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Reflexões

BENDITO SURTO DE SIGNIFICADOS!

BENDITO SURTO DE SIGNIFICADOS!

 

 

 

BENDITO SURTO DE SIGNIFICADOS!

 

 

 

Desde sempre na vida fui educado acerca do poder dos significados. Tenha sido pela intensidade consciente de meu pai antes mesmo de converter-se, ou, pela simplicidade e pureza da fé de minha mãe — tal poder foi entrando em mim desde menino.

 

Depois, com tudo que aconteceu, especialmente em razão da conversão de meu pai, e, paradoxalmente, da minha imersão juvenil no ambiente hippie do final dos anos sessenta e inicio dos 70 — minha conversão, em 1973, veio a aprofundar imensamente o sentido e o poder dos significados assumidos pela fé.

 

Então, a pratica da fé no Evangelho, indo do meu íntimo aos encontros públicos com possessos de todos os tipos, e, ainda, com gente de todos os espíritos, deu-me muito mais certeza acerca do poder dos significados.

 

É extraordinário ver um “louco possesso” de verdade ficar livre com uma palavra de fé em Jesus, quando todos os calmantes do mundo nada fizeram para sequer domar o individuo.

 

Então, os poderes dos significados invisíveis aos olhos foram crescendo em mim, e, por tal razão, passei toda a vida abraçando símbolos e significações sem nenhum pudor!

 

Saltei de alegrias nos nascimentos, e beijei meu filho morto com amor submisso, como num rito de entrega.

 

Tudo é rito quando a vida é vivida com seus pesos de significado em todas as coisas.

 

Assim, resumindo esta viagem, que de outra feita se tornaria um longo livro, tantas são as presenças de significados simbolizados em mim — digo que mesmo aqui, hoje, neste jardim nos fundos da casa, de onde escrevo e faço quase tudo, vivo fazendo coisas virarem símbolos para mim e minha mulher.

 

Outro dia uma amiga de longa data esteve aqui, e, acompanhando-me e conhecendo-me por anos, falou:

 

“Vocês vão sempre andando e marcando com altares o caminho... Cada coisa aqui parece estar cheia de significado. São altares!...”

 

E são mesmo!...

 

Ora, carregar a força dos símbolos é algo que, em certa medida, coloca a pessoa entre o santo e o louco.

 

Psicologicamente alguém me vê em certas coisas que faço, ou, ainda, se me vir e ouvir dizer que “eu sozinho, cheio do Espírito, prego no Maracanã sem ninguém e ainda acho que o que lá está havendo é muito mais do que se o estádio estivesse lotado de gente sem consciência e sem significações em fé” — e isto apenas em razão da certeza que sempre tive que cada ato carrega sua própria conseqüência espiritual, e que, em tal caso ilustrativo, o ato significante é tão importante que, de fato, sempre me senti no centro do universo quando prego a Palavra da Vida — sim, alguém vê e ouve isto e diz:

 

“Esse cara é um narcisista louco, pois, não se enxerga, e, assim, acha que onde ele esteja aí o centro das coisas estão”.

 

No entanto, tal certeza de significação vem exclusivamente dessa visão do poder dos significados realizados em fé, embora, alguém, de fato, analisando psicologicamente, bem possa dizer que é loucura e surto de excessos na minha auto-percepção.

 

Afinal, psicologicamente, o que é a oração, se não um prevalecer do peso dos significados vencendo a própria realidade pela fé?

 

Ora, nesse sentido, um bruxo pagão tem muito mais significado no que faz conscientemente, ainda que de modo solitário, do que um grande pregador de multidões que prega como um papagaio em frente de uma grande massa de alienados.

 

Os que são capazes de entrar num quarto solitário, curvar os joelhos e orar a Deus, são os que crêem no poder dos significados diante de Deus.

 

E mais:

 

Esses tais são os que crêem que a fé pode re-significar todas as coisas nesta vida.

 

Muitas vezes, sem ninguém, mas sabendo-me cheio de sentidos e lotado de presenças pela fé, discerni que coisas estavam mudando como numa avalanche, embora, de fato, nada estivesse acontecendo ali... Mas o fato é que coisas mudaram...

 

No entanto, em toda a minha vida, nunca vi um fato se tornar símbolo mais dramático de significação de mudanças do que a morte de meu filho Lukas.

 

Ele se foi para o Pai como um cordeirinho simbolizante de Deus que tira o pecado do mundo!

 

Sim! Quando ele partiu, com foram muitas dores nascidas em 1998, e, de modo encantador, todos na família foram alcançados pela mesma graça que em meu coração crescia como fato novo do existir.

 

Hoje, de pequenas coisas e marcas conscientes no fazer altares e marcações de fé, aos netos, tudo chega carregando sentidos de esperanças espirituais.

 

Outro dia enterrei um pau de eucalipto no jardim a fim de servir de apoio para um dos papagaios que criamos. Então, do nada, o pau floresceu... Era apenas um toco de eucalipto, mas, de súbito, brotos e pequenos ramos se abriram na vara morta, e, devagar, começaram a eclodir com as chuvas...

 

Ora, para mim, que vinha orando por este ano de 2009, pedindo ao Senhor que nele frutificássemos muito mais para a Sua Glória, vi-me emocionado pelo sinal simples que tudo aquilo me trazia.

 

Loucura? Sim! Sem fé tudo o que é da fé é apenas muita loucura!

 

Lamento muito ver como a modernidade acabou com a força dos símbolos e ritos sinceros praticados em amor pelas pessoas no passado.

 

Ficou o quê? O rito de ligar o computador? De bater no liquidificador? De ligar a partida do carro? De quê?

 

Se até o simbolismo da Ceia ficou vazio ou apenas mágico para as pessoas, quanto mais os momentos simples do viver? Ora, esses, então, perderam por completo qualquer significado.

 

A questão é que uma vida sem significações simbólicas espiritualmente vivas, é uma existência que somente se significa pelas manifestações mensuráveis das coisas. Nesse caso, se a pessoa está só, está só, e nunca acompanhada, pois, neste nosso mundo, gente sem companhia está só e deveria estar deprimida.

 

Por isto, quanto menos significados conscientes a pessoa tem na vida, menos poder para enfrentar a adversidade ela terá, posto que pelas vias das significações mundanas e sociais convencionais, tal pessoa estaria só, e, por isto, jamais deveria se sentir bem ou significativamente viva.

 

Aprendi com o Reverendo Antônio Elias, um de meus pais na fé, que é possível sentir-se uma multidão mesmo andando sozinho!

 

Quando Antônio Elias foi começar um trabalho de pregação no interior de algum estado do Brasil, há mais de 55 anos, após ter convidado a cidade toda, ninguém apareceu. Ele, porém, na hora certa, iniciou as atividades, sem ninguém; e escreveu:

 

“Hoje demos inicio aos trabalhos nesta cidade, embora ninguém tenha vindo. Mas, considerando as presenças ilustres que prestigiaram o pregador, digo que este trabalho começou com a melhor audiência possível: O Pai, o Filho e o Espírito Santo!”

 

Tais pessoas vão se tornando não deprimíveis!... Sim! Pois, para tais pessoas, a vida nunca fica vazia se os seus significados estiverem intactos no coração.

 

No entanto, somente a fé separa loucura e significado numa hora assim!

 

Portanto, não há como negar que todo caminho de fé seja loucura para a mente sem fé que assista tal andar.

 

Eu, todavia, não estou nem aí, e, a cada dia, me sinto mais maioria, mesmo quando não tenho ninguém ao meu lado. Afinal, mesmo sem ninguém, sempre há uma multidão ao meu lado.

 

Ou, de outra feita, o que farei com tão grande nuvem de testemunhas a me circundar?

 

Coisa de louco? Sim! Louco de fé e de sentido!

 

 

Nele, que me faz ser mais que o mundo inteiro quando minha mente está focada nos sentidos da fé e da vida,

 

 

Caio

24 de janeiro de 2009

Lago Norte

Brasília

DF

 

  

 

 

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