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Reflexões

DIAGNÓSTICO DO AZAR: e a proposta de libertação sem encosto!

DIAGNÓSTICO DO AZAR: e a proposta de libertação sem encosto!



 

 

“Bem-aventurado é aquele cuja mente está posta em Deus” — paráfrase de Isaías.

Conheço gente que parece que tem uma antena parabólica de captação de tudo o que é ruim; assim como conheço gente que vive o oposto, como se tivessem nascido de “quina pra lua”: tudo lhes dá certo!

De fato, já vi e vejo coisas aterradoras, especialmente quando se trata de gente boa que parece que atrai tudo o que é ruim.

A pergunta de todos, quando vêem pessoas boas sempre sendo vitimadas por alguma coisa, é uma só: Por quê?

Ora, a resposta evangélica da moda é simplificar tudo no “encosto”, ou na “maldição hereditária”, ou diretamente no “diabo”. E, assim, muitas vezes, inventam “demônios” novos, os quais passam a fazer parte do patrimônio psicológico desse ser já tão magoado pelas perseguições “carmicas” de sua própria existência — e que, agora, depois do “diagnóstico” ou do “diabinóstico” dos “pastores”, além de psicologicamente complexificada por diversos fenômenos, ainda a eles (aos fenômenos) se incorpora um “psiquismo demoníaco”, que faz a pessoa se sentir “vítima” do diabo; e, assim, mais calamidades lhe virão; pois, todas elas, no caso de pessoas com “vício de tragédia”, nascem das projeções que procedem do interior de cada um.

O próprio Jó, que na Bíblia é o ser arquetípico a representar esse estado de calamidades aleatórias e desproporcionais, confessa que tudo o que ele temia, isso mesmo lhe acontecera.

Ora, isto, no caso de Jó, não diminui a “demanda de Satanás” pela vida dele na presença de Deus. Entretanto, não se pode também desprezar o elemento do “medo” presente na confissão de Jó, apenas porque Satanás também se fez presente no processo.

Medo é a pior macumba!

Quem teme — transpira, exala, irradia, emana, emula, transmite, passa, envia, comunica e faz uma ambiência favorável à criação de calamidades. O cachorro o ataca. O ladrão o assalta. O estuprador vê essa fraqueza e por ela é atraído. O mal-caráter se acha em casa. Os inimigos decidem abusar. Os amigos dão menos importância. A namorada (o) confia menos ou não confia. As doenças encontram seu habitat. E até o cérebro da pessoa passa a se formatar por aquele estado de sobressalto, e, assim, irradia tanto sinais químicos quanto de natureza energética até para quem passa pelo caminho ou com essa pessoa conviva.

Medo é a antítese da fé.

Meu pai costuma dizer que quando o medo entra pela porta é porque a fé já saiu pela janela.

Assim se pode dizer o seguinte acerca do medo:

“Ora, o medo é a certeza inconsciente de todas as coisas que se teme, e a inconsciente entrega à possibilidade de experimentar tudo o de que se tem pânico e pavor”.

É obvio que há certas pessoas que carregam heranças genéticas, culturais e psicológicas terrivelmente negativas. E, tais pessoas, são como um Armazém de doenças e de dificuldades herdadas. Entretanto, havendo disposição de enfrentar tudo o que é de natureza psicológica e cultural, mudando hábitos, discernindo condicionamentos, desmontando arquiteturas mentais; e também tratando das coisas que geneticamente podem ser diminuídas nas “profecias de DNA” — a pessoa pode diminuir todas as implicações que tais coisas carregam.

Mas não é acerca disso que se está falando; embora uma pessoa que se impressione com tais “acervos e heranças” (em razão do medo) possa até mesmo vir a exacerbar tais coisas em sua própria vida.

O medo realiza todas as profecias do mal!

Além do medo, eu digo que sentimentos de ódio, de ira, de mau-humor, de vingança, de hostilidade, de inveja, de “comparação”, de amargura, de maledicência, de desejo perverso, e seus derivados — atraem também as calamidades sistêmicas.

Sim, porque existem calamidades factuais e acidentais, assim como existem, diferentemente das primeiras, as calamidades sistêmicas. É acerca dessa última possibilidade que estamos falando.

Desse modo, desejo prosseguir dizendo que há pessoas que se tornam “parabólicas de recepção de calamidades”, assim como elas mesmas, muitas vezes, terminam por se tornar “transmissores de calamidades sistêmicas”.

Ou seja: são aquelas pessoas que onde quer que estejam sempre acontece algo ruim a elas ou a quem está com elas; ou ainda a quem elas amam.

E por quê?

Ora, para não falarmos em medo, cujo poder de provocar ambas as coisas é óbvio, falemos de algo mais sutil ainda. Auto-vitimização e aceitação de um estado de azar, são também derivados do medo que sutilmente criam essa pessoa que recebe e irradia coisas ruins.

Na auto-vitimização o que se tem é uma mente que acredita que não há valor em si mesma; ou que tal valor não é visto e percebido; ou que creia que há uma conspiração cercando-a —; sem que isto seja ainda um estado clínico de paranóia.

Ora, tais pessoas tornam-se emissores de energias espirituais, psicológicas e até cerebrais, ruins; e que fazem mal a elas próprias, como também chegam a transmitir seu estado para outros que com eles convivam com constância.

Desse modo, uma pessoa que vive de auto-vitimização, e que usa isto como capital relacional fundamental, buscando sempre manipular pela “pena e pela compaixão”, torna-se tão miserável em si mesma, que sua presença acaba por irradiar o peso de tais sentires; razão pela qual, quando tal pessoa se ausenta, o ar fica literalmente leve.

Sobre a aceitação de um estado de azar, também devo dizer que conheço algumas pessoas assim. Aqui vai um exemplo, dentre muitos até bem mais chocantes do que o que narrarei a seguir, mas que foi por mim escolhido para ilustrar o que digo por ser algo relacionado a uma pessoa que acompanhei por muitos anos; e que, portanto, passa a ter um interesse especial para mim.

Falo de um rapaz que teve um trauma na infância e foi objeto de cuidados especiais. Então, na família, tal pessoa passou a ser um “cara diferente”, necessitando de cuidados adicionais. Aos 17 anos foi trabalhar e foi “adotado” por todos. No emprego todos percebiam sua fragilidade, e brincavam com o fato de que um garotão tão novo fosse tão cheio de achaques e cuidados. Então o moço incorporou a “cultura” da casa e do trabalho. No ambiente profissional, entretanto, passaram a brincar com as muitas dores que o moço apresentava. Assim, ele terminou por assimilar todas aquelas coisas como parte de si mesmo. Os anos passaram, e os males do rapaz aumentavam. Dores nas costas, nos pulsos, nos braços, nas pernas, no estômago, no fígado, nas coxas, em todos os lugares. E, com isto, ele passou a ser objeto de mais brincadeiras ainda; pois nada parecia sério demais.

Depois de uns tempos, sempre que ele estava presente nas coisas, algo acontecia: o carro quebrava, acidentes aconteciam, madeiras caíam, equipamentos davam defeito, alguém de machucava; ou, então, ele mesmo era o azarão, o acidentado. E todos faziam gozação do cara “pé-frio-azarado”. Tudo na gozação. Enquanto ele mesmo gostava de ser essa persona.

Com o passar do tempo, ele virou um personagem, um azarão profissional, um mascote de mandingas engraçadas. Então, quando havia algo delicado e perigoso a ser feito, pediam sempre, na gozação, que o carinha não chegasse nem perto; e como ele também não era chegado a grandes esforços, saía do lugar rindo e fazendo gozação de si mesmo. Numa boa! Até que pessoas que ele amava começaram a adoecer, a morrer, a se acidentar, a se machucar, etc. Por último, até a namorada, recém conquistada, por quem o rapaz estava e está apaixonado, sendo apenas uma jovem mulher de 28 anos, teve um AVC.

— Pastor, o que está acontecendo comigo? — me indagou ele falando sério pela primeira vez.

Minha resposta a ele foi mais ou menos a seguinte: Você se tornou uma bateria de captações e de transmissões de tudo aquilo do que você ri a seu respeito; mas que, no fundo, no seu inconsciente, você acredita. Você acredita que “tudo com você é assim”; e, assim, você cria tudo aquilo no que você acredita; pois tudo é criado na mente; no pensamento; e se mantém pela continuidade do processo mental viciado em ser-pensar-assim; o qual acaba virando um olhar da vida e de si mesmo; como se nós fossemos aquilo ou daquele jeito; e sem cura.

Ele se tornou um bruxo no inconsciente!

Sim, porque a bruxaria como fenômeno é exatamente isto; podendo ser consciente ou inconsciente. A bruxaria consciente é perversa; pois pretende interferir na existência de outrem, mudando-lhe o caminho para um fim que não é fruto da escolha do indivíduo. Já a bruxaria inconsciente é apenas o fruto da irradiação de um medo feito “carma”; ou seja: uma coisa que acompanha a pessoa sem que ela saiba a razão; mesmo que a pessoa diga crer que aquilo seja uma conseqüência de uma outra vida anterior.

Desse modo, nossa mente não apenas cria nosso olhar da vida, como também pode produzir um caminho exterior ruim; e isto não apenas para a própria pessoa, mas até mesmo para aquelas que a cercam. Sim, porque todos nós irradiamos quem somos; e também o que temos em nós; especialmente no convívio e com o tempo.

É por esta razão que cada um de nós deve buscar manter a mente cheia de fé e de pensamentos construtivos. O mesmo deve acontecer com nossas palavras e propostas de vida e para a vida. E, além disso, manter o coração livre de medo, em razão da Confiança, é o que nos dá a garantia de que viveremos num mundo real e protegido; ao invés de nos tornarmos apenas seres que recebem e irradiam energias mentais e espirituais; tornando-se, assim, um ser sujeito às manipulações e aos acidentes evitáveis da existência; escapando desse modo de existir como um bruxo no inconsciente.

Ora, eu poderia dizer muito acerca disto, mas meu objetivo hoje é apenas deixar você pensando nisto!

Nele, que cura o nosso olhar da vida e de nós mesmos; e, assim, muda azares em desígnios do bem,

Caio

01/01/06

Lago Norte

Brasília

DF

 

 

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