
A MÃEZINHA DE JORGE CAMARGO ENTRA PELA PORTA!
No mês de novembro de 2006 meu amigo Jorge Camargo escreveu algo sobre a PASSAGEM de sua mãezinha. Eu não li o e-mail, o qual deve ter me apanhado cheio de muitas coisas no mês de novembro.
Aqui, hoje, transcrevo para o texto de sua alma, e que narra o momento da passagem dela para a Casa do Pai.
Com todo meu amor e carinho pelo Jorge e sua casa, aí vai o texto.
Nele, que tem muitas moradas,
Caio
†
Na última terça-feira (21/11), minha mãe Vanira, levantou mais cedo que de costume. Sentou na cadeira da sala de jantar e puxou uma conversa leve e descompromissada com meu pai.
Surpreso com sua presença inesperada, seu Jorge, o "preto" como era carinhosamente chamado por ela, esticou o bate-papo.
Minutos depois, ela reclamou de uma dor no peito e foi se deitar. Ele a acompanhou.
Ao lado da cama, a frase inesperada: "Preto, me perdoe. Me perdoe pelas palavras ásperas e pelas dores que lhe causei nesses anos juntos (quarenta e seis, pra ser mais exato).
"Eu é que te peço perdão!", ele respondeu.
Foram as últimas palavras de minha mãe.
Naquele quarto apertado de uma casa pequena e simples perdida na periferia da grande cidade uma obra de rara beleza foi executada. O tema? A Sinfonia do Perdão.
Aqui nesse mundinho fétido, apenas dois seres que se amaram e que foram cúmplices e parceiros de vida ouviram-na em toda a sua exuberância.
No céu, miríades de anjos e Seu Grande Compositor testemunharam-na.
Minhas lágrimas apenas captaram o eco de seus últimos acordes e registraram-nas em minha alma como a mais linda obra musical que eu ouvi em toda a minha vida.
Jorge Camargo