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Devocionais

QUEBRANDO A QUEBRA DE MALDIÇÕES

QUEBRANDO A QUEBRA DE MALDIÇÕES

 

 

Foi aí pelo meio da década de 80 que algumas pessoas começaram, aqui no Brasil, a falar sobre “quebra de maldições”. Em 1970 já havia em Niterói o movimento de “Oração de Renuncia”, que veio a ser o “joão batista” da febre da “messiânica quebra de maldições” que hoje atinge a igreja como infecção mortal, e que já deixou o “paciente” com diagnóstico de morte lenta, porém certa. Durante pelo menos duas décadas, invariavelmente, todos os “assuntos” me eram trazidos, fosse pelos que estavam “comprando pacotes”, fosse por aqueles que já haviam “aderido” a algum pacote, mas que buscavam em mim alguma “confirmação”. Obviamente os “promotores” dos pacotes não falavam nada comigo, apesar de me procurarem sempre para outras coisas, especialmente buscando ajuda para “solução de problemas ministeriais”; ou para que, pela proximidade e pela cortesia com a qual me tratavam, garantissem que não teriam minha voz falando nada em contrário. Naquele tempo uma simples fala minha poderia colocar sobre eles “a marca” da heresia. Daí hoje eles fazerem tudo o que podem para tentar ver se colam alguns desses rótulos em mim. Assim, convidavam-me para seus eventos, onde no curso de dias alguém tocava no “assunto”, mas no momento de minha estada para pregar, fosse “abrindo”, fosse “fechando” a conferencia, os temas duvidosos nunca eram mencionados. Eles sabiam que nem que fosse gentilmente eu haveria de falar o que pensava sobre o tema, caso eles o propusessem numa reunião onde eu estivesse presente. Sabiam que assim era apenas porque com toda ética nunca deixei de expressar minha opinião a respeito de nada, mesmo que eles não gostassem. Desse modo, os promotores dessas “novidades” nunca falaram desses assuntos comigo, e, muito menos, os propuseram em minha presença, mesmo que fosse “dentro da casa deles”. Eles sempre souberam o que eu pensava sobre todos aqueles “ventos de doutrinas” que relativizavam a Cruz de Cristo, que enfraqueciam as conquistas da consciência na Graça, e que mantinham o povo em dependência do “pastor-sacerdote”, gerente de “poderes” que ele supostamente poderia “reter” ou “liberar” sobre o povo. Sim! eles sabiam que sempre cri na Palavra e sempre a preguei com clareza e retidão, daí não me trazerem “pacotes” que nada mais eram do que as “novidades” que eles haviam aprendido na intenção de “concorrer” com os “novos produtos” de natureza “pseudo-doutrinária”, que sempre apareciam e aparecem no “mercado evangélico” de enganos travestidos de roupagens bíblicas. Bem, isso era “naquele tempo”. Depois disso fiquei cinco anos ausente e massacrado—tempo no qual eles tentaram me demonizar, pois sabiam que nem morto eu daria suporte para os enganos que eles, agora, propunham com “total liberdade” e nenhuma voz de contestação que fosse ouvida relevantemente em contrário. Ouço histórias de como pessoas nunca conseguiam progredir na vida, nos negócios, ou ainda se libertarem de determinadas “tendências” de comportamento, até que alguém liberou a “libertação” sobre suas vidas; possivelmente “quebrando” uma “consagração” que um antepassado teria feito dessa pobre alma. Agora a pessoa é cristã, mas dizem que pelo “desconhecimento” acerca das “consagrações” pagãs feitas por seus ancestrais no passado, em “encruzilhadas” dos enganos, ainda hoje padece, mesmo tendo crido em Jesus. Também vejo “apóstolos-sacerdotes” proclamando essas loucuras na televisão, enganando o povo, falsificando a Palavra, e trazendo ignomínia sobre a Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo. Outro dia estava conversando com uma amiga de quase toda a vida, quando, de súbito, ela me disse que estava tendo uma reunião de “libertação” na casa dela. Libertação é sempre algo muito bom. Quem não precisa? O Evangelho é libertação para a Liberdade. Só que não tem nem agenda, e muito menos hora marcada. Como assim?—eu quis saber. É que uma amiga me disse que eu deveria observar que em minha família os homens tendiam a ter um coração mais duro para Jesus, e um comportamento diferente do das mulheres, que são mais abertas para Deus—me afirmou minha querida amiga. Por uns segundos eu fiquei lembrando da família dela. De fato as mulheres da família são as que “puxam” os homens não para Deus, mas para a “igreja”. Conheço-os desde há muito, e sei o que falo. No entanto, honestamente, não vejo nenhum tipo de reação negativa dos homens a Deus naquela casa. Nada que não aconteça nas “melhores famílias”, especialmente onde se confunde Deus com “igreja”. Vejo-os, sim, meio cansados das bobagens da “igreja”. Alguns deles são homens muito sensíveis e inteligentes, e não suportam as interpretações pedradas e poeirís que na maior parte das vezes ouvem dentro do aquário da religião. Mas nem por isso a maioria deixou de “freqüentar” os cultos, apenas não conseguem se “empolgar” com a proposta, como eu também não consigo. E meu coração é de Jesus. Deus é uma coisa. A “igreja” é outra. Quem é de Deus, é da Igreja. Mas nem todo mundo que é da “igreja”, é de Deus. Que é isso, minha querida?—indaguei com muita dor. Afinal, somos amigos desde a infância, e ela já ouviu a Palavra da Graça tempo suficiente para não correr mais atrás dessas “brisas de doutrinas”, apenas capazes de arregimentar crianças na fé. Mas e os nossos filhos? Será que o comportamento deles não carrega alguma herança?—indagou-me. Pensei nos nossos filhos. Ela tem quatro. Eu também. Eles são amigos entre si. Saem juntos quando se encontram. Um dos meus filhos ama de verdade um dos filhos dela. O que têm os nossos filhos? São normais. Você se refere a quê? Está falando que gostam de dançar, de ir a praia, de namorar, de serem jovens? Minha querida! Você esqueceu de como eu era? Eu sim era da pá virada! Esqueceu de que foi comigo que você se reaproximou da Palavra? Esqueceu de que antes disso você era uma jovem como eles? E de como mesmo assim você sempre foi normal? Há tempo para tudo. Eles são cristãos e jovens. Todos eles conhecem o Senhor. Nós só temos que não deixar que a “igreja” os desvie com essas maluquices. Mas todos eles são de Cristo—eu afirmei com certeza e tristeza pela obviedade da repetição. Então ela me disse que quando começou essa reunião de “quebra de maldições”, viu que muitos crentes haviam ficado melhores, mais livres... Não, minha irmã! Eles apenas receberam mais um álibi a fim de não se enxergarem, e fizeram mais um processo “psicológico” de transferência e projeção, só que agora na direção de aliviarem a auto-percepção, transferindo a culpa para os ancestrais e para o Diabo. Mas é apenas mais uma fase. Em pouco tempo terão que se encarar outra vez, e vão procurar alguém que dê mais um anestésico para eles, retardando sempre a cura da alma, que vem do encaramento da verdade na Graça—expliquei com o coração doído. Então comecei a falar da Cruz, e chorei de tristeza. Tristeza de que uma amiga querida e constante na caminhada ainda fosse vítima desses laços de engano. Ontem, à noite, eu vi na televisão um “apostolo amazonense” que propaga esses “ventos de doutrina”. Eu chorei de angustia outra vez. Ele, o apóstolo, freqüentava os Congressos da Vinde. Já ouviu muito a verdade. Sei que ele sabe que está enganado e enganando as pessoas. Sei que se nós dois estivéssemos juntos ele jamais “puxaria” aquele assunto comigo. Ele sabe a quem fala aquelas maluquices, e também sabe porque o faz. Ele agora se trata como “pai espiritual” das pessoas. Diz que todos têm que lhe pedir a benção como “apostolo”. Afirma que possui o poder de liberar a “benção” para os “seus” discípulos. E diz que ele é “sacerdote” entre Deus e o povo; e garante que quem quer que fique a ele submisso estará “protegido” nas regiões celestiais. Ele é fonte de “autoridade” espiritual. Uma espécie de Banco de Bênçãos e Guardião das Almas. Chorei outra vez! Tudo me parece perdido... A Palavra da Cruz está definitivamente traída. Os inimigos da Cruz venceram, sendo que hoje fazem tudo isto em nome de um “tal Jesus” que não é Aquele que morreu no madeiro, fazendo-se, para sempre, maldição em nosso lugar, e nos libertando de toda maldição. Enquanto via a baboseira enganosa que ele pregava como que procedente da “palavra”, lembrei de uma situação oposta. Veio-me à mente uma história de pessoas muito amadas, e que servem a Deus há mais de seis gerações. Trata-se de um caso para o qual a “quebra de maldições” não tem o que dizer. Assim segue abreviadamente a história dessa família. Obviamente que não mencionarei seus nomes. Usarei apelidos relacionados ao caráter de cada um. Assim segue... Folheteiro de Deus casou com uma Protestante Bonita e gerou quatro filhas e um filho: Decoradora Crente, Intercessora, Ingênua de Deus, Bondosa, Literata de Jesus, e Pintor de Cristo. Bondosa casou com Livreiro de Deus, que era filho de um santo Aventureiro da Fé, sendo ele mesmo um homem extraordinário. Decoradora Crente casou com Olho Bom, um cristão manso e honesto. Ingênua de Deus casou com Médico Amado, que é irmão de Olho Bom, e também é homem dedicado à fé, e o fazia de todo o coração. Intercessora casou com Funcionário Cristão, homem da fé, embora não tão dedicado quanto os demais. Literata de Jesus casou com Vaqueiro Grosso, um ser estúpido e perverso, e que a oprimiu o tempo todo, e por muitos anos. Pintor de Jesus casou com Magrinha Legal. Folheteiro de Deus e que casou com a Protestante Bonita, era mentalmente desequilibrado. Surtava sempre. Mas seus surtos eram todos do bem. Vivia para pregar nas ruas e praças, e carregava folhetos de evangelização aonde quer que fosse. Era amado pelas filhas, pelo filho e por todos. Mas, muitas vezes, não batia muito bem da santa cabecinha. Sua esposa, Protestante Bonita, era viva e sadia. Mas tinha também ancestrais cristãos que carregavam alguns casos de “surtos” na família. Todos surtos bondosos e “missionários”. Acompanhei esse lado da família também. Bondosa casou com Livreiro de Deus. Tiveram filhos lindos. Mas Bondosa surtava. Quando estava bem, era extremamente generosa e fazia sua “pulsão” promover as causas do amor. Quando estava doente, ficava mais bondosa ainda, e operava verdadeiros milagres de amor; mas era insuportável para a família, pois não era sadio. Ficava sem dormir e pirava de bondade. Teve que ser internada muitas vezes. E a família sofria. Decoradora Crente, que casou com Olho Bom, e que era um cristão manso e honesto, desenvolveu outro tipo de surto. Aparentava normalidade. Mas não cessava de arrumar a casa. Arrumava-a tanto que ninguém na casa se sentia a vontade para sentar, deitar, comer, dormir, ou qualquer outra coisa. Ela estava o tempo todo em pé esperando a hora de “limpar”. Até mesmo na igreja ela era assim. Decorava o “templo” o dia todo, e até mesmo na casa do “pastor” ela entrava para “arrumar”, o que deixava a esposa do ministro muito desconfortável. Ingênua de Deus que casou com Médico Amado—irmão de Olho Bom, casado com Decoradora Crente—, tornou-se uma mulher dotada de uma ingenuidade quase patológica. Muito bem casada, ela contava com a paciência do esposo para viver de reunião de oração em reunião de oração. Sempre escrevendo as profecias que ouvia. Sempre com grande vocação para seguir “seitas” evangélicas onde proliferassem as profecias e as visões, a maioria das quais até eu como menino sabia que eram, na melhor das hipóteses, “boa vontade do profeta”. Sua bondosa e piedosa “fixação” nisto a manteve a vida toda dependente de “sacerdotes” carismáticos que a puseram de olho fechado e de joelhos no chão. Tudo aparentemente piedoso, mas quem a conhecia—e o histórico da família—, sabia que havia um “desequilíbrio” instalado ali. Intercessora que casou com Funcionário Cristão, seguiu o caminho junto com Ingênua de Deus. Fizeram a mesma viagem. A viagem de Intercessora muito mais intensa, embora ela fosse mais pé-no-chão. Mas chegou a época em que quem quer que a visse “de longe” não conseguiria enxergar ali nada além de surtos vestidos de piedade cristã. Os santos maridos suportavam a seu próprio modo os excessos piedosos de suas esposas. Literata de Jesus, e que casou com Vaqueiro Grosso—um ser estúpido e perverso, e que a oprimiu o tempo todo e por muitos anos—foi, com certeza, quem mais sofreu entre as mulheres da família. Sofreu na mente suas próprias angustias de desequilíbrio e, sobretudo, sofreu a dureza e a opressão de seu adoecido “marido-carrasco”. Amarrada, e sedada, ela teve que se “fazer de louca” a fim de sobreviver a maldade de Vaqueiro Grosso. Surtada, às vezes, ela era. Mas seus “surtos” seguiam os da família. Eram todos desequilíbrios que seguiam a tendência da bondade e da virtude cristã. Mas vaqueiro Grosso era perverso, e a adoeceu imensamente durante anos. Pintor de Jesus, e que casou com Magrinha Legal, foi o mais doente de todos. Como sua esquizofrenia manifestou-se bem cedo. Por isso, os médicos praticaram nele uma intervenção no cérebro, e que o deixou “calmo”, porém completamente dês-compensado. Apesar disso seus dons naturais nunca pararam de se expressar. Pintava muito bem. E quando estava menos surtado era muito engraçado. Quando estava mais surtado, era engraçado demais. Sua esposa o amava e sabia quem ele era apesar daquela deficiência. Todos eles geraram filhos que foram filhos de sua própria geração. Tornaram-se pessoas menos problemáticas naquela área. A soma dos filhos deve chegar a 35 a 40 pessoas. Deles, talvez uns sete sejam ainda pessoas que carregam mais nitidamente os traços das deficiências de seus progenitores. Os demais são normais. Todos eles são cristãos. Todos conhecem a Jesus. Todos estão agora criando os seus filhos também na fé de seus pais. Nunca nenhum deles procurou nada que não fosse relacionado ao Evangelho. Mas as marcas da hereditariedade estão presente neles, agora já bem mais diluídas pelas misturas genéticas que se seguiram. Afinal, cada um gerou de combinações genéticas estranhas a eles mesmos. Se tivessem casado entre si a mal genético teria se perpetuado, apesar da fé. Trata-se, aqui neste caso, de uma carga genética. E não há maldição a quebrar, mas apenas uma consciência a ser tomada, e novas misturas genéticas a serem promovidas, a fim de que o “defeito” se diluía pela variedade das novas somas. Aqui não há maldição hereditária. Há defeito “físico”. O mesmo tipo de defeito que pode dar como mão mirrada, pé torto, coração propenso ao infarto, tendência ao glaucoma ou ao diabetes, ou mesmo cegueira de nascença. Então, você pergunta: O que é maldição hereditária? Primeiro é preciso diferenciar defeito congênito de maldição hereditária. O exemplo que dei acima estabelece de modo dramático o que a carga genética pode produzir. A maldição hereditária é aquilo que se transforma em “carma” espiritual e cultural—cultura, num laboratório, é algo que tem vida própria e prolifera—e que se mostra como comportamento ou pulsão em direção a determinadas formas de conduta, e que atraem certas formas de “destinos” malignos. Assim como o gene carrega sua carga de memória, assim também a “memória”—tanto individual e inconscientemente, como também cultural e coletivamente—, carrega uma “mídia” que conduz gerações inteiras para certas tendências e escolhas ruins. O V. Testamento fala bastante de maldição. Maldição era a benção ao contrário, na visão dos homens antigos. Antes da entrada na “Terra Prometida”, Deus falou a Israel por Moisés as seguintes palavras: Vede que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: A bênção, se obedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu hoje vos ordeno; porém a maldição, se não obedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso Deus, mas vos desviardes do caminho que eu hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que nunca conhecestes. Uma vez tendo começado a campanha para a “conquista” da terra, Israel teve que passar por Moabe. O rei de Moabe não queria aquele aproximação. Temia a Israel. Ouvira falar de como Moisés os tirara do Egito com sinais prodígios e maravilhas. Era o tipo de vizinho que Moabe não queria ter. Por isso, mandou chamar a um bruxo da Mesopotâmia a fim de amaldiçoar a Israel. Assim foi que Balaão veio a fazer parte da história de Israel. Tendo sido contratado para amaldiçoar, Balaão não conseguia seu intento, pois Deus lhe mudava na boca as maldições em bênçãos em favor dos filhos de Jacó. Assim diz a Escritura: Contudo o Senhor teu Deus não quis ouvir a Balaão, antes trocou-te a maldição em bênção; porquanto o Senhor teu Deus te amava. Aqui mesmo, em pleno “regime da Lei”, a Graça de Deus já é afirmada como a proteção contra qualquer maldição. A fidelidade de Deus ao Seu próprio pacto de Graça e amor cancelava as maldições de Balaão. As maldições, todavia, haveriam de se tornar parte de um rito onde também bênçãos eram pronunciadas. Dois montes foram designados para as simbolizações opostas. O Monte Gerezim simbolizaria as bênçãos. O Monte Ebal simbolizaria as maldições. Eis as maldições que seriam pronunciadas solenemente diante do Monte Ebal: Maldito o homem que fizer imagem esculpida, ou fundida, abominação ao Senhor, obra da mão do artífice, e a puser em um lugar escondido. E todo o povo, respondendo, dirá: Amém. Ora, idolatria é pior ainda quando é culto a um homem que fala em nome de Deus! Maldito aquele que desprezar a seu pai ou a sua mãe. E todo o povo dirá: Amém. Portanto, a maldição não precisava vir do passado, mas da indiferença do presente. Maldito aquele que remover os marcos do seu próximo. E todo o povo dirá: Amém. Remover os marcos não é só tomar a terra do outro. É também tentar se apossar do que Deus deu ao outro como promessa, benção e herança—ainda que seja espiritual. Maldito aquele que fizer que o cego erre do caminho. E todo o povo dirá: Amém. Ora, Jesus disse isto aos fariseus. E falava em relação a eles serem “guias de cegos”, levando o indivíduo para o engano e para o precipício espiritual. Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva. E todo o povo dirá: Amém. Aqui o princípio atinge a expropriação e o aproveitamento da impotência do próximo debilitado e indefeso. Trata-se também da covardia que manipula a ignorância. Maldito aquele que se deitar com a mulher de seu pai, porquanto levantou a cobertura de seu pai. E todo o povo dirá: Amém. Essa maldição vai do aspecto genético ao desrespeito pela memória do amor do pai: a sua mulher ou sua viúva. Maldito aquele que se deitar com algum animal. E todo o povo dirá: Amem. Trata-se de doença e confusão. É a redução da humanidade à categoria da bestialidade. Maldito aquele que se deitar com sua irmã, filha de seu pai, ou filha de sua mãe. E todo o povo dirá: Amém. A maldição, nesse caso, previne, sobretudo, os defeitos genéticos. Maldito aquele que se deitar com sua sogra. E todo o povo dirá: Amém. Nesse caso é uma maldição que recai sobre um espírito de cobiça que torna o convívio humano impossível em família. Maldito aquele que ferir ao seu próximo em oculto. E todo o povo dirá: Amém. Trata-se não apenas do homicídio, mas também das tramas que destroem o próximo em oculto, às escondidas. Maldito aquele que receber dinheiro para matar uma pessoa inocente. E todo o povo dirá: Amém. É a maldição que incide sobre a total desvalorização da vida, fazendo da existência de um homem um malévolo negócio. Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, para as cumprir. E todo o povo dirá: Amém. Ora, essa maldição diz que qualquer desobediência objetiva ou subjetiva a qualquer dos mandamentos, trás maldição sobre o infrator. Portanto, violar qualquer que fosse o mandamento da lei, seria em si a maldição. Conforme Paulo viria a dizer mais tarde, que quem quer que desejasse ser salvo pela lei não poderia transgredir nenhum de seus mandamentos, nem na objetividade da conduta, e nem nos ambientes subjetivos do ser, conforme Jesus já estabelecera. O Salmo 109 trata da questão de que tipo de alma humana carrega, em-si, a maldição. No salmo a maldição provinha de dentro de cada um—conforme Jesus diria mais tarde—; e, portanto, amaldiçoados eram aqueles que se faziam maldição. Assim diz o salmo: Ó Deus do meu louvor, não te cales; pois a boca do ímpio e a boca fraudulenta se abrem contra mim; falam contra mim com uma língua mentirosa. Eles me cercam com palavras de ódio, e pelejam contra mim sem causa. Em paga do meu amor são meus adversários; mas eu me dedico à oração. Retribuem-me o mal pelo bem, e o ódio pelo amor. Põe sobre eles um ímpio, e esteja à sua direita um acusador. Quando eles forem julgados, que saiam condenados; e em pecado se lhes torne a sua oração! Sejam poucos os seus dias, e outro tome o seu ofício! Fiquem órfãos os seus filhos, e viúva a sua mulher! Andem errantes os seus filhos, e mendiguem; esmolem longe das suas habitações assoladas. O credor lance mão de tudo quanto ele tenha, e despojem-no os estranhos do fruto do seu trabalho! Não haja ninguém que se compadeça dele, nem haja quem tenha pena dos seus órfãos! Seja extirpada a sua posteridade; o seu nome seja apagado na geração seguinte! Esteja na memória do Senhor a iniqüidade de seus pais; e não se apague o pecado de sua mãe! Antes estejam sempre perante o Senhor, para que ele faça desaparecer da terra a memória deles! Porquanto não se lembrou de usar de benignidade; antes perseguiu o homem aflito e o necessitado, como também o quebrantado de coração, para o matar. Visto que amou a maldição, que ela lhe sobrevenha! Como não desejou a bênção, que ela se afaste dele! Assim como se vestiu de maldição como dum vestido, assim também penetre ela nas suas entranhas como água, e em seus ossos como azeite! Seja para ele como o vestido com que ele se cobre, e como o cinto com que sempre anda cingido! Seja este, da parte do Senhor, o galardão dos meus adversários, e dos que falam mal contra mim! Mas tu, ó Deus, meu Senhor, age em meu favor por amor do teu nome; pois que é boa a tua benignidade; livra-me, pois sou pobre e necessitado, e dentro de mim está ferido o meu coração. Eis que me vou como a sombra que declina; sou arrebatado como o gafanhoto. Os meus joelhos estão enfraquecidos pelo jejum, e a minha carne perde a sua gordura. Eu sou para eles objeto de opróbrio; ao me verem, meneiam a cabeça. Ajuda-me, Senhor, Deus meu; salva-me segundo a tua benignidade. Saibam que nisto está a tua mão, e que tu, Senhor, o fizeste. Amaldiçoem eles, mas abençoes tu! Fiquem confundidos os meus adversários; mas alegre-se o teu servo! Vistam-se de ignomínia os meus acusadores, e cubram-se da sua própria vergonha como dum manto! Muitas graças darei ao Senhor com a minha boca; pois ele se coloca à direita do poder, para o salvar dos que o condenam. Desse modo o Salmo 109 confirma que os amaldiçoados são os que amaldiçoam o próximo, não os que recebem a maldição como maldito desejo de algum ser perverso. A maldição é um bumerangue que se volta sobre a cara de quem a pronunciou! Provérbios 3 nos diz que a maldição é a “cultura” do mal, e que pode habitar uma família. Mas tal “cultura” precisa ser consciente e nutrida pelo ódio: A maldição do Senhor habita na casa do ímpio, mas ele abençoa a habitação dos justos. O “justo”, haveremos de aprender depois, é aquele que creu em Deus, e que teve sua fé imputada como justiça. Justos são somente os justificados pela fé! Com relação àqueles que são o objeto do desejo amaldiçoador, Provérbios 26 também garante o seguinte: Como o pássaro no seu vaguear, como a andorinha no seu voar, assim a maldição sem causa não encontra pouso. A causa para uma “maldição encontrar pouso” é a existência de um ninho de ódio ou medo na alma do amaldiçoado. Irai-vos e não pequeis; e nem deis lugar ao Diabo! A última palavra usada no Velho Testamento é “maldição”. E não é à toa: a desobediência à lei trás maldição. Daí ninguém conseguir se justificar diante de Deus pelas obras da lei, pois, não há absolutamente ninguém que tenha conseguido ser perfeito diante dela. Assim, Deus diz por Malaquias: Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor; e ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição. Ora, esse último texto do V.T. concluiu com um chamado à reconciliação das consciências, a começar da “casa”, para que a terra não fosse ferida pela maldição. Acerca disto não há nada especial. Qualquer família humana que se nutra do ódio se destruirá completamente. A autofagia é a maldição auto-infligida pelos entes do mesmo sangue que se odeiam. É apenas uma questão de matemática relacional. Afinal, o ódio não constrói nada. Paulo retoma a questão da maldição como sendo o “estado” natural da vida sem a proteção da consciência da Graça. Ele faz isso quando toma um salmo emprestado e o aplica à certeza de que sem Cristo todos estão em estado permanente de transgressão, especialmente se jactanciosamente pretendem se justificar pela lei. Assim diz Paulo em Romanos 3: Como está escrito: Não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; com as suas línguas tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo dos seus lábios; a sua boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Nos seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante dos seus olhos. Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que se cale toda boca, e todo o mundo fique sujeito ao juízo de Deus; porquanto pelas obras da lei nenhum homem será justificado diante Dele; pois pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. Mas agora, sem lei, manifestou-se a justiça de Deus, que é testemunhada pela lei e pelos profetas; isto é: a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que crêem; pois não há distinção. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente somente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus ofereceu como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e também justificador daquele que tem fé em Jesus. Onde está logo a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé. Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé em Cristo, e sem as obras da lei. Para Paulo a tentativa de retornar à Lei, faria relativizar qualquer que fosse a conquista da Cruz. Este retorno sim, para ele, era a verdadeira maldição. Outro dia eu vi em Brasília um “apóstolo” dizendo: Tem gente por aí que pensa que na Cruz todas as maldições já acabaram. Mas não é bem assim não... Pobre homem. De fato, ele sabe que sim; que todas as maldições estão quebradas na Cruz! Só não diz que é assim porque teme que sem “medo” o povo não lhe dê mais dinheiro ou que ele perca “poder” e influência. E, também, freqüência na “igreja”. Paulo diz a “esses apóstolos” o mesmo que disse aos “falsos apóstolos” que perturbavam a fé dos que haviam crido na Graça de Deus. Ó insensatos! quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos Jesus foi apresentado Crucificado? Só isto quero saber de vós: Foi por obras da lei que recebestes o Espírito, ou foi pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos? tendo começado pelo Espírito, é na carne que agora estais vos aperfeiçoando? Será que padecestes tantas coisas em vão? Ora, Aquele que vos dá o Espírito, e que opera milagres entre vós, acaso o faz pelas obras da lei, ou pela pregação da fé? Assim como Abraão creu a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça, assim também, os que os que são da fé é que são os filhos de Abraão. Ora, a Escritura prevendo que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou previamente a boa nova a Abraão, dizendo: Em ti serão abençoadas todas as nações. De modo que os que são da fé são abençoados com o crente Abraão. Pois todos quantos são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. É evidente que pela lei ninguém é justificado diante de Deus, porque ”o justo viverá pela fé”. Ora, a lei não é da fé, mas do oposto, pois que diz: O que fizer estas coisas, por elas viverá. Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição em nosso lugar. Porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro. Ora, isto foi assim para que aos gentios viesse a bênção de Abraão em Jesus Cristo, a fim de que nós recebêssemos pela fé a promessa do Espírito. Irmãos, como homem falo. Um testamento, embora de homem, uma vez confirmado, ninguém o anula, nem lhe acrescenta coisa alguma. Ora, a Abraão e a seu descendente foram feitas as promessas; não diz: E a seus descendentes, como falando de muitos, mas como de um só: E a teu descendente, que é Cristo. Logo, para que é a lei? Foi acrescentada por causa das transgressões, até que viesse o Descendente a quem a promessa tinha sido feita. E foi ordenada por meio de anjos, pela mão de um Mediador. Ora, o mediador não o é de um só, mas Deus é um só. É a lei, então, contra as promessas de Deus? De modo nenhum; porque, se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei. Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos que crêem. Mas, antes que viesse a fé, estávamos guardados debaixo da lei, encerrados para aquela fé que se havia de revelar. De modo que a lei se tornou nosso “tutor”, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de “tutores”. Pois todos somos filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fomos batizados em Cristo nos revestimos de Cristo. Assim, não há judeu nem grego; nem há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos nós somos um em Cristo Jesus. E, se somos de Cristo, então somos descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa. Então alguém ainda pergunta: Por que a Cruz quebra as maldições? Não acredito que depois dessas simples leituras alguém ainda tenha a coragem de perguntar se as maldições já não estão quebradas na Cruz! Quem pensar diferente que carregue sobre si o ônus do engano. E como disse Paulo: Seja Maldito; ou seja: Anátema! Então você pergunta: Por que muita gente que crê, não melhora? Minha resposta é simples: É porque ainda não creram! Tornaram-se “evangélicos” ou “cristãos”, mas não creram. E tendo os “pastores” que têm, nunca melhorarão. Esforçam-se por servir a Deus na carne. E seus “pastores” precisam mantê-los doentes e amedrontados. Eles não querem ver as pessoas livres. Além disso, os próprios “pastores” não querem se enxergar. Não suportariam sua própria auto-percepção. Teriam que se converter à Graça de Deus e renunciar a toda glória pessoal. Desse modo, anestesiaram-se no engano. E como se não bastasse, a “fé” virou há muito um “negócio” ou uma “profissão” para muitos deles. Assim, sua grana, seu show e sua casa cheia, vêm da manutenção dos mecanismos do medo e da dependência estimulados sobre as alminhas ignorantes do povo. Tais pessoas jamais serão livres! Novas maldições serão inventadas! Novas razões para a dependência serão criadas! Novos Bangus I,II,III,IV serão inaugurados! Novos carcereiros chamados de “pastores, bispos e apóstolos” serão instituídos! É uma industria de maldições! Eles sabem que falo a verdade, e sabem que não os temos—nem por um segundo! As pessoas também não melhoram porque não querem, ou porque são mantidas ignorantes. Acerca dessa " ignorância" Paulo diz o seguinte: No que diz respeito às coisas sacrificadas aos ídolos, já sabemos todos o seu significado. Saber...apenas saber...incha o ser e nada mais. Somente o amor edifica. Desse modo, se alguém tem a pretensão de achar que sabe alguma coisa, de fato ainda não aprendeu como convém saber. O verdadeiro conhecimento vem do amor, pois, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por Deus. Digo isto tudo porque eu s

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