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Opinião

FILHAS DE FRANCISCO: tias Isalra, Zefinha e Bete STONES

FILHAS DE FRANCISCO: tias Isalra, Zefinha e Bete STONES



O show dos Stones está rolando aqui ao lado de casa. Era só uma andadinha e estaríamos lá. Mas nem nos passou pela mente tal coisa. “No máximo na televisão”, Adriana e eu dissemos a uns amigos. Sim, na televisão; e “olhe lá!” Resolvi ver o show na tv apenas porque quando eu digo que sou da geração que “amava os Beatles e os Rolling Stones”, não é porque eu jamais tenha “gostado” dos Stones, mas apenas porque minha geração se dividia entre os dois grupos, embora, no imaginário mundial, os Beatles fossem o fenômeno, e os Stones uma grande novidade. Eu, porém, fora 4 ou 5 músicas deles, nunca gostei dos Stones. Os Beatles, entretanto, eu ouço até hoje, e cada vez com mais prazer. Esta semana, num programa de radio, me perguntaram qual era a razão do sucesso dos Stones até hoje. Ora, sem desmerecer o trabalho e o esforço deles, e sobretudo a obstinada perseverança quanto a permanecerem juntos, afirmei que a maior razão do sucesso deles era a nostalgia dos Beatles. Ou seja: disse que eles haviam se tornado uma espécie de Museu Madame de Cera de uma geração musical; a qual teve nos Beatles sua alma, mas como já não os têm, transferiram para os Stones aquela magia. Sim, na minha opinião os Stones são apenas uma pedra rolante, e que ainda rola apenas porque está imantada pela energia saudosa que emana dos Beatles e da década de 70, a qual está sendo agora redescoberta pela moçada mais jovem. Adriana, que olhava o show em perplexidade, e afirmando coisas engraçadas, como dizer que a maioria deles parecia umas velhinhas magrinhas; ou que era uma banda de fantasmas, e coisas assim... para me perguntar: Sou só eu... que não vejo nada? Você vê algo especial neles? Disse que se eles aparecessem hoje no Programa do Jô e lá cantassem o que estão cantando agora, enquanto escrevo estas linhas, não mais do que umas 10 mil pessoas apareceriam por lá, mesmo sendo Free. A filmagem é ótima. O cenário não tem igual. Mas o show... Tá ruim o show. As musicas são repetitivas e cansativas. O público está murchando. Há uma decepção no ar. Meu filho mais velho, que está lá, me disse que não sairia porque não dá para se mexer na areia. Mas não está legal. Tá básico. Tá velho. Tá... Apenas Tá. Ora, um espetáculo desse serve para mostrar o poder da Propaganda e da Mídia, essas Potestades que hoje têm grande pode na Terra. Salomão, como sempre, tinha razão quanto às realidades da vida. Ele saberia que ali na areia de Copacabana, há, agora, ouvindo os Stones, centenas de meninos e meninas, anônimos, os quais sabem, em seus corações, que se subissem ali, ainda que de improviso, mandariam muito melhor, da presença de palco à voz, e, quem sabe, até nos instrumentos. Quanto à voz, às melodias, aos swings, os movimentos de dança, e tudo mais..., eu mesmo conheço pessoas que nem da música vivem..., e que naquele palco estariam agradando, realmente, muito mais do que os Stones, os quais, segundo Adriana, estão mais para tia Isaura, tia Zefinha e tia Bete, ou, então, para as Tias de Francisco. O povo já começa a se mover. Já ouvi gente passando aqui na frente de casa reclamando do fiasco. Na realidade o Rio não tem uma cultura de Bandas. As bandas aqui são “grupos”. Talvez em São Paulo o impacto fosse maior, pois lá há, como todos sabem, uma cultura de Rocky e Bandas, diferentemente do Rio, que produz mais artistas indivíduos que grupais. Eu prefiro pensar nos Stones como parte de uma época do que como uma Banda a ser ouvida. Ou seja: os Beatles viraram Mozerts do Século XX, e os Stones uma Instituição da mesma década; pois os primeiros hoje vivem como um ‘espírito’, já os Stones existem como uma instituição. Neste momento, a Língua de Néon que é “marca” de Jagger, foi mostrada, sozinha, piscando, e gerou mais aplausos do que eles. Se forem sábios, antes da meia-noite, quando termina o “encanto Global”, eles deveriam cantar as músicas que os fizeram rolling ladeira acima, e não as que marcam o seu rolling stones abaixo. O show continua. O meu acabou. Ah, que saudade de “This Long and Widding Road” ou de “The Fool on the Hill”; ou mesmo de “Hei Ju”, escrita e composta por Paul, para Julian, filho de John, quando este estava se separando da primeira esposa, mãe de Julian. Mas isto é só nostalgia parcial. Afinal, os Beatles não morreram, assim como Mozart e sua música também não. Por isto, o que vou fazer é colocar um CD não da banda chamada de “Os Beatles”, mas de um grupo de jovens geniais e que teve esse nome grupal, representando os sentimentos mais mágicos de uma Era Existencial. Até que em fim... Satisfaction começou... e o povo está cantando... cantando não os Rolling Stones, mas a década de 60 e 70. Caio
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