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NINGUÉM FOI MAIOR DO QUE JOÃO BATISTA! SÓ OS BEM PEQUENOS!

NINGUÉM FOI MAIOR DO QUE JOÃO BATISTA! SÓ OS BEM PEQUENOS!



Que virá a ser este menino?--foi a pergunta que o nascimento de João suscitou. Jesus disse que Dos nascidos de mulher ninguém foi como João, o Batista. Acerca dele também se diz que João era “a lâmpada que ardia e iluminava”, e que por um pouco alguns se alegraram com sua luz. O interessante é que isto é dito de um ser humano anti-social no sentido mais psicológico da palavra, e que vivia nos desertos, alimentando-se de gafanhotos e mel silvestre. Era do deserto que vinham os ecos de seus delírios... “Está próximo o Reino de Deus”, dizia ele enquanto gritava sua loucura a todos os que, inquietos, vinham ouvir a Voz do Deserto; porém, ao contemplar-lhe o rosto e os olhos, o que se via era luz; sim, luz-cidez. Assim, filas de “pecadores” se formavam para serem lavados de seus pecados num batismo com água. O movimento cresceu tanto que até mesmo os escribas e fariseus foram fazer uma média popular, buscando também o batismo. Ao invés de se sentir “honrado” com tais adesões, João apenas perguntou: “Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, fruto digno de arrependimento”. Policiais também buscaram seu batismo. A esses ele disse: “Vivam de seu próprio salário, e não pratiquem extorsão”. A quem tinha alguma coisa, e que a ele perguntava “o que eu devo fazer?”, a resposta era: “Seja generoso”. A quem cobrava impostos ele dizia: “Não cobre nada além do estipulado”. Durante uns poucos anos João era um ser apocalíptico; andando só, ou acompanhado de alguns discípulos, ele era visto como um profeta; depois de anos e anos sem nenhuma voz de mistério entre eles. Todavia, Jesus disse que “dos nascidos de mulher ninguém foi como João.” O que significa isto? O que dizer de todos os que precederam João? João não viu anjos, não ouviu vozes, não fez milagres, não parou o sol, não derrotou exércitos, não venceu inimigos, não abriu as águas, e nem foi levado em glória, como Elias. De fato, Jesus fez sua escolha histórico-existencial ao mencionar João como o mais especial entre os homens. Todos os demais tiveram seu lugar fundamental; e muitos fizeram obras inigualáveis; mas o critério de Jesus era outro, e por tais medidas, ninguém fora como João na Terra. Então, o que significa isto? O que Jesus viu em João? Seria o fato de serem primos o que gerara tal predileção? Não! Jesus nunca se impressionou com nada, a não ser com a fé dos pagãos, conforme se vê nos evangelhos! A primeira comunhão no chão da Terra que Jesus teve com outro ser humano foi com João, quando ambos ainda eram fetos, nos ventres de suas mães. O neném pulou de alegria no ventre de Isabel quando esta ouviu a voz da saudação de Maria, que viera passar um tempo de discrição com a prima, visto que, em Nazaré, sua gravidez não seria compreendida por ser ela uma virgem ainda não possuída pelo marido. Assim, João foi o primeiro a saltar com a salvação sem saber dela! E, quando adulto, foi o primeiro a reconhecê-la: “Eis o Cordeiro de Deus”, disse ele ao ver Jesus caminhando ao longe. “Depois de mim vem Alguém de quem não sou digno de desatar as correias das sandálias”, dizia ele aos seus discípulos. Também foi João o primeiro a crer no Cordeiro para si mesmo, ao aceitar batizar a Jesus contra sua própria vontade. “Tu vens a mim?”, foi sua pergunta. “Eu é que preciso ser batizado por ti”, insistiu. “Deixa por enquanto, para que se cumpra toda justiça”, respondeu-lhe Jesus. Então João o batizou. Foi primeiro a aceitá-Lo, quando O batizou na contradição. João foi o primeiro discernir a Encarnação e a verbalizar sua fé como confissão: ”João deu testemunho Dele, e clamou, dizendo: Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim, tem toda a primazia; porque existia antes de mim.” “E este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu?” Ele, pois, confessou e não negou; sim, confessou: Eu não sou o Cristo.” ”Ao que lhe perguntaram: Pois quem és então? És tu Elias? Respondeu ele: Não sou!” “És tu o profeta?”, perguntaram. “Ele, porém, respondeu: Não.” ”Disseram-lhe, pois: Quem és? para podermos dar resposta aos que nos enviaram; que dizes de ti mesmo?” Respondeu ele: “Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.” “E os que tinham sido enviados eram dos fariseus. Então lhe perguntaram: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?” Respondeu-lhes João: “Eu batizo em água; no meio de vós está um a quem vós não conheceis. Aquele que vem depois de mim, de quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias.” Estas coisas aconteceram em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando. No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” E prosseguiu: “Este é aquele de quem eu disse: Depois de mim vem um que é maior do que eu, porque antes de mim ele já existia. Eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, é que vim batizando em água.” E João continuou seu testemunho, dizendo: “Vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele. Eu não o conhecia; mas o que me enviou a batizar em água, esse me disse: Aquele sobre quem vires descer o Espírito, e sobre ele permanecer, esse é o que batiza no Espírito Santo. Eu mesmo vi e já vos dei testemunho de que este é o Filho de Deus.” No dia seguinte João estava outra vez ali, com dois dos seus discípulos e, olhando para Jesus, que passava, disse: “Eis o Cordeiro de Deus!” Aqueles discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus. Assim começou o Caminhada! O Evangelho de João, o apóstolo, prossegue sua narrativa, deixando João Batista testemunhar a sua fé. Isto porque, não muito tempo depois, foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judéia, onde se demorou com eles e batizava. Ora, João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas; e o povo ia e se batizava. Pois João ainda não fora lançado no cárcere. Surgiu então uma contenda entre os discípulos de João e um judeu; contenda acerca da purificação. E foram ter com João e disseram-lhe: “Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, eis que está batizando, e todos vão ter com ele.” Respondeu João: “O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu. Vós mesmos me sois testemunhas de que eu disse: Não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele.” ”Aquele que tem a noiva é o noivo; mas o amigo do noivo, que está presente e o ouve, regozija-se muito com a voz do noivo. Assim, pois, este meu gozo está completo. É necessário que ele cresça e que eu diminua. Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da terra é da terra, e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos. Aquilo que ele tem visto e ouvido, isso testifica; e ninguém aceita o seu testemunho. Mas o que aceitar o seu testemunho, esse confirma que Deus é verdadeiro. Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; porque Deus não dá o Espírito por medida.” Desse modo, João Batista é o primeiro olho humano a receber e crer na Luz da Revelação Encarnada, e, antes disso, foi o primeiro humano a se alegrar com a voz, não a de Maria, mas com a voz Daquele que emprestava à maternidade da menina de Nazaré a Graça da Encarnação. O amor de Jesus por João é expresso como a revelação que Jó teve apenas como mensagem simbólica em meio à dor. João estava preso pelo capricho da mulher amante de Herodes, de fato sua cunhada. Foi por causa da perturbação que João causava ao vínculo ilícito que mantinham descaradamente, que veio a ordem de sua prisão. Na prisão, depois de alguns meses de silencio e angustia, o coração de João deixou de ser a voz que clamava no deserto, e mergulhou no estado de voz angustiada e que clama do fundo do poço do cárcere. Então, provavelmente em razão de perguntas levantadas por seus próprios discípulos, e que o visitavam na cadeia, João mergulhou em aflições e angustias. Medo, dúvida, aflições, desespero... João era o maior, mas era igual a todos. Não foram os seus méritos que o fizeram grande, mas a Graça que recebeu de crer-ver o que lhe havia sido revelado. João e Elias se misturavam no imaginário do povo como arquétipo. Ora, Elias fora grande, mas nem por isto deixou de ser pequeno como era...semelhante a nós...sujeito a fraquezas e dúvidas...capaz de fugir...de se esconder no deserto para escapar ao risco da morte, fruto da amargura de Jezabel, a mulher louca do rei Acabe. Se João e Elias eram semelhantes, o eram em todas as coisas, na grandeza e na fraqueza... O contexto no qual acontece essa dúvida de João é, do lado de fora, cheio de milagres...onde Jesus andava; porém, naquele cárcere não havia milagres para João. A questão de João talvez fosse a mais humana de todas: “Se Ele é quem é; e se faz tantas maravilhas; por que não me tira daqui, para que eu mesmo veja a chagada de Seu reino? Ou não é este ainda Aquele?” Assim nos conta a narrativa de Lucas o que estava acontecendo: Jesus foi para uma cidade chamada Naim; e iam com ele seus discípulos e uma grande multidão. Quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam para fora um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade. Logo que o Senhor a viu, encheu-se de compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores. Então, chegando-se, tocou no caixão e, quando pararam os que o levavam, disse: Moço, a ti te digo: Levanta-te. O que estivera morto sentou-se e começou a falar. Então Jesus o entregou à sua mãe. O medo se apoderou de todos, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós; e: Deus visitou o seu povo. E correu a notícia disto por toda a Judéia e por toda a região circunvizinha. Ora, os discípulos de João anunciaram-lhe todas estas coisas. E João, chamando a dois deles, enviou-os ao Senhor para perguntar-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro? Quando aqueles homens chegaram junto Dele, disseram: “João, o Batista, enviou-nos a perguntar-te: És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?” Naquela mesma hora Jesus curou a muitos de doenças, de moléstias e de espíritos malignos; e deu vista a muitos cegos. Então lhes respondeu: “Ide, e contai a João o que tens visto e ouvido: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. E bem-aventurado aquele que não tropeçar em mim.” Eu disse que Jesus amou a João com o amor de Deus por Jó, em razão de João ser aquele que deveria ver tudo bem de perto; porém é posto no lugar mais distante. E, em sua dúvida, recebe não uma mensagem sobre o poder Cósmico de Deus e as maravilhas da criação, como foi com Jó; porém, recebe uma mensagem cheia de sinais...os mesmos que os profetas diziam que aconteceriam quando Deus andasse entre os homens. Assim, Jesus responde a João não com “parábolas de bichos”—como Deus fez com Jó—, mas com “parábolas de vida”; pois cura e opera os sinais da misericórdia que seriam a resposta de Isaías a João acerca da Era do Messias. Era de Isaías o texto mote existencial de João: “A voz do que clama no deserto...” João conheceria os sinais da bem-aventurança também conforme Isaías. João crera e se vira em seu próprio papel histórico lendo Isaías; agora teria que discernir Isaías para si mesmo, não como algo a ser feito por ele, João; mas apenas como realidades a serem vistas e aceitas no coração; mesmo que o próprio João tivesse que ficar de longe... O mesmo homem que viu o Cordeiro não podia tropeçar na Graça como escândalo, e não tropeçaria. João foi também o primeiro a conhecer, entre eles, o amor de Jesus como Mistério, e como uma realidade que pode ser experimentada como absurdo e tragédia. O maravilhoso é que Jesus também não se impressionou com as dúvidas de João. Ao contrário, João cresce ainda mais em sua angustia... Desse modo, tendo-se retirado os mensageiros de João, Jesus começou a dizer às multidões muitas coisas a respeito dele. Assim, uma das falas mais belas e poéticas de Jesus é acerca de João, quando dá testemunho dele perante o povo que o ouvia. Ele, o Senhor mesmo, disse: Que saístes a ver no deserto? um caniço agitado pelo vento? Sim, que saístes a ver? um homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam roupas preciosas, e vivem em delícias, estão nos paços reais. Mas que saístes a ver? um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta. Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar adiante de ti o teu caminho. Pois eu vos digo que entre os nascidos de mulher, não há nenhum maior do que João; mas aquele que é o menor no reino ainda é maior do que ele. Prosseguiu Jesus: E todo o povo que o ouviu, e até os publicanos, reconheceram a justiça de Deus, recebendo o batismo de João. Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus quanto a si mesmos, não sendo batizados por ele. A quê, pois, compararei os homens desta geração, e a que são semelhantes? São semelhantes aos meninos que, sentados nas praças, gritam uns para os outros: Tocamos flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não chorastes. Porquanto veio João, o Batista, não comendo pão nem bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio! Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos! Desse modo, João é o maior de um tempo histórico no qual homem algum poderia ter discernido sem palavras a clareza da revelação. Porém, no Reino de Deus, até as criança haveriam de saber, e crer no que João dizia. Acerca desse João dos Gafanhotos e do Deserto, o próprio povo deu testemunho, quando as obras de Jesus se tornaram manifestas. Isto porque Jesus se havia retirado para um lugar seguro, além do Jordão, que era o lugar onde João batizava no princípio; e ali ficou. Muitos foram ter com ele, e diziam: “João, na verdade, não fez milagre algum, mas tudo quanto disse deste homem era verdade. E muitos ali creram nele.” E não foram poucas as vezes em que aquilo que João havia feito voltou como questão para Jesus, sempre trazidas pelos fariseus; fosse em razão do modo ascético de seu comportamento e de seus discípulos; fosse pela dedicação dele e de seus discípulos ao jejum; fosse em razão da grande diferença existencial que se manifestava como comportamentos históricos, completamente déspares João Batista e o Filho do Homem. Dos nascidos de mulher ninguém foi como João. Foi o primeiro a dizer tudo acerca de Jesus como verdade. Foi o primeiro amigo do Noivo. Foi o primeiro mártir da esperança. João morreu por um capricho. E Jesus não fez nada para impedir. Assim, desde o início que se fica sabendo que muitos aos quais Ele ama, sofrem e morrem mortes banais e idiotas. No entanto, João se tornou a mais indigesta refeição para aqueles que levaram a sua cabeça num prato a fim de acalmar o raiva da amante de Herodes. “A lei e os profetas vigoraram até João, disse Jesus. Agora, porém, é anunciado o reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele”, concluiu Jesus. Se esforça? João ganhou o Reino por esforço próprio? Não! João recebeu revelação da Graça, e foi na Graça que permaneceu; pois em sua vida nada aconteceu sem ser por eleição da Majestade; e o esforço de João foi apenas ser João, sem fugir de quem era. Desse modo, João ganhou, sem o saber, seu próprio lugar entre os maiores do Reino: os pequeninos que receberam a revelação do Pai. Aliás, foi como um pequenino ainda não nascido que seu coraçãozinho foi primeiro visitado pela alegria de Jesus. Caio Escrito em 2003
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