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Devocionais

O SALMO DA ALMA DEVOTA E DO ESPÍRITO MESTRE

O SALMO DA ALMA DEVOTA E DO ESPÍRITO MESTRE

 

 

 

 

O SALMO DA ALMA DEVOTA E DO ESPÍRITO MESTRE

 

 

 

O SALMO 42 expressa muito bem a relação de variações entre alma e espírito-consciência-profunda.

 

Veja como ambos serpenteiam um sobre o outro, com intensa demanda da alma, com titubeios do espírito, e com tomadas de posição de cima para baixo; ou melhor: de dentro para fora: do espírito para a alma.

 

Leia, e observe os comentários rápidos e simples que farei durante a leitura em notas de rodapé.

 


Como a cabra das montanhas secas[1] de
En-Gedi anseia pelas correntes das águas, assim a minha alma anseia por ti, ó Deus!

 

A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e verei a face de Deus?[2]

 

As minhas lágrimas têm sido o meu alimento de dia e de noite[3], porquanto se me diz constantemente: Onde está o teu Deus?[4]

 

Dentro de mim derramo a minha alma ao lembrar-me de como eu ia com a multidão, guiando-a em procissão à casa de Deus, com brados de júbilo e louvor, uma multidão que festejava.[5]

 

Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação que há na sua presença.[6]

 

 

Ó Deus meu, dentro de mim a minha alma está abatida; porquanto me lembro de ti na terra do Jordão, no monte Hermom, e no outeiro de Mizar.

 

Um abismo chama outro abismo ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e vagas têm passado sobre mim, como quando escorreguei nas corredeiras do Jordão no só-pé do Monte Hermom, afogando-me de queda em queda; então me lembrei de ti. [7]

 

Apesar de tudo, sei que de dia o Senhor ordena a sua bondade, e de noite a sua canção está comigo, uma oração ao Deus da minha vida. [8]

 

A Deus, a minha rocha, digo: Por que te esqueceste de mim? por que ando em pranto por causa da opressão do inimigo?[9]

 

Como com ferida mortal nos meus ossos me afrontam os meus adversários, dizendo-me continuamente: Onde está o teu Deus?[10]

 

Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele que é o meu socorro, e o meu Deus. [11]

 



[1] O homem do salmo estava no sul, em En-Gedi, lugar de cabras dos montes em busca de água. Ele se sente como um daqueles animais. Sua alma está afetada pelas circunstancias do mesmo modo que as cabras do lugar.

[2] A carência da alma por Deus é carregada de passionalidade e busca sensorial. Ela quer ver. Se puder quer pegar em Deus. E não é por desejo de Deus, mas por carência. Ainda é a devoção do ego.

[3] É impossível à alma entregue a si mesma não se vitimar e passar a alimentar-se da auto-vitimização.

[4]  A dor que ele sente está profundamente vinculada ao que a alma sente como necessidade de afirmação e reconhecimento de Deus nele; não é uma dor por Deus; mas por si mesmo. Deus é o tema da dor pessoal do salmista, mas não é dor dele. A dor dele vem da alma impressionada pelo que os outros pensavam. E não é uma necessidade moral, mas psicológica de reconhecimento e de adulação.

[5] Pode haver descrição mais ampla e clara sobre os significados da alma até em sua suposta devoção? A alma, a multidão, o dirigir o povo, a procissão guiada pelo homem-alma, a multidão em festa... A alma busca tais confortos, e, muitas vezes, diz que é por Deus, mas é por ela própria.

[6] Aqui surge pela primeira vez o eu-espírito do salmista falando como o espírito-consciência-profunda tem que ordenar à alma. Assim, ele manda a alma ficar calma em Deus; pois, Deus é Presença e não a circunstância.

[7] Neste ponto ele, que já ilustrara seu estado de alma com as cabras de En-Gedi, agora se reportar a um escorregão nas corredeiras do Jordão, no Hermon. E constata que a alma entregue a si é como um corpo rolando de queda em queda conforme ele caiu nas cataratinhas do Jordão.

[8] A alma é por tudo...; e nunca apesar de tudo. Portanto, quem fala não é a alma inundada de lágrimas, mas o espírito e uma canção ultra-circunstancial que nele sempre há.

[9] A alma adora a Deus, mas não consegue confiar por muito tempo. O clima de tudo a faz variar. Assim, ela fala bem de Deus [a Rocha], mas lamuria-se acerca de que a benção de Deus não se circunstancializava como favor da opinião pública. A alma pede a Deus que a afirme com afirmações externas. O espírito só se afirma com a voz de Deus no íntimo.

[10] Outra vez se confirma esse “zelo por Deus” que é apenas o pretexto da dor da reputação esmagada.

[11] Este salmo só termina porque o espírito o finalizou com fé e esperança, e não mais deixou a alma andar em lamurias. Só o espírito acaba a devoção da alma. Afinal, a gente ama a Deus também com a alma, mas é em espírito e em verdade que a essência da adoração tem sua significação; as demais áreas daí emanam.

 

 

 

 

Caio

 

05/09/07

Manaus

AM

 

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