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Opinião

Cinema: O Pianista

Cinema: O Pianista

Sofrimento Como Diversão?! Eu estava vendo O Pianista, do Polansky. Lindo e dolorido! Fiquei pensando em quantos filmes sobre o Holocausto eu já vi. Já vi mais que muito judeu jamais conseguiu assitir. De fato, somos seres extraordinários. Já pensou no significado do humor negro? Já imaginou o que significa significar a desgraça com graça? Já refletiu sobre o que significa sentar em frente a uma televisão, e assistir emocionadamente, todos os filmes de judeus sendo massacrados pelos nazistas na segunda guerra mundial? Um massacre se repete. É uma espécie de missa, onde a Eucaristia é corpo e sangue, de verdade. Sinceramente, é isso que acontece! Algo de errado com isso? Não! A História precisa ser aprendida como História Emocional, também. Então, o que há de errado? Nada, se vocês gosta! Eu, de minha parte, já tenho tantas dores e por tantos a quem amo—e, sobretudo, pelo presente momento da própria História—, que não me sobrou mais emoção para gastar vendo e revendo, cheio de emoção, os mesmos acontecimentos históricos, com eterno culto àquela emoção. Para mim não seria uma diversão ver aquele filme, seria Voyerismo Trágico, com deprimente e enlutada emoção. Já senti muito pelo Holocausto! Deus sabe o quanto! Mas não gosto dele como diversão, e não serve para humor negro. Daí, não servir mais para mim como filme: já vi dezenas de filmes e documentários; já visitei, várias vezes, os principais museus do Holocausto; e já fui dezenas de vezes a Israel—é impossível ir lá e não respirar aquele clima, de um modo ou de outro. Assim, não consigo mais me divertir com aquele trágico, pois, se me tornou familiar demais. Para mim funciona como tortura. Tenho amigos entre os que sobreviveram—alguns já bem velhinhos, como os pais do meu amigo Hugo, e que hoje residem na Galileia. Um beijo para todos, Caio
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