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A Mente de Paulo

DA IDADE DA PEDRA À IDADE DA CONSCIÊNCIA NA GRAÇA

DA IDADE DA PEDRA À IDADE DA CONSCIÊNCIA NA GRAÇA



Quando Paulo se referiu aos de Israel como “tendo zelo de Deus, porém sem entendimento”, ele falava de gente de bom coração, mas que não discerniu o bem.

 

E é desse tipo de gente que na maioria das vezes a religião está lotada. É gente de coração bom, mas que em razão de uma fé pedrada pela lei, pela moral, pela justiça própria, pelo dever de ser inflexível e sem amor em nome da verdade, se tornou gente da impiedade, mesmo não sendo maus.

 

É triste constatar que aquilo que deveria ser absolutamente simples e claro, aberto como o horizonte, e imenso como o mar da liberdade, se tornou a loucura e a insanidade que impede homens bons de serem pessoas que façam o bem.

 

Falo aqui daqueles que crêem em Jesus, ou, pelo menos, dizem crer. Sim, falo dos que dizem que crêem no Evangelho.

 

Na maioria dos casos, são pessoas boas, mas..., tanto mais quanto se aprofundem nas entranhas daquilo que supostamente carrega ‘o poder do culto a Deus’, mais pedradas vão ficando; e, assim, mais incapacitadas de fazer o bem, puro e simples, elas vão se tornando.

 

Fizeram o Bom virar Lei. Então, tornaram-se perversos. Assim, não sabem mais fazer o Bem. Portanto, como disse Paulo, “têm zelo de Deus, porém, sem entendimento”.

 

Desse modo ficamos sabendo que o Bem é fruto antes de tudo de um Entendimento. E o único entendimento que se ajusta em absoluto ao Bem, é o Entendimento conforme a Graça.

 

Qualquer outro entendimento terá seu limite e sua fixidez. Seja a Lei, seja o Carma, seja a Evolução, seja o Céu, seja o Nirvana; seja pela via da Renuncia, seja pelo Zelo, seja pelas Obras, seja pela Sabedoria, seja como for... Tem o seu limite, que é a própria Disciplina visando o alcance do Supremo.

 

O limite, portanto, sempre é uma Lei.

 

E em qualquer Lei há a previsão do que é Bom; nela, porém, não há o poder de realizar o Bem, posto que a vida está cheia de situações nas quais o Bem está para além do Bom, visto que muitas vezes para se atingir o Bem, a Lei não pode se fazer de vigente, em razão de que ela é freqüentemente menor do que as situações da própria vida.

 

A Lei é o limite... Mas o Bem está para além do limite.

 

E que Bem é esse que está para além do Bom Geral, que é a Lei?

 

Ora, a Lei é para todos. Mas o Bem é para indivíduos.

 

O que realiza o Bem é a justiça conforme o amor, que, segundo Jesus, excede a justiça da religião; ou seja: a justiça dos escribas e fariseus.

 

A leitura dos Atos de Jesus nos Evangelhos nos mostra o significado de que o Bem está para além da Lei.

 

O entendimento que é maior que qualquer zelo, é aquele que só tem de fixo, a fluidez do amor. Assim, ele é fixo na total mobilidade da vida, e, por essa razão, se faz aplicar com absoluta propriedade para além de qualquer lei.

 

É por isso que a Lei é gravada em Pedras. Mas o Amor só pode ser gravado no Coração. Pois a pedra é própria para a Lei, assim como o coração é próprio pro Amor, posto que a pedra é fixa, mas o coração pulsa e bate... e move a vida.

 

“Eles têm zelo de Deus, porém sem entendimento”—disse Paulo dos judeus amantes da Lei.

 

Assim, pela antítese, Paulo nos ensina que o verdadeiro amor por Deus é fruto de um entendimento, e, que esse entendimento é o da Graça de Deus, pois, é somente na Graça que a justiça de Deus se revela como amor; o qual é maior que tudo.

 

“O que quereis que os homens vos façam, isto fazei vós a eles, pois, esta é a lei e os profetas”—disse Jesus.

 

Para Jesus o entendimento conforme o Evangelho da Graça de Deus era algo que se manifestava na simplicidade desse princípio único, dessa ‘uma só coisa necessária’, e que é maior do que a Lei e os Profetas.

 

Quem teve a mente convertida a esse princípio, esse obteve o entendimento que se renova na mente, e que produz a verdadeira piedade, a qual, por ser algo de homem para homem (... o que quereis que os homens vos façam, isto fazei vós a eles...), implica em uma crescente manifestação da nossa melhor humanidade; sendo isto mesmo aquilo que nos põe no caminho do varão perfeito, o qual se renova no espírito do seu entendimento sempre; e, assim, vai sendo transformado de glória em glória, conformando-se cada vez mais à imagem do Filho de Deus, Jesus Cristo, o Homem.

 

Este é o resumo do caminho que nos leva da infância da Lei de Pedra para o Entendimento que é segundo a Lei da Graça.

 

Esta tem que ser a jornada de todo aquele que deseja amar a Deus com alma e entendimento.

 

Na Graça o único zelo que se conhece é o zelo da fé que atua pelo amor.

 

 

 

Caio

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