
A INOVADORA TESE DE DILMA
Dilma Rousseff, Ministra-chefe da Casa Civil, tem apresentado uma tese inovadora, que merece os aplausos de todos os administradores, especialmente dos administradores de esquerda deste país.
É uma tese que defendemos há mais de 40 anos, e agora temos uma importante aliada. Ela propõe reduzir os juros, mas não para "recuperar a capacidade de investimento do Estado" ou "para gastar no social" que é o discurso usual daqueles que somente procuram mais poder para si.
Dilma quer reduzir os juros para poder reduzir o "custo do capital social” das empresas. Finalmente, alguém se tocou do verdadeiro problema.
O custo de capital no Brasil é alto, diz ela, porque os juros da dívida também são altos. Se a “renda fixa” é elevada, argumenta Dilma, o custo da "renda variável" ou custo do capital também será absurdamente elevado.
Se o Estado paga 13% de “renda fixa” ao ano, para rolar a sua dívida, nenhum projeto empresarial que pretenda obter uma “renda variável” e a incerteza de 12, 13 ou até 17% será retirado das gavetas. Ninguém vai assumir o risco de um empreendimento, o risco de quebrar, o risco de ser roubado, o risco de ser processado por um empregado na Justiça por 1 milhão, se o Estado oferece 13%, sem risco.
Esta é a razão do nosso baixo crescimento e desemprego, segundo Dilma e a maioria dos administradores de esquerda.
E por que a “renda fixa” é alta? Porque muitos companheiros da Dilma ainda acreditam que a solução para a "espoliação capitalista" não é reduzir o custo capital ao mínimo, como defendem os administradores de esquerda, mas transferir a totalidade do capital gerado pela sociedade para o Estado. Como estão fazendo de 1964 para cá. O chamado "crowding out", com o Estado brasileiro abocanhando para si quase 80% da poupança nacional.
Por isto, o Estado e seus gestores no BC e Ministério da Economia oferecem estes juros altos para capturar nossa poupança, sob aplausos dos economistas de direita, a maioria dos asset managers e assessores de Bancos.
Esta união de economistas de direita e esquerda em prol dos juros altos é uma aliança diabólica, que garante que teremos o maior juro real e custo de capital do planeta, enquanto esta aliança hegemônica perdurar.
Administradores de esquerda pensam como a Dilma, que a solução moderna não é se apropriar do capital que a sociedade brasileira consegue gerar, e sim reduzir o custo do capital na medida do possível, reduzindo a renda fixa.
A China reduziu o custo da renda fixa para 2% o que permitiu a empreendedores e engenheiros desengavetarem projetos muito mais simples, sem muita necessidade de tecnologia, onde basta parafusar duas peças diferentes e nada mais.
No Brasil, só desengavetamos projetos super rentáveis que rendam no mínimo de 17% a 25% ao ano, o que exige subsídios e renúncias fiscais, BNDES com juros preferenciais, zonas francas, câmbio favorável e elevados investimentos em ciência e tecnologia, as grandes bandeiras dos "desenvolvimentistas" de 1964 para cá.
Como indústrias super rentáveis atraem concorrentes, os "desenvolvimentistas" e a extrema direita se unem em favor do protecionismo tarifário e cambial, e dane-se o consumidor.
O primeiro a reduzir o custo de capital da economia brasileira foi o mais representativo administrador de esquerda deste país, Raymundo Magliano Filho, Presidente da Bolsa de Valores de São Paulo, conhecido discípulo de Norberto Bobbio.
Magliano já provou na prática que a tese da Dilma é possível, ao reduzir pela metade o custo de capital das empresas do Novo Mercado, de 17% para 8% ao ano. Foi eleito “Administrador do Ano de 2006”, merecia um Nobel.
Dilma comprou uma briga e tanto com os "desenvolvimentistas", que não irão aceitar reverter 43 anos de política econômica. Não abrirão mão do seu desejo de controlar o capital social do Brasil.
O problema é que com juros reais de 2%, poucos investidores renovariam seus fundos DI e os "desenvolvimentistas" se recusam a devolver o dinheiro aos seus legítimso donos, o povo e a classe média brasileira. Assim, os juros obviamente não irão cair, irão subir.
Dilma tem o apoio de Lula, do Novo Mercado, do Raymundo Magliano Filho, e de todos os administradores de esquerda deste país, que querem ver o Brasil crescer com um custo de capital justo, igualitário e sustentável. Mas a briga só começou, precisaremos ajudá-la.
Stephen Kanitz