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MERGULHA E TU ENCONTRARÁS O TEU TESOURO

MERGULHA E TU ENCONTRARÁS O TEU TESOURO



Comecei o ano de 1998 sabendo que nele aconteceriam coisas trágicas...muito maiores do que eu. Fiquei em Boca Raton, na Florida, onde meus filhos mais novos estudavam, e sabia que era lá que as coisas iriam acontecer a mim. De janeiro ao fim de abril eu sonhei...sonhei e sonhei. Todas as noites tinha longos e proféticos sonhos. Foram tantos que um dia escreverei, se Deus permitir, um livro sobre todos eles...e como se cumpriram e estão se cumprindo em mim. Numa daquelas noites sonhei que eu estava perdido no meio de um mar infindável...era como chumbo...e emendava com um céu de chumbo. Eu era como uma pena naquele oceano de agonias. Ondas imensas passavam sobre mim. Eu as sentia, mas não as via. As vagas me jogavam de um lado para o outro...e eu apenas tentava não morrer. —Põe o teu rosto dentro deste mar. Olha para o abismo. Lá tu encontrarás o teu tesouro, no meio dos destroços!—me ordenava soberanamente uma voz. —Eu tenho medo, Senhor!—bradava eu. Mas a voz insistia. Então, apavorado, enfiei a cara na água e olhei o abismo. De súbito as águas profundas do abismo foram clareando...e, lá no fundo, há quilômetros de profundidade, no coração do oceano, eu vi um transatlântico afundado. Parecia o Titanic. Imenso e só...deitado na escuridão e abraçado pelo silêncio do mundo abissal. —Vai até ele. Dentro dos destroços tu encontrarás o teu tesouro!—ordenou outra vez aquela voz. Eu acordei em angustia de alma. Sabia o que tinha de fazer. O sonho se repetiu mais três vezes naquela mesma noite. Aquele era apenas mais um sonho numa sucessão de dezenas. Todos mandavam que eu me enfraquecesse, que me fizesse vulnerável, que não temesse a insegurança, que cortasse os meus cabelos e entregasse a minha força, como se eu fora Sansão. Ah, foram sonhos e mais sonhos... No dia 28 de abril de 1998, eu, deliberadamente, comuniquei à mãe de meus filhos, amiga de tantos anos, que não poderia mais ficar casado com ela... Só Deus sabe a dor, a angustia, e o significado daquela decisão. Fui jogado no mar de chumbo. Tive medo. O abismo me engolia e eu não queria olhar para ele. Enfim...olhei. Fui até ele. O Titanic afundou, mas o tesouro era meu...e só seria encontrado no coração do abismo. Faz seis anos! Hoje sei que tudo o que perdi não é para comparar com o tesouro espiritual que encontrei. Mas é uma viagem que não aconselho ninguém a fazer. Pode-se morrer de medo desde o início. O que descobri—e continuo descobrindo—é que felicidade é você poder encontrar a você mesmo no âmago da dor, se abraçar, e se sentir confortado por ter se encontrado...mesmo que seja no abismo. É por isso que para Jesus os felizes são quebrados e quebrantados, choram, são amassados, buscam limpar o coração—não importando as conseqüências—e aceitam a perseguição. Quão linda é a minha herança! Nele, Caio Escrito em 2003
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