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Opinião

GUERRA SANTA ATÉ A MORTE!

GUERRA SANTA ATÉ A MORTE!

 

 

 

 

   

 

  

 

GUERRA SANTA ATÉ A MORTE!

 

 

Deus sabe que não estou aqui pra julgar ninguém. É verdade que fico doente quando vejo o Evangelho sendo pervertido. Mas não me alegro com a dor, a vergonha e o dia mau de ninguém; nem daqueles contra quem eu tenho profundo e essenciais desacordos quanto a fé e a vida.

 

Portanto, é neste espírito que desejo ser lido e entendido no que segue.

 

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Nós, que não vimos a Jesus na carne, mas viemos a crer Nele pelo testemunho que nos foi dado por outros, ou por alguma leitura da Palavra, ou por qualquer meio através do qual a mensagem do Evangelho nos tenha alcançado — muitas vezes não passamos da experiência de nos agarrarmos, pagã-mente, a um “Jesus de crença”; como poder, como força, como proteção, como ajuda nos negócios, como socorro para a família, como o “Deus” mais poderoso de todos; e que é Todo-Poderoso, embora se creia que haja no diabo um poder que, num certo sentido, anda pau-a-pau com o poder de Deus.

 

Dia 12 de janeiro de 2007, eu zapeava os canais de televisão e vi que num deles se exibia uma programação da Rede Gospel, de propriedade do Apóstolo Estevam Hernandes. Era uma campanha de solidariedade ao “Apóstolo e a Bispa”, conforme eles diziam.

 

Os motes dessa campanha de solidariedade, neste ano, que eles designaram como “o ano de Elias”, são dois; a saber: “Espada pelo Senhor, pelo Apostolo e pela Bispa”; e, um segundo mote, que é: “Com a Renascer até a morte”.

 

Na seqüência da programação ficava claro que as ênfases eram as seguintes:

 

 

a) Fortalecer a imagem de ambos (Apóstolo e Bispa) como pessoas que realizam milagres. E, portanto, fazem coisas que “não tem preço”. O Apóstolo realiza os milagres das finanças; liberando palavras de prosperidade; as quais são testemunhadas como “poder” de fazer muitas pessoas conseguiram coisas, por vezes sem precisar pagar por elas; ou, como no caso de uma senhora que disse ter morado “sem pagar o aluguel” pela benção da “palavra liberada pelo Apóstolo”. Já da Bispa, são ditas coisas que a põe como a que “libera os milagres de cura”. Portanto, se estaria falando de gente que ‘dá sem cobrar’ o que “não tem preço”; e, por isso, estão sendo falsamente acusadas de enriquecimento ilícito; pois, quem dá o que não tem preço, está para além das prestações de contas deste mundo.     

 

b) Motivarem os membros da igreja a se sentirem numa “guerra santa”. No estilo da Universal quando o Macedo esteve preso em 1992. Por isso se diz: “Espada do Senhor, pelo Apóstolo e pela Bispa” (usando a palavra de Gideão ao povo, no Velho Testamento, antes de saírem à guerra). Ora, eles, os dois, seriam os Gideões deles, neste Ano de Elias. É ano de Guerra. É ano de fogo. É Renascer até a morte... Isto embora Jesus tenha dito a Pedro que os que sacam da espada, pela espada serão feridos.

 

c) Fincarem como nunca os pilares da instituição “Igreja Apostólica Renascer em Cristo”. O que se afirma o tempo todo, na mesma estratégia da Universal, é que Jesus faz tudo só na Renascer; e ela, a igreja, e Jesus, são tratados com equivalência; sendo que Jesus é bem menos mencionado. Jesus trabalha para a igreja e não a igreja para e com Jesus.

 

Assim, todas as forças do Velho Testamento estão acionadas para a peleja. E muitos estão se dispondo a partir para o enfrentamento da injustiça que atingiu o Apostolo e a Bispa.

 

É guerra santa ao estilo islâmico!

 

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Entretanto, se trouxéssemos tudo para algo que tivesse a ver com personagens apostólicos do Novo Testamento, seria como fazer uma campanha para defender o apostolo Paulo que, juntamente com Timóteo, estavam presos em Éfeso por serem acusados de terem tirado muito dinheiro do povo; de não terem deliberadamente pago muitos de seus compromissos; enquanto, apesar de tantos problemas, continuavam a comprar casas, campos, barcos, etc. — e, além disso, não deixavam de comprar mais e mais leões africanos, caríssimos.   

 

Assim, em semelhante caso, a igreja em Éfeso, também lançaria uma campanha “pró Paulo e Timóteo”; e que diria coisas como: “Espada do Senhor, pelo Apostolo Paulo e pelo Bispo Timóteo”; ou ainda: “Renascer na ‘Escola de Tirano’ até à morte”.

 

Isto sem falar que iriam à Ágora de Éfeso (a praça de negócios e conferencias) e diriam como Paulo e Timóteo tinham direito a tudo o que amealharam deixando de pagar o que deviam; bem como tinham o direito espiritual de usufruir os bens e luxos extraordinários que os acompanhavam — pelo fato de haverem “liberado milagres” sobre muitos; o que daria a eles o privilégio de viverem sem os deveres e obrigações comuns aos demais mortais.

 

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No meio de tudo estava o filho deles, do Apóstolo e da Bispa, ainda bem jovem, a quem conheci criança. Orei pelo menino, que já é Bispo.

 

Enquanto isto, sentia dores por ver que tudo o que está acontecendo é justamente o resultado dessa maldita teologia da prosperidade, associada a um complexo de ascensão social mascarado por pretensas modernidades e muitas vaidades — coisas que, numa alma sem limites, surtam a pessoa, pondo-a sob o manto da síndrome de onipotência. Daí em diante não há mais censura ou fronteira de contenção que para tal pessoa possa existir.     

 

E me doía ver a sinceridade ignorante de muitos...

 

Os líderes defendem seu “ganha muito ... tudo”; e suas “posições episcopais”, mais do que qualquer coisa.

 

Mas o povo entra por amor, mesmo que ignorantemente. Amor ignorante. Ignorante da Palavra. Ignorante dos fatos. Amor pagão, ainda que sincero.

 

Ora, alguém pergunta: Como é isso?

 

O povo recebe a misericórdia de Deus; ou, então, consegue coisas pelo esforço da auto-sugestão; e atribui as ‘coisas conseguidas’ ao Apostolo e a Bispa. Assim, o povo segue a homens... E se sente ameaçado se seus amuletos humanos forem tirados.

 

Deus, todavia, ama o povo e ama a Quem ama. E ninguém sabe como o amor de Deus se manifesta; pois, o amor de Deus não é romântico, antes, é paixão sábia e paciente; mas que se manifesta sem nenhuma associação com as coisas que nós chamamos de “boazinhas”.

 

Deus cura o povo. Muitos do povo não conseguem ver a Graça de Deus por eles, mas, sendo tão ignorantes e inseguros, atribuem tudo o que de “bom” lhes possa acontecer ao homem ou à mulher que tenham “liberado a palavra”...—embora, tenha sido exclusivamente a misericórdia de Deus alcançando o indivíduo. E o alcançaria ainda que uma mula falasse, tão somente a pessoa cresse no que fora dito.

 

O trágico seria, depois disso, passar a se chamar a mula de “ungida do Senhor”; ou que se passasse a dizer que a mula era o próprio oráculo encarnado de Deus.

 

Então começaria o culto à mula santa; assim como se fez com o Bezerro e com a Serpente.

 

Entretanto, como estratégia de marketing e de defesa das coisas ‘conquistadas’, o que eles estão fazendo é a única coisa a ser feita para quem, salvar o que tem, está acima de tudo.

 

Eles não podem calar. Precisam mexer com o povo. Necessitam ser apresentados como santos para serem cultuados no espírito dos que, pelo fanatismo, entregam-se de coração ao Apóstolo e a Bispa, como se fossem a encarnação da causa do Evangelho na terra.

 

Deus, todavia, segundo Jesus, não tem compromisso com nada maior do que o homem. Ele não está nem aí para as nossas “causas nobres”; ou para as coisas acerca das quais dizemos: “Elas atingem tanta gente, por isto não devem ser atingidas. Deus não permitiria. Portanto, se estão sendo atingidas, deve ser obra do diabo.”

 

Sem querer fazer comparações, preciso, todavia, dizer que quando em 1998 vi ruir tudo o que eu construíra, não roubando, não deixando de pagar ninguém, não dando calote, e nem tampouco me servindo de nada para mim mesmo — sabia que fora atingido pela mão de Deus, não do diabo (o diabo é servo de tais propósitos sem saber ou sem querer...). Porém, mesmo assim, eu me perguntei:

 

Por que, Senhor? Por que tanta gente tem que sofrer e se decepcionar?... Por que Tu não preservas o que com sinceridade eu trabalhei por realizar em Teu nome?”

 

A resposta que ecoou em mim, foi surpreendente:

 

Porque você vale mais que o mundo inteiro. E porque Eu, o Senhor, estou mais interessado em ti do que em tudo o que fizestes para mim ou em meu nome. Quanto ao povo, é meu; e o que te faço, é cura para o povo; para os que são meu povo!

 

 

Eu estava na Flórida, com o mundo inteiro em cima de mim, exposto por mais de 40 dias nas primeiras páginas de todos os jornais e nas “Headlines” de todos os meios de comunicação; e eu não havia roubado nada, mas me separado da mãe de meus filhos de um modo errado; e havia me metido em negócios desta vida, do ponto de vista “político” — as razões não interessam; pois aqui assumo apenas, porém em plenitude, a minha própria responsabilidade como homem adulto e de Deus.

 

Assim, sei que Deus não tem “Causa” que valha a corrupção de quem a faz em Seu nome — seja a corrupção básica, daquele que rouba; seja a corrupção do coração, que mesmo pregando o que é verdade (como sempre fiz), já não está andando em paixão por Deus, como foi o meu caso. Sim! Paixões desta vida tinham afastados lentamente o meu coração da pureza e da simplicidade devidas a Cristo Jesus. Devagar eu havia deixado que a safadeza dos líderes me tirasse do coração a alegria de servir...— conforme eu antes vivera toda a minha vida. 

 

Quem sabe, sabe. Quem discerniu, discerniu. Quem não quer ver, verá o que desejar. E quem crê no homem e não no Evangelho, esse acha que vale dizer “Renascer até à morte” — quando, de fato, segundo Jesus, a seqüência é outra: Morte para poder renascer.  

 

O que mais desejaria era que algum dia eles dissessem: “Senhor, decidimos dar metade de nossos bens aos pobres; e quanto a todos os que defraudamos, restituiremos quatro vezes mais” — para que se celebrasse com Jesus: “Hoje entrou salvação nesta casa”.

 

Digo isto porque Deus sabe que me condôo com o que está acontecendo — tanto por eles, que devem estar num inferno mais que real, como por seus filhos e netos; e bem assim por todo aquele povo que, na sinceridade, está sem entender nada.

 

Assim, expresso aqui amor, misericórdia e oração — não sem verdade —; e, sobretudo, manifesto a esperança de que tudo isto faça bem e traga cura ao coração de muitos; principalmente do deles.

 

 

 

Com temor e tremor, Nele, que é o Único que julga retamente; e em Quem apenas manifesto esperança de que o que parece morte faça surgir o verdadeiro renascer de uma nova consciência,

 

 

 

Caio

 

13/01/07

Lago Norte

Brasília

 

 

 

 

 

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