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Reflexões

A MORTE DO MUNDO

A MORTE DO MUNDO

A MORTE DO MUNDO

 

Meu coração se encheu de compaixão dupla. Vi um conhecido na televisão apresentando um réu confesso e, depois, tendo que se retratar também publicamente por o haver apresentado como tal.

 

Pobre menino e pobre homem. Ambos sob o mesmo jugo que o engano deste mundo nos impõe.

 

A força deste mundo sobre as almas humanas é inconcebivelmente imensa.

 

Quando falo de mundo, falo de sistema, e de todas as intersecções de existências, valores, ambições, amarguras, carências, medos, inseguranças e doenças; muitas vezes na forma de “ordem” constituída; e também como “direito”, ou “moral”, ou ainda “tecnicamente correto”; ou “marginalmente necessário”, como tal “lado certo da vida errada.”

 

Assim é o mundo onde existimos; e o constituímos, todos nós. E, em certa medida, sempre nos será impossível não existir nele. A única forma de não se submeter ao mundo nas dimensões essenciais do ser, é ganhando o entendimento da Graça de Deus, a fim de que a existência seja absoluta-doce-inconformação contra este mundo e sua ordem, sua desordem, suas leis, seus deveres, suas opressões, suas tiranias, suas guerras, suas disputas, suas concorrências, seus valores antagônicos, suas imagens de esculturas psicológicas, econômicas, sociais, morais, religiosas, e éticas.

 

Este é o mundo. Ou não é?

 

A única força andando contra o fluxo deste mundo e contra o príncipe das potestades do ar é aquela que se move no Espírito da Graça.

 

Todas as demais forças—tenham elas as roupagens que tiverem—são sempre agentes secretos do próprio mal, se travestindo de justiça, e vitimando tanto quem oprime como quem é oprimido, num ciclo interminável, e que conduz à morte, inapelavelmente.

 

O mundo é assim... Cheio de todas as coisas que existem para a morte.

 

Quando penso nisto, também sempre penso no problema que os evangélicos tem com quem fuma cigarro, como coisa do mundo.

 

O argumento é que aquilo ofende o templo do Espírito Santo, que é o nosso corpo físico.

 

Paulo diria: “... nesse caso teríeis que sair do mundo...”, pois, de fato, não há alternativas para fora desse sistema que nos alimenta para a morte, e que dá veneno para os nossos corpos até quando a gente respira. Existir é cada vez mais ser abusado, no corpo, na alma e no espírito!

 

Para simplificar...

 

Eu compro um carro novo. Fico todo feliz. Vou à igreja com a família e agradeço a Deus por mais essa prosperidade. Amém!

 

No entanto, toda vez que eu ligo aquela bênção, e saio, em primeira, o cano de descarga, ali, logo atrás, está fumando o ar da Terra.

 

Quando eu abro minha geladeira, ou faço o spray de meu desodorante, estou fumando o ar da Terra.

 

Quando eu jogo meu lixo fora indiscriminadamente ou quando não dou a mínima para o que estão fazendo na Terra, eu estou fumando a Terra, a criação, no lugar onde ela aconteceu pra nós.

 

Assim, não faço mal apenas a mim. Faço mal a todos. Porém, o mal feito a mim (como no caso de um cigarro ou bebida) é visto como grande pecado. Já o mal feito a todos, no entanto, é agradecido como bênção. Assim, diluem-se, como doce bênção, todos os nossos pecados coletivos e suicidas.

 

É uma versão universal do “coam os mosquitos e engolem os camelos.”

 

E o que se pode dizer em contrário, seja para o bem, seja para o mal?

 

Quem concebe a vida sem carros, geladeiras, aviões, computadores, telefones, ou qualquer outra forma de energia - digo: realisticamente?

 

Isto porque nenhuma revolução energética poderá salvar a Terra em tempo hábil enquanto a consciência humana for como é e enquanto o “mundo” for como o mundo é. Assim, este mundo estará se entesourando para o seu próprio fogo.

 

O que nos custa é ver e crer que este mundo é movido pela morte. Por isto ele jaz no maligno.

 

Quem ama este mundo como ele é ama a morte.

 

Quem não ama a morte da criação toda, ama a vida, não o mundo.

 

Estou escrevendo isto porque numa das últimas conversas que tive com Lukas, ele me disse que estava espantado com o fato dos homens haverem “desistido da Terra.”

 

Perguntei: “Por quê?”.

 

“É que antes a Nasa mandava homens pro espaço pra competir com os outros caras. Agora não. Eles só falam em sobrevivência da espécie”.

 

Então falei a ele da série ridícula que a Discovery vem exibindo sobre como será a Terra daqui a 300 milhões de anos; e de como os humanos, sobreviventes no espaço, haveriam de supostamente mandar grupos visitar seu antigo habitat... E que certamente o encontrarão daquela forma; já desde hoje predefinida pela Deusa Ciência, que assina com frio despudor o atestado de falência da humanidade — razão pela qual não vêem esperança na Terra—, e faz isso ao mesmo tempo em que se oferece como Destino para a humanidade.

 

“É pai! Eles desistiram da Terra!”—afirmou ele, mais uma vez.

 

Contra este mundo somente o selo do Cordeiro na fronte, na mente, conforme o entendimento do Evangelho da Graça de Cristo!

 

Por isso Paulo nos manda “renovar-nos no entendimento”, sempre. Somente no Espírito da Graça se pode experimentar tal coisa. Isto porque somente a Graça nos faz ver tudo na perspectiva oposta à do mundo, onde o que reina é Destino e Morte. Já na Graça reinam liberdade, justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Quando Cristo é o arbitro em nossos corações a gente sabe o caminho da Graça, pois o Caminho sabe por nós. A gente só tem que aceitar andar conforme a fé que já nos foi dada, como Graça.

 

Quando se olha a vida com os olhos da Graça tudo fica completamente claro; até o que seja mais absurdo!

 

Esse selo é que temos que ter nas frontes! O selo contra o Absurdo como Destino. Pois é por este poder que o maligno tenta controlar o que resta do mundo.

 

Afinal, se é assim, é melhor mudar para Marte. Será mais um planeta a ser destruído. Para não falar que Deus diz: “Ainda que faças o teu ninho entre as estrelas, de lá eu te derrubarei, diz o Senhor”.

 

A Terra, porém pertence ao Senhor. E em breve Ele a reclamará para Si mesmo!

 

Ele tem ouvido os gemidos da criação, e, nela, os de todos aqueles que têm as suas “primícias do Espírito”, conforme Paulo, em Romanos 8.

 

Caio

 

(Escrito em 10/04/04)

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