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Clássicos

A Floresta do Amazonas

A Floresta do Amazonas

A Floresta do Amazonas

Heitor Villa-Lobos


Em 1958, a MGM pediu a Villa Lobos que escrevesse música para a trilha sonora de um filme chamado "Green Mansions", seguindo por alta a trama do livro homonimo de W.H. Hudson.  A trama conta a história de Rima, uma menina que consegue falar a lingua dos pássaros e da floresta.  O filme estreou em 1959, com Audrey Hepburn no papel de Rima, e foi um total fracasso de público e crítica, o filme com seu tema bastante ecológico não se tornou popular. Para o desespero de Villa Lobos a música que ele tinha escrito para o filme não foi utilizada ou o foi em trechos muito pequenos e reorquestrada, trabalhada e desfigurada, sob o argumento de que a música por ele escrita estava mais adaptada a história original do que ao roteiro do filme.

Villa lobos decidiu assim transformar essa música num poema sinfônico e rebatizou-o "A Floresta do Amazonas".  Herança da composição original figuram diversos cantos de passaros, cantos indigenas numa lingua inventada baseada nos fonemas utilizados pelos índios, e algumas belíssimas canções, incluindo "Veleiro", "Canção de Amor", e "Melodia Sentimental".

Abaixo está um trecho da abertura do poema sinfônico com a Orquestra Petrobrás Sinfônica, numa gravação realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.  Eu tive o prazer de cantar nessa gravação.




Temos ainda a maior de todos os cantores(as) brasileiros, o soprano Bidu Sayão cantando duas das famosas canções do poema sinfônico.   Bidu Sayão saiu de sua aposentadoria para gravar essas canções, a pedido do compositor.  A regência é do próprio Villa Lobos.



Canção de Amor

Sonhar na tarde azul.
Do teu amor ausente suportar a dor cruel
Com esta mágoa crescente
O tempo em mim agrava o meu tormento, amor!

Tão longe assim de ti, vencida pela dor
Na triste solidão procuro ainda te encontrar
Amor, meu amor!

Tão bom é saber calar e deixar-se vencer pela realidade
Vivo triste a soluçar: Quando, quando virás enfim?

Sinto o ardor dos beijos teus em mim. Ah!
Qualquer pequeno sinal é fremente surpresa
Vem me amargurar

Tão doce aquela hora em que de amor sonhei
Infeliz, a sós, agora, apaixonada fiquei
Sentindo aqui fremente o teu reclamo amor!

Tão longe assim de ti, ausente ao teu calor
Meu pobre coração anseia sempre a suplicar
Amor, meu amor!

Melodia Sentimental


Acorda, vem ver a lua, que dorme na noite escura
Que surge tão bela e branca, derramando doçura
Clara chama silente ardendo meu sonhar
As asas da noite que surgem e correm o espaço profundo
Oh, doce amada, desperta, vem dar teu calor ao luar
Quisera saber-te minha na hora serena e calma
A sombra confia ao vento o limite da espera
Quando dentro da noite reclama o teu amor
Acorda, vem olhar a lua que brilha na noite escura
Querida, és linda e meiga sentir seu amor é sonhar



Ciro d'Araújo, 28 de abril de 2009
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