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O SEGREDO DA VIDA-pregação em Romanos 5- Parte I

O SEGREDO DA VIDA-pregação em Romanos 5- Parte I

Reprodução na íntegra e sem correções da mensagem da Catedral Presbiteriana do Rio. ( PARTE I ) PREGAÇÃO: REV. CAIO FÁBIO – 08 de JUNHO de 2004 TEMA: O Segredo da Vida TEXTO: Romanos 5: 1 a 11 “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado. Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Dificilmente alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida; e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação. Amém”. O versículo 1º inicia com uma palavra absolutamente incompreensível; a menos que ela seja percebida e discernida pela fé. Quando eu digo que ela é uma palavra incompreensível, eu não estou dizendo que o conceito não pode ser apreendido intelectualmente. Ao contrário, é fácil e pedagogicamente simples ensinar a alguém a “mecânica teológica” da justificação. É fácil fazer um folhetinho, explicar alguns passinhos, e pronto. Mas isto não realiza absolutamente nada; como também, aprender mecânica de um automóvel não realiza a segurança do caminho e nem na direção. Do mesmo modo, aprender a mecânica de como se faz conexão de tubos Tigre não vai fazer de você, necessariamente, alguém que obterá água na torneira, a menos que toda essa mecânica se deixe penetrar pela sua razão de ser, que é a água. Do contrário, vai ser apenas uma estrutura vazia. Portanto, não estou falando aqui de qualquer coisa para ser apenas apreendida e capturada pela mente ou pelo intelecto. Quando eu disse que a palavra “justificados” só pode ser de fato internalizada se acontecer em nós uma consciência em fé, o que eu estou dizendo é isto mesmo. Portanto, não se trata apenas de ajudar o indivíduo a conceber uma idéia. Mas sim de leva-lo pela Palavra da fé a experimentar no seu próprio coração o significado da justificação como uma verdade que pacifica a alma. Isto porque o texto prossegue dizendo: “...justificados, pois, mediante a fé, temos...”—não é teremos e nem tivemos—“...paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”. Ora, o interessante é que a promessa é algo que se existencializa no presente, e está falando de se ter paz com Deus já... “já passou da morte para a vida”. Sim, se está falando de algo que quando se instala, arranca de nós as fobias do divino, do sagrado, os medos espirituais, despovoa o coração de todos os temores, e agasalha na alma da gente a certeza, a confiança, a reconciliação, a pacificação. Sim, essa fé inclui-nos em Deus de tal modo que já não existe nenhum obstáculo, nenhuma separação em nós em relação a Deus, visto que o problema da reconciliação é só do homem, posto que Deus já se reconciliou com o mundo em Cristo Jesus. Sim, essa fé realiza o ato-humano da reconciliação, e não apenas como um valor de compreensão teológica, mas como uma experiência do coração que vive em fé, de tal modo que penetra na gente uma certeza que se torna maior que o mundo, maior que o absurdo, maior que a vida, maior que a angústia, maior do que qualquer outra coisa. Sim, essa fé diz que você agora se sabe em Deus! Trata-se de uma fé que continua a ser fé, porque não nos oferece materialidades. Não é um joguinho de dados; não é uma crença animista, não é uma mecânica espiritual. Quando ela se instala, se instala como mistério, e, como tal, você não pode explicar, mas também não pode negar a presença de tal realidade em você. Só que tudo isso começa nos remetendo para antes da leitura que fizemos, porque o texto diz: “...justificados, pois,...” Ou seja: somos justificados por causa de alguma coisa. Assim, é como se Paulo dissesse: “É por causa do que eu venho falando que vocês estão justificados”. Ora, o que ele vinha falando anteriormente era sobre Abraão, e de como Abraão foi justificado pela fé, não por obras da lei, nem pelo rito da circuncisão, nem por qualquer obediência que precedesse a sua própria justiça própria. Toda obediência que acontece em Abraão é obediência patrocinada pela pulsão da fé. Ou seja: é essa fé que está presente nele de modo inexplicável, aquilo que Deus toma e transforma na própria justiça de Abraão; imputa justiça a ele, não porque ele seja justo, mas porque ele crê em Deus. Essa é a sua justiça, essa é a virtude que não é dele; ou seja: ele é feito virtuoso pela virtude que não possui; ele é feito virtuoso porque a própria realidade da fé é anterior a ele mesmo, e não é uma produção virtuosa dele próprio, visto que até a fé lhe foi dada. Ora, a gente vê todos os dias um monte de gente implorando para conseguir crer, e não consegue. Portanto, a própria manifestação de Deus é pura Graça no coração da gente, porque não depende nem de quem quer, mas nem de quem corre, mas de usar Deus de misericórdia para conosco. Então, a virtude de Abraão é aquilo que foi dado a ele em fé, e que o move na vida. E é por esse mover e esse caminhar hebreu na fé, que acontecem atos, expressões de obediência, e, às vezes, até de loucuras inconcebíveis, mas que Deus afirma que todas elas aconteceram, exclusivamente, por causa desse motor primal da fé, que estava instalado nele, e funcionando com pulsões interiores que nenhum intelecto pudesse explicar e justificar. Isto porque intelecto nenhum pode justificar a obediência em fé de um homem que atende a uma voz noturna que diz: “Abraão, pega teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e leva-o a um monte que te mostrarei; e ali oferece-o em holocausto a mim.” E Abraão se levantou e foi. Paulo começa “essa viagem” no capítulo anterior, falando de como Abraão foi justificado pela fé, e diz que a primeira manifestação disso está no fato de que ele ouviu uma Voz na Mesopotâmia, creu, levantou, e foi... E o resto da vida ele caminhou ouvindo promessas que não se materializavam, ou algumas que se atrasavam para sempre, que só iriam se encarnar depois que todas as forças humanas dele tinham sido esgotadas de tal modo, que o filho que lhe é prometido só lhe é dado quando ele já não tem mais nenhum vigor para procriar, quando a própria esposa dele já não podia mais nem oferecer óvulos para procriação, porque tinha entrado na menopausa há muito tempo; mas ele creu o tempo todo no Deus que vivifica os mortos. O Deus que vivificaria os mortos era o Deus da vida dele, porque apesar dele se saber morto para procriação, a promessa continuou viva no coração dele. Acontece que depois que o filho nasceu, Deus pediu que ele o oferecesse, ainda na puberdade, em sacrifício a Deus. E Abraão caminhou para fazer isso. E diz o texto que ele, o patriarca, só obedeceu porque loucamente cria que Deus era poderoso para trazer o seu próprio filho de entre os mortos; ou seja: ele é um homem que caminha o tempo todo com a fé da ressurreição! Por essa fé, ele foi justificado diante de Deus. Ele não tinha nenhuma virtude pessoal, exceto a virtude da total impossibilidade de negar aquilo que “era” dentro dele, e que era a voz de Deus, a qual ele obedecia em fé, mesmo que fosse contra toda razão humana. Abraão foi tão profundamente afetado pela Voz da Palavra de Deus que as próprias contingências da vida—que se manifestavam como cenário de absurdo—perderam o poder de impressioná-lo para além do que estava instalado dentro dele como FÉ. “E Abraão creu em Deus, e isto lhe foi imputado para justiça”—e não somente por causa dele está escrito isto, que lhe foi levado em conta, mas também por nossa causa, nós que estamos aqui reunidos hoje, terça feira, na Catedral Presbiteriana do Rio. Sim, não apenas por causa de Abraão assim foi declarado na Escritura, mas também por nossa causa, pois, assim, está escrito que a justificação é pela fé; e é assim por nossa causa também. Posto, que a nós, igualmente—e esse “igualmente” nos coloca no mesmo bojo de benção de misericórdia, de justiça, de justificação dada a Abraão—nos foi feita a mesma promessa. Abraão não é o nosso santo predileto, é apenas nosso irmão mais antigo na fé na ressurreição dos mortos! Assim, a nós, igualmente, nos será imputada tal justiça divina, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou de entre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa na nossa justificação. E isto a fim de garantir, de bancar, de afirmar insofismavelmente, sem arrependimento—porque Deus jurou por si mesmo, e não se arrependerá—, de que esta palavra seja eterna! E é assim porque Jesus foi constituído sumo sacerdote Segundo a Ordem de Melquisedeque; e isto para o nosso favor, que não somos filhos genéticos de Abraão. Afinal, nele e para além dele mesmo, seriam abençoadas todas as famílias da Terra, conforme Aquele a quem Abraão reconheceu como superior, e a Quem pagou dízimos: Melquizedeque, sacerdote do Deus Altíssimo. Sim, em favor de todos os homens Jesus foi Jurado Salvador, posto que a ordem de Melquizedeque não é judaica, mas universal. Desse modo, Jesus é o nosso intercessor eterno, salvador absoluto, e Nele temos o sacrifício feito de uma vez para sempre em favor de todos os homens. Por causa Dele, e por causa dessa fé Nele—e por causa desse ato consumado, feito, realizado, e finalizado por Jesus em nosso favor; e também por causa de Sua ressurreição—é que eu hoje posso ter, aqui, hoje, paz com Deus. “Está feito”. Estou justificado! Olhem bem aqui para mim. Eu não tenho que tentar me justificar de nada e nem você. Todo aquele que tenta se justificar evoca justiça própria, e quem evoca justiça própria se veste de trapos de imundícia. Quem não tenta se justificar, mas crê naquele que justifica o pecador, está vestido com aquelas vestes nupciais acerca das quais Jesus nos fala no Evangelho na Parábola das Bodas. Quem Nele crê está coberto! Ao que crê tal justiça lhe é imputada, e, assim, tal pessoa anda pacificada, posto que está reconciliada com Deus. Ora, se a justificação em Jesus não trouxer paz com Deus para o meu coração, eu posso dizer que eu sou apenas um filho da religião, do conhecimento teológico, da catequese cristã, de um pacote doutrinário... Sim, eu sou apenas engenheiro mecânico de doutrinas cristãs, mas eu não estou no caminho da Vida, pois, em sendo assim, não tem nada se movendo de modo essencial em mim, mas apenas há máquinas doutrinárias, e cuja mecânica eu compreendo, embora eu seja, nesse caso, apenas especialista em instalar tubulações-teológicas Tigre na parede do intelecto, mas não tem Água da Vida fluindo em mim. Nesse caso, eu sou apenas um ser de uma arquitetura vazia, porque somente quando a fé deixa de ser um pacote doutrinário e passa a ser algo existencial que acontece em nós de modo insofismável—para além de toda explicação e para além de toda possibilidade de negação interior—é que eu experimento a verdade como bem, afinal, uma verdade que não realize o bem que promete, não é verdade, mas mentira. Ora, Pedro pôde negar a Jesus pra fora, só não conseguiu foi negar a Jesus para dentro, porque dentro ele conhecia a verdade. Ora, ainda lembrando de Pedro e do dia da negação, devemos recordar que ele saiu dali para chorar amargamente apenas porque uma vez que essa revelação se instala em alguém, não há nenhuma garantia de perfeição pessoal, mas há garantia de que você sabe que você não tem nunca mais alternativa fora da Graça de Deus. Para quem iremos nós, Senhor? Só tu tens as palavras da vida eterna! Essa justiça de Deus tem que realizar paz em mim. E essa paz que ela realiza em mim, não significa, ainda, a pacificação de todas as dimensões do meu ser. Não! Você continua a ter agitações e fibrilações afetivas, emocionais, etc.. Por exemplo, se você for um jovem na adolescência, ou na puberdade, haverá todas essas explosões Vesúvianas, hormonais, inquietantes... em você; se você tiver chegado a juventude adulta, você vai ter os conflitos de decidir como você vai ganhar a vida, com quem que você vai casar, qual é o projeto da sua existência histórica; vai ter seus dias de aflição, de pergunta, de inquietação, de dúvida sobre você mesmo, sobre o caminho a seguir, sobre o processo... Também não dá garantias de que a existência comunitária na qual você está inserido, na família, no trabalho, em qualquer outro lugar, carreguem daí para a frente, paz; ao contrário, pode ser que você tenha que fazer gestão de inúmeros conflitos, ainda na sua vida, porque essa é uma experiência pessoal, e que, uma vez tendo acontecido com você, não irradia por nenhum tipo de transmissão nada para os outros, de tal modo que as demais pessoas passem a experimentar a mesma coisa que você experimenta. Não! Não há essa garantia de que assim será apenas porque você esteja perto deles! Cada um tem que ter seu momento, sua hora, seu encontro. Não passa por osmose, não há transmissão via satélite nem telepática dessa paz com Deus. Cada um tem que ter o seu momento, que se instala, não como uma coisa fugaz; ele é um momento, porque quando ele chega, ele estabelece a eternidade, e a eternidade dentro do tempo tem no “momento” a coisa que mais se parece com ela. Isto porque o momento é. E a eternidade é. Ora, quando essa coisa entra em alguém, e entra como consciência de reconciliação, suas dívidas espirituais estão pagas, pois, todos os débitos foram cancelados. Assim, Deus não é mais visto como seu adversário. Não existe ira nenhuma de Deus sobre você, pois, houve suspensão de todos os juízos. Até porque a ira de Deus não significa que Deus está irado com a gente, porque se Deus se irasse com a gente, a gente deixava de ser a gente. Sim, quando se fala da ira de Deus, se fala apenas de Deus entregar o indivíduo à sua própria disposição mental reprovável. A ira de Deus é deixar você sozinho porque você não quer Deus. Porque você sozinho, me perdoe, está ferrado! A ira de Deus é simplesmente dizer: “É isso que você quer, esse é o seu caminho, essa é sua tua vontade, esse é o seu propósito, esse é o objetivo que você absolutizou sobre a sua própria consciência, esse é o caminho que você escolheu? Então vá! Por conta própria!” Mas apesar disso Ele vai junto... como o pai do pródigo foi com ele quando não saiu de casa mas ficou aguardando-o na janela. A ira de Deus é apenas a dês-assistência divina na nossa liberdade pessoal. Ele deixa você entregue a você, até que você caia em si e venha para Ele. Agora, quando ando e vivo pela fé, eu posso ter paz. E o meu privilégio ainda é bem maior que o de Abraão, posto que eu tenho consciência histórica acerca de Jesus. Assim, tenho acesso a uma fé muito mais substanciosa que a de Abraão, que lidava com o imponderável, com vozes noturnas, com visões-pesadelo, com gritos interiores que lhe ordenavam coisas, estranhas... E ele cria. Mas nós, diz Paulo, temos “razões” infinitamente superiores para crer e descansar. Afinal, o Verbo já se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e nós vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. Está feito, está consumado! Abraão, no máximo, carregava dentro de si projeções arquetípicas da justificação quando imolava ovelhas, cordeiros, fazia sacrifícios, e erguia altares. Nós não! Temos o privilégio de ver que o Altar Está Feito, o Cordeiro já foi oferecido, e sabemos que ressuscitou dentre os mortos... Eu tenho o testemunho do Evangelho e a confirmação do Espírito Santo no meu coração acerca de todas essa coisas. Pelo amor de Deus! Se você não aceitar que Deus estabeleceu isso, que foi Ele quem fez tudo, então, como poderá alguém ajudar você? E mais Ele nos deu a garantia dessa Grande Graça quando nos deu fé para crer. Sim, se havia uma demanda divina a ser observada (a fé, pois, sem fé é impossível agradar a Deus), Ele mesmo forneceu a você o colateral para garantia disso, porque Ele está dando isso tudo, e Ele mesmo ainda nos deu a possibilidade de receber o que Ele está dando, porque foi Ele também quem plantou fé pela graça do seu coração. De modo que, do que mais você tem que duvidar? Ora, isso traz paz com Deus. Pode não pacificar ainda a sua casa, seu pai, sua mãe, o seu marido, a sua esposa, a sua família... Mas, o mínimo que pode acontecer, é pacificar o seu coração com relação a Deus; e tornar você consciente de que a sua relação está consumada na forma de uma reconciliação impartível com Deus, inquebrável em Seu amor. Aí você me pergunta se era isso que eu queria dizer aqui. Não! Isto é só um intróito para eu entrar aonde eu quero entrar. Paulo, na seqüência do texto, fala de 3 perspectivas de glória que essa paz com Deus produz em nós. A primeira é a esperança da glória de Deus: “...gloriemo-nos na esperança da glória de Deus”. Por causa dessa obra que está feita, dessa paz que foi obtida, por causa dessa graça na qual estamos firmes pela fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, por causa dessa certeza de total apaziguamento entre a minha alma e Deus, por causa da convicção total de que os meus débitos foram todos cancelados—Sim! Por causa disso tudo, eu posso entrar com cara limpa para além de todos os véus que já foram rasgados por Jesus. De modo que em Cristo, eu tenho acesso, com intrepidez, a essa graça na qual eu agora estou FIRME. Agora, isso produz um sentimento de glória na gente. E que não é glória pessoal. Porque você não tem do que se gloriar, pessoalmente, nesse processo inteiro. Ou tem? Porque se você tiver, eu repito: você vai ter que se vestir das suas justiças próprias, tirar do fundo do baú das suas nojeiras pessoais, e se vestir com seus trapos de imundície. Mas se você confessa que não tem justiça própria e que a sua justiça vem da fé que foi dada a você, e confessa que tal entendimento veio pela iluminação do Espírito acerca do que Jesus já consumou a seu favor, então, você tem que ter paz com Deus. Não precisa ter medo de Deus. Pode andar distraído... Mesmo! E, aí, a primeira coisa que surge é esse sentimento de uma glória, onde você se gloria na esperança da glória de Deus. É uma pena perceber que nós, cristãos, perdemos essa dimensão da eternidade em nós. Nós estamos tão massacrados pelo tempo e pelo espaço, e a religião se transformou num megafone que faz propostas e promessas de suposto cumprimento imediato, e que roubou do coração das pessoas toda fé na eternidade. O que temos é corredor de sal grosso para você passar 30 vezes, e se passar bem passado, e freqüentar a reunião da corrente dos empresários, ou se entrar em qualquer outro sistema, em qualquer outro “modus operandi” de mecânica espiritual, no fim, diz-se que você pode ter um carro novo, um apartamento ou qualquer outra coisa. Em outras palavras: a fé que usa do nome de Jesus, na maior parte das vezes, virou macumba. Virou despacho. Não tem mais Cruz, não tem mais sangue, não tem eternidade, não tem pacificação com Deus. O que se tem agora é simplesmente consumo. E essa fézinha que está aí... é boa para você jogar na loteria, é boa para você jogar na Quina acumulada. Mas na hora em que o tranco da existência bate firme, bate forte e bate fundo na gente, ela não sobrevive, porque ela existe apenas por fazer a promessa de que se você cumprir determinadas coisas, alguns benefícios imediatos lhes serão garantidos; nada mais do que isso... Agora, paz com Deus, tem que produzir em mim uma expectativa que transcenda o tempo, o espaço, o imediato, o Rio, a violência, o estado de emergência, a crise familiar, as perdas imediatas, os lutos, as aflições. Eu ia saindo de casa agora... cheguei de S.Paulo há 2 horas atrás... fui em casa tomar um banho, trocar de roupa e desci na carreira.. e eu ia pegando um Táxi, quando ouço aquele barulho: “Pá!!” Para quem perdeu um filho num atropelamento há 2 meses e meio atrás, você imagina o que é pneu de carro cantando: “ihihihih e pá!!”? Volta tudo! Assim, com uma força horrorosa! Agora, eu pergunto a você: uma teologiazinha de prosperidade, que promete geladeira, Ponto Frio Bonzão, carro novo, tem o que para fazer no coração de alguém que acaba de perder as suas entranhas? Nada! À menos que você se glorie na esperança da glória de Deus! Aí, se você se gloria na esperança da glória de Deus, você não perdeu nada!
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