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Opinião

SERES-AMEBA!

SERES-AMEBA!



SERES-AMEBA!

Quando se trata de pensar, por exemplo, no que nós estamos fazendo, participando e falando tão intensamente nos últimos meses e quase sempre tem a ver com nossas escolhas políticas, eu olho para isso sob muitas perspectivas.

Primeiro aquela histórica, imediata, como uma pessoa da sociedade, um partícipe do mundo concreto no espaço-tempo no período curto da minha existência sobre a terra.

Isso me faz buscar escolher aquilo que, com consciência limpa e sinceramente, sem compromissos de nenhuma natureza e nem olhando para o meu umbigo, eu creia que, em meio a toda relatividade de como as coisas acontecem na história humana, possa ser uma opção de melhoria ou de atraso do que fosse aceleradamente muito pior. Então ou eu voto e escolho pensando no que seja melhor, ou, outras vezes, naquilo que seja menos ruim. Eu nunca estarei na condição de escolher e votar, nesse planeta, naquilo que seja o ideal. Não existe esse lugar ideal na terra, a não ser na cabeça dos fanáticos.

O que me faz olhar para isso tudo de modo apenas assim, não mais do que assim, são algumas coisas.

A primeira é o fato de que aqui, na história, eu tenho consciência da relatividade de todos os projetos humanos. Todos. Todos são absolutamente relativos. E nós estamos apenas melhorando relatividades ou ‘despiorando’ relatividades. É o máximo que nós fazemos. Em relação a isso, o meu olhar também é assim porque eu só tenho um absoluto. Eu não tenho nenhum compromisso com nenhuma natureza de ideologia ou filosofia planetária. Podem ter certeza disso. Por isso é tão difícil para algumas pessoas me definirem e por isso cometem idiotices enormes porque não percebem o conjunto da minha percepção.

Mas o que me faz olhar e ver também tudo relativizado é o fato de que eu tenho um só Absoluto, um só Senhor, uma só mente a fazer minha cabeça e um desejo de alinhamento com esse único espírito, com nenhum outro espírito, nenhum outro principado, nenhuma outra potestade, com nenhuma expressão de ideologia e de poder humanos. Para mim, eles são meras circunstancialidades que precisam ser usadas na tentativa de melhoramento ou na interferência, na tentativa de se interromper o que seja o fluxo de pioras.

Também me faz olhar para essa circunstância toda e vê-la na sua mais absoluta relatividade, e até idiotice, o simples fato de eu pensar no que é esse lugar e essa arena onde esse embate está se travando. Nós estamos no Brasil, na América do Sul, na América Latina, no hemisfério sul, no lado ocidental do planeta terra, no sistema solar, entre tantos outros sistemas formando galáxias, que é uma poeirinha galáctica em meio a bilhões de outras galáxias, tão maiores do que a nossa, que a nossa se torna apenas um detalhe de algo absolutamente maior, crescente, invasivamente crescente, indefinível, habitando um ambiente que não se sabe qual seja a natureza dele porque se sabe apenas que, para além do espaço-tempo, há outras camadas e possibilidades de paralelismos multiversos.

No meio disso tudo, voltando à escala mais básica, está aí: luta política na arena do Brasil. O que significa isso? Significa que nós, meros fungos, ou vírus, ou bactérias, o que quer que você queira, estamos travando batalhas em um corpo, que para nós parece ser algo absoluto no seu significado e que nada mais é do que uma briga de vermes no intestino grosso da latrina americana deste planeta ‘enlixado’ e que tem esse poder, essa capacidade, no curso da civilização, de olhar para o horizonte imediato e para o momento presente e fazer daquilo o absoluto-absoluto.

Assim nascem todos os fanáticos, todos os cegos, todos os obcecados, todos os diminuídos e todos os que se tornam apenas seres-ameba.

 

Caio Fábio D’Araújo

Transcrição: Dora Ramos.

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