ocasiões também experimentei a simultaneidade de muitos desconfortos. Mas nunca me fiz perguntas?

 

De fato, minhas perguntas nesta área da existência acabaram em abril de 1975, no meu quartinho na casa de meus pais, recém casado, acometido pela segunda hepatite seguida, e fazendo perguntas...

 

Até uma madrugada. A madrugada das madrugadas, quando entreguei a Deus todas as minhas questões...

 

Interessante é que quando não mais tive interesse em mistério algum ou em tempos e épocas, tudo foi ficando tão mais claro que, mesmo o que é absurdo, me chega com uma explicação latente e sem voz, mas que diz tudo num plano não lógico, porém, absolutamente pacificador.

 

Hoje estou aqui, em Manaus, indo à UTI duas vezes ao dia, e monitorando papai, através do médico amigo, Marcel, e dos anjomeiros Hilton, Gerilson, Daniel, Miquéias e Batalha.

 

Papai está estável faz uns cinco dias, mas é a estabilidade de uma bandeja cheia de taças de cristal trincado...

 

Cada movimento é pura atenção.

 

Mas ele cresce em estabilidade dia a dia. Milagre.

 

Entretanto, mesmo que me ligassem agora dizendo que ele acabou de partir, ainda assim tudo teria sido puro milagre.

 

Na UTI ouço pessoas dizendo que nunca viram nada igual. Hoje já ouvi isso quatro vezes.

 

De fato, o que Deus está fazendo é de impressionar a qualquer um, mesmo o mais cético.

 

Ora, isto é aqui...

 

Amanhã, todavia, Adriana opera no Rio. Não é nada grave, mas é uma invasão de qualquer modo.

 

Ora, a ironia é dupla, tripla, sei lá...

 

Primeiro porque ela não admite que eu saia daqui. Veio na sexta passada e ficou até a madrugada de quarta, mas foi me proibindo de fazer o que há pouco, por pouco, não fiz: pegar um vôo aqui e amanhecer na porta da casa de saúde amanhã cedo. Então, estou proibido de ir para a paz dela mesma; pois, não admitiria que eu lá estivesse quando a situação aqui é tão delicada; e isso inclui minha mãezinha também: forte como uma rocha, mas exausta. Assim, cumpro ordens...

 

Segundo porque eu não costumo seguir instruções que não tenham acordo com meu bom senso ou avaliação real das possibilidades. E, desta vez, tive que ceder; e não discutir alternativas; tipo: ir na madrugada de hoje e volta amanhã à noite... Pois, o bom senso manda ficar. O difícil é fazer a pulsão da alma obedecer o bom senso. Então digo o salmo 42 para a minha alma; apenas no que tange a fazê-la ficar quieta.

 

Terceiro porque há exatos 7 anos eu estava sendo levado pela Adriana para uma clínica em Niterói com a suspeita de estar com câncer no intestino. E ela estava lá. E se prostrou e adorou no chão, na frente do médico, comigo dormindo, quando veio o resultado que me isentava daquele problema. Meu amigo Cécé estava com ela, assistindo tudo... Então, quando acordei, ele disse: “Pô, mano! Essa mulher é poderosa! Mandou ver... Se jogou no chão, levantou as mãos e agradeceu no poder!”.

 

Mas as datas da vida não são marcadas por nós!

 

Então, quando tudo fica assim, simultâneo, penso:

 

Deus está me exercitando na confiança e na tranqüilidade. Portanto, irei olhar para tudo com a confiança de que minha ausência não diminui a Presença que importa essencialmente: a Dele.

 

Eu, todavia, queria estar com ela, o tempo todo — antes, durante e depois de tudo; e queria que quando ela abrisse os olhos, fossem os meus olhos os que ela encontrasse, assim como quando tive que ser anestesiado duas vezes desde quando nos encontramos, e em todas as ocasiões foram os olhinhos dela que me receberam; e com que sorriso!

 

Enquanto isto, como mais uma comidinha no pratinho do papai!

 

 

Leia: O PRATINHO DE MEU PAI

 

 

 

 

 

Nele, que cuida e que nunca se descuida,

 

 

 

Caio

 

13/09/07

Manaus

AM

 

 

 

 

 

 

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